PINGA: brilhou no Vasco e na Portuguesa, onde é o maior artilheiro com 190 gols

                  José Lázaro Robles nasceu dia 11 de fevereiro de 1924, no bairro da  Moóca, em São Paulo. Começou na Portuguesa de Desportos, juntamente com o seu irmão mais velho, Arnaldo, que também atendia pelo mesmo apelido. Este foi dado primeiro a Arnaldo, que, pela velocidade e rapidez que demonstrava nos campos de várzea, era chamado de Pinga-Fogo pelos torcedores. Mas José Lázaro, três anos mais novo, despontou como o melhor dos dois, e acabou se tornando o Pinga I, enquanto que Arnaldo passou a ser conhecido como Pinga II. Mais tarde, outros dois irmãos mais novos também herdaram o apelido. Pinga se projetou na Portuguesa em meados da década de 1940 como um ponta-de-lança de “rush” fulminante e possuidor de um tiro final quase sempre inapelável, com o pé esquerdo.

PORTUGUESA DE DESPORTOS              

                 O Pinga I ou simplesmente Pinga, foi o maior artilheiro da história da Portuguesa e jogou no time entre 1944 e 1952, marcando 190 gols (132 no Campeonato Paulista, 18 no Torneio Rio-São Paulo, 16 em partidas internacionais e 24 em amistosos). Foi o artilheiro do Campeonato Paulista de 1950 com 22 gols. O seu irmão mais velho, Arnaldo Robles, foi o responsável pela sua vinda ao clube. Arnaldo veio antes para a Portuguesa e, quando deixou o juvenil, que ficava longe da Moóca, onde tinha o seu emprego, levou o irmão para o seu lugar. E por questão de comodidade acabou aceitando o convite para defender o Juventus.

                Na primeira vez em que os irmãos se enfrentaram, já como profissionais, dia 16 de março de 1944, o juventino levou a melhor, 2×0 para o Juventus. Pinga I ficou tão transtornado com a derrota, que nem apareceu para jantar em casa e recolheu-se bem tarde, depois que a família já estava na cama. Alguns anos mais tarde, Arnaldo voltou para a Portuguesa e os dois tornaram-se até então, os únicos irmãos a jogar juntos no clube (os próximos foram Bento e Bentinho, isto apenas em 1988). Formaram um dos mais memoráveis ataques de todos os tempos: Renato, Pinga II, Nininho, Pinga I e Simão.

                Rapidamente alcançou a Seleção Paulista, onde foi titular por muitos anos. Foi convocado para a Seleção Brasileira pela primeira vez em 1949, como reserva da equipe que conquistou o Campeonato Sul-Americano.  No entanto, foi cortado da Seleção para a Copa de 1950. Mas o ano de ouro da sua carreira viria em 1952. Pinga foi campeão e artilheiro do Torneio Rio-São Paulo pela Portuguesa, campeão brasileiro pela Seleção Paulista e campeão Pan-Americano no Chile – o primeiro título do Brasil no exterior. Nessa competição, Pinga foi autor de dois tentos, sendo sistematicamente lançado no decorrer das partidas no lugar de Ademir de Menezes ou Baltazar.

                No ano seguinte, Pinga também participou da Seleção que se sagrou vice-campeã sul-americana em Lima. Muito embora a trajetória da Seleção deixasse a desejar, Pinga apareceu com relativo sucesso, inclusive atuando pela primeira vez deslocado pela ponta esquerda.  O único título conquistado pela Lusa do Canindé foi o Torneio Rio-São Paulo de 1952, de que foi artilheiro, com 11 gols. Dois anos antes, foi ainda artilheiro do Campeonato Paulista, com 22 gols.

VASCO DA GAMA

                 O passe de Pinga alcançou nessa altura uma cotação elevada, culminando com a sua transferência para o Vasco, a mais vultosa do futebol brasileiro até aquela data. Logo de início, Pinga justificou o investimento do clube, tendo brilhante participação na conquista do Torneio Octogonal Rivadávia Correia Meyer, disputado no Rio e em São Paulo. Pinga marcou os dois gols na final em que o Vasco derrotou o São Paulo por 2×1, no Maracanã.  Em 1956, Martim Francisco assumiu o comando técnico do Vasco, e uma nova fase começou na carreira de Pinga, quando foi fixado de vez pelo técnico na ponta esquerda, já aos 32 anos.

