AMARO: brilhou no América carioca e no Corinthians

                Amaro Viana Barbosa nasceu dia 11 de abril de 1937, na cidade de Campos dos Goytacazes – RJ. Foi um meio-campista que jogou no América do Rio de Janeiro, no Corinthians, na Portuguesa e na Juventus de Turim, Itália. O então presidente do América carioca, Sr. Giulite Coutinho, que mais tarde foi presidente da CBF, com o dinheiro da venda de Amaro ao Juventus da Itália, comprou o antigo estádio do América, hoje vendido pelo clube para a iniciativa privada. Depois que Amaro encerrou a carreira de jogador, passou a trabalhar como treinador e chegou a dirigir inúmeras equipes.

                Mesmo depois dos 70 anos de idade, Amaro continuava jogando suas peladas, em vários campos cariocas e aqueles que não conheciam a história do seu passado como jogador profissional, ficavam admirados por sua técnica, categoria com a bola nos pés e o extraordinário sentido de marcação. Infelizmente o nosso craque veio a falecer dia 22 de setembro de 2010, depois de lutar muito contra uma infecção urinária. Até o fim da vida nunca deixou de ser um homem bem humorado.

AMÉRICA

                Amaro começou sua carreira no América do Rio de Janeiro em 1957, uma época que ainda não era chamado de Ameriquinha, como nos dias de hoje, pois fazia frente aos grandes clubes cariocas. E foi lá que Amaro se apaixonou pelo futebol. Já com 23 anos de idade, se tornou jogador contra a vontade de seu pai, pois ele detestava que o filho jogasse bola, queria que estudasse medicina. Amaro bem que tentou, inclusive começou os estudos, mas o amor pelo futebol falou mais alto e abandonou os estudos e seguiu a carreira de jogador, que na verdade começou um pouco por acaso, quando um surto de gripe asiática derrubou dois jogadores do América. Sendo assim, foi chamado para jogar no time de cima e sua estreia foi muito boa, pois derrotou o Olaria por 4 a 0. Depois disso não saiu mais do time.

               Entre as partidas de que participou, ele recorda com especial carinho uma contra o então poderoso Botafogo, em 1959. O técnico do América, que não gostava de Amaro, colocou-o na lateral esquerda. A missão era, no mínimo, ingrata: marcar Mané Garrincha, cujos marcadores foram batizados de “joões”, simples vítimas do endiabrado ponta botafoguense. No primeiro tempo, Amaro não escapou da sina: não viu a bola, nem Mané, que fez o que quis em campo, apesar disso, o placar ficou em 1 a 1. Mas no segundo tempo a história foi diferente. O América virou o jogo e Amaro ainda fez o terceiro gol do América.

               Chegava o ano de 1960 e o América montou um grande time para disputar o Campeonato Carioca. Até então o clube já havia conquistado seis títulos estaduais e naquele ano entrava com um grande time na competição em busca do sétimo título carioca. Com o comando do treinador Jorge Vieira, a equipe fez uma belíssima campanha, chegando a grande final diante do poderoso Fluminense. Era uma única partida para se conhecer o campeão carioca de 1960. O jogo foi no Maracanã, que neste dia recebeu um público de 98.099 pagantes. O árbitro foi Wilson Lopes de Souza e para esta partida o técnico do América mandou a campo os seguintes jogadores; Ari, Jorge, Djalma Dias, Wilson Santos e Ivan; Amaro e João Carlos; Calazans, Antoninho (Fontoura), Quarentinha e Nilo. 

               Do outro lado, o experiente técnico Zezé Moreira, o mesmo que comandou nossa seleção na Copa de 1954, escalou a seguinte equipe para aquele dia; Castilho, Jair Marinho, Pinheiro, Clóvis e Altair; Edmílson e Paulinho (Jair Francisco); Maurinho, Waldo, Telê Santana e Escurinho. Realmente uma extraordinária equipe. E a bola rola no gramado do Maracanã. O Fluminense, com time e técnico mais experientes, só precisava do empate para ser bicampeão e terminou em vantagem no primeiro tempo com o gol do zagueiro-capitão Pinheiro, de pênalti, aos 26 minutos.

               A reação do America começou cedo no segundo tempo, atacando para o gol à direita da tribuna de honra, estava sua torcida na arquibancada. Logo aos quatro minutos, o ponta-esquerda Nilo fez o gol de empate e ele próprio, aos 33, chutou forte e o goleiro Castilho rebateu de frente para o gol. O lateral-direito Jorge, que avançava bem, aproveitou para fazer o gol do título. Final de jogo, América 2×1 Fluminense. O Campeonato Carioca de 1960 foi disputado por 12 times, em turno e returno, todos contra todos. O America fez uma campanha bonita, com 16 vitórias, cinco empates e apenas uma derrota – 1 a 0, gol do zagueiro Zózimo – para o Bangu, na quinta rodada do turno. Marcou 39 gols, sofreu 15. Foi a sétima conquista do América, que, a partir de então e até hoje, jamais voltou a conquistar o campeonato.

               Amaro foi um dos destaques daquela equipe campeã. Fez um grande campeonato e com isto os dirigentes do América não teve como segurá-lo e acabaram vendendo-o a Juventus de Turim, Itália por um valor extraordinário para a época. Com o dinheiro da negociação, o presidente do clube, Giulitte Coutinho (que seria presidente da CBF entre 1980 e 1986), comprou a sede do Andaraí, onde foi levantado o pequeno estádio Volnei Braune, que mais tarde seria vendido para a construção de um shopping center.

