DITÃO: brilhou na Portuguesa de Desportos e no Corinthians

                  Embora muitos pensem que seu nome é Benedito, na verdade é Geraldo Freitas do Nascimento, que nasceu dia 10 de março de 1938 na cidade de São Paulo e faleceu dia 1 de fevereiro de 1992.  Herdou o apelido do pai, que havia jogado na zaga do Juventus da Mooca, time no qual também iniciou sua carreira. Foi contratado pela Portuguesa de Desportos em 1958, por Cr$ 750 mil e fez sua estréia com a camisa da Lusa do Canindé, no dia 12 de abril daquele mesmo ano, no estádio Ilha da Madeira. Neste dia a Portuguesa venceu o amistoso contra o Juventus por 3 a 1, com gols de Orlando (2) e Ocimar.  E a Lusa jogou com: Félix, Bruno, Ditão, Juths, Mário Ferreira, Odorico, Hélio, Orlando, Servílio e Ocimar.

                 Dois anos depois, foi vice campeão paulista, cujo título ficou com o Santos F.C. que teve Pelé como artilheiro do campeonato com 33 gols.  Neste ano a Portuguesa tinha um grande time, tanto é, que numa excursão que fez à Europa, onde enfrentou o Sporting de Lisboa, Inter e Juventus da Itália, Betis e Espanhol da Espanha, realizou 15 jogos e não perdeu nenhum. A escalação era a seguinte: Felix, Nelson, Ditão, Juths e Vilela; Lever e Odorico; Jair da Costa, Silvio, Didi e Melão.

                Sua última partida pela Portuguesa, ocorreu no dia 16 de dezembro de 1965, quando a Lusa empatou com a Prudentina em 1 a 1, e neste dia a Portuguesa jogou com; Felix, Ulisses, Ditão, Wilson Pereira e Edílson;  Wilson Silva e Nair; Almir, Ademar, Ivair e Neivaldo.  No ano seguinte foi vendido ao Corinthians, juntamente com o meia Nair, e lá formou dupla de zaga com Luiz Carlos durante quatro anos. No primeiro ano de Timão, Ditão jogou com Heitor, Jair Marinho, Dino Sani, Edson, Garrincha, Nair, Flávio e Gilson Porto, entre outros. Sua saída do Canindé foi conturbada, tendo sido negociado com o Corinthians por Cr$ 200 milhões, em 6 de fevereiro de 1966.

              Alguns meses depois, saiu a lista de convocados para defender a seleção canarinho no mundial de 66 na Inglaterra. Acontece que ao relacionar os nomes que seriam enviados à FIFA, não colocaram o nome do zagueiro que jogava no Flamengo, cujo apelido também era Ditão, e sim o nome do zagueiro corintiano.  Para não cair no ridículo, a CBD preferiu não desfazer o mal entendido.  Cabe aqui uma observação: os dois jogadores cujo apelido era Ditão e que jogavam no Flamengo e Corinthians, eram irmãos.

              Dois anos depois, mais precisamente no dia 6 de março de 1968, uma quarta feira a noite, Ditão e seus companheiros deram uma grande alegria à torcida corintiana, ao vencer o Santos F.C. por 2 a 0 e assim dessa maneira, quebraram um tabu de 11 anos sem vencer o peixe em campeonato paulista.  Quatro dias depois, ou seja, 10 de março de 1968, Ditão proporcionava outra imensa alegria à Fiel torcida.  Neste dia o Corinthians enfrentou o Palmeiras.  O placar era de 1 a 0 para o Verdão, quando aos 41 minutos do segundo tempo, Ditão subiu de cabeça e empatou a partida. Três minutos depois, Benê fez o segundo gol do Timão e a torcida corintiana explodiu de alegria, Corinthians 2 x 1 Palmeiras, de virada.

              No entanto, no ano seguinte aconteceu algo que o entristeceu e muito. Foi no dia 24 de setembro de 1969, uma quarta feira a noite, quando o Corinthians derrotou o Cruzeiro por 2 a 0 no Pacaembu, com gols de Suingue e Lima.  Num lance em que Ditão estourou uma bola dividida e, involuntariamente, atingiu o rosto de Tostão. Ali, houve o mais famoso deslocamento de retina da história do futebol do mundo.  O craque mineiro quase teve sua brilhante carreira interrompida, o que deixou Ditão profundamente triste, embora não tivesse culpa alguma.

              Ditão chegou no Corinthians com 28 anos, para se transformar num símbolo de raça na defesa corintiana. Pode-se dizer que Ditão foi um dos primeiros zagueiros a se projetar na área adversária em cobranças de escanteios a partir dos 35 minutos do segundo tempo, para tentar gols de cabeça, numa época em que raras vezes um zagueiro ultrapassava o meio de campo. E, de vez em quando, decidia partidas. Quando ia para a área adversária para cabecear, costumava bater com uma das mãos no calcanhar, como uma espécie de código para os companheiros que se encarregavam das cobranças de bolas paradas, e foi assim que Ditão marcou vários gols importantes pelo Timão.

