Wadih Helu nasceu dia 15 de março de 1922, na cidade de Tatuí (SP). Era advogado formado pelo Largo São Francisco e, por sua militância como advogado e pelo envolvimento no Corinthians, pelo qual foi presidente por 10 anos, foi várias vezes deputado estadual. Foi adversário histórico de Vicente Matheus no Parque São Jorge a partir da década de 1950. Como presidente do Corinthians ele foi muito questionado. Tanto que, em 1969, nasceu a torcida organizada Gaviões da Fiel justamente para cobrá-lo. Dizia-se que o Wadih Helu usava o clube para beneficiar-se politicamente e financeiramente. Foi presidente do Corinthians de 1961 a 1971, em um período difícil para o alvinegro de Parque São Jorge, que só conquistou nessa época o torneio Rio-São Paulo, no ano de 1966. Quando Wadih Helu assumiu a presidência do clube, o time fazia uma péssima campanha no Campeonato Paulista e com isto passou a ser chamado de “Faz-me Rir”.
Era para ser apenas o título de uma música romântica, sucesso na voz da cantora Edith Veiga. Mas, “Faz-me rir” acabou virando, também, o apelido dado pelos rivais para o time do Corinthians naquele fatídico ano de 1961. Ao longo do Campeonato Paulista, foram utilizados 27 jogadores e dois treinadores. A equipe que chegou a virar o turno nas últimas colocações, terminou em sétimo lugar. Mas não se acertou em nenhum momento.
O time passou dois meses só fazendo jogos amistosos, de 27 de abril até 21 de junho. Dia 2 de julho fez sua estreia no Campeonato Paulista e logo no inicio uma derrota, para o Guarani em pleno Parque São Jorge por 2 a 1. O time perdeu 7 dos 11 primeiros jogos do Campeonato Paulista de 1961. E para completar, já no final do segundo turno, uma goleada impiedosa da Portuguesa por 7 a 0. Este jogo foi no dia 15 de novembro. E aquele Corinthians não era tão ruim assim. Contava com dois campeões do mundo (Gilmar e Oreco) e assim mesmo terminou em sétimo. Disputou 30 jogos, venceu 12, empatou 9 e perdeu 9. Marcou 49 gols e sofreu 48. O campeão foi o Santos e o artilheiro da competição foi Pelé, com 47 gols. Assim começava o mandato de Wadih Helu no Corinthians.
Cansado das gozações e da má administração, o goleiro Gilmar dos Santos Neves decide sair do Corinthians. O presidente Wadih Helu, eleito no início do ano, não conseguiu segurá-lo, já que o Santos ofereceu 10 milhões de cruzeiros, uma fortuna para a época. Era mais um ano sem títulos e a torcida já começava a ficar preocupada, pois era o sétimo ano consecutivo. A esperança ficava para o ano seguinte, pois grandes contratações eram prometidas pela diretoria corintiana.
A oposição pressionava Wadih Helu para sua saída, mas ele sempre tinha um argumento muito forte para que os conselheiros votassem nele e assim continuava no cargo de presidente por mais um mandato. Ao terminar seu primeiro mandato e vendo que a derrota seria fatal, teve uma brilhante ideia. Ou seja, resolveu fazer uma contratação de peso, para impressionar toda nação corintiana. Contratou o centroavante Almir, o pernambuquinho, que na época era a grande estrela do futebol brasileiro. E para impressionar ainda mais, Wadih Helu declarou que Almir era o Pelé branco. Foi a transação mais cara da época, ou seja, seis milhões e meio de cruzeiros. Sua missão era equilibrar a hegemonia do futebol paulista com o Santos e encerrar o jejum de títulos corintiano. Mas o pernambuquinho, como também era chamado, teria causado ciúmes no elenco e com isto fez apenas 29 partidas com a camisa corintiana.
Em 1966, Wadih Helu faz outra contratação de peso e mais uma vez a fiel torcida corintiana fica animada e volta a sonhar com um título paulista, que não acontecia desde 1954. Desta vez foi a contratação do ponta direita Garrincha, que aos 32 anos, convivia com problemas no joelho e seu vício com bebidas alcoólicas o atrapalhavam. Ainda assim, sua chegada reuniu milhares de corintianos no aeroporto de Congonhas. E Wadih Helu estava lá para recepciona-lo. Em sua estreia no Pacaembu, mais fanáticos pelo Corinthians foram ao estádio para acompanhar Garrincha vestindo as cores do Timão pela primeira vez. Contudo, a frustração tomou as arquibancadas: derrota por 3 a 0 para o Vasco. Foram apenas 13 jogos com a camisa do Timão.
Outro acontecimento marcante na vida de Wadih Helu como presidente do Corinthians, ocorreu em 1969, quando faleceram os craques Lidu e Eduardo num trágico acidente automobilístico na marginal do Tiete no dia 28 de abril daquele ano. O Corinthians pediu a Federação Paulista de Futebol a autorização para incluir outros dois jogadores no lugar dos que faleceram, no entanto, o Palmeiras não concordou. Wadih Helu ficou tão revoltado com aquilo que deu um murro na mesa e gritou “isso é uma atitude de porco”, pronto, estava nascendo ali o novo apelido do Palmeiras.
Wadih Helu foi presidente do Corinthians por 10 anos e jamais se afastou efetivamente do clube que tanto ele amou. Infelizmente em 2011 passou a sofrer do Mal de Alzheimer e no dia 7 de junho daquele ano, veio a falecer.