Getúlio Costa de Vieira nasceu dia 26 de fevereiro de 1954, na cidade de Belo Horizonte – MG. Foi um lateral que jogava o seu feijão com arroz e não comprometia sua equipe. Era duro na marcação e tinha um chute muito forte, com isto, marcou vários gols em sua carreira. Era também muito eficiente nos cruzamentos, com isto chegou a Seleção Brasileira, onde disputou dezenove partidas oficiais e duas não oficiais, marcando um gol, contra o Uruguai no dia 27 de agosto de 1980. Na época disputava a posição com Nelinho do Cruzeiro e Leandro do Flamengo, dois excelentes laterais. Teve a honra de jogar em grandes clubes, como o Atlético Mineiro, São Paulo e Fluminense. Pelo Tricolor Paulista, foi peça importante na conquista do Campeonato Brasileiro de 1977, decidido contra o Atlético Mineiro em pleno Mineirão. Foi também Campeão Paulista em 1980 e 1981. Pelo Tricolor disputou 322 partidas e nesse período marcou 34 gols. Depois de sete anos no São Paulo foi jogar no Fluminense do Rio de Janeiro.
ATLÉTICO MINEIRO
Getúlio participou da final do campeonato mineiro de juvenis em Itabira contra o Valério. Foi um jogo difícil em que o Itabira venceu por 1 a 0. O jogo foi no domingo e na segunda feira ele dava baixa no Exército. Iniciou sua carreira nas categorias de base do Galo, onde jogou em várias posições, até mesmo como goleiro. Certo dia o Telê Santana mandou ele se apresentar junto aos profissionais na terça feira. Ele pensou que devia ser somente para completar o time dos profissionais, conhecer o pessoal, bater uma bolinha e ir embora. Chegando lá o mandaram ficar concentrado com o time no Brasil Palace porque no dia seguinte (quarta feira) o Atlético iria jogar contra o Flamengo.
O time carioca tinha Dario, Doval, Paulo Cesar Caju o Rogério na ponta direita. Estava o time do Atlético no vestiário, inclusive o Zé Maria que era o titular, chegou o Telê e falou com Getúlio “se apronte que você é que vai jogar”. Getúlio não tinha levado chuteira nem nada. Então começou a experimentar chuteiras. Uma com a pisada desgastada pra dentro, outra pra fora, outra apertada demais até que o Valtinho roupeiro lhe arranjou uma lá que ficou mais ou menos. Entrou no jogo e logo de cara o Rogério fez um cruzamento, o Mussula largou e o Doval fez 1×0. Aí aos 28 minutos teve uma falta a favor do Galo. Getúlio foi caminhando e como ninguém se ofereceu para bater ele pediu. Renato nem pediu barreira porque estava muito longe.
Getúlio soltou uma bomba e ela pegou no pé da trave e subiu. A galera vibrou. Depois fez uma tabelinha com Arlem na lateral, ele foi no fundo e cruzou para o Totonho empatar. Repetiu-se a mesma jogada e novamente o Totonho virou o jogo. O Mineirão quase veio abaixo. Faltando cinco minutos para acabar o jogo, Getúlio não tinha onde ter cãimbras mais. O tempo parecia uma eternidade, mas o Atlético venceu e ele ficou quase dois dias sem conseguir andar por causa das cãimbras. Daquele dia em diante se firmou como titular. Getúlio jogou no Atlético Mineiro de 1971 até 1977 e nesse período disputou 205 partidas e marcou 27 gols. Em 1977 foi transferido para o São Paulo F.C.
SÃO PAULO F.C.
Por indicação do técnico Minelli, o Tricolor trouxe Getúlio para o Morumbi. Segundo Getúlio, Minelli era um paizão para os jogadores. Cobrava da diretoria melhores condições aos seus jogadores e se preocupava com o atleta dentro e fora de campo. Logo que chegou teve uma decisão pela frente e era justamente contra seu ex-clube, o Atlético. Era a final do Campeonato Brasileiro de 1977. Foi uma coisa terrível para Getúlio, pois era muito recente, para se ter uma ideia, nas entrevistas ele trocava os nomes, falava Atlético em vez de falar São Paulo. A ansiedade para aquela final era muito grande por parte do atleta, tanto é que perdeu 3 kg naquele final de semana que aconteceu o jogo.
Quando entrou no gramado e viu aquela imensa torcida do Galo (102.974 pagantes) gritando, ele se emocionou e sentiu saudade daquele calor humano, mas depois de quinze minutos de jogo, tudo normalizou e ele pode mostrar seu grande futebol. As duas equipes estavam desfalcadas, pois Serginho pelo São Paulo e Reinaldo pelo Atlético não puderam jogar este jogo que aconteceu dia 5 de março de 1978. O tempo estava quente em Belo Horizonte, apesar da chuva que caía desde as primeiras horas do dia. Na cidade de Belo Horizonte, só se ouvia, Galo! Galo!, Galo Campeão!. Noventa minutos de jogo e o placar continuava em branco. Veio então a prorrogação, mas nada mudou no placar. Então chega o último recurso, a decisão nos pênaltis.