              Ditão foi o típico zagueiro “limpa área”. Não tinha técnica para sair jogando e por isso simplificava. Era um brutamonte de tronco largo e pernas finas que ganhava a maioria das jogadas com o uso do corpo, sem que isso implicasse em violência.  Ao rigor, jamais foi expulso de campo ao longo da carreira. Também valia-se da boa estatura, bom posicionamento e do tempo de bola.  Era uma pessoa muito querida por todos os companheiros, procurava sempre ajudar e dar bons conselhos aos mais jovens, assim aconteceu com Ivair e outros que também começaram na Portuguesa.  Ditão era um jogador mudo. Só soltava o vozeirão na roda de amigos, tomando cerveja.

              Era mulherengo, porém tímido. Por isso, certa ocasião, após um jogo do combinado paulista de veteranos, um amigo o sacaneou numa bem arquitetada brincadeira, ao combinar com uma colega para que flertasse o zagueiro. E quando ela avançou na investida e Ditão pensou que pudesse conquistá-la, aí ela sacou o revólver e mirou na direção dele. Ditão tremeu na base. Levou um tremendo susto, enquanto os amigos se divertiram com gargalhadas.

              Ditão que herdou o nome de seu pai, integrava uma família de atletas. Seu irmão Gilberto Freitas do Nascimento, também apelidado de Ditão, Flávio Freitas do Nascimento, outro zagueiro de poucos recursos e por isso não prosperou na carreira jogando pelo Bragantino, enquanto seu outro irmão Adilson, foi o único dos irmãos a enveredar para o basquete, e fez muito sucesso jogando pelo Corinthians e Seleção Brasileira.  Em 1971, já na reserva de Baldocchi, Ditão resolveu encerrar sua brilhante carreira.  Jogando pelo Corinthians de 1966 a 1971, Ditão jogou 282 partidas, com 149 vitórias, 72 empates e 61 derrotas. Marcou 4 gols a favor e dois contra.

SELEÇÃO BRASILEIRA

                      Pela seleção canarinho, Ditão teve poucas oportunidades, disputou apenas três partidas pelo selecionado brasileiro. A primeira foi no dia 4 de julho de 1965, quando o Brasil venceu a URSS por 3×0. a Segunda foi no dia 28 de julho de 1965, na derrota para o Paraguai por 1×0. E a terceira foi em 1968, quando o Brasil conquistou a Taça Oswaldo Cruz.

              Em 1992, divorciado e vivendo sozinho em Guarulhos, foi vítima de ataque cardíaco, quando estava no banheiro da casa onde morava na Vila Gustavo, cujo proprietário era seu irmão Adilson. Vítima de ictuspectoris, espécie de cardiopatia, e com a pressão arterial elevada, Ditão foi encontrado morto três dias depois de falecido, quando Ivair foi visitá-lo e o encontrou caído no banheiro. Era o dia 10 de março de 1992. Ditão deixou três filhos; Geraldo, Soraia e Siomara e também seis netos.

              Ditão, o zagueiro “limpa área” será eternamente lembrado por todos nós que aprendemos a admira-lo e a respeita-lo, dentro e fora de campo, pois, jamais foi expulso e sempre foi respeitado e amado por todos onde passou. Por isso dizemos, Descanse em paz, querido Ditão.

Em pé: Alexandre, Polaco, Luiz Carlos, Ditão, Dirceu Alves e Pedro Rodrigues    –   Agachados: Suingue, Tales, Servilio, Tião e Carlinhos
Em pé: Lula, Dirceu Alves, Ditão, Luiz Carlos, Polaco e Miranda   –   Agachados: Paulo Borges, Ivair, Benê, Suingue e Lima
Em pé: Polaco, Dirceu Alves, Ditão, Luiz Carlos, Pedro Henrique e Alexandre    –   Agachados: Paulo Borges, Ivair, Benê, Rivelino e Suingue
Em pé: Félix, Henrique Pereira, Ditão, Pampolini, Wilson Silva e Cacá    –   Agachados: Ratinho, Henrique, Dida, Nair e Nilson
Em pé: Osvaldo Cunha, Barbosinha, Luiz Carlos, Ditão, Edson e Maciel    –   Agachados: Bataglia, Tales, Flávio, Rivelino e Lima
Em pé: Vilela, Félix, Odorico, Ditão, Nelson e Juts    –   Agachados: Jair da Costa, Ocimar, Silvio, Servilio e Melão
Em pé: Osvaldo Cunha, Ditão, Barbosinha, Clóvis, Dino Sani e Maciel    –   Agachados: Bataglia, Prado, Silvio, Rivelino e Gilson Porto
SELEÇÃO PAULISTA DE 1971 – Em pé: Miranda, Lorico, Ado, Luiz Carlos, Pedrinho e Ditão    –    Agachados: Ratinho, Leivinha, César, Ademir da Guia e Rivelino
Em pé: Osvaldo Cunha, Ditão, Diogo, Edson, Luiz Carlos e Maciel    –   Agachados: Marcos, Tales, Flávio, Rivelino e Eduardo

Em pé: Osvaldo Cunha, Dirceu Alves, Ditão, Luiz Carlos, Edson e Lula   –   Agachados: Paulo Borges, Tales, Parada, Rivelino e Eduardo
Em pé: Osvaldo Cunha, Lula, Luiz Carlos, Dirceu Alves, Ditão e Vanderlei   –   Agachados: Buião, Tales, Paulo Borges, Rivelino e Eduardo
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