CORINTHIANS

              Depois de jogar um ano na Itália, retornou ao Brasil e veio defender o Corinthians. Era uma época difícil, onde o clube não conquistava nenhum título. Sua estreia com a camisa alvinegra aconteceu dia 28 de outubro de 1962, quando o Corinthians enfrentou a Prudentina pelo segundo turno do Campeonato Paulista. O jogo foi no Estádio Municipal de Presidente Prudente e o alvinegro venceu por 3 a 0, com dois gols de Nei e um do estreante Amaro. Neste ano o time de Pelé & Cia. sagrou-se campeão paulista, pois tinha o melhor time do mundo, tanto é que sagrou-se campeão mundial interclubes ao vencer o Benfica em pleno Estádio da Luz em Lisboa.

              Em se tratando de Pelé, Amaro nunca teve sorte ao enfrenta-lo, pois  o Peixe sempre saia vencedor, foi a época do famoso tabu de 11 anos e um bom exemplo disto foi no dia 6 de dezembro de 1964, quando o Peixe venceu por 7 a 4, com 4 gols de Pelé. Ainda sobre a ligação Amaro e Pelé, durante o filme “Pelé Eterno”, Amaro tem uma curta participação no filme, e ela acontece num lance em que Pelé passa a bola entre as pernas de Amaro.

               Com a chegada de Dino Sani que fora contratado junto ao Milan e que chegava ao Brasil com grande moral, Amaro foi perdendo a condição de titular, sendo assim, sua última partida com a camisa do alvinegro aconteceu dia 23 de maio de 1965, quando o Corinthians empatou com o Vasco em 1 a 1 pelo Torneio Rio-São Paulo daquele ano. O gol corintiano foi anotado por Rivelino, enquanto que Oldair marcou para o clube de São Januário. O jogo foi no Maracanã e neste dia o técnico Osvaldo Brandão mandou a campo os seguintes jogadores; Cabeção, Baixa, Galhardo, Clóvis e Maciel; Edson (Amaro) e Rivelino (Luizinho); Sérgio Echigo (Manoelzinho), Flávio, Alex e Geraldo José. Pelo Corinthians, Amaro disputou 106 jogos, venceu 52, empatou 25 e perdeu 29. Marcou 6 gols a favor e 1 contra, que foi no jogo em que o Corinthians empatou com o Santos em 2 a 2 no dia 14 de dezembro de 1963, jogo este válido pelo Campeonato Paulista.

PORTUGUESA DE DESPORTOS

               Ao deixar o Parque São Jorge, Amaro foi jogar na Portuguesa de Desportos, onde jogou de 1965 até 1967. Na transação, foi para a Lusa também o lateral direito Augusto, enquanto que para o Corinthians veio o lateral direito Jair Marinho, que já havia jogado no Fluminense e sido reserva de Djalma Santos na Copa de 62, em que o Brasil sagrou-se bicampeão mundial. Uma das primeiras partidas de Amaro com a camisa da Lusa do Canindé, foi contra seu ex-clube. O jogo foi no Pacaembu e o Corinthians venceu por 2 a 1, gols de Gilson Porto e Dino Sani, enquanto que Abelardo marcou para a Lusa. Neste dia o técnico Aymoré Moreira, da Portuguesa escalou a seguinte equipe; Félix, Abelardo, Ditão, Vilela e Edilson; Wilson Pereira e Amaro; Almir, Nair, Aluísio e Márcio. Pela Portuguesa Amaro disputou 29 partidas e marcou dois gols.

               Em 1968 foi jogar no Bonsucesso, do Rio de Janeiro, onde encerrou a carreira. Depois resolveu encerrar a carreira e passou a trabalhar como treinador e dirigiu equipes como Olaria, Bonsucesso, o próprio América e o Comercial de Ribeirão Preto. Simultaneamente formou-se em Educação Física. Seus rendimentos eram de uma pequena aposentadoria por tempo de serviço, principalmente de uma loja de produtos esportivos em um shopping no Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste do Rio.

               Infelizmente na época em que Amaro jogou, os jogadores além de não ganharem muito, não se preocupavam com o futuro. Naquela época um jogador levava mais de dez anos para conseguir comprar uma casa, coisa que hoje qualquer cabeça de bagre compra em menos de um ano. Carro então, era coisa rara. Naquela época quando um jogador se aposentava normalmente iam para casa de parentes, o que era muito triste. Por isso, resolveu se envolver num projeto para criar a Casa do Ex-Jogador, em formato semelhante ao da Casa dos Artistas, que abriga veteranos em dificuldades.  

               Amaro apesar de bom jogador, teve pouquíssimas chances na seleção brasileira: na verdade, jogou apenas meio tempo, em 1961, contra o Paraguai. Mas o titular da posição era ninguém menos que Zito, do lendário Santos bicampeão mundial. Amaro faleceu aos 73 anos de idade e foi sepultado no Cemitério de Inhaúma, na capital fluminense. Deixou três filhos e quatro netos. Entrou para a história ao ser campeão carioca em 1960, o primeiro título do recém criado Estado da Guanabara.

1962   –  Em pé: Gérson, Mauro Ramos de Oliveira, Amaro, Jair Marinho e Amarildo   –    Agachados: Zagallo, Castilho, Altair e Baiano
Em pé: Jorge, Miltão, Lúcio, Sebastião Leônidas, Amaro, Wilson Santos e Olavo   –    Agachados: Canário, Calazans, Ilton Porco, Antoninho, João Carlos e Nilo
Em pé: Valmir, Oreco, Aldo, Amaro, Eduardo e Ari Clemente   –    Agachados: Marcos, Manoelzinho, Nei, Bazani e Lima
Em pé: Neco, Oreco