MAURO SILVA: campeão mundial com nossa seleção em 1994

                Mauro Silva Gomes nasceu dia 12 de janeiro de 1968, na cidade de São Bernardo do Campo – SP.  Quando o guerreiro Mauro Silva entra em campo a torcida já sabe o que vai encontrar: seriedade, vibração, marcação severa e fôlego, muito fôlego. Afinal, é tentando ser o dono do meio-de-campo que esse volante se destaca ao transformar a cada partida o adversário em combatente e a bola em sua eterna companheira nas conquistas pelos gramados.  Ao longo da carreira pôde saborear os prazeres de erguer taças inesquecíveis e receber a confiança de milhões de brasileiros.

                Na gangorra do futebol, este mesmo Mauro Silva foi ironicamente humilhado e jogado de lado após uma séria  contusão  no  joelho, logo no início  da sua carreira: o Guarani, dono  do  seu  passe  na época, havia emprestado Mauro Silva ao Bragantino após uma operação. Depois de quatro partidas em novo clube, o volante voltou a se machucar e precisou realizar outra cirurgia no joelho. Depois que foi para o Bragantino, em 1989, Mauro Silva pensou seriamente em abandonar o futebol.

BRAGANTINO

               Mas um encontro no mundo do esporte o fez desistir dessa ideia. Wanderley Luxemburgo, então técnico da equipe de Bragança Paulista, apostou no talento e na raça do volante para deixar esse passado de contusões para trás e começar a construir uma carreira de prestígio e muitas conquistas. Quem vê o volante Mauro Silva marcando um adversário sabe que o trabalho que ele faz dentro das quatro linhas é insaciável: é uma entrega às cores da camisa que está vestido com grande determinação, tanto nas vitórias quanto nas derrotas. E se para muitos as portas do sucesso se abrem quando o clube é grande e a torcida gigantesca, Mauro Silva mostra que é com competência e trabalho duro que um jogador pode brilhar mesmo em equipes consideradas pequenas. Com o Bragantino, conquistou primeiro o Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão de 1989; depois, foi o Campeonato Paulista de 1990, com a seguinte equipe; Marcelo, Gil Baiano, Junior, Nei e Biro Biro; Ivair, Mauro Silva e Tiba; Mário, Mazinho e Luiz Muller.

DEPORTIVO LA CORUÑA  

              Em agosto de 1992, foi vendido para o Deportivo La Coruña, da Espanha. Sua identificação com o clube espanhol foi tão grande que em 1994 o técnico da equipe, Arsênio Iglesias, chegou a declarar: “Se eu tivesse dez Mauro Silva na equipe, ganharia dez campeonatos”.

              E os torcedores do time da Galícia não demoraram muito para colher os bons frutos do time e transformar Mauro Silva em herói: nesse mesmo ano, o La Coruña perdeu o título espanhol na última rodada para o Barcelona. Um empate sem gols com o Valência daria o título ao Barça, e por uma infelicidade Djukic perdeu um pênalti para o La Coruña no finalzinho da partida. Mas o grito de campeão veio na temporada de 1999/2000, quando o La Coruña conquistou o Campeonato Espanhol, o primeiro da sua história.

              Nas temporadas seguintes, o Deportivo La Coruña fez campanhas regulares no Campeonato Espanhol, mas o time não conseguiu repetir o feito, amargando o vice-campeonato por duas vezes e a terceira colocação por mais. Na última temporada como jogador, em 2004/2005, o brasileiro passou a maior parte no banco de reservas e o La Coruña chegou na oitava colocação.

              No entanto, o ano irregular não tirou o brilho da despedida de Mauro Silva, que depois de 13 anos defendendo as cores do clube foi carregado nas costas pelos companheiros em seu último jogo no estádio Riazor. Como forma de reconhecimento, a diretoria ofereceu ao ex-volante um cargo de diretor do Deportivo La Coruña.  Até hoje Mauro Silva é recebido com carinho pelo povo espanhol.  ”Sempre que vou pra lá a recepção é ótima. O torcedor não esquece. Quando eu, o Bebeto e o Donato chegamos lá, o Deportivo nunca tinha jogado sequer uma Copa da Uefa. Por isso, a nossa passagem por lá foi inesquecível pra eles”, comenta o craque. Em breve, o brasileiro vai virar nome de uma rua na cidade espanhola, foi uma proposta do ex-prefeito e já foi aprovada por unanimidade pela Câmara.

SELEÇÃO BRASILEIRA

              Mauro Silva estreou na Seleção Brasileira no dia 27 de março de 1991, em um amistoso contra a rival Argentina, em Buenos Aires, que terminou empatado por 3 a 3. Faltando três meses para a Copa América, o técnico Falcão foi substituído por Carlos Alberto Parreira, mas Mauro Silva se tornou um dos homens de confiança do novo treinador e peça-chave no meio-de-campo do Brasil. Em 1994, veio a consagração com a conquista da Copa nos Estados Unidos.

