BRANCO: campeão mundial com nossa seleção em 1994

                   Cláudio Ibraim Vaz Leal nasceu dia 4 de abril de 1964, na cidade de Bagé (RS).  Muitos ainda teimam em levantar controvérsias quanto à qualidade do futebol de Branco. Mas as dúvidas não podem resistir à realidade dos números: três Copas do Mundo disputadas, entre elas a do Tetracampeonato em 1994, 70 jogos oficiais disputados pela Seleção em 10 anos. Como lateral-esquerdo, fica atrás somente de Nilton Santos 75 e Júnior 79, Campeão da Copa América 89, Tricampeão Carioca (83/84/85) e Campeão Brasileiro (84) pelo Fluminense, entre outros títulos, o credenciam como um dos maiores laterais-esquerdos da história do futebol brasileiro.

                   Quanto ao seu apelido de “Branco”, ele surgiu ainda jovem, quando jogava num time, onde ele era o único jogador de cor branca Gaúcho, descendente de libaneses, Branco começou a jogar futebol nas categorias de base do G.E. Bagé e não sendo aproveitado, transferiu-se para o Guarani de Bagé. Teve também uma curta passagem pelo Internacional de Porto Alegre, mas antes de se tornar jogador profissional.

FLUMINENSE             

                    Somente em 1982, chegou ao Fluminense. Se apresentou como lateral esquerdo e começou a jogar como profissional, chegando a titular da equipe em pouco tempo. Formou com o também gaúcho ponta-esquerda Tato uma das mais entrosadas duplas da história do clube, contribuindo de forma efetiva para o Tricampeonato de 83/84/85 e o Brasileiro de 1984. Na época o Flu tinha um grande time, o qual começou a ser montado ainda na Copa do Brasil de 83. Apesar de não ser o favorito, o tricolor sagrou-se campeão da Taça Guanabara, dirigido por Cláudio Garcia, antigo jogador tricolor.

                   Fluminense, Flamengo e Bangu, decidiram o certame em um triangular em turno único. O Fluminense foi o Campeão, tendo na primeira partida empatado com o Bangu e na segunda, com um gol de Assis aos 45 minutos do segundo tempo, ganhado dos rubro-negros. Este jogo aconteceu no dia 11 de dezembro de 1983, no Maracanã e o Fluminense jogou com; Paulo Vitor, Aldo, Duílio, Ricardo Gomes e Branco; Jandir, Delei e Assis; Leomir, Washington e Paulinho. No ano seguinte, novamente deu Fluminense no campeonato carioca. Para reforçar a equipe, contratou Getúlio que jogava no São Paulo e Romerito, um jogador paraguaio que estava jogando no Cosmos de New York.

                  Assim como foi a final de 83, se repetiu em 84, ou seja, na final o Fluminense venceu o Flamengo por 1 a 0, e o gol também foi marcado por Assis.  Ainda em 84, Branco sagrou-se campeão brasileiro, ao vencer o Vasco da Gama por 2 a 0 no dia 9 de dezembro de 1984. E para coroar a boa fase da equipe das Laranjeiras, no ano seguinte, em 1985, sagrou-se campeã carioca mais uma vez, ao venceu o Bangu por 2 a 1 no dia 18 de dezembro. Realmente foi uma passagem marcante pelo Fluminense do jogador Branco, que em 1986 deixou o clube para ir jogar na Europa. Pelo Fluminense, Branco disputou 157 partidas e marcou  11 gols.

EUROPA

                  Ao sair do Brasil, foi jogar no Brescia, da Itália. Ficou por lá por algum tempo, depois foi vestir a camisa do Genoa, outro clube italiano. Contudo, foi somente no futebol português, quando jogou pelo Porto, foi que Branco conseguiu somar mais títulos ao seu currículo, com as conquistas do campeonato português e da Supercopa de Portugal, ambas na temporada 1989/90. Retornou ao Brasil depois de sete anos na Europa e, em 1994, voltou a atuar pelo Fluminense.

CORINTHIANS

                 Logo após conquistar o título mundial nos Estados Unidos, em 1994, pela Seleção Brasileira, Branco se transferiu do Fluminense para o Corinthians, para disputar o Campeonato Brasileiro daquele ano. Nas semifinais, classificou o time de Parque São Jorge com um gol diante do Atlético Mineiro, jogo este  que foi realizado no estádio do Pacaembu, no dia 15 de dezembro de 1994. Neste dia o Corinthians jogou com; Ronaldo, Paulo Roberto, Pinga (Gralak), Henrique e Branco; Zé Elias, Marcelinho Paulista (Marques), Luizinho e Souza; Marcelinho Carioca e Viola.

                 O técnico era Jair Pereira e o resultado da partida foi 1 a 0 para o Corinthians, gol de Branco aos sete minutos do segundo tempo. Mas na final, a torcida corintiana não o perdoou, pois foi devido a uma falha sua que nasceu o gol do Palmeiras, ao perder a bola para Rivaldo. E assim ele acabou deixando o Corinthians. Com a camisa do Timão, Branco realizou 23 jogos. Venceu 12, empatou 5 e perdeu 6. Marcou 6 gols.

