BAUER: conquistou quatro títulos paulista pelo São Paulo F.C.

                   José Carlos Bauer nasceu dia 21 de novembro de 1925 na cidade de Porto Alegre – RS, e faleceu dia 4 de fevereiro de 2007, portanto, amanhã fará um ano que perdemos Bauer, o monstro do maracanã. Filho de um suíço branco com uma brasileira negra, começou jogando no São Paulo F. C. em 1938 onde ficou até 1953. Já em 1942 foi campeão juvenil.  Com a saída de Zezé Procópio da equipe principal, em 1944, ele conquistou a posição de titular entre os profissionais.  Dono de um estilo clássico e elegante, alto e habilidoso, Bauer era um médio volante com qualidade de zagueiro.  Foi bi campeão paulista em 1945 e 1946, sendo que em 46, conquistou o título invicto, que é lembrado com orgulho pelo torcedor são-paulino, cuja escalação era a seguinte: Gijo, Piolim, Renganechi, Rui e Noronha; Bauer e Remo; Luizinho, Sastre, Leônidas da Silva e Teixeirinha.  

                   Voltaria a ser bi campeão paulista em 1948 e 1949, quando o São Paulo F.C. tinha uma verdadeira máquina de jogar bola, cuja escalação era; Mário, Savério, Mauro Ramos de Oliveira, Rui e Noronha; Bauer e Remo; Friaça, Ponce de Leon, Leônidas da Silva e Teixeirinha. Era sem dúvida, uma época de ouro do Tricolor do Morumbi.  Ainda no ano de 1949, Bauer foi campeão vestindo a camisa canarinho, na copa sul-americana. Quatro anos mais tarde, voltaria a conquistar mais um título pelo São Paulo, que naquele campeonato disputou 24 jogos, com apenas duas derrotas e seis pontos perdidos. O ataque marcou 70 gols e sofreu 21. E no dia 24 de janeiro de 1954 aconteceu a grande final contra o Santos F.C. no Pacaembu, com a vitória do tricolor por 3×1. Neste dia o São Paulo jogou com: Poy, De Sordi, Mauro Ramos de Oliveira, Alfredo e Pé de Valsa; Bauer e Negri; Maurinho, Albeila, Gino e Teixeirinha.

                  Em 1954, Bauer se transferiu para o Botafogo do Rio de Janeiro. Já em final de carreira, jogou também na Portuguesa em 1955 e no ano seguinte encerrou sua carreira no São Bento de Sorocaba.  Depois foi treinar o Guadalajara no México e o Milionários da Colômbia, além das divisões de base do Clube Indiano de São Paulo. Como técnico, Bauer tem uma história interessante. Era treinador da Ferroviária de Araraquara quando o clube foi jogar em Lourenço Marques – Moçambique.   Eusébio estava começando a jogar futebol. Bauer foi o primeiro a ver naquele garoto um jogador de muito talento. 

                  Como a Ferroviária não tinha dinheiro para compra-lo, Bauer indicou-o a Bella Guttman, técnico do Benfica de Portugal.  E foi no clube português que Eusébio se revelou para o mundo, sendo mais tarde a ser comparado a Pelé, coisa que ele mesmo jamais admitiu, principalmente depois daquele inesquecível jogo em que o Santos venceu o Benfica por 5×2 em pleno Estádio da Luz, pela final do Mundial Interclubes de 1962, sendo que esta partida é considerada por todos os cronistas esportivos, inclusive por Pelé, como a partida mais perfeita que um time de futebol já realizou em toda a história.

PELA SELEÇÃO BRASILEIRA

                 Bauer voltou a ser convocado para defender a seleção canarinho no ano de 1950, quando o Brasil iria disputar a Copa do Mundo aqui no Brasil de 24 de junho a 16 de julho.  Para este mundial o técnico da seleção brasileira, Flávio Costa, convocou os seguintes jogadores: Barbosa e Castilho para o gol.  Augusto, Juvenal, Nilton Santos e Nena para a zaga, Bauer, Noronha, Danilo, Rui, Bigode e Eli para o meio de campo, e Ademir Menezes, Baltazar, Chico, Friaça, Alfredo, Maneca, Jair da Rosa Pinto, Adãozinho, Rodrigues e Zizinho para o ataque.  O Brasil era o favorito para o título, principalmente depois das goleadas sobre a Suécia por 7×1 e sobre a Espanha por 6×1. 

                 Finalmente chegou o grande dia, 16 de julho de 1950, final da Copa do Mundo, 180 mil pessoas eufóricas lotaram o estádio do Maracanã, especialmente construído para aquela copa, com a certeza de assistir de perto àquele que seria o primeiro título mundial do Brasil.  O que se viu, entretanto, foi o dia mais trágico do futebol canarinho. Nosso adversário era o Uruguai.  O jogo estava dificílimo, mas logo no início do segundo tempo, abrimos o placar com um gol de Friaça.  O empate já nos dava o título e isto era muito pouco para quem já havia ganho várias partidas de goleada e, aquele gol, já nos dava a sensação de estarmos com a Taça nas mãos.  Porem, fibra e coração, fizeram com que Schiaffino viesse a empatar aquela partida. 

