WALDEMAR CARABINA: fez parte da primeira academia palmeirense

                  Waldemar dos Santos Figueira nasceu dia 28 de janeiro de 1932, na cidade de São Paulo. Jogou no Palmeiras de 1954 até 1966 e nesse período disputou 584 jogos. Venceu 333, empatou 116 e perdeu 135. Marcou 9 gols com a camisa alviverde. E foi um destes nove gols, que lhe rendeu o apelido de Waldemar Carabina e isto aconteceu num jogo em que o Palmeiras realizava no Pacaembu e o chute foi tão forte, que o lendário comentarista Mário Moraes que trabalhava na rádio Pan-americana daquela época, disse que o chute foi mais forte do que um tiro de carabina. A partir daquele dia, todos começaram a chamá-lo de Waldemar Carabina. Depois que encerrou a carreira de jogador de futebol, passou a viver as emoções fora das quatro linhas, dirigindo várias equipes, como Atlético Paranaense de 1972 até 1974, do próprio Palmeiras em 1987, onde foi ídolo na década de 50 e 60 e também trabalhou na Internacional de Limeira em 1990.

INÍCIO DE CARRREIRA

                  Assim como inúmeros jogadores, Waldemar Carabina iniciou sua carreira futebolística no Clube Atlético Ypiranga, um clube da capital paulista que por muitos anos disputou o Campeonato Paulista, se tornando um grande revelador de craques, que anos mais tarde, vieram a brilhar nas grandes agremiações do estado de São Paulo. Como exemplo podemos citar o goleiro Félix, que fez muito sucesso na Portuguesa de Desportos, depois no Fluminense do Rio de Janeiro e também em nossa seleção, pois sagrou-se Tricampeão Mundial na Copa de 70, disputada no México. Outro jogador que começou no Ypiranga foi o zagueiro Homero, que jogou por vários anos no Corinthians, conquistando com a camisa alvinegra importantes títulos, sendo um deles, o campeão do IV Centenário em 1954.  Outro que começou no ex-clube foi Mário Travaglini, que ficou famoso depois que encerrou a carreira de jogador e passou a trabalhar como treinador.  Carabina jogou no Ypiranga em 1952 e 1953. No ano seguinte foi contratado pelo Palmeiras.

PALMEIRAS

               Chegou ao Parque Antarctica em 1954, quando a equipe esmeraldina tinha a seguinte formação; Cavani, Manoelito e Cardoso; Waldemar Carabina, Waldemar Fiume e Gérsio; Liminha, Humberto, Nei, Jair da Rosa Pinto e Rodrigues. O técnico era Aymoré Moreira.  E foi com esta formação que Carabina venceu o seu primeiro clássico contra o Corinthians por 1 a 0 gol de Rodrigues, naquele dia 29 de agosto de 1954, num amistoso na cidade de Barretos. Seu primeiro título com a camisa alviverde, só chegou em 1959, mas foi um título tão importante, que marcou sua carreira para sempre. Foi uma das finais mais emocionantes que o futebol brasileiro já assistiu. De um lado o Palmeiras que tinha uma verdadeira seleção; Valdir, Djalma Santos, Waldemar Carabina, Aldemar e Geraldo Scotto; Zequinha e Chinesinho; Julinho Botelho, Américo, Nardo e Romeiro.

               Do outro lado o Santos F. C. que na época também tinha uma verdadeira seleção; Laércio, Urubatão, Getúlio, Dalmo e Formiga; Zito e Jair da Rosa Pinto; Dorval, Pagão, Pelé e Pépe. Realmente duas máquinas de jogar futebol. Dos 22 jogadores, 12 já haviam vestido a camisa da seleção brasileira. Quem teve a felicidade de ver estes monstros sagrados jogarem, pode se considerar um privilegiado, pois eram jogadores de alto nível, coisa que nos dias de hoje não vemos mais. E o mais importante, jogavam por amor a camisa, pois o que ganhavam não chega nem perto de muitos jogadores medíocres dos dias de hoje. São estes jogadores de hoje, que nos fazem sermos saudosistas.

