DITÃO: campeão carioca pelo Flamengo em 1965

                             Gilberto de Freitas nasceu dia 29 de janeiro de 1942, na cidade de São Paulo. No meio futebolístico era conhecido por Ditão, assim como seu irmão que chamava-se Geraldo e também era conhecido por Ditão. Ambos jogavam de zagueiro central. Esse que estamos contando sua história jogou no Flamengo.

                             Dos quatro irmãos da família Freitas Nascimento – Adílson, Flávio, Geraldo e Gilberto, três jogaram futebol e apenas Adílson jogou basquete. Os três do futebol atuaram como zagueiro, talvez movidos pelo exemplo do pai, Benedito Freitas Nascimento, que durante mais de uma década defendeu o Clube Atlético Juventus (SP) nessa posição.

                             Dos três, Geraldo e Gilberto carregaram o apelido do pai, “Ditão”, sem saber explicar direito como foram parar no miolo da área. Na várzea, os irmãos jogavam como laterais, meio campistas e até como atacantes.

                             Geraldo Freitas Nascimento, o “Ditão” mais famoso, também jogou pelo Juventus, depois na Portuguesa de Desportos e marcou época defendendo o Corinthians. Adilson também treinou no juvenil do Juventus como meia-direita, mas em razão dos estudos foi parar no time de basquete do colégio e não voltou mais aos gramados.

                             Como jogador de basquete, a carreira de Adílson foi bem sucedida em várias equipes de ponta e também na Seleção Brasileira de Basquetebol. Além dos quatro irmãos, Maria Elisa, a irmã mais jovem, foi jogadora de vôlei. Em entrevista para a revista Placar, o patriarca da família tentou desvendar o mistério do aparecimento da “zagueirada”:

– “Eu ia assistir os meninos treinarem e ficava no alambrado orientando: Cai aqui, cobre ali, antecipe agora… E eles foram pegando o jeito de marcar. Com o tamanho deles é até natural que sejam zagueiros”.

                            Criado no bairro do Belém, Zona Leste da cidade de São Paulo, Gilberto começou sua trajetória nos quadros amadores do time da Rua Javari, antes de despontar como profissional na cidade de Piracicaba (SP). Depois de boas temporadas no Esporte Clube XV de Novembro de Piracicaba, seu passe foi comprado pelo Clube de Regatas do Flamengo (RJ) em 26 de janeiro de 1964, por 15 milhões de cruzeiros.

                            Seu grande momento jogando pelo Rubro-Negro aconteceu na conquista do Campeonato Carioca de 1965. Ditão também participou do elenco que perdeu o campeonato de 1966 para o Bangu,  jogo este que aconteceu no dia 18 de dezembro de 1966 e que não terminou, pois quando o Bangu vencia o Flamengo por 3×0, houve uma briga tão grande entre os jogadores, que o árbitro Airton Vieira de Moraes, o popular Sansão, deu o jogo por encerrado.

                            Abaixo, os registros do primeiro compromisso do Flamengo no certame carioca de 1965, o campeonato do Quarto Centenário da cidade:

11 de setembro de 1965 – Campeonato carioca – Flamengo 2×1 América – Estádio do Maracanã (GB) – Árbitro: Armando Marques – Gols: Fefeu aos 6’, Silva aos 30’ e Miro aos 43’.

Flamengo: Valdomiro, Murilo, Ditão; Jaime Valente e Paulo Henrique; Nelsinho e Fefeu; Amauri, Almir, Silva e Rodrigues. Técnico: Armando Renganeschi. América: Ari, Jorge, Serjão; Leônidas e Casemiro; Amorim e Miro; Garrinchinha, Bê, China e Ramón. Técnico: Gentil Cardoso.

                            Apesar de Ditão ter participado da preparação para o mundial de 1966, tamanha honraria não deveria ter sido sua. Seu irmão Ditão, o Geraldo Freitas Nascimento, que na época defendia o Corinthians, seria o verdadeiro convocado para esses compromissos de preparação da Seleção Brasileira. No entanto, os nomes foram trocados por engano no escritório da CBD, que não se preocupou em desfazer o vergonhoso mal-entendido: Erro cometido, erro mantido!

                            Pelo time da Gávea, Ditão disputou ao todo 185 partidas. Foram 87 vitórias, 44 empates, 54 derrotas e 2 gols marcados. Depois do Flamengo, Ditão foi transferido para o Cruzeiro Esporte Clube (MG) em 1968. Ao contrário de Ditão do Corinthians, Gilberto sempre teve um temperamento forte e nunca gostou de levar desaforos para casa.

                            Em sua passagem pelo futebol mineiro, Ditão foi vítima de um atentado contra sua vida. Foi alvejado por 5 disparos de arma de fogo pelo pai de sua namorada, que não aceitava o namoro. O fato aconteceu quando Ditão foi até a casa da jovem Aracy Carvalho com intenções de formalizar o relacionamento junto ao pai da moça, o senhor José Vasconcelos.

                            Felizmente, depois de vários dias internado na UTI, Ditão se recuperou bem, embora sua caminhada nos gramados tenha ficado relativamente comprometida.

                            Continuando no mundo da bola, Ditão ainda voltou ao Rio de Janeiro e defendeu o São Cristóvão na temporada de 1970. Depois passou pelo  CSA – Centro Sportivo Alagoano (AL), seu último clube!

                            Em 1987, após ter ficado preso por alguns dias pela acusação de tentar vender um aparelho de som roubado, Ditão ganhou um emprego com carteira assinada na Gávea, como segurança das piscinas.

A CURIOSA HISTÓRIA DOS IRMÃOS DITÃO

O Flamengo em 1964 havia contratado, ao Juventus da rua Javari, de São Paulo, o jovem zagueiro Ditão. Ele era irmão de outro zagueiro que vinha se destacando em São Paulo, só que pela Portuguesa de Desportos, mas que também havia iniciado sua carreira no Juventus. Dele, o irmão mais novo herdou o mesmo apelido. Geraldo Freitas Nascimento, nascido em 1938, era o Ditão da Portuguesa, contratado em 1966 pelo Corinthians. Gilberto Freitas Nascimento, nascido em 1942, era o irmão mais novo, o Ditão zagueiro do Flamengo.

                             Pois bem, em 1966, nos preparativos para a Copa do Mundo, o técnico Vicente Feola convocou Ditão, já do Corinthians, para a seleção. Só que na hora de divulgar os chamados por Feola, anunciou-se o Gilberto e não o Geraldo. No dia da apresentação, já no aeroporto, chegou o Ditão do Flamengo, só então se percebendo a confusão. A CBD (Confederação Brasileira de Desportos) reconheceu o erro, mas não quis desfazer a troca; quem viajou para a Europa com a seleção brasileira foi o Ditão do Flamengo e não o do Corinthians, para a indignação paulistana.

Os irmãos Ditão – Um jogou na Portuguesa de Desportos e no Corinthians e o outro no Flamengo
Em pé: Murilo, Waldomiro, Jaime, Ditão, Carlinhos, Paulo Henrique   –    Agachados: Neves, João Daniel, Silva, Fefeu, Rodrigues
Em pé: Murilo, Ditão, Marcial, Jouber, Carlinhos e Paulo Henrique    –    Agachados: Amauri, Nelson, Airton, Paulo Choco, Osvaldo
Em pé: Murilo, Marco Aurelio, Jaime Valente, Ditão, Carlinhos e Paulo Henrique   –   Agachados: Paulo Choco, Nelsinho, Almir, Silva e Rodrigues
Os irmãos Ditão – Um jogou na Portuguesa de Desportos e no Corinthians e o outro no Flamengo
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