MARCOS: um autêntico ponta direita

                   Marcos Pereira Martins nasceu dia 1 de abril de 1943, na cidade de Santos – SP. Foi um ponta direita veloz, aplicado e muito disciplinado. Começou no Jabaquara da cidade de Santos, depois passou pelo Corinthians, Bangu, Newell´s Old Boys e Huracan da Argentina, teve uma curta passagem pelo Santos e chegou a defender a Seleção Brasileira em 1963. Sua melhor fase sem dúvida alguma foi no Corinthians, onde jogou de 1963 até 1968, ao lado de grandes craques, como Rivelino, Tales, Bazani, Flávio, Garrincha e tantos outros.

                  Neste período que vestiu a camisa do alvinegro de Parque São Jorge, disputou 187 partidas, sendo 106 vitórias, 39 empates e 42 derrotas. Marcou 27 gols. O único título conquistado pelo Corinthians, foi o Torneio Rio-São Paulo de 1966, mesmo assim teve que ser dividido com outros três clubes, Santos, Botafogo e Vasco da Gama, pois devido a Copa do Mundo da Inglaterra, nossa seleção já começava seus preparativos e por falta de data, a CBD proclamou os quatro clubes como campeões daquele Torneio.

JABAQUARA

                 Filho de seu Oswaldo, Marcos trabalhou durante um bom tempo em uma relojoaria em Santos. Certo dia, diretores do Jabaquara vieram procurá-lo. O seu patrão não queria que o chamasse. Mesmo assim, Marcos foi avisado. Conversou com os diretores, acabou acertando com o clube e imediatamente passou a compor o elenco do time profissional do Jabaquara. E foi ali que Marcos começou sua carreira, no Jabaquara Atlético Clube da cidade de Santos, clube que antes chamava-se Hespanha, um clube que revelou grandes craques ao futebol brasileiro, como por exemplo, o grande goleiro Gilmar e que veio para o Corinthians em 1951 como contrapeso, ou seja, dirigentes do Corinthians chegaram ao modesto campo do “Jabuca” atrás de um reforço para o meio campo.

                 O alvo era o volante Ciciá, um negrinho esperto e altamente técnico. Porém, o Jabaquara só aceitou negociar sua estrela se entrasse na negociação também o jovem goleiro Gilmar.  O alvinegro, mesmo já bem servido no gol, pois naquela época tinha como titular, Cabeção, que era simplesmente o reserva na seleção brasileira.  Mesmo assim os dirigentes corintianos aceitaram a proposta e levaram Gilmar para o Parque São Jorge. Outro grande craque que começou no Jabaquara e também foi parar no Parque São Jorge, foi o centroavante Baltazar, um dos maiores goleadores do clube alvinegro com 266 gols, sendo 71 de cabeça.

                Para a equipe do Santos, o Jabaquara revelou; Feijó, Getúlio, Alvaro e Ramiro e para o Vasco da Gama, o centroavante Célio, que mais tarde também viria a jogar no Corinthians e na Seleção Brasileira. Uma das últimas partidas de Marcos com a camisa do Jabaquara foi justamente contra o Corinthians pelo Campeonato Paulista de 1962. O jogo foi no Estádio Urbano Caldeira que pertence ao Santos e o placar foi de 2 a 0 para o Corinthians, gols de Silva e Del Pozzo contra. Neste dia o Jabaquara jogou com; Dudizio, Sula, Del Pozzo, Rubens e Macedo; Carlão e Liminha; Marcos, Célio, Cabrita e Alcides, o técnico era China.

CORINTHIANS

                Marcos chegou no Corinthians com 19 anos de idade e fez sua estréia com a camisa corintiana dia 13 de janeiro de 1963, neste dia o Corinthians enfrentou o Independente de Santa Fé, um time colombiano durante uma excursão que o alvinegro realizou pela América do Sul e América Central. O jogo terminou com a vitória corintiana por 1 a 0, gol de Manoelzinho aos 37 minutos do primeiro tempo. Neste dia o técnico Fleitas Solich do Corinthians mandou a campo os seguintes jogadores; Aldo, Augusto, Eduardo, Ari Clemente e Oreco; Amaro e Cássio; Marcos, Silva (Felício), Manoelzinho e Lima.

                 Nesta excursão o Corinthians realizou sete jogos, perdeu somente uma e venceu seis, sendo uma dessas vitórias, uma verdadeiro goleada, 7 a 0 contra o Panamá no dia 30 de janeiro de 1963.  E foi nesta excursão também, que Marcos marcou seu primeiro gol com a camisa corintiana, foi no dia 7 de fevereiro, quando o Timão venceu o Deportivo Municipal do Peru por 3 a 2, os outros dois gols foram de Nei e Lima.

