DELEU: jogador de um futebol simples, porem muito eficiente

                  Vanderlei dos Santos nasceu dia 9 de março de 1940, na cidade de Bebedouro (SP). Deleu foi revelado pelo Internacional de Bebedouro (SP) no estádio Arnoldo Bulle, o primeiro estádio de futebol de uma cidade do interior a receber iluminação artificial. Sabino, igualmente ex-jogador do São Paulo e já falecido, também foi revelado pelo Internacional de Bebedouro.

SÃO PAULO F.C.

                 Fez sua estreia no time Tricolor dia 24 de maio de 1961, dia em que o São Paulo enfrentou o Corinthians num jogo amistoso realizado no Pacaembu. O jogo terminou com a vitória corintiana por 3×2, gols de Higino, Rafael e Neves para o alvinegro de Parque São Jorge, enquanto que Aílton e Amauri marcaram para o Tricolor do Morumbi. Para este jogo o técnico Flávio Costa, o mesmo que comandou nossa seleção na Copa de 1950, mandou a campo os seguintes jogadores; Suly, Deleu, Vilásio, Roberto Dias, Vitor e Riberto; Faustino, Amauri, Baiano, Benê e Ailton. O árbitro da partida foi Romualdo Arpi Filho.

JOGO DO CAI-CAI

                 Dia 15 de agosto de 1963 foi um dia que entrou para a história do futebol brasileiro e Deleu estava lá naquele jogo em que o São Paulo goleou o Santos de Pelé & Cia por 4×1, jogo que ficou conhecido por “cai-cai”. Para este jogo o técnico santista Luiz Alonso Perez, mais conhecido por Lula,  mandou à campo os seguintes jogadores;  Gilmar; Aparecido, Mauro, Geraldino e Dalmo; Zito e Lima; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe. Realmente um time que impunha respeito a qualquer adversário. Do outro lado, o técnico Osvaldo Brandão escalou a seguinte equipe; Suly, Deleu, Jurandir, Bellini e Ilzo Neri; Roberto Dias e Bene; Faustino, Cecílio Martinez, Pagão e Sabino.

                Aos 5 minutos, Faustino recebe de Cecílio Martinez, penetra da direita para o meio, passa por dois zagueiros, se aproxima da entrada da área e chuta rasteiro, no canto de Gilmar, uma pintura: 1×0 São Paulo. O Santos que possuía um grande time não se entregou e foi em busca do empate. Ferido, o Santos foi para cima e Pelé, referência absoluta dos praianos, era incansavelmente marcado pelo pequenino Dias. O Rei não aguentava tamanha “perseguição”.

               O gol de empate santista veio aos 21 minutos, após cruzamento de Dorval, Pelé sobe mais alto que a zaga e empata de cabeça, 1×1. O jogo estava muito equilibrado e Pelé continuava muito irritado com o árbitro Armando Marques. Aos 37 minutos, Pagão inicia uma linda e envolvente tabela com Benê, que, livre diante do goleiro, toca para as redes, 2×1. Três minutos depois, o ponta esquerda Sabino recebe um passe de Cecílio Martinez e aumenta o placar para 3 a 1. Os santistas o cercam e protestam contra a validação do gol.

               Pelé que já estava bastante irritado com o árbitro, foi reclamar alegando irregularidade no gol são-paulino. Armando Marques o advertiu, mas Pelé continuou reclamando. E foi aí que o árbitro o expulsou de campo alegando agressões verbais. Foi aquele alvoroço no campo, todos os jogadores do Santos partiram para cima do árbitro. O cen­tro­a­vante san­tista Cou­tinho re­solveu peitar o ár­bitro: “Sa­tis­feito, ‘Flor­zinha’?” Foi ex­pulso no ato.

              Com a vantagem de 3×1 no marcador, 11 contra 9 em campo e com mais 45 minutos de tempo pela frente, a chance de o São Paulo aplicar uma estrondosa goleada no Santos era enorme. O Peixe voltou a campo com apenas 8 jogadores. Armando Marques apita o início do segundo tempo. Logo aos 4 minutos de jogo, começou então o “cai-cai”. Pepe tem uma trivial trombada com o zagueiro Bellini e se joga no chão, mortalmente ferido e também sai de campo (naquela época não havia substituição).

              Aos 7 minutos do segundo tempo, Pagão recebe a bola e chuta contra as redes praianas, 4×1. Agora não tinha jeito, era o indecente cai-cai ou a derrota estratosférica. Assim que o árbitro apitou o reinício da partida, o ponta direita Dorval, também desabou em campo e não mais voltou. Com 6 homens em campo o árbitro Armando Marques encerrou a partida.