                O Vasco levantou o título carioca de 1956 e realizou uma vitoriosa excursão à Europa em 1957, quando conquistou a Taça Tereza Herrera e o Torneio de Paris. Depois de Martim Francisco, Pinga continuou como o titular absoluto da ponta canhota do Vasco, tendo conquistado o Rio-São Paulo de 1958 e o campeonato carioca daquele mesmo ano. Foi um título muito difícil, pois o Vasco havia vendido alguns jogadores, mas nem assim caiu de produção. Ao final de dois turnos, Vasco, Flamengo e Botafogo estavam com o mesmo número de pontos ganhos. Foi realizado, então, um supercampeonato, em turno único, com os três jogando entre si. Depois de derrotar o Flamengo por 2×0, o Vasco perdeu do Botafogo, provocando um novo empate entre os três.

                A saída foi disputar o Super-supercampeonato. Uma vitória por 2×1 sobre os alvinegros e um empate em 1×1 com os rubro-negros garantiu o tão sofrido e valorizado título para o time de São Januário. Neste campeonato, Pinga ainda se converteu no artilheiro do time. Neste ano de 1958 o time do Vasco era o seguinte; Barbosa, Paulinho Almeida, Bellini, Orlando e Coronel; Écio, e Roberto Pinto; Sabará, Almir (pernambuquinho), Vavá e Pinga. Realmente um time espetacular, onde a dupla de zaga, e o centroavante foram jogadores que sagraram-se campeões do mundo na Copa daquele ano na Suécia, ou seja, Bellini, Orlando e Vavá.

               Pinga marcou pelo Vasco um total de 250 gols e foi na sua época o segundo maior artilheiro da história do clube, atrás apenas de Ademir de Menezes. Ainda com a camisa cruzmaltina, ganhou dois Campeonatos Cariocas (1956 e 1958) e um Rio São Paulo (1958).

SELEÇÃO BRASILEIRA

              Em 1950, foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira, embora fosse uma seleção reserva, convocada para a disputa da Taça Oswaldo Cruz, contra o Paraguai. Pinga marcou três dos cinco gols do Brasil (vitória por 2×0 e empate em 3×3). Muitos dos jogadores dessa seleção acabaram convocados pelo técnico Flávio Costa para disputar a Copa do Mundo de 1950, mas Pinga ficou de fora. Ele seria convocado quatro anos depois, para a Copa do Mundo de 1954, na Suíça, e marcou dois gols na goleada de 5 a 0 sobre o México na estréia. Os outros gols brasileiros naquele 16 de junho de 1954, foram marcados por Didi, Baltazar e Julinho.  Jogou ainda a partida seguinte, contra a Iugoslávia, mas foi substituído por Humberto Tozzi.

              Este jogo contra a Iugoslávia no dia 19 de junho, aconteceu uma confusão geral. O placar apontava 1 a 1, sendo que o gol brasileiro foi anotado por Didi. O empate classificava as duas seleções, mas o juiz ordenou que houvesse uma prorrogação de 30 minutos, com os jogadores brasileiros se esforçando o máximo em busca da vitória. Os iugoslavos sabendo que o empate classificava as duas seleções pediam calma aos brasileiros, que sem entender o que eles diziam, continuavam correndo desesperadamente atrás da vitória. Ao terminar o jogo, os jogadores do Brasil saíram de campo tristes, achando que estavam eliminados da Copa. Somente nos vestiários é que foram informados que estavam classificados para as quartas-de-final. 

