ALDO: jogador que virou um empresário de sucesso

                  Aldo Malagoli nasceu dia 11 de abril de 1935, na cidade de São Paulo – SP. Foi o goleiro que substituiu Gilmar quando saiu do Corinthians em 1961, uma época em que o time alvinegro era chamado de “Faz me Rir”, pois não conquistava nenhum titulo e ficava sempre em péssimas colocações nos campeonatos. Aldo sofreu muito com Pelé que naquela época estava em sua melhor forma. Jogou no alvinegro de Parque São Jorge de 1957 até 1963 e nesse período disputou 94 partidas com a camisa número 1 do Corinthians. Venceu 51, empatou 23 e perdeu 20. Sofreu 147 gols e não conquistou nenhum título.

                  Depois que saiu do Corinthians foi jogar no Rio de Janeiro, mais precisamente no Bangu e depois jogou no Bragantino, onde encerrou sua carreira. Depois que parou de jogar futebol, passou a ser um grande empresário, onde hoje é considerado o Rei do Chocolate, pois é dono da Chocolate Liverpool da Vita Brasil, 229 no Butantã, bairro da zona Sul de São Paulo. Sua empresa tem duas filiais, na Vila Madalena e nas proximidades do Hospital São Luiz, ambas em São Paulo.

CORINTHIANS

                 Aldo começou nos juvenis da Portuguesa de Desportos em 1954, depois foi jogar no São Bento da cidade de São Caetano do Sul e em 1957 chegou ao Parque São Jorge, para ser reserva do grande goleiro Gilmar. A estréia de Aldo com a camisa corintiana aconteceu dia 27 de fevereiro de 1958, em substituição ao goleiro Gilmar que neste dia não pode jogar. Neste dia o Corinthians enfrentou o Botafogo do Rio Janeiro pelo Torneio Rio-São Paulo. Neste dia o técnico Cláudio (maior artilheiro da história do Corinthians com 325 gols) do Corinthians mandou a campo os seguintes jogadores; Aldo, Idário, Olavo, Benedito, Valmir e Oreco; Zezé (Rafael) e Luizinho; Indio (Paulo), Zague e Boquita (Bataglia). O jogo terminou com a vitória do time carioca por 3 a 2. Marcaram para o Fogão, Paulinho, Quarentinha e Didi, enquanto que para o Corinthians marcaram Olavo cobrando pênalti e Bataglia. O jogo foi no Maracanã e o árbitro foi Dino Passini.

                Com a preparação para a Copa do Mundo de 1958, Gilmar deixou vaga sua posição, com isto Aldo e Cabeção começaram a fazer um revezamento na meta corintiana. No dia 21 de maio, por exemplo a Seleção Brasileira fez um amistoso contra o Corinthians no Pacaembu. Era uma quarta feira a noite e o árbitro foi João Etzel Filho. Este jogo seria o último treino do nosso selecionado antes de viajar para a Suécia, onde seria disputado o mundial. A nossa seleção neste dia jogou com; Gilmar, Djalma Santos, Bellini, Orlando e Nilton Santos; Zito (Dino Sani) e Didi; Garrincha, Mazzola, Pelé (Vavá) e Pepe.  Por outro lado, o técnico Cláudio do Corinthians escalou a seguinte equipe; Aldo, Cássio (Idário), Olavo, Ari Clemente e Walmir (Homero); Benedito e Rafael; Bataglia, Luizinho, Indio (Paulo) e Zague. O jogo terminou com a vitória da nossa seleção por 5 a 0, gols de Mazzola, Pepe (2) e Garrincha (2).

A MALDIÇÃO DE PELÉ

                Mais uma lenda que envolve o futebol. Em 1958 antes de embarcar para a Suécia, a nossa seleção despediu-se do Brasil fazendo um amistoso contra o Corinthians. Numa jogada dura do zagueiro corintiano Ari Clemente em cima de Pelé, fez com que ele deixasse o campo e entrasse em seu lugar o Vavá. Com isto, Pelé deixou de participar das duas primeiras partidas que a nossa Seleção fez no mundial, ou seja contra a Áustria no dia 8 de junho, quando vencemos por 3 a 0, gols de Mazzola (2) e Nilton Santos e no segundo jogo contra a Inglaterra no dia 11 de junho, quando empatamos em 0 a 0. Naquele momento em que Pelé se retirava do gramado sabendo da gravidade da sua contusão, o Rei teria jurado que o Corinthians jamais voltaria a ser campeão enquanto ele jogasse. Coincidência ou não, Pelé parou de jogar pelo Cosmos, no dia 1 de outubro de 1977, e o Corinthians só sagrou-se campeão paulista no dia 13 de outubro de 1977 ao vencer a Ponte Preta por 1 a 0, gol de Basílio.

               Depois desta partida contra a seleção brasileira, o arqueiro Aldo só voltou a vestir a camisa 1 do Corinthians no dia 8 de junho de 1960, quando enfrentou o Palmeiras pelo Torneio Roberto Ugolini, que era na verdade um Torneio que envolvia, Corinthians, Palmeiras, Juventus, Portuguesa e São Paulo. Neste confronto contra o Palmeiras o alvinegro venceu por 2 a 1. Depois deste jogo, Aldo voltou a ficar mais um tempo sem jogar, só voltando depois da saída de Gilmar do Corinthians. Seu retorno se deu dia 19 de março de 1961, num jogo amistoso contra o Noroeste de Bauru, quando o alvinegro perdeu por 4 a 2, gols de Toninho Guerreiro (2), Valdo e Antoninho para a equipe do interior, enquanto que Paulinho marcou os dois gols corintianos.