              Vencer uma Copa do Mundo e ser apontado pelo mito argentino Di Stéfano o melhor atleta do Mundial de 94 é um privilégio que só mesmo esse guerreiro poderia ter.  É por isso que, por onde passa, o sorriso sério e o futebol determinado do volante Mauro Silva Gomes é recebido com aplausos por torcedores, companheiros e técnicos. Defendendo a seleção, ele também conquistou a Copa América de 1997, que foi disputada na Bolívia.

              O técnico Luiz Felipe Scolari também esperava contar com a experiência do volante na Copa América de 2001, na Colômbia, mas momentos antes do embarque o jogador decidiu não viajar, alegando não estar preparado psicologicamente para enfrentar um suposto clima de violência que estaria instalado naquele país. Essa foi a última imagem – e a despedida – do guerreiro na Seleção.

FINAL DE CARREIRA

              Torcedor do São Paulo desde criança, Mauro Silva rejeitou um convite para atuar na equipe do Morumbi quando deixou o Deportivo La Coruña, no final de 2005. O motivo? Preferiu largar o futebol por cima, aos 37 anos. ”Sempre fui são-paulino, e o Marco Aurélio Cunha [cartola do time paulista] me convidou para encerrar a carreira lá. Mas, como torcedor e preocupado em defender os interesses do meu time, disse que não dava mais. Não valeria a pena essa exposição. A lembrança do torcedor é o Mauro Silva da Copa de 94, e eu preferi deixar essa imagem”, justifica.
O ex-jogador rechaça qualquer frustração por não ter uma relação forte com times brasileiros. “Vejo isso como algo absolutamente normal. Tenho uma forte identificação na Espanha, tanto que meus negócios se relacionam com isso, e acho importante para o futebol brasileiro. É bacana ter feito sucesso lá. Lógico que seria legal, como acontece com o Rogério Ceni e o Marcos, por exemplo, que fizeram suas carreiras por aqui, mas não sinto falta”, finaliza.

EMPRESÁRIO

              Quando encerram carreira, os jogadores brasileiros bem-sucedidos na Europa continuam, em sua maioria, trabalhando no futebol, seja como técnico, representante de clubes, empresário… O tetracampeão mundial Mauro Silva, porém, não seguiu essa tendência. O ex-volante explorou a boa imagem que conquistou durante os 13 anos de Deportivo La Coruña para atrair multinacionais espanholas do ramo imobiliário a investirem no Brasil. Ele é dono de uma empresa que presta consultoria e também sócio de uma incorporadora da Espanha que constrói nos segmentos popular, alto-padrão e corporativo.

               Mauro Silva abriu uma empresa – a Mauro Silva Sports & Business Plan – com o intuito de trabalhar para clubes do Velho Continente. Entretanto, acabou mudando de área com o tempo. ”Não tinha como ideia ser agente de jogadores, mas sim prestar consultoria aos clubes da Europa. Só que não fiquei restrito ao futebol. Com o network que conquistei na Espanha, migrei pra outras áreas. Em função da estabilidade da economia brasileira, foquei na parte imobiliária e virei sócio da incorporadora”, conta.  O início como empresário está totalmente ligado à sua carreira de jogador. “Sempre tive uma boa imagem na Espanha, como uma pessoa e um profissional correto. Isso abre as portas.

               Nas reuniões, a gente começa falando sobre futebol. Isso contribui para ter um relacionamento grande e ajuda para o crescimento do negócio. Eles me ligam e perguntam onde investir no Nordeste, por exemplo. É esse tipo de consultoria que faço. Fico feliz por contribuir para o investimento de multinacionais no Brasil Hoje estou praticamente 100% voltado ao mercado imobiliário”. Curiosidades: O volante tem o nome de Mauro Silva em homenagem ao ex-ponta-direita do São Paulo, Maurinho. O jogador do La Coruña, casado com Terume Gino, é formado em Processamento de Dados pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas.

Em pé: Taffarel; Célio Silva; Cafu; Mauro Silva; Aldair e Roberto Carlos   –    Agachados: Romário; Dunga; Leonardo; Denílson e Ronaldo
Em pé: Rosan, Nei, Gil Baiano, Júnior, Mauro Silva e Marcelo    –     Agachados: Biro-Biro, Donizete, Marco Aurélio, Alberto, Soares e Tiba
Da esquerda para a direita, Mauro Silva é o segundo em pé, naquele bom time do La Coruña / Espanha
Em pé: Gil Baiano, um membro da comissão técnica, Nei, Marcelo, Júnior, Mauro Silva e Biro-Biro    –     Agachados: Doutor Marco Aurélio Cunha, Ivair, Alberto, Silvio, João Santos e Ronaldo Alfredo
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