BALDOCHI: brilhou no Palmeiras e no Corinthians

              José Guilherme Baldochi nasceu dia 14 de março de 1946, na cidade de Batatais – SP. Começou sua carreira no Batatais, um clube modesto do interior paulista, depois foi para Ribeirão Preto, onde jogou no Botafogo daquela cidade. Devido as suas grandes apresentações, chamou a atenção dos dirigentes do Palmeiras, que foram em busca daquele jovem zagueiro. Depois foi jogar no arqui rival, o Corinthians, onde ficou por quatro anos (1971 à 1975) e encerrou a carreira no Fortaleza.  Nesse período defendeu nossa Seleção Brasileira no mundial de 1970, no México. Embora não tivesse oportunidade de jogar nenhuma partida, estava no banco de reservas para qualquer emergência, uma vez que o titular era o vigoroso Brito, que jogou todas as partidas. Embora não tivesse atuado em nenhuma partida, voltou do México como campeão mundial, um titulo que marcou muito em sua carreira.

BATATAIS F.C.

               Foi lá mesmo no clube de sua cidade natal, que Baldochi começou sua brilhante carreira. Isto foi em 1964 e de acordo com o ex-jogador, o início da carreira na equipe do interior paulista, representa uma mudança na sua vida. Segundo ele, “Este clube representa a minha vida no futebol, pois foi nele que ganhei a primeira oportunidade para atuar como jogador profissional”. Ainda sobre esta passagem pelo clube, o ex-defensor fala da importância deste clube para o início da carreira. “Foi a minha transição do amador para o profissional, em uma equipe que era muito forte na época”, explicou o tricampeão mundial.

              Este clube do interior, tem por costume homenagear os jogadores nascidos na cidade e que participaram de alguma Copa do Mundo, por meio de estrelas.  Quem olhar hoje para o distintivo do Batatais F.C. verá três estrelas.  A primeira representa o jogador Zeca Lopes, a segunda representa o goleiro Algisto Lorenzato, mais conhecido por Batatais. E a terceira representa o Baldochi. Os dois primeiros defenderam o selecionado brasileiro na Copa do Mundo de 1938, disputada na França, enquanto que Baldochi defendeu nossa seleção canarinho na Copa do Mundo de 1970, disputada no México, a qual sagramos tricampeões mundiais.

             Outro clube brasileiro que também tem esta tradição, é o Grêmio de Porto Alegre, pois a estrela que aparece no seu distintivo, é devido a Everaldo ter se sagrado campeão do mundo. No ano seguinte, ou seja, em 1965, Baldochi deixou sua cidade natal e foi defender o Botafogo de Ribeirão Preto e lá ficou somente um ano, pois dirigentes do Palmeiras não perderam tempo e foram buscá-lo para defender as cores alviverde.

PALMEIRAS

              Era o ano de 1966, um ano triste para o futebol brasileiro, pois nossa seleção foi eliminada da Copa do Mundo daquele ano, ainda na primeira fase, depois de tantas lambanças da nossa comissão técnica, que convocou 47 jogadores para aquele mundial. E assim, Baldochi chegava ao Parque Antarctica com a missão de substituir nada mais, nada menos, que Djalma Dias que estava indo para o futebol mineiro defender as cores do Atlético Mineiro e logo em seguida foi para o Santos.

              Quando Baldochi chegou ao Verdão, o time daquela época era o seguinte: Perez, Djalma Santos, Baldochi, Minuca e Ferrari; Zequinha e Suingue; Galhardo, Dario, César e Rinaldo. O técnico era Aymoré Moreira. Uma de suas primeiras partidas com a camisa do Palmeiras, foi num clássico contra o Corinthians pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa e foi um jogo sensacional em que terminou empatado em 2 a 2. Marcaram para o Corinthians, Flávio e Dino Sani, enquanto que para o Verdão marcaram César e Zéquinha, sendo que o segundo gol do alviverde foi aos 46 do segundo tempo.

              Baldochi ficou no Parque Antarctica até 1971 e nesse período disputou 231 jogos, sendo 130 vitórias, 52 empates e 49 derrotas. Não marcou nenhum gol. Conquistou títulos importantes, como o bicampeonato da Taça Roberto Gomes Pedrosa de 1967 e 1969, além da Taça Brasil também em 1967, e o Troféu Ramon de Carranza em 1969. Vale a pena lembrar que para o seu lugar, o Palmeiras contratou Luiz Pereira, outro jogador que marcou época no alviverde, tornando-se ídolo da torcida esmeraldina.

SELEÇÃO BRASILEIRA

               Devido as suas brilhantes apresentações com a camisa alviverde, pois esta foi a melhor fase da carreira do ex-zagueiro, acabou sendo convocado para disputar a Copa do Mundo no México em 1970, ao lado de jogadores como Pelé, Rivelino, Jairzinho, Carlos Alberto Torres, Gérson, Tostão, entre tantos outros, comandados pelo técnico Zagallo. Baldochi nesta oportunidade foi o representante palmeirense no tricampeonato mundial, com Émerson Leão, que era terceiro goleiro na época.

              Convocado para participar do mundial no México, acabou ficando na reserva do zagueiro Brito, que na época era o homem de confiança de Zagallo. “Pensei que estava cortado quando o Zagallo assumiu, porque ele não me conhecia direito, mas “cheguei o cacete” nos caras nos treinos e garanti o meu lugar.” declarou Baldochi, que ao chegar em sua terra natal, a querida e simpática Batatais como tricampeão mundial, foi recebido por um grande número de pessoas que queriam abraçar e cumprimentar mais um filho da cidade que conquistava tal façanha.

