RODOLFO RODRIGUES: campeão paulista pelo Santos F.C. em 1984

                   Rodolfo Sérgio Rodrigues nasceu dia 20 de janeiro de 1956, na cidade de Montevidéu – Uruguai. Foi um extraordinário goleiro que defendeu o Bahia, a Portuguesa e o Santos aqui no Brasil, o Cerro Porteño do Paraguai e o Nacional do Uruguai, além da Seleção Uruguaia. Em 1981 defendendo seu país no Mundialito contra a Seleção Brasileira, teve uma atuação impecável, fechando o gol e chamando a atenção de muitos clubes brasileiros e desde aquele ano o Santos começou a namorá-lo e este casamento veio acontecer somente em 1984, quando o clube da Vila Belmiro desembolsou 120 mil dólares, um valor considerado alto para um goleiro na época, dinheiro emprestado pelo Rei Pelé. Rodolfo Rodrigues teve uma passagem tão importante pelo clube praiano, que em 29 de dezembro de 2009, foi eleito jogador símbolo do Santos F.C. no período de 1971 a 1990. A diretoria dos Santos acionou os torcedores para escolher os melhores atletas do clube em quatro momentos distintos. Araken Patuska, Pelé, Rodolfo Rodrigues e Robinho foram considerados os símbolos de eras nestes 97 anos de fundação e tiveram suas imagens expostas na estação Santos – Imigrantes em 2010.

ANTES DO SANTOS

                   Rodolfo Rodrigues começou sua carreira no Cerro Porteño do Paraguai, equipe que defendeu por dois anos até chegar no Nacional de Montevidéu, onde foi campeão da Copa Libertadores da América e da Copa Intercontinental em 1980, além de ter vencido o campeonato uruguaio em três oportunidades; 1977, 1980 e 1983.

SANTOS F.C.

                  Em 1984, as finanças do Santos, como em muitas passagens da história, estava em frangalhos. O Santos precisava de um goleiro, e Rodolfo, arqueiro da Seleção Uruguaia e já campeão da Libertadores pelo Nacional-URU, era “o” nome! Só que pra trazer aquele que seria um dos grandes ídolos da história, o Santos teve de contar com a ajuda de Pelé, que botou a mão no bolso pra ajudar seu time. E já em seu primeiro ano de clube sagrou-se campeão paulista. O Campeonato Paulista de Futebol de 1984, disputado em sistema de pontos corridos, teve como campeão a equipe do Santos, após vencer o Corinthians por 1 a 0 na última rodada. Este jogo aconteceu dia 2 de dezembro de 1984 e fo disputado no estádio do Morumbi.

                  Para esta partida o técnico Castilho, que também foi outro extraordinário goleiro, tanto é que foi o nosso goleiro na Copa de 1954, mandou a campo os seguintes jogadores; Rodolfo Rodrigues, Chiquinho, Márcio Rossini, Toninho Carlos e Toninho Oliveira (Gilberto); Dema, Paulo Isidoro e Humberto; Lino, Serginho Chulapa e Zé Sérgio (Mário Sérgio). Do outro lado, o técnico Jair Picerni, do Corinthians escalou a seguinte equipe; Carlos, Edson, Juninho, Wagner e Wladimir; Biro Biro, Arthurzinho, Zenon e Dunga; Lima e João Paulo. 

                  O gol que deu o título ao Peixe aconteceu aos 27 minutos do segundo tempo através de Serginho Chulapa. Dessa maneira, o Santos não permitiu que o Corinthians conquistasse seu tricampeonato paulista, fato que ocorreu pela última vez em 1939. O Santos foi o legítimo campeão paulista de 1984, pois disputou 38 jogos, venceu 22, empatou 13 e perdeu somente 3 vezes. Marcou 54 gols e sofreu 19 e ao longo do campeonato conquistou 57 pontos.  No ano seguinte, Rodolfo Rodrigues ajudou a equipe santista a conquistar a Copa Kirin do Japão, enfrentando na final, a seleção de seu país e em 1987, o Torneio Cidade de Marseille, na França.

                 Quando Rodolfo Rodrigues chegou ao Santos, ele já era um velho conhecido do futebol brasileiro, pois um ano antes ele havia fechado o gol contra a Seleção Brasileira, no Mundialito. Rodolfo chegou ao Santos no auge de sua experiência profissional, com quatro títulos em seu currículo. Logo nos primeiros jogos na Vila, já havia virado ídolo. O fato é que no gol em que ficava Rodolfo Rodrigues a bola raramente entrava.

JOGO HISTÓRICO

                Dia 14 de julho de 1984, pelo Campeonato Paulista, o Santos recebeu na Vila Belmiro o América de São José do Rio Preto. Era o terceiro jogo do Peixe na competição, até então havia vencido o Comercial de Ribeirão Preto por 1 a 0 e o Guarani pelo mesmo placar. Era um sábado a tarde e a Vila recebeu um bom público para ver Santos x América. Neste dia o Santos venceu por 2 a 0, com dois gols de Sérginho Chulapa. Até aí nada de anormal para que esta partida entrasse para a história. Acontece que neste jogo, o goleiro santista Rodolfo Rodrigues, protagonizou uma das mais fantásticas sequências de defesas do futebol.