               Com a chegada do goleiro Heitor, Aldo foi perdendo a posição e sua última partida pelo Corinthians aconteceu dia 1 de dezembro de 1963, quando o alvinegro enfrentou o Guarani pelo segundo turno do Campeonato Paulista. O Bugre Campineiro venceu por 4 a 1, gols de Américo (2), Vicente e Berico, enquanto que Manoelzinho marcou o único tento corintiano. Neste dia o técnico Armando Del Débbio do Corinthians mandou a campo os seguintes jogadores; Aldo, Neco, Eduardo, Cláudio e Ari Clemente; Rafael e Bazzani; Davi, Manoelzinho, Kosilek e Lima.

BANGU

               Ao deixar o Corinthians, Aldo foi jogar no Bangu do Rio de Janeiro e quatro meses depois, ou seja, dia 25 de abril de 1964, ele estava enfrentando seu ex-clube pelo Torneio Rio-São Paulo. O jogo foi no Pacaembu e terminou empatado em 1 a 1, gols de Manoelzinho e Ricardo. Neste dia o técnico Denoni Alves do Bangu, mandou a campo os seguintes jogadores; Aldo, Fidélis, Mário Tito, Berto e Nilton dos Santos; Ocimar e Roberto Pinto; Marcos, Paulo Borges, Celso e Ricardo. Neste Torneio o Bangu ficou na quinta posição entre dez participantes. Depois disso o Bangu sagrou-se campeão do Torneio Início, ao vencer o São Cristóvão por 2 a 0. Era a quarta vez que o clube conquistava este tipo de torneio. Veio então o Campeonato Carioca de 1964.

               Ao final do certame, Bangu e Fluminense tinham 35 pontos e iriam decidir o título numa melhor de três partidas, assim como já havia acontecido em 1951. A primeira partida aconteceu dia 16 de dezembro e o Fluminense venceu por 1 a 0. Na segunda partida o goleiro Ubirajara, titular absoluto desde 1958, tivera que operar o joelho e no seu lugar entrou o reserva Aldo. A inexperiência e o nervosismo do goleiro Aldo, vindo do Corinthians, ajudaram o Fluminense. Apesar do primeiro tempo terminar com a vitória parcial dos banguenses por 1 a 0, gol de Bianchini, o tricolor virou o jogo na etapa final e chegou ao placar de 3 a 1, conquistando assim o título.

EMPRESÁRIO

               Aldo Malagoli foi goleiro do Corinthians por cinco anos, entre 1958 e 1963. Sofreu com Pelé e Garrincha, ganhou fama de milagreiro, foi cotado para a seleção na Copa de 1962. E se aposentou cedo, aos 34 anos, quando quis se dedicar mais à família – decisão que o levou a andar cabisbaixo pelos campos da várzea. E agora, Aldo, que fazer da vida? Enquanto não decidia, aceitou um bico: venderia chocolates. Todos o conheciam, seria bom vendedor. Foi tão bem que consequências maiores surgiram. Numa tarde de bola num campo do Butantã, na zona oeste de São Paulo, o ex-ponta-direita Ari, do Radium Clube de Mococa, correu até ele. Será que Aldo teria interesse em aprender a fazer chocolate? Sua irmã trabalhava na fábrica da Kopenhagen, na época no Itaim-Bibi, e poderia ser a chef. Ficou indeciso, era conservador, não tinha experiência… Mas, que diabo, não existiam muitas chocolaterias na cidade na época. Aldo topou.

               Assim teve início uma série que chegou a seis fábricas de chocolates artesanais comandadas por uma mesma família, a partir do negócio de Aldo, naquele junho de 1971. Hoje, são 20 tios, primos, irmãos, cunhados, sobrinhos e netos que tocam os negócios nas quatro fábricas que restaram na cidade.

               Vaneza, nome da primeira filha do goleiro com a mulher, Elisabeta, também foi o nome escolhido para batizar a primeira fábrica da linhagem, dentro da casa dos sogros de Aldo, os Marconis, no Bom Retiro. “A casa ficava lotada, vinha gente de longe comprar chocolate”, contou o goleiro numa manhã da semana passada, entre funcionários atarefados que tentavam dar conta dos pedidos da Páscoa. Um ano depois, em 1972, Aldo deixou a Chocolateria Vaneza (que funcionou até meados dos anos 2000 nas mãos dos tios de Elisabeta) e fundou a Liverpool, no Butantã. Está lá até hoje, produzindo 12 toneladas de chocolate caseiro

               Mesmo com a rotina nas fábricas de chocolate, Aldo nunca largou os gramados. Até os 75 anos, batia bola duas vezes por semana no Clube Pinheiros, do qual é conselheiro. Quarta-feira era dia de “rachão” e, no domingo, ainda tinha campeonato de veteranos – competição em que, nos últimos anos, foi o goleiro menos vazado. Com certeza, Aldo foi um dos únicos veteranos que esteve em atividade no futebol brasileiro.

Em pé: Valmir, Oreco, Aldo, Amaro, Eduardo e Ari Clemente    –    Agachados: Marcos, Manoelzinho, Nei, Bazani e Lima
Em pé: Augusto, Oreco, Aldo, Amaro, Eduardo e Ari Clemente   –    Agachados: Marcos, Davi, Nei, Bazani e Lima

Em pé: Aldo, Ferreirinha, Oreco, Augusto, Eduardo e Ari Clemente   –    Agachados: Espanhol, Manoelzinho, Nei, Rafael e Gélson
Primeiro jogo que Gilmar enfrentou o Corinthians depois que deixou o clube. O goleiro Aldo foi quem ficou no seu lugar
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