FIDÉLIS: campeão carioca pelo Bangu em 1966

                 José Maria Fidélis dos Santos nasceu dia 13 de março de 1944, na cidade de São José dos Campos – SP. Foi um jogador com passagem discreta pelo futebol brasileiro, embora tenha tido participações importantes e que entraram para a história, como por exemplo; sagrou-se campeão carioca pelo Bangu em 1966, naquela final que ficou famosa pela verdadeira guerra campal que houve durante a partida. Sagrou-se campeão brasileiro pelo Vasco da Gama em 1974, quando o time de São Januário venceu o Cruzeiro por 2 a 1 e que até hoje os cruzeirenses reclamam do mando de campo do jogo final e também de um gol marcado por Zé Carlos e que o árbitro Armando Marques anulou. Fidélis também vestiu a camisa canarinho da nossa seleção, inclusive disputou a Copa do Mundo de 1966, onde o Brasil foi desclassificado ainda na primeira fase. Depois que encerrou a carreira de jogador de futebol, começou a viver fortes emoções fora das quatro linhas, onde trabalhou por algum tempo como treinador.

BANGU

               Levado ao Bangu pelo Tenente Cavalcanti, da Base da Aeronáutica em São José dos Campos, sua cidade natal, que o viu jogar entre os garotos do “Corintinha do Jardim Paulista”. Estreou entre os profissionais em 1963, numa partida contra o América pelo Torneio Início e no ano seguinte já assumia a condição de titular na equipe do técnico Tim. Obviamente, que as melhores recordações de Fidélis recaem sobre o timaço campeão de 1966. “Era um time extraordinário, bem treinado, de jogadores amigos, em que o patrão (Castor) mandava e desmandava. Tinha até bichos em treinos”  relembra o ex-jogador.

              Fidélis guarda até hoje a amizade aqueles jogadores que conquistaram aquele título que entrou para a história do clube de Moça Bonita. E tem como melhor partida disputada em toda sua carreira naquela  finalíssima contra o Flamengo, onde o Bangu venceu por 3 a 0, gols de Ocimar, Aladim e Paulo Borges. O Bangu, do técnico Alfredo Gonzalez, jogou com Ubirajara, Fidélis, Mário Tito, Luís Alberto e Ari Clemente; Jaime e Ocimar; Paulo Borges, Ladeira, Cabralzinho e Aladim. O Bangu dividia naquela época o status de quinta força do Rio com o América. Estava em uma situação maravilhosa. Era líder da competição e tinha vencido o Botafogo (3 a 0), o Vasco (3 a 0) e o Fluminense (3 a 1) no segundo turno. Se a partida não tivesse sido interrompida por causa de uma briga generalizada, teria ganho por um placar até mais elástico. “Eu dei duas bordoadas no Almir, o pernambuquinho, daí ele descontou no Ladeira. Foi o jogo da minha vida”.

VASCO DA GAMA

               Dia 2 de fevereiro de 1969, foi contratado junto ao Vasco da Gama. Ficou em São Januário até o início de 1975 e nesse período conquistou um título carioca em 1970 e um título muito importante para o clube cruzmaltino, o de Campeão Brasileiro em 1974. A final foi contra o Cruzeiro, que na época tinha um grande time.  Aquele ano, Cruzeiro e Vasco fizeram a mesma campanha no turno final e a CBD marcou uma decisão extra entre as duas equipes para decidir o título, que seria numa partida única no Mineirão, já que o Cruzeiro havia feito melhor campanha em todas as outras fases da competição. Mas o clube foi vítima da maior armação já vista em nosso futebol. A partida foi transferida para o Maracanã. O time jogava por um empate para sagrar-se campeão.

               Quando o Vasco vencia a partida por 2 x 1, o ponta direita Baiano cruzou uma bola da lateral e Zé Carlos marcou, de cabeça, o gol de empate que daria o título ao Cruzeiro.  Inexplicavelmente, o árbitro Armando Marques anulou o gol, que poderia ser o gol do titulo cruzeirense. Neste dia o Vasco jogou com; Andrada, Fidélis, Miguel, Moisés e Alfinete; Alcir e Zanata; Jorginho Carvoeiro, Ademir, Roberto Dinamite e Luiz Carlos. Os gols vascaínos foram marcados por Ademir e Jorginho Carvoeiro. Com a camisa do Vasco da Gama, Fidélis disputou 70 partidas. Venceu 27, empatou 26 e perdeu 17. Marcou 1 gols apenas.

OUTROS CLUBES

               Ainda em 1975 foi transferido para o América do Rio de Janeiro, mas no ano seguinte foi jogar em Natal, no ABC daquela cidade, onde sagrou-se campeão potiguar em 1976. Depois foi jogar no Operário de Campo Grande – MT em 1978. Fidélis chegou para jogar no São José Esporte Clube já em fim de carreira, em 1979, integrando a equipe que disputou e perdeu o título da Segundona para o Taubaté. O São José manteve a base do time e o acesso veio no ano seguinte. O time estreou no dia 9 de março de 1980, no estádio Martins Pereira, quando o São José recebeu o Jabaquara e goleou por 7 a 1. Os gols foram marcados por Tião Marino (4), Nenê (2) e Esquerdinha e o São José jogou com Tonho; Fidélis (Julião), Walter Passarinho, Ademir Gonçalves e Nelsinho; Drailton (Valtinho), Ademir Mello e Esquerdinha; Arlindo, Tião Marino e Nenê. E foi no São José que Fidélis encerrou sua brilhante carreira.

SELEÇÃO BRASILEIRA

               Devido as suas brilhantes participações no Campeonato Carioca de 1966 vestindo a camisa do Bangu, o qual sagrou-se campeão naquele ano, o técnico da nossa seleção, Vicente Feola, o relacionou naquela famosa lista dos 47 jogadores que deram início aos trabalhos visando o mundial daquele ano na Inglaterra. Além de Fidélis, haviam outros laterais, como por exemplo; Carlos Alberto (Santos), Djalma Santos (Palmeiras), Murilo (Flamengo), Edson (Corinthians), Paulo Henrique (Flamengo) e Rildo (Botafogo). Depois de muitos treinos, finalmente saiu a lista dos vinte e dois que iriam à Inglaterra. Com laterais direitos, foram somente Fidélis e Djalma Santos, enquanto os laterais esquerdos foram Rildo e Paulo Henrique.

               Nas duas primeiras partidas em que o Brasil participou, o titular foi Djalma Santos e o Brasil venceu na estréia a fraca Bulgária por 2 a 0 e perdeu a segunda partida para a Hungria por 3 a 1. Na última rodada, jogando em Liverpool, o Brasil jogou no desespero, acreditando ainda numa classificação. Voltou Pelé à equipe, que apresentava uma defesa inteiramente nova. Portugal, sem necessidade, adotou também a violência. Pelé sofreu inúmeras faltas e, caído, foi pisado. O Brasil mereceu ser eliminado nas oitavas-de-final, coisa que não acontecia desde 1934.

               Simões iniciou a contagem e Eusébio, o maior jogador em campo, com dois gols definiu o jogo. Rildo marcou para o Brasil. O público foi o maior do grupo, com 62.000 pagantes. Neste dia o Brasil jogou com; Manga, Fidélis, Brito, Orlando e Rildo; Denilson e Lima; Jairzinho, Silva, Pelé e Paraná. Já Portugal venceu com; José Pereira, Morais, Batista, Vicente e Hilário; Jaime Graça e Coluna; José Augusto, Eusébio, Torres e Simões.  Técnico – Otto Glória.

              Com esta vitória, Portugal estava classificado em primeiro no seu grupo, pois, das três partidas que disputou, venceu as três, enquanto o Brasil voltava para casa mais cedo do que o povo brasileiro imaginava, principalmente depois de dois títulos consecutivos (1958 e 1962). Fidélis vestiu a camisa da nossa seleção em oito oportunidades.