               Quando a bola rolou no gramado do Pacaembu naquele dia 10 de janeiro de 1960, o Santos parecia querer decidir logo no começo do jogo, tanto é, que aos 14 minutos de jogo Pelé abriu o placar. A torcida santista foi ao delírio, que só parou aos 43 minutos, quando Julinho empatou a partida. Final do primeiro tempo e tudo igual no placar. Quando menos a confiante torcida peixeira esperava, aos três minutos da etapa final, falta para o Palmeiras, de meia-distância. Romeiro batia forte e de três dedos, com um veneno incrível. E aquela batida de falta tornou-se imortal: por cima da barreira, a bola foi no ângulo do ex-palmeirense Laércio, que nem se mexeu. Golaço que garantiu a vitória por 2 a 1 e que rendeu inflamada invasão do gramado do Pacaembu pela torcida palmeirense ao término do jogo. Palmeiras era o grande campeão de 1959. No ano seguinte Carabina sagrou-se campeão da Taça Brasil.

               Depois Waldemar Carabina voltou a ser campeão paulista em 1963, campeão do Torneio Rio-São Paulo em 1965 e novamente campeão paulista em 1966. Foi nessa época que o Palmeiras começou a ser chamado de “Academia”. Depois, no início da década de 70, o Palmeiras formou outro esquadrão fabuloso, conquistando vários títulos importantes e também passaram a chama-lo de Academia, mas Waldemar Carabina foi integrante da chamada “Academia Original”, equipe que fez frente ao Santos de Pelé & Cia nos anos 50 e 60, uma época que o Santos tinha um time praticamente imbatível. Nos duelos entre os dois clubes, Carabina tinha a difícil missão de marcar o Rei do Futebol e sempre foi leal, como reconhece Pelé até hoje.

                Em 1965, o Palmeiras tinha um time tão bom, que foi convidado pela CBD para fazer parte da festa de inauguração do Estádio Magalhães Pinto, o Mineirão, representando o Brasil naquele amistoso internacional contra o Uruguai. E lá estava Waldemar Carabina como capitão da equipe. Os jogadores do Palmeiras jogaram com a camisa da Seleção Brasileira. Esta partida aconteceu no dia 7 de setembro de 1965 e o Palmeiras venceu por 3 a 0, gols de Rinaldo cobrando pênalti, Tupãzinho e Germano. Neste dia o Palmeiras jogou com; Valdir (Picasso), Djlma Santos, Djalma Dias, Waldemar Carabina e Ferrari; Dudu (Zéquinha) e Ademir da Guia; Julinho Botelho (Germano), Servílio, Tupãzinho (Ademar Pantera) e Rinaldo (Dario).

              Além deste jogo, Waldemar Carabina vestiu mais uma vez a camisa canarinho, foi no dia 29 de junho de 1961, quando o Brasil derrotou o Paraguai por 3 a 2 num jogo amistoso realizado no Maracanã. Os gols brasileiros foram anotados por Dida, Henrique e Joel.  Durante 12 anos Carabina vestiu a camisa do Palmeiras, realizou 584 partidas, só é superado por outros quatro jogadores na história do clube. Ademir da Guia (901 jogos), Emerson Leão (617), Dudu (609) e Waldemar Fiúme (601). Recentemente o goleiro Marcos atingiu a marca de 500 jogos.  Encerrou sua carreira jogando no Comercial de Ribeirão Preto e foi lá também que começou sua nova carreira, a de treinador.

TREINADOR

               Trabalhou em diversos clubes do Brasil. Teve um bom período em clubes do Norte e Nordeste. O Palmeiras lhe deu a chance de comandar a equipe em 1987 na Copa União e Campeonato Paulista, e o trabalho foi considerado aceitável, pois o time ficou um bom tempo invicto. Na ocasião o goleiro Zetti ficou mais de mil minutos sem tomar gol. No São José, fazia boa campanha, até que os intolerantes dirigentes decidiram demiti-lo após quatro empates consecutivos. Na sequência, o time joseense chegou à final do Paulistão e perdeu o título na disputa com o São Paulo, já com Ademir Mello no comando técnico.  

