BALTAZAR: o cabecinha de ouro

                  Um dos melhores cabeceadores da história do futebol brasileiro, Osvaldo da Silva, o Baltazar, também conhecido como o “Cabecinha de Ouro”, nasceu dia 14 de janeiro de 1926 na cidade de Santos e faleceu dia 25 de março de 1997.  Pelo alvinegro de Parque São Jorge, marcou 266 gols, sendo 71 de cabeça. Todo grande jogador tem uma característica própria, algo que só ele possui. Uma espécie de identidade futebolística que marca a carreira do atleta. Muitos deles se destacaram em virtude de dribles sensacionais, rapidez, chutes fortes e precisos. Porem poucos foram tão notáveis na arte do cabeceio como Baltazar. Ao lado de Cláudio, Luizinho, Carbone, Rafael, Mário e outras feras, Baltazar foi figura importantíssima para o Corinthians nas conquistas dos paulistas de 1951, 1952 e 1954.

                 Baltazar costumava jogar bola na praia quando criança. Dessa maneira, aprendeu os primeiros dribles e sentiu o gosto dos gols. Como a maioria dos jogadores brasileiros, tinha de trabalhar para ajudar no sustento da família. Aos 16 anos, como assistente de caixeiro, calçou as chuteiras pela primeira vez. Em 1944, aos 18 anos, foi levado ao Jabaquara, um clube praiano que tinha certa projeção na época, tornando-se um profissional.  Firmou-se como titular rapidamente. No ano seguinte foi comprado pelo Corinthians. Sua estréia com a camisa corintiana, aconteceu no dia 15 de novembro de 1945 e o adversário foi justamente o ex-clube, o Jabaquara. Este jogo aconteceu no estádio Ulrico Mursa, que pertence à Portuguesa Santista, e o placar foi de 5 a 5. Neste dia o Corinthians jogou com; Bino, Domingos da Guia (Ariovaldo) e Rubens; Palmer, Brandão e Aleixo; Jerônimo, Nino (Baltazar), Servilio, Ruy e Pipi.  Na sua estréia Baltazar não marcou nenhum gol, mas no jogo seguinte contra o Bahia, o Corinthians venceu por 1 a 0 e o gol foi dele.

                Nas suas primeiras competições oficiais pelo Timão, Baltazar não teve sorte. Foi vice-campeão de 1946 e 1947, conquistando sua primeira competição em 1950, quando ajudou sua equipe a ganhar o Torneio Rio-São Paulo, sendo inclusive o artilheiro daquela competição, com 9 gols. Nessa época, já se encontrava entrosado com Cláudio. Apesar de os dois atacantes possuírem uma jogada característica (cruzamento de Cláudio pela direita e cabeçada de Baltazar), nenhuma zaga conseguia pará-los. Daquele ataque matador, surgiram as maiores glórias do Corinthians na década de 50.  Em 1951 o Corinthians tinha um ataque arrasador, pois em 28 jogos marcou 103 gols e que era assim formado; Cláudio, Luizinho, Baltazar, Carbone e Mário.

               Neste ano a equipe conquistou o Campeonato Paulista, dose repetida em 1952, quando o nosso “cabecinha de ouro”, foi o artilheiro com 27 gols, e em 1954, ano em que o Corinthians alcançou o título do IV Centenário da cidade de São Paulo.  Em 1953, para suprir a falta do título estadual, o clube venceu mais uma vez o Torneio Rio-São Paulo.  Baltazar virou ídolo da nação corintiana. Certa vez, ganhou um automóvel por ter sido eleito o jogador mais popular de sua época.  O carro acabou pegando fogo em um acidente, porem, a torcida lhe deu outro.

              A fama de suas testadas, era tanta que virou até música. A marchinha “Gol de Baltazar”, composta por Alfredo Borba, em 1952, foi feita em homenagem ao craque. O refrão refletia algo corriqueiro no cotidiano dos torcedores corintianos, que dizia assim;  “Gol de Baltazar, gol de Baltazar, gol de cabecinha, 1 a 0 no placar”.   Seu apelido surgiu após comparações com seu irmão, que se chamava Baltazar e também era jogador de futebol. Entretanto, diferentemente do irmão, o verdadeiro Baltazar não obteve sucesso no esporte.  Em maio de 1957, foi vendido para o Juventus da Moóca, onde encerrou sua carreira no ano seguinte.

              Pelo Corinthians, Baltazar realizou 401 partidas. Venceu 247, empatou 70 e perdeu 84. Marcou 266 gols, sendo 71 de cabeça.  E conquistou os títulos do Rio-São Paulo de 1950 e 1953 e os campeonatos paulista de 1951, 1952 e 1954.  Este último aconteceu no dia 6 de fevereiro de 1955 no estádio do Pacaembu e o adversário foi o Palmeiras. O empate já dava o título ao Timão e o placar da partida foi de 1 a 1.  Neste dia o Corinthians jogou com; Gilmar, Homero e Alan; Idário, Goiano e Roberto Belangero; Cláudio, Luizinho, Baltazar, Rafael e Simão. O técnico foi Osvaldo Brandão

SELEÇÃO BRASILEIRA

              Logo após o título do Rio-São Paulo de 1950 pelo Corinthians, Baltazar já era conhecido nacionalmente como um dos principais atacantes do futebol brasileiro.  Sendo assim, o técnico da seleção canarinho Flávio Costa, o convocou para disputar a Copa do Mundo daquele ano, onde marcou dois gols, um contra o México (4×0) e outro contra a Suíça (1×1).  Baltazar não jogou a final contra o Uruguai, quando o Brasil perdeu no Maracanã a oportunidade de sagrar-se pela primeira vez campeão mundial.  Suas duas passagens mais marcantes com a camisa amarelinha, no entanto, viriam posteriormente. A primeira glória chegou em 1952, quando ele foi campeão do Pan-Americano de seleções, disputado no Chile.