Getúlio não queria bater porque o João Leite estava cansado de o conhecer e sabia como ele batia. Porem, o Minelli falou que ele iria ser o primeiro a bater. Bateu e não deu outra, o João Leite pegou. Mas no gol do Tricolor lá estava Waldir Perez e como sempre começou a irritar os batedores do Atlético. E sua catimba deu certo, pois Toninho Cerezo, Joãozinho Paulista e Márcio desperdiçam suas cobranças e o Tricolor sagrou-se Campeão Brasileiro de 1977. Neste dia o São Paulo jogou com; Waldir Perez, Getúlio, Tecão, Antenor e Bezerra; Chicão, Theodoro e Dario Pereira; Viana, Mirandinha e Zé Sérgio.
Anos depois, o Tricolor conquistava o Bicampeonato Paulista. Foi em 1980/81, quando formou um time sensacional, que segundo o próprio Getúlio, foi o melhor time que jogou em toda sua carreira; Waldir Perez, Getúlio, Oscar, Dario Pereira e Marinho Chagas; Almir e Mário Sérgio; Paulo Cesar, Renato, Serginho e Everton.
SELEÇÃO BRASILEIRA
Depois do bicampeonato paulista, Getúlio foi convocado por Tele Santana para a Copa de 1982 na Espanha. Chegou a jogar algumas partidas pela seleção, que tinha um elenco sensacional, forte demais. Nas eliminatórias foram convocados Getúlio e o Edevaldo. Iríamos jogar na Bolívia , na altitude. Durante o treinamento o Telê falou que não queria que ninguém parasse a bola. O Juninho, zagueiro que foi da ponte Preta lançou uma bola muito forte para Getúlio e para não deixar ela sair pela lateral, deu um pique forte. Lhe faltou ar e abaixou para tentar respirar, ficando ali parado. O Telê então parou o treinamento, lhe deu um esporro dizendo que falou que não queria que parasse e o cortou ali. Telê era assim, guardava magoa por pouca coisa, tirava um jogador do time e dificilmente voltava a jogar com ele, segundo declaração do lateral Getúlio.
FLUMINENSE
Foi para o Fluminense já em fase final de carreira. O time tinha uma geração muito boa com Jandir, Delei, Branco começando, Paulinho, Ricardo Gomes e o Aldo. O Aldo estava muito bem, voando mesmo. Merecia a posição. Só que depois mudou de técnico e chegou o Carlos Alberto Torres. Ele chegou cheio de pompa e logo nos primeiros treinos reuniu o grupo e começou a falar: Ricardo Gomes você vai ser meu Passarella, Delei vai ser não sei quem, Branco o fulano de tal. E Getúlio só olhando aquilo. Aí ele disse que quem estivesse bem jogaria. Pois bem, teve um jogo contra o Vasco e o Aldo foi expulso depois de dar uma porrada no Silvinho ponta esquerda deles.
O jogo seguinte era contra o Botafogo. Na sexta feira Getúlio se empenhou ao máximo no coletivo para jogar o clássico. O Carlos Alberto era cheio de coisa e disse que quem fizesse um gol de falta no jogo ganharia uma televisão. No treino o Paulo Vitor jogava no time reserva e teve uma falta perto da área. Aí ele falou: ai Carão (apelido de Getulio) quero ver se faz gol em mim. Getúlio cobrou por cima da barreira lá na gaveta. O treino correndo solto e chegou um conselheiro do clube que tinha fama de escalar times e foi falar com o Carlos Alberto. Getúlio pensou: ah com o Carlos Alberto, um tricampeão mundial vai ser diferente. O Carlesso (Raul Carlesso) que era auxiliar chamou Getúlio e lhe disse: o Carlos Alberto quer que você jogue de meia direita e improvisou o Leomir de lateral direito.
Na saída do treino na entrada do vestiário, Getúlio chegou para o Carlos Alberto e desabafou. “Poxa você um tricampeão mundial não tem opinião. Improvisar um volante de lateral enquanto eu estou aqui dando duro e esperando uma oportunidade. Aí xinguei ele de tudo. Cheguei para o presidente o Manoel Schwartz, tirei a camisa e disse a ele; muito obrigado por tudo nestes dois anos presidente e estou tirando esta camisa em respeito ao clube mas a partir de hoje não jogo mais aqui”. No domingo o Fluminense tomou de 5 do Botafogo. Ai Getúlio resolveu parar até que foi chamado para jogar nos Estados Unidos, onde encerrou a carreira.
Depois que encerrou a carreira, Getúlio trabalhou durante 6 anos no Projeto Curumim, tirando meninos das ruas. Eram cerca de 6 mil crianças, onde tinham reforço escolar, aulas de música, futebol, teatro, etc… Elas iam para lá porque na casa delas não tinham nem café para tomar pela manhã. Depois que almoçavam, elas iam para a escola. Infelizmente esse projeto acabou e Getúlio ao lembrar daquela época se emociona e chora, pois muitos voltaram para as ruas. Hoje, Getúlio está completando 58 anos de vida. Desejamos a ele muita paz, muita saúde e que as bênçãos de Deus sejam derramadas sobre ele e toda sua família.