                Em 1965, o Corinthians fez um jogo amistoso contra o Arsenal da Inglaterra. O jogo foi em Londres e para esta partida, o Corinthians utilizou a camisa da Seleção Brasileira, mais precisamente o uniforme número 2, ou seja, camisas azuis. Neste dia o técnico José Teixeira escalou a seguinte equipe; Marcial, Galhardo (Jair Marinho), Eduardo, Clóvis e Edson; Dino Sani e Rivelino; Marcos, Flávio, Nei e Geraldo José (Gilson Porto). O placar foi de 2 a 0 para os ingleses.

                Em 1966 o Corinthians contratou o ponta direita mais famoso do mundo, Mané Garrincha, com isto, Marcos foi para o banco de reservas, mas infelizmente Garrincha já não era mais o mesmo e não conseguiu repetir suas magníficas partidas que fazia com a camisa do Botafogo e assim dessa maneira, não ficou por muito tempo no Parque São Jorge, realizando apenas 13 partidas. Com a saída de Garrincha, Marcos voltou a ser titular da equipe, mas sempre tendo que dividir a camisa 7 com Bataglia.

                A última partida de Marcos com a camisa corintiana aconteceu dia 18 de fevereiro de 1968, quando o Corinthians empatou com a Ferroviária em 0 a 0. O jogo foi em Araraquara e neste dia o técnico Lula mandou a campo os seguintes jogadores; Diogo, Osvaldo Cunha, Ditão, Luiz Carlos e Maciel; Edson e Rivelino; Marcos, Tales, Silvio e Eduardo.

OUTROS CLUBES

                 Em 1968, com a chegada de Buião e Paulo Borges, Marcos perdeu a posição no time corintiano e com isto foi vendido ao Bangu do Rio de Janeiro, que na época tinha a seguinte equipe; Devito, Fidélis, Mário Tito, Luiz Alberto e Pedrinho; Jaime e Dé (Milton); Marcos, Fernando, Mário Tilico e Aladim. Este foi o time que o técnico Ocimar mandou a campo para enfrentar o Corinthians pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa no dia 23 de outubro de 1968 no Maracanã. O jogo terminou com a vitória corintiana por 3 a 1, gols de Tales, Flávio e Paulo Borges para o alvinegro, enquanto que Milton marcou o único tento da equipe de Moça Bonita.

                Depois disso, Marcos foi jogar na Argentina pelo Newell´s Old Boys, onde jogou por algum tempo e depois foi para o Huracan, também da Argentina, onde fez um excelente campeonato. Até hoje Marcos tem um carinho todo especial do povo argentino. Depois de duas temporadas, retornou ao Brasil e foi jogar na Portuguesa Santista, onde ficou somente por alguns meses. E em 1973, teve uma passagem relâmpago pelo Santos, mas chegou a ser campeão paulista pela equipe de Vila Belmiro, titulo este que foi dividido com a Portuguesa de Desportos, devido a um erro de matemática do árbitro Armando Marques. E foi na equipe santista que Marcos encerrou sua carreira.

SELEÇÃO BRASILEIRA

                Em 1963 foi convocado pela primeira vez para defender nossa seleção durante a Copa Rocca, que foi realizada no Brasil, quando perdemos para a Argentina por 3 a 2 no primeiro jogo que foi realizado no dia 13 de abril no Pacaembu, com dois gols de Pepe. Depois jogamos novamente contra a Argentina no dia 16 de abril e desta vez vencemos por 5 a 2, gols de Pelé (3) e Amarildo (2), este jogo foi no Maracanã. Mas o jogo que marcou na vida de Marcos com a camisa da nossa seleção, foi num amistoso contra a Alemanha, realizado em Berlim no dia 22 de maio de 1963, quando vencemos por 3 a 0 e Marcos marcou o segundo gol da partida. Os outros dois foram de Amarildo e Quarentinha.

               Em 1965 Marcos voltou a vestir a camisa canarinho. Neste dia aconteceu algo inédito, ou seja, o Brasil fez duas partidas num só dia. Isto aconteceu no dia 21 de novembro, quando enfrentamos a União Soviética a tarde no Maracanã. O treinador foi Vicente Feola e o jogo terminou empatado em 2 a 2, gols de Gerson e Pelé. O segundo gol soviético foi de uma forma bem curiosa, ou seja, o goleiro Manga bateu o tiro de meta, a bola bateu na nuca no atacante soviético e voltou direto para as redes do gol brasileiro.