SELEÇÃO BRASILEIRA             

                 Branco é o terceiro lateral-esquerdo na história com maior número de partidas disputadas pela Seleção Brasileira, ficando atrás somente de Júnior e Nilton Santos. Participou de três Copas do Mundo e, em todas elas vivenciou momentos inesquecíveis. Na Copa de 86, no México, a presença de Branco na Seleção de Telê foi muito contestada pela imprensa. Quatro anos mais tarde, na Itália, durante uma partida contra a Argentina, Branco bebeu uma água oferecida pelos argentinos e começou a se sentir mal. Anos mais tarde, Maradona e o ex-técnico da Argentina, Carlos Bilardo, admitiram que a água estava contaminada com tranquilizantes.

                 Finalmente, na Copa de 94, aquela em que o Brasil conquistou seu tetracampeonato mundial, Branco foi o autor do sensacional gol de falta, que garantiu a vitória do Brasil por três a dois contra a Holanda e levou o Brasil às semifinais. Extremamente técnico, vigoroso e com muita personalidade, o futebol de Branco rapidamente chamou a atenção de Telê Santana, que o convocou para a Copa de 86 no México. Voltou a ser titular da Seleção na Copa de 90. Aos poucos desenvolveu uma nova arma: o chute forte e com efeito nas cobranças de falta a longa distância.

                Em 1994 foi convocado para sua terceira Copa. Uma contusão nas costas quase o tira do elenco. Com grande parte da imprensa o considerando um jogador superado e fora de forma, Branco parecia ter apenas a confiança do técnico Parreira, que o conhecia desde 1984. Começou a Copa na reserva de Leonardo, mas a expulsão deste, no jogo contra os Estados Unidos, fez com que Branco tivesse a chance de jogar aquele que viria a ser o jogo de sua vida contra a Holanda. Além de anular o atacante mais perigoso da equipe holandesa, Branco salvou o time quando tudo parecia perdido, marcando de falta o gol da vitória por 3 a 2 que levaria o Brasil às semifinais.

                Este jogo contra a Holanda, aconteceu  no dia 9 de Julho. Foi um jogo muito equilibrado onde saímos na frente com um gol de Romário, depois fizemos mais um através de Bebeto, que entrou com bola tudo. Bebeto voltou a beira do gramado e novamente fez o gesto de embalar uma criança, só que desta vez, era seu filho Matheus que havia nascido dois dias antes daquela partida, ou seja, 7 de Julho de 1994. Talvez aquela total descontração de nossa seleção, fez com que tomássemos dois gols em poucos minutos. 

                Porem numa cobrança de falta, Branco fecharia o placar daquela partida, 3×2. Neste dia o Brasil jogou com; Taffarel, Jorginho, Aldair, Márcio Santos e Branco; Mauro Silva, Dunga, Zinho e Mazinho; Bebeto e Romário. A consagração final viria poucos dias depois com a conquista do tetra, que aconteceu no dia 17 de julho de 1994, um dia muito quente, onde a temperatura chegou aos 35º nos Estados Unidos. E foi nos pés de Baggio, o jogador italiano mais famoso da época, que começamos a comemorar o tão sonhado tetra, pois ao bater a penalidade, ele chutou para fora, não só a bola, como também o sonho de milhões de italianos. Antes da Copa dos Estados Unidos, o lateral participou das Seleções de base e foi campeão da Copa América, em 1989, naquela ocasião em que o Brasil derrubou um jejum de 40 anos.

FIM DE CARREIRA

                Depois que saiu do Corinthians, Branco foi jogar no Flamengo, no Grêmio, no Internacional de Porto Alegre e mais uma vez foi tentar a sorte na Europa, mas ao contrário de sua experiência anterior, teve de conviver com problemas de sobrepeso e, assim sendo, não obteve um bom rendimento pelos clubes que passou.  Sendo assim, revolveu retornar ao Brasil. Em 1997, foi jogar no Mogi Mirim, clube do interior paulista, mas na temporada seguinte mudou-se para o Fluminense, onde encerrou sua carreira. 

                 Aposentado, Branco assumiu o cargo de coordenador das divisões de base da CBF, contudo, em 2006, deixou esta posição para se tornar o coordenador técnico do Fluminense, tendo conquistado já em 2007, nesta nova função, o título de campeão da Copa do Brasil de 2007 ao vencer o Figueirense de Santa Catarina e, em 2008, o vice-campeonato da Copa Libertadores da América, título este que ficou com a L.D.U. do Equador.  Cláudio Ibraim Vaz Leal, o Branco da Copa de 94 nos Estados Unidos.

Copa de 1986   –   Em pé: Sócrates, Josimar, Júlio César, Edinho, Branco e Carlos    –    Agachados: o massagista Nocaute Jack, Muller, Júnior, Careca, Alemão, Elzo e o roupeiro Ximbica
1989   –   Em pé: Mazinho, Taffarel, Mauro Galvão, Ricardo Gomes, Aldair e Branco   –    Agachados: Bebeto, Romário, Silas, Dunga e Valdo
Em pé: Mazinho, Taffarel, Mauro Galvão, Ricardo Gomes, Aldair e Branco   –    Agachados: Bebeto, Romário, Silas, Dunga e Valdo
Em pé: Aldo, Duílio, Ricardo Gomes, Jandir, Branco e Paulo Víctor   –    Agachados: Leomir, Delei, Washington, Assis e Paulinho Carioca
Em pé: Paulo Roberto, Henrique, Luizinho, Gralak, Branco e Ronaldo   –    Agachados: Marcelinho Paulista, Marques, Souza, Viola e Marcelinho Carioca
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