              Nesse torneio, travou uma verdadeira batalha com os beques adversários, que o fizeram deixar a competição vitorioso, mas com diversas contusões.  Após ajudar o Brasil a vencer em Santiago, foi o responsável pela classificação brasileira para a Copa do Mundo de 1954 na Suíça, onde marcou todos os gols dos três primeiros jogos. Além disso, foi o autor de 90% dos gols na competição classificatória.  Em sua passagem pela seleção brasileira, Baltazar marcou 17 gols em 31 jogos. Venceu 21, empatou 6 e perdeu 4 vezes.   Defendeu também a seleção paulista inúmeras vezes, onde o ataque era simplesmente; Julinho Botelho, Luizinho, Baltazar, Jair da Rosa Pinto e Rodrigues.

              Depois que encerrou a carreira de jogador, foi trabalhar como técnico. Em 1964 se tornou auxiliar técnico no Corinthians. Depois de seis anos no cargo, foi efetivado e passou a comandar  a equipe que o consagrou dentro das quatro linhas. Sua estréia foi dia 8 de agosto de 1970, quando o Corinthians empatou com o América de Rio Preto em 0 a 0. Pelo Timão comandou 34 jogos. Venceu 17, empatou 11 e perdeu 6 vezes.  Depois dirigiu equipes menores como Saad de São Caetano, Rio Claro, Campinense e União de Mogi das Cruzes. Entretanto, a era pós futebol reservava momentos diferentes para Baltazar. Com dificuldades financeiras, foi vendedor de livros, comerciante e trabalhou quatro anos como guarda do presídio do Carandiru, na zona norte da capital paulista.  Terminou a vida triste com o futebol, pois não obtinha ajuda de quase ninguém. Segundo Baltazar, apenas a Portuguesa de Desportos proporcionava a ele algum auxílio, mesmo nunca tendo jogado no Canindé.

              Teve um filho cujo apelido era Batata, que também foi jogador profissional, inclusive campeão pela seleção brasileira no Torneio de Cannes, da França, em 1973. Jogou também em diversos clubes como, São Bento de Sorocaba, Botafogo de Ribeirão Preto, Internacional de Limeira, Figueirense de Santa Catarina, Rio Branco de Americana e encerrou a carreira em 1990 jogando pelo Bandeirantes de Birigui.

              Baltazar morreu dia 25 de março de 1997, quando estava internado no Hospital Santa Isabel da Cantareira, zona norte de São Paulo.  Morreu de conseqüência de seus múltiplos problemas físicos. A mulher de Baltazar não quis a divulgação dos detalhes de sua morte, pois estava magoada com o Corinthians que não teria dado nenhuma assistência ao seu antigo e fantástico atacante. Durante seus últimos anos de vida, Baltazar passou morando na Praia Grande, litoral de São Paulo e lá seu corpo foi enterrado. Seu jazigo fica ao lado da sepultura de Barbosinha, ex-goleiro do Santos F.C. e do Jabaquara, equipe em que ele começou sua carreira. Dentro da sua imensa humildade, Baltazar sempre dizia uma frase;  “Nunca fui tão bom com os pés, mas com a cabeça, nem Pelé foi melhor do que eu”.

Em pé: Alan, Homero, Goiano, Idário, Roberto Belangero e Gilmar Agachados: Cláudio, Luizinho, Baltazar, Rafael e Nonô
Em pé:  Cabeção, Idário, Goiano, Homero, Olavo e Julião     –    Cláudio, Luizinho, Carbone, Mário e Baltazar
Em Pé: Alan, Homero, Clóvis Nori, Valmir, Roberto Belangero e Gilmar    –      Agachados: Cláudio, Luizinho, Baltazar, Jackson e Nono
Em Pé: Cabeção, Idário, Julião, Murilo, Sula e Roberto Belangero Agachados: Cláudio, Luizinho, Baltazar, Carbone e Mário
Em pé: Idário, Julião, Alan, Olavo, Roberto Belangero e Gilmar Agachados: Cláudio, Luizinho, Paulo, Baltazar e Jansen
Em pé: Cabeção, Murilo, Touguinha, Lorena, Julião e Idário     –     Agachados: Cláudio, Luizinho, Baltazar, Jackson e Carbone
Em pé: Cabeção, Helvio, Djalma Santos, Brandãozinho, Bauer e Olavo      –     Agachados: Julinho, Antoninho Fernandes, Baltazar, Pinga e Rodrigues
Em pé: Djalma Santos, Eli, Nilton Santos, Brandãozinho, Castilho e Pinheiro      –     Agachados: Julinho, Didi, Baltazar, Pinta e Rodrigues
Em pé: Djalma Santos, Gerson, Brandãozinho, Nilton Santos, Veludo e Bauer      –     Agachados: Julinho, Humberto Tozzi, Baltazar, Didi e Maurinho
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