               Mas nossa alegria durou uma semana, pois no dia 27, fomos eliminados pela fortíssima seleção da Hungria, que venceu a partida por 4 a 2.  O jogo em que o Brasil empatou com a Iugoslávia no dia 19 de junho de 1954, foi a última participação de Pinga com a camisa canarinho e neste dia o Brasil jogou com; Castilho, Djalma Santos, Pinheiro, Brandãozinho e Nílton Santos; Bauer e Didi; Julinho, Baltazar, Pinga e Rodrigues. Pela seleção brasileira, Pinga conquistou somente o Pan-Americano de 1952, quando vencemos o Chile por 3 a 0 no dia 20 de abril. Os gols foram de Ademir de Menezes (2) e Pinga.

FIM DE CARREIRA

              Entrou em declínio no início dos anos 1960, e, em 1961, marcou apenas um gol durante o ano todo, no Rio–São Paulo. No ano seguinte, transferiu-se para o Juventus, onde encerraria a carreira em 1963. É até hoje o maior artilheiro da história da Associação Portuguesa de Desportos, com 202 gols em 270 jogos, o que dá uma média de 0,75 gol por partida. No Campeonato Paulista de 1950, foi o artilheiro com 22 gols.  Uma curiosidade na carreira de Pinga, ele foi até garoto propaganda da Gillette.

              Na revista “Seleções de Reader’s Digest”, de julho de 1953, havia o seguinte anúncio: “José Lázaro Nobles (sic) nasceu em S. Paulo, a 11 de Fevereiro de 1924. É o meia-esquerda da A. Portuguêsa de Desportos, de São Paulo. Campeão Brasileiro, Pan-Americano e do Torneio Rio-São Paulo. Temido pelos goleiros, devido às suas infiltrações rápidas e sempre perigosas, porque possui magnífica visão de goal.” Pinga veio a falecer no dia 8 de maio de 1966, na cidade de Campinas-SP.

Em pé: Miguel, Paulinho de Almeida, Bellini, Écio, Russo e Dário   –    Agachados: Sabará, Almir, Delém, Roberto Pinto e Pinga
Em pé: Mirim, Ernani, Haroldo, Jorge, Danilo Alvim e Augusto    –    Agachados: Sabará, Maneca, Ipojucan, Pinga, Chico e Mário Américo
Em pé: Hélio, Dario, Coronel, Mirim, Orlando Peçanha e Beto    –   Agachados: Pedro Bala, Zizinho, Ademir de Menezes, Pinga e Silvio Parodi
Em pé: Laerte, Miguel, Paulinho, Bellini, Écio, Orlando, Coronel e Barbosa  –    Agachados: Roberto, Sabará, Rubens, Livinho, Delém, Almir Pernambuquinho, Pinga e Dario
Seleção Carioca   –   Em pé: Paulinho de Almeida, Castilho, Nilton Santos, Déquinha, Zózimo e Edson Machado    –     Agachados: Joel, Vavá, Didi, Índio e Pinga
Em pé: Rubens, Zózimo, Nilton Santos, Castilho, Pinheiro e Bauer   –    Agachados: Sabará, Zizinho, Índio, Didi e Pinga
Em pé: Lindolfo, Djalma Santos, Nena, Brandãozinho, Hermínio e Ceci   –    Agachados: Julinho Botelho, Osvaldinho, Nininho, Pinga e Simão
Em pé: Rui, Palante, Oberdan, Mauro, Bauer e Noronha   –    Agachados: Friaça, Pinga, Baltazar, Antoninho e Teixeirinha

Seleção Paulista de 1953   –   Em pé: Aimoré Moreira (técnico), Julinho, Antoninho, Baltazar, Pinga e Rodrigues    –    Agachados: Bauer, Djalma Santos, Hélvio, Muca, Brandãozinho e Noronha

Em pé: Aymoré Moreira (técnico), Cabeção, Hélvio, Djalma Santos, Brandãozinho, Bauer e Olavo    –   Agachados: Julinho, Antoninho, Baltazar, Pinga e Rodrigues

Em pé: Djalma Santos, Eli, Nilton Santos, Brandãozinho, Castilho e Pinheiro    –   Agachados: Julinho, Didi, Baltazar, Pinga e Rodrigues
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