               À noite no Pacaembu, sob comando dos técnicos Aymoré Moreira e Luis Alonso Peres, o popular Lula, o Brasil enfrentou a Hungria e venceu por 5 a 3, gols de Servilo (2), Lima, Abel e Nair. Neste jogo o Brasil foi representado somente por jogadores do estado de São Paulo e o time jogou assim; Felix, Carlos Alberto, Djalma Dias, Procópio e Edmilson; Lima e Nair; Marcos, Prado, Coutinho (Servilio) e Abel. Com a camisa da nossa seleção, Marcos disputou 8 partidas. Venceu 5, perdeu 3 e marcou um gol.

FORA DAS QUATRO LINHAS

                Marcos, o Marcos Pereira Martins, ponta-direita do Corinthians, Bangu e da Seleção Brasileira, mora hoje em Santos (SP), onde atualmente, é corretor de imóveis na cidade. Foi um jogador veloz, aplicado e disciplinado, deixando muitos amigos por onde passou. Fez história no clube de Parque São Jorge ao lado de gênios como Rivelino, Luizinho, Dino Sani, Garrincha e tantos outros. Não chegou a ganhar nenhum título importante, somente o Torneio Rio-São Paulo de 1966, pois naquela época em que jogou no Corinthians, o Santos e o Palmeiras tinham verdadeiras seleções, era uma época em que os dois clubes dividiam os títulos paulista, pois tinham jogadores fora de série.

               Marcos era a alegria de uma torcida calorosa, sempre foi um corintiano fanático e com seus dribles desconcertantes ele deixava seus adversários sentados, e seus cruzamentos para os companheiros fazer os gols. Marcos nunca perdeu seu jeito de ser. Dentro de campo ele mostrava o talento que Deus lhe deu e fora dele sempre foi um homem muito religioso e sempre ligado a família.

Em pé: Jair Marinho, Dino Sani, Marcial, Edson, Clóvis e Eduardo   –   Agachados: Marcos, Rivelino, Geraldo José, Flávio e Gilson Porto
Em pé: Dino Sani, Galhardo, Edson, Clóvis, Eduardo e Heitor    –    Agachados: Marcos, Rivelino, Flávio, Airton e Geraldo José
1963 – Em pé: Djalma Santos, Zequinha, Roberto Dias, Rildo, Eduardo e Gilmar    –    Agachados: Marcos, Gérson, Quarentinha, Amarildo e Zagallo
Em pé: Valmir, Oreco, Aldo, Amaro, Eduardo e Ari Clemente   –    Agachados: Marcos, Manoelzinho, Nei, Bazani e Lima
1963 – Em pé: Djalma Santos, Zito, Altair, Roberto Dias, Eduardo e Gilmar   –    Agachados: Marcos, Gérson, Pelé, Nei, Pepe e o massagista Mário Américo
Em pé: Neco, Oreco, Aldo, Amaro, Eduardo e Ari Clemente   –    Agachados: Marcos, Davi, Nei, Bazani e Lima
Em pé: Clóvis, Marcial, Edson, Galhardo, Eduardo e Maciel   –    Agachados: Marcos, Rivelino, Ayrton, Flávio e Gilson Porto
Em pé: Macedo, Dudízio, Rubens Salles, Lucas, Carlão e Rodolfo    –    Agachados: Marcos, Liminha, Cabrita, Célio e Alcides
1968 – Em pé : Mário Tito, Devito, Luis Alberto, Pedrinho, Fidélis e Jaime   –   Agachados: Marcos, Dé, Mário Tilico, Fernando e Aladim
1964   –   Em pé: Oreco, Ari Ercílio, Galhardo, Edson, Eduardo e Heitor   –    Agachados: Marcos, Luizinho, Silva, Flávio e Bazani
1968   –   Em pé: Oswaldo Cunha, Ditão, Diogo, Edson, Luís Carlos e Maciel   –    Agachados: Marcos, Tales, Flávio, Rivelino e Eduardo.
Em pé: Jair Marinho, Marcial, Ditão, Edson, Clóvis e Maciel   –    Agachados: Marcos, Tales, Flávio, Rivelino e Nilson
Em pé: Carlos Alberto, Felix, Lima, Djalma Dias, Edilson e Procópio    –   Agachados: Marcos, Prado, Servílio, Nair e Abel
Em pé: Amaro, Oreco, Cláudio, Eduardo, Ari Clemente e Heitor    –   Agachados: Marcos, Davi, Silva, Bazani e Lima
Em pé: Osvaldo Brandão, Marcial, Clóvis, Maciel, Galhardo, Edson, Dino Sani, Eduardo e Heitor Agachados: Jair Marinho, Nei, Rivelino, Marcos, Flávio, Geraldo José e Gilson Porto

 

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