                Foram defesas incríveis, que viraram referência toda vez que se fala em grandes defesas. Foram cinco defesas consecutivas no total, enquanto a defesa do Santos assistia inerte aos milagres do guerreiro uruguaio. As bolas foram chutadas da pequena e da grande área na mesma jogada, tirando o fôlego da torcida presente à Vila Belmiro. Nesse lance, Rodolfo chegou a fraturar o dedo, mas continuou a jogar. O atacante Tarcísio, do América, declarou estupefato; “Rodolfo Rodrigues era maior que o gol”.

               Algo que a gente assiste e não acredita. A gente acha que é montagem de pós produção como foram as 10 bolas na trave de Ronaldinho. Mas não, Santistaiada bonita do meu Brasil. Foram legítimas. Um total de 5 tiros, alguns a queima-roupa, todos bem colocados, nenhum fácil de ser pego. Abissal! Se eu fosse atacante do América, pediria ao juiz para declarar fim de jogo, pois nada mais aconteceria com aquele monstro em baixo das traves. No dia 18 de julho de 2010, Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, presidente do Santos, instituiu a primeira “Defesa de Placa” da história do futebol, a qual foi entregue a Rodolfo Rodrigues, mesmo com 26 anos de atraso.

               Rodolfo jogou no Santos de 1984 até 1987 e nesse período disputou 255 jogos. Pra ser sincero, essa época em que Rodolfo Rodrigues jogou pelo Peixe foi marcada por times ruins de uma forma geral. Maus resultados cercavam as campanhas do Santos, e poucos se destacavam, como ele e Serginho Chulapa. Um, o comandante de ataque e o cara que resolvia, o outro, o dono da posição mais ingrata num time de futebol. Ser goleiro é ter que ser perfeito. No ataque, se o centroavante perde um gol, tudo bem. A gente xinga, arranca os cabelos, mas segue o jogo. Já o goleiro, se falhar, é tento do adversário.

               Nessa época as chances do goleiro eram poucas. Com linhas defensivas ruins, o arqueiro era muito exigido e ficava mais exposto a falhas. Mas é aí que Rodolfo foi diferente. Ele fez disso sua porta de entrada no livro de maiores ídolos dos 100 anos de Santos FC. Já que as bolas passavam pela defesa, por Rodolfo Rodriguez. No melhor estilo milagreiro, Rodolfo defendeu a honra e camisa do Peixe com tanta força e habilidade, que até hoje é lembrado como um dos maiores goleiros de toda a história do futebol. Pra mim ele é, pois nunca vi nada parecido com o que ele fazia. Todo torcedor gosta de atacantes, gosta de time que joga pra frente. Mas todo time assim precisa de defensores diferenciados, pois tudo fica mais vulnerável. Rodolfo Rodrigues é mais do que diferenciado, ele é ídolo e ajudou o Santos demais, marcando assim mais uma das páginas memoráveis da história do alvinegro de Vila Belmiro.

DEPOIS DO SANTOS

               Em 1987, ele deixou o alvinegro praiano para jogar no Sporting de Portugal. Voltou ao Brasil, cinco anos depois, para defender a Lusa. Jogou também pelo Bahia, em 93, quando sofreu cinco gols de Ronaldo Fenômeno, que na época jogava no Cruzeiro. O jogo era válido pelo Campeonato Brasileiro e o Cruzeiro venceu por 6 a 0, cinco gols foram do Fenômeno. O último entrou para a história do futebol: Rodolfo fez uma defesa e ajoelhou-se para agradecer aos céus e colocou a bola no chão, veio o “garoto” roubou a bola e marcou o gol. Rodolfo ficou indignado, mas o gol foi legal. O experiente goleiro não imaginava quem seria Ronaldo no futuro. Rodolfo Rodrigues se aposentaria em 1994, ainda pelo Bahia.

               Rodolfo Rodrigues, grande goleiro uruguaio que defendeu o Santos Futebol Clube nos anos 80, hoje mora no Uruguai, em uma fazenda na cidade de Durazno, a 228 Km da capital Montevidéu. Lá, o ex-goleiro cria gados da raça Hereford, e tem mais de cinco mil cabeças. Quando digo que Rodolfo Rodriguez é o “Pelé” dentre os goleiros, é porque estou me referindo a algo descomunal. O que pode fazer do goleiro o maior de todos os tempos? Uma baixa média de gols sofridos na carreira? Um campeonato onde não sofra nenhum gol. Uma bela defesa. Duas ou três belas defesas? Alguns goleiros, como o Aranha Negra, da ex-URSS é para muita gente o maior deles. Schumaker, o alemão que brilhou em 1974, também. Manga, Marcos, Rogério Ceni e o fato de também fazer gols… mas o fato é que nenhum goleiro foi como Rodolfo Rodrigues. Se você não o conheceu ou se tinha dúvidas até agora, esqueça, pois ele realmente foi um dos melhores goleiros de todos os tempos.

1986 – Em pé: Rodolfo Rodrigues, Pedro Paulo, Ijuí, Dunga, Nildo e Gilmar   –    Agachados: Jussiê, Juninho, Rubens Feijão, Ribamar e Paulo Robson
Seleção Uruguaia, no Mundialito de 1989. Da esquerda para a direita, Rodolfo Rodriguez é o primeiro em pé e De Leon é o último
Em pé: Rodolfo Rodrigues, Nildo, Raul, Toninho Carlos e Claudinho    –     Sentados: Osmarzinho, Osvaldo, Chicão, César Sampaio, Mendonça e Éder

 

 

 

 

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