BURRUCHAGA: campeão mundial pela seleção argentina em 1986

                         Jorge luis Burruchaga nasceu dia 9 de outubro de 1962, na cidade de Gualeguay (ARG). Teve uma infância humilde. A família, a incluir nada menos que onze outros filhos (oito irmãos e três irmãs) do casal Martín e Catalina, buscou a sorte em Quilmes – exceto a irmã mais velha, Martha, a permanecer na casa dos avós em que o herói de 1986 nascera. Desde cedo precisando contribuir no sustento familiar, ele, dentre outros bicos, chegou a pintar umas das torres de iluminação do Monumental de Núñez e também vendia jornais e sorvetes em Quilmes.

                          Tentou aproveitar essas conexões, mas foi dispensado aos 13 anos dos infantis do River enquanto que no Cervecero ele tentara inscrever-se já fora do prazo. Pensara mesmo em desistir; no mesmo 1977 em que saíra do River, perdera o pai, que era mesmo contra a carreira do filho no futebol. Mas a mãe manteve um incentivo, inclusive econômico. E um certo Sr. Benito, que conhecia Héctor Grondona – irmão de Julio – lhe ofereceu a chance de ir ao Arsenal.

                          Burruchaga estreou já em 1979 no time adulto da equipe de Sarandí. Com pouco mais de vinte anos de existência formal, o Arsenal já estava na segunda divisão, mas brigando para não cair: ficou a quatro pontos da lanterna naquele 1979 e a três no torneio de 1980, a registrar os primeiros gols de Burruchaga no futebol adulto – no 3×0 sobre o Defensores de Belgrano na 4ª rodada e na derrota de 3×1 para o Deportivo Español na 6ª. Julio Grondona, na época, já presidia a AFA, mas seguia de perto o ambiente do Independiente, do qual era cartola desde os anos 60 em paralelo ao Arsenal. Também em tempos pré-smartphone, haviam mais gente do Independiente que matava tempo assistindo ao Arse. Um deles, o ponta Antonio Alzamendi, recordado por outro gol mundial em 1986, disse um dia; “Talvez o Burruchaga nem saiba, mas eu meti uma ficha muito grande para que fosse ao Independiente”.

                            Pelas voltas da vida, ambos trocariam camisas na Copa 1986, após a Argentina eliminar o Uruguai de Alzamendi. Fato é que em 1981 o Arsenal saltou para um 4º lugar e Burruchaga, somando cinco golzinhos embora ainda se revezasse como líbero ou quarto volante, já se tornava o primeiro jogador do clube chamado para alguma seleção argentina: integrou a equipe sub-20 no Sul-Americano e no Mundial realizados naquele ano. Detentora do título, a Albiceleste dera vexame, perdendo para uma Austrália anfitriã, mas insignificante, a vaga nos mata-matas.

                         Campeão pelo Independiente e pela seleção da Argentina na Copa do Mundo de 1986. Foi convocado para duas copas do mundo, a de 1986 e a de 1990.

                          Após encerrar a carreira como jogador, tornou-se técnico de futebol. Dirigindo, as equipes do EstudiantesIndependienteBanfield e Arsenal de Sarandí, clube no qual principiou a carreira de jogador.

                           Também esteve à frente do comando técnico do Libertad, do Paraguai. Foi o autor do gol do título do Independiente sobre o Grêmio na final da Copa Libertadores de 1984 e do título da Copa do Mundo de 1986 da Argentina nos 3 x 2 frente a Alemanha Ocidental na final.

                            Reformulada pelo técnico Carlos Bilardo após o fracasso na Copa de 1982, a Argentina não chegou ao México como favorita. O treinador apostou em um esquema tático com três zagueiros e no talento de Maradona, aos 25 anos, e no auge da sua forma. E deu certo. Com uma campanha quase perfeita, de cinco vitórias e um empate, passou por Uruguai, Inglaterra, Bélgica e Alemanha no mata-mata e venceu a Copa com algumas das maiores atuações da carreira do seu craque.

                             A Argentina chegou à final com evidente favoritismo, especialmente por causa de Maradona, mas pairava o alerta de que a Alemanha, com sua organização, poderia complicar. Os sul-americanos logo começaram a comprovar seu maior talento e abriram 2 a 0, gols de Brown e Valdano. Mas os germânicos reagiram e conseguiram empatar a partida com gols de Rummenigge e Völler. E aí Maradona desequilibrou ao encontrar uma assistência rara para Burruchaga disparar e marcar o gol do título aos 39 minutos do segundo tempo. Esso jogo aconteceu dia 29 de junho de 1986, no estádio Azteca da Cidade do México.

                             Para essa grande decisão, o técnico argentino Carlos Bilardo escalou a seguinte equipe; Pumpido; Brown, Ruggeri e Cuciuffo; Giusti, Batista, Burruchaga (Trobbiani), Enrique e Olarticoechea; Maradona e Valdano. O árbitro da partida foi o brasileiro Romualdo Arppi Filho.

                            Apenas três minutos depois do empate, Diego conseguiu uma folga de Matthäus e deu um açucarado passe para Burruchaga correr por quarenta metros mais que o tanque Briegel e usar a ponta do pé para fazer a bola passar entre as pernas de Toni Schumacher. “Não há nada pior do que um homem falhando em seus sonhos, seus fantasmas, ignorando as vozes interiores que o empurram para a glória. Burruchaga não falhou, não poderia falhar.

                             Ele terminou a jogada como o exímio finalizador que é, cirúrgico, preciso, mortal para a Alemanha, vital para a Argentina. A rede se moveu e 30 milhões de gritos de gol varreram as polêmicas e as análises rebuscadas. Argentina foi bicampeã mundial” foi o relato poético tecido quatro anos depois pela El Gráfico. Ainda foi útil para gastar tempo: Bilardo o substituiu aos 44 minutos para a entrada do habilidoso Marcelo Trobbiani esfriar alguma reação germânica.

                             Assim, a Argentina conquistou o bicampeonato mundial em uma Copa que tinha como favoritas seleções que foram marcantes na edição de quatro anos antes, mas que repetiram seus resultados no México. A Alemanha Ocidental, agora dirigida por Beckenbauer, foi vice-campeã pela segunda Copa seguida, enquanto a França, liderada por Platini, parou novamente nos germânicos nas semifinais.

                               Em toda sua carreira, Burruchaga disputou 431 jogos e marcou 107 gols. Foram 140 jogos pelo Independiente da Argentina, 32 pelo Valenciennes da França, 151 pelo Nantes da França, 49 pelo Arsenal de Sarandi, da Argentina e 59 pela seleçãoda Argentina.

TÍTULOS

 Independiente

Campeonato Argentino: Metropolitano 1983

Copa Libertadores1984

Copa Intercontinental1984

Recopa Sul-Americana1995

Supercopa Libertadores1995

Seleção da Argentina

Copa do Mundo1986

SELEÇÃO DA ARGENTINA CAMPEÃ DA COPA DE 1986   –   Burruchaga é o primeiro da esquerda para a direita dos que estão agachados
Postado em B

Deixe uma resposta