              Com a camisa Tricolor, Deleu fez 169 jogos. Venceu 94, empatou 36 e perdeu 39.

GUARANI F.C.

              Na década de 60, o Guarani contou por dois anos com o lateral-direito Deleu, um afrodescendente baixinho que, oriundo do São Paulo, atuou pela equipe nas temporadas de 1965/66. A estreia dele com a camisa bugrina, cujo distintivo era apenas a letra G, deu-se num  amistoso em Franca, contra a Francana, no mês de abril, quando passou a ocupar o lugar de Oswaldo Cunha.

             E estreia foi com vitória por 2 a 1, num time formado por Sidnei Poly; Deleu, Orlando, Eraldo e Américo II; Tião Macalé (Sudaco) e Américo Murolo; Joãozinho, Nelsinho, Babá e Osvaldo.

VOLUNTARIOSO

            Deleu foi um lateral apenas voluntarioso, quando o ocupante da posição apenas marcava ponteiros-esquerdos. E quando deslizava no gramado com aqueles temíveis carrinhos, certamente arrancava um punhado de grama.

            Mesmo caracterizado como jogador apenas razoável, Deleu foi absoluto na posição com a camisa bugrina, num período de alternância de jogadores em todo sistema defensivo bugrino. Os goleiros Sidney Poli e Dimas Monteiro se revezavam. Por razões diversas o reserva de Diogo na lateral-esquerda, Américo II, acabava escalado. Na zaga o revezamento foi maior. Com Eraldo já em final de carreira, Orlando, Adílson, Palante, Cidinho, Paulo Davoli e Tarciso se alternavam.

JOGO DA SOBREVIVÊNCIA

              No jogo da sobrevivência do Guarani na antiga divisão especial, contra o Noroeste, Deleu estava lá naquela noite chuvosa de 22 de dezembro de 1966, no Estádio do Pacaembu, com vitória bugrina por 3 a 1. Quem caiu de divisão foi o time de Bauru. Seis jogadores bugrinos que começaram atuando naquela noite já morreram: Dimas, Paulo Davoli, Diogo, Américo Murolo, Carlinhos e Wagninho.

              Detalhe: naquela época constatava-se com frequência funções cumulativas de jogador e treinador nas equipes. Naquele jogo, por exemplo, o meia Zé Carlos, do Noroeste, também era o treinador de sua equipe.

DESPEDIDA DO BUGRE

              A despedida de Deleu do Guarani ocorreu em fevereiro de 1967, na goleada sobre o Rigesa, em jogo amistoso, por 6 a 1. Ele estava na reserva e entrou no lugar de Cido Jacaré, falecido recentemente.

CURIOSIDADE

             Deleu não admitia em hipótese alguma que qualquer pessoa fumasse em seu automóvel. “Fedô não entra aqui”, avisava antecipadamente a boleiros que pegavam carona.

             Depois que encerrou a carreira no futebol, radicou-se em Curitiba e exerceu a função de oficial de Justiça junto ao cartório de uma das varas criminais do Forum Central da capital do Paraná, onde deixou de ser Deleu e  passou a ser identificado apenas pelo nome de Vanderlei dos Santos.

15-08-1963 – Em pé: Ilzo Neri, Jurandir, Bellini, Roberto Dias, Suly e Deleu    –   Agachados: Faustino, Cecílio Martinez, Benê, Pagão e Sabino
1964 – Em pé: Deleu, Jurandir, Penáchio, Roberto Dias, Serafim e Suly     –     Agachados: Faustino, Zé Roberto, Del Vecchio, Bazaninho e Agenor
Em pé: Deleu, Serafim, Leal, Jurandir, Bellini e Suly   –    Agachados: Faustino, Marco Antonio, Prado, Bazaninho e Valdir Birigui
Em pé: Bellini, Jurandir, Riberto, Leal, Suly e Deleu    –    Agachados: Cecílio Martinez, Baiano, Benê, Cido e Canhoteiro
Em pé: Vilásio, Poy, Deleu, Pimentel, Dario, Riberto e o mordomo Serrone   –    Agachados: Faustino, Amauri, Baiano, Benê e Canhoteiro

1962   –  Em pé: De Sordi, Dario, Riberto, Deleu, Roberto Dias e Suly     –    Agachados: Faustino, Prado, Benê, Baiano e Agenor
1961 – Em pé: De Sordi, Procópio, Deleu, Riberto, Suly e Benê   –    Agachados: Faustino, Prado, Baiano, Jair Rosa Pinto e Canhoteiro
Em pé: De Sordi, Poy, Deleu, Riberto, Procópio, Benê e o mordomo Serrone    –    Agachados: Célio, Gonçalo, Gino, Baiano e Agenor.
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