                 Foi aquele silêncio no estádio. Silêncio este, que se tornou ensurdecedor, quando o atacante Gigghia aos 35 minutos do segundo tempo desempatou a partida. E assim, o Uruguai liderado pelo temperamental Obdúlio Varela, sagrava-se bi-campeão do mundo, uma vez que já havia ganho a copa de 30 em sua própria casa. Por muitos anos, a decepção daquela derrota marcaria profundamente cada torcedor brasileiro.  Naquele dia o Brasil jogou com: Barbosa, Augusto, Danilo, Eli e Bigode; Bauer e Jair da Rosa Pinto; Friaça, Zizinho, Ademir Menezes e Rodrigues.

                Bauer foi eleito o melhor jogador brasileiro daquele mundial e, chamado por todos como “O Monstro do Maracanã”.  Foi o único não só a voltar a vestir a camisa da seleção brasileira na Copa seguinte, em 1954 na Suíça, como também ostentou a braçadeira de capitão. Mas nem por isso, Bauer, saiu ileso da tragédia de 50.  Aquela derrota foi desastrosa em todos os sentidos, tanto é verdade, que Bauer passou praticamente dois anos de sua carreira (51 e 52) apresentando um péssimo futebol, o que o levou ao banco de reserva do São Paulo F. C.  O que mais o chateou, foi terem tentado colocar a culpa toda em cima do Bigode e do Barbosa, o que ele achou uma tremenda injustiça.

                Como se não bastasse a derrota de 1950, Bauer ainda teve que passar por outro momento difícil naquele dia fatídico de 16 de julho. Como era certa a vitória brasileira, uma grande festa já estava preparada para depois da partida. Sendo assim, Bauer fora convencido por um repórter da revista “O Cruzeiro”, a devolver a passagem de volta, do Rio de Janeiro para São Paulo, à estação ferroviária, a fim de permanecer no Rio para as comemorações do título.  No final catastrófico da partida, o jornalista desapareceu.  Bauer só conseguiu embarcar em um trem, graças ao falecido narrador esportivo Geraldo José de Almeida, que viajava naquele trem.  Restou ao nosso Bauer, somente um lugar no chão do trem.

               Dois anos depois da tragédia de 50, Bauer voltou a passar um mau momento quando teve a perna direita fraturada por um jogador do Botafogo de Ribeirão Preto. No mundial de 1954, foi convocado novamente, onde formou um grande esquadrão: Veludo, Djalma Santos, Píndaro, Brandãozinho e Nilton Santos; Bauer e Didi; Julinho, Humberto, Baltazar e Maurinho. Neste mundial, o Brasil ficou em 6º lugar.

               Bauer viveu seus grandes momentos no futebol nos quinze anos que vestiu a camisa do São Paulo. Formou com Rui e Noronha uma das maiores linhas médias do futebol brasileiro, pois Rui, Bauer e Noronha formavam um verdadeiro trio de ouro. Juntos jogaram 162 partidas. Três craques que também defenderam a seleção brasileira por muitos anos. Bauer foi um dos maiores ídolos da história do São Paulo, realizando 419 partidas, marcando 16 gols e conquistou os títulos paulista de 43, 45, 46, 48, 49 e 53. E pela seleção brasileira disputou 29 partidas.

                José Carlos Bauer, um dos melhores jogadores da história do São Paulo Futebol Clube, morreu aos 81 anos no dia 4 de fevereiro de 2007. Ele tinha mal de Alzheimer. Seu corpo foi enterrado no cemitério da Paz, no Morumbi (SP). O ex-atleta vivia com a família no Brooklin, bairro na Zona Sul da capital paulista. O “Gigante do Maracanã”, apelido que ganhou pela brilhante participação pela seleção brasileira na Copa do Mundo de 1950, não escondia a tristeza por não ser muito lembrado nos últimos anos de sua vida.

Em pé: Djalma Santos, Cabeção, Martim, Riberto, Waldemar Fiúme e Bauer  –    Agachados: Maurinho, Zezinho, Gino, Jair Rosa Pinto e Pepe
Em pé: Alfredo Ramos, Pé de Valsa, De Sordi, Poy, Mauro Ramos de Oliveira e Bauer    –     Agachados: Lanzoninho, Negri, Gino Orlando, Baiano e Teixeirinha
Em pé: Turcão, Alfredo Ramos, Poy, Bauer, Dino e Mauro Ramos de Oliveira    –     Agachados: Alcindo, Durval, Lauro, Bibe e Luiz Marini
Em pé: Rui, Barbosa, Augusto, Bauer, Noronha e Juvenal    –     Agachados: Alfredo, Maneca, Baltazar, Ademir Menezes e Friaça
Jogadores da nossa seleção brasileira da Copa de 50       –     Em pé: Barbosa, Augusto, Danilo Alvim, Juvenal, Bauer e Bigode    –    Agachados: Friaça, Zizinho, Ademir Menezes, Jair Rosa Pinto, Chico e o massagista Mário Américo
Seleção Carioca   –   Em pé: Rubens, Zózimo, Nilton Santos, Castilho, Pinheiro e Bauer    –    Agachados: Sabará, Zizinho, Índio, Didi e Pinga
Em pé: Alfredo Ramos, De Sordi, Poy, Clélio, Bauer, Vitor e o mordomo Serrone     –    Agachados: Haroldo, Dino Sani , Gino, Remo e Teixeirinha
Em pé: Djalma Santos, Gérson, Brandãozinho, Nilton Santos, Veludo e Bauer    –     Agachados: Julinho Botelho, Humberto Tozzi, Baltazar, Didi e Maurinho
Postado em B

Deixe uma resposta