               E nas andanças por Recife, aconteceu um fato curioso quando ele trabalhava no Santa Cruz. Após uma partida, no vestiário, um repórter esbarrou sem querer no treinador que, irado, explodiu: “Você tá cego, o rapaz!”  E quando o repórter explicou que não enxergava de um olho, justificou que era um olho de vidro adaptado, Carabina, envergonhado, não se cansou de pedir desculpas.  Carabina trabalhou também na Internacional de Limeira. Sua estréia aconteceu no dia 30 de setembro de 1990, quando a Inter perdeu para o Corinthians por 1 a 0. Sua última partida como técnico da veterana foi no dia 21 de outubro, ou seja trabalhou em apenas 6 oportunidades e perdeu todas elas. Esta foi uma de suas grandes mágoas, pois não conquistou um ponto sequer pelo Leão da Paulista.

               Como técnico amargou uma derrota de 3 a 0 para o Corinthians, três gols de um tal de Carlos Alberto, que depois nunca mais se ouviu falar. Logo após o jogo, Carabina gritava no vestiário aos seus jogadores: “Desde quando eu jogava, podíamos perder para o Juventus, para o Jabaquara, para qualquer outro time, menos para o Corinthians. É questão de honra, por isso peço desculpas a torcida palmeirense, pois estou envergonhado e sofrendo junto com ela”. Só isso já demonstra o caráter e o amor que possuía Waldemar Carabina pela Sociedade Esportiva Palmeiras.

               Waldemar Carabina sofria do Mal de Alzheimer desde 2005 e no dia 22 de agosto de 2010 enfrentou seu maior adversário, a morte. Faleceu no Hospital São Rafael, em Salvador, na Bahia às 19:20hs. aos 78 anos. Ícone alviverde do final da década de 50 e dos anos 60, Carabina foi cremado no crematório Jardim da Saudade, em Salvador, no dia 24 de agosto, às 11:00hs. O ídolo palmeirense deixou a esposa Lígia, dois filhos, Rosane Figueira e Waldemar Figueira Junior e quatro netos.

Em pé: Anibal, Waldemar Carabina, Zéquinha, Jorge, Formiga e Geraldo Scotto     –    Agachados: Julinho, Paulinho, Nardo, Ênio Andrade e Chinesinho
Extinto clube Ypiranga da capital paulista em 1950. Na zaga vemos Waldemar Carabina, o goleiro Valentino e Mário Travaglini. Detalhe para a bola marrom daquela época
Em pé: Djalma Santos, Picasso, Waldemar Carabina, Djalma Dias, Vicente e Zéquinha     –    Agachados: Julinho, Vavá, Servilio, Ademir da Guia e Gildo
Em pé: Djalma Santos, Valdir, Waldemar Carabina, Aldemar, Zéquinha e Geraldo Scotto     –    Agachados: Gildo, Julinho, Geraldo José, Chinesinho e Romeiro
Da esquerda p/direita: Picasso, Waldemar Carabina, Tupãzinho, Valdir, Gildo e Ferrari
Em pé: Djalma Santos, Valdir, Waldemar Carabina, Dudu,Djalma Dias e Ferrari Agachados: Julinho, Servilio, Tupãzinho, Ademir da Guia e Rinaldo
Em pé: Djalma Santos, Valdir, Waldemar Carabina, Aldemar, Zéquinha e Geraldo Scotto     –    Agachados: Gildo, Américo, Vavá, Hélio Burini e Geraldo José
Em pé: Djalma Santos, Valdir, Waldemar Carabina, Aldemar, Zéquinha e Geraldo Scotto     –    Agachado: Julinho, Nardo, Américo, Chinesinho e Romeiro
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