TREINADOR

               Após encerrar a carreira de jogador, passou a trabalhar como treinador. Assumiu o comando técnico do São José no Campeonato Paulista e levou o clube à Taça de Ouro de 1982. Sob seu comando, a equipe joseense fez um ótimo Paulistão e mandou equipes tradicionais como Palmeiras e Corinthians para a Taça de Prata, garantindo presença na Taça de Ouro, entre as principais equipes do país. Como técnico foi Campeão Alagoano pelo CSA, Campeão Matogrossense pelo Operário (1986), Campeão do Módulo Branco CBF (1986), Vice-Campeão Paulista pelo São José Esporte Clube – SP (1982) e Campeão Estadual da 1ª. Divisão de Profissionais pelo Campo Grande – RJ (1993).

TOURO SENTADO

               Durante sua carreira, recebeu o apelido de “Touro Sentado”. Touro, segundo o dicionário de Michaelis, vem do latim Tauru, substantivo masculino, boi que não foi castrado e que é utilizado como reprodutor. Também quer dizer homem forte, ou seja, tem muita força, raçudo, rápido. O lendário locutor esportivo Valdir Amaral apelidou Fidélis de “Touro Sentado”. Forte, baixo e parrudo. E ele foi, por muito tempo, um dos melhores laterais do futebol brasileiro, embora com passagem discreta.

              Fidélis media, se muito, 1,70m de altura, e esticava o cabelo com brilhantina, um cosmético em forma de pomada, de aspecto gorduroso, usado em larga escala até nos anos 70. Fidélis, lateral-direito dos anos 60 e 70, tinha limitações técnicas quando passava do meio de campo. Dele não se esperava um passe alongado, drible ou cruzamento com efeito. Valia-se da força física e inquestionavelmente era um implacável marcador, estilo exigido para quem atuasse na posição naquela época.

TRISTEZA

              Fidélis morreu dia 28 de novembro de 2012, aos 68 anos. Ele atuou pelo Bangu, Vasco, Ame´rica/RJ, ABC de Natal, Operário de Mato Grosso do Sul e Seleção Brasileira. Ele estava internado em um hospital de São José dos Campos, interior de São Paulo, para se tratar de um câncer, segundo relatou os dirigentes do Vasco da Gama.

Copa de 1966   –   Em pé: Orlando, Manga, Brito, Denílson, Rildo e Fidélis   –    Agachados: o massagista Mário Américo, Jairzinho, Lima, Silva, Pelé e Paraná
Em pé: Fidélis, Zito, Gilmar, Brito, Fontana e Paulo Henrique   –    Agachados: o massagista Mário Américo, Jairzinho, Lima, Alcindo, Pelé e Amarildo
1970 – Em pé: Andrada, Alcir, Clóvis, Moacir, Eberval e Fidélis    –   Agachados. o massagista Pai Santana, Jáilson, Buglê, Valfrido, Silva e Gílson Nunes
Em pé: o massagista Chico, Andrada, Fidélis, Alcir, Moacir, Dutra e Ferreira    –    Agachados: Nado, Valfrido, Benetti, Danilo Menezes e Acelino
Em pé: Mário Tito, Ubirajara, Luís Alberto, Ari Clemente, Fidélis e Jaime   –    Agachados: o massagista Pastinha, Paulo Borges, Cabralzinho, Ladeira, Ocimar e Aladim
Em pé: Valdir, Brito, Fernando, Alcir Portela, Eberval e Fidélis    –    Agachados: Nado, Buglê, Adilson, Nei, Silvinho e o massagista Chico
1966 – Em pé: Fidélis, Zito, Bellini, Gilmar, Orlando e Paulo Henrique  –   Agachados: Jairzinho, Gerson, Servilio, Pelé e Amarildo
1966   –    Em pé: Fidélis, Ubirajara, Denílson, Ditão, Altair e Edson    –    Agachados: Nado, Lima, Célio, Tostão e Edu
Em pé: Andrada, Fidélis, Eberval, Gaúcho, Moisés e Renê    –    Agachados: Marco Antonio, Buglê, Ferretti, Luis Carlos e Gilson Nunes
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