              Pela Seleção Brasileira, Baldochi disputou somente três partidas, sendo que venceu duas e perdeu uma. Com estas três atuações pela Seleção Brasileira, Baldochi é um dos doze representantes palmeirenses em um título de Copa do Mundo, junto com Mazzola, Djalma Santos, Vavá, Zequinha, Leão, Zinho, Mazinho, Roberto Carlos, Rivaldo e Marcos.

CORINTHIANS

               Após o Mundial do México, em 70, ele se transferiu para o Corinthians. A transação entre Corinthians e Palmeiras foi feita na base da troca. O Timão recebeu Baldochi e em troca cedeu ao Verdão os passes do ponta-direita Paulo Borges e o zagueiro Polaco. Sua estreia com a camisa alvinegra aconteceu no dia 7 de agosto de 1971, quando o Corinthians derrotou o Santa Cruz do Recife por 4 a 1.  Este jogo é histórico para o Timão, pois foi o seu primeiro jogo em Campeonato Brasileiro, que teve início naquele ano. O jogo foi na Ilha do Retiro, em Recife e os gols do Corinthians foram marcados por; Rivelino, Tião, Vaguinho e Mirandinha. 

               Neste dia o técnico Baltazar mandou a campo os seguintes jogadores; Ado, Miranda, Baldochi, Luiz Carlos e Pedrinho; Tião, Adãozinho e Rivelino; Vaguinho, Mirandinha e Aladim. O único gol do Santa Cruz foi anotado por Luciano, que anos depois viria jogar no time de Parque São Jorge e sagrar-se campeão paulista em 1977, um título que o torcedor corintiano jamais esquece.

               Baldochi teve uma das raras transferências entre Corinthians e Palmeiras na história dos dois clubes. Dentro do Parque São Jorge, Baldochi teve sua carreira prejudicada por uma briga judicial com o então presidente Vicente Matheus, que detinha seu passe e o impedia de jogar por outra equipe. Baldochi só ganhou a causa anos depois quando já estava em fim de carreira. Curiosamente em 1974 jogou ao lado de Brito, de quem foi reserva na Copa de 70. Ficou quase um ano parado e depois foi jogar no Fortaleza em 1977. Sua despedida com a camisa corintiana aconteceu no dia 6 de julho de 1975, quando o Timão foi goleado pela Portuguesa de Desportos por 5 a 1 pelo Campeonato Paulista daquele ano.

               Neste dia o Corinthians jogou com; Luiz Antonio, Zé Maria, Baldochi, Cláudio Marques e Wladimir; Ruço e Basílio; Vaguinho, Pita, Zé Roberto e Arilson. O técnico era Dino Sani. Os gols da Lusa foram marcados por Dicá (2), Eneas (2) e Zé Maria contra. O único tento corintiano foi anotado por Zé Roberto.  Pelo Corinthians, onde ficou de 1971 a 75, Baldocchi atuou em 146 partidas (60 vitórias, 54 empates e 32 derrotas) e marcou apenas dois gols.

FORA DAS QUATRO LINHAS

               Baldochi encerrou sua carreira de jogador de futebol em 1977, jogando pelo Fortaleza, aos 31 anos de idade, após fratura o pé em três lugares. Foi quando pegou os filhos, Emerson e Daniela e a mulher, Dinah, com quem é casada há mais de 40 anos, e retornou a Batatais. Dia 14 de dezembro de 2001, Baldochi foi homenageado pela Câmara Municipal de Ribeirão Preto. José Guilherme Baldochi, nosso zagueiro central reserva de Brito na Copa de 70, ídolo de Palmeiras e Corinthians, hoje é fazendeiro e comerciante em Batatais (SP). O antigo zagueiro produz leite, café e soja e é dono da Baldochi Madeiras & Móveis, marcenaria que herdou de seu avô italiano. Atualmente reside em Batatais e vive com sua esposa e um casal de filhos.

1967   –   Em pé: Djalma Santos, Valdir, Minuca, Baldochi, Dudu e Ferrari   –     Agachados: Gallardo, Suingue, César, Jair Bala e Rinaldo
1974 – Em pé: Zé Maria, Buttice, Tião, Brito, Baldochi e Wladimir     –    Agachados: Vaguinho, Lance, Zé Roberto, Pita e Peri
Em pé: Djalma Santos, Perez, Baldochi, Minuca, Dudu e Ferrari     –    Agachados: Dario, Servilio, César, Ademir da Guia e Tupãzinho
1970 – Em pé: Baldochi, Leão, Zé Maria, Joel Camargo, Everaldo e Dirceu Lopes   –   Agachados: Nocaute Jack (massagista), Jairzinho, Zé Carlos, Roberto, Agnaldo (juvenil do Olaria que completou o time) e Arilson
1969 – Em pé: Eurico, Leão, Nelson, Baldochi, Dudu e Zeca     –    Agachados: Cabralzinho, Cardoso, Cesar, Ademir da Guia e Serginho
Seleção Paulista de 1969  –   Em pé: Eurico, Leão, Baldochi, Dé, Dias e Dudu    –    Agachados: Buião, Terto, Leivinha, Paraná e Ademir da Guia
Em pé: Zé Maria, Sidney, Baldochi, Dirceu Alves, Luis Carlos  e Pedrinho   –    Agachados: Vaguinho, Tião, Carlos Alberto, Rivelino e Aladim
Em pé: Eurico, Leão, Dé, Baldochi, Nélson e Dudu    –    Agachados: Edu, Héctor Silva, César, Ademir da Guia e Pio
Em pé: Chicão, Scalera, Baldochi, Dudu, Nelson e Ferrari   –    Agachados: Copeu, Servílio, Artime, Ademir da Guia e Serginho
Ademir da Guia, Leão e Baldochi com a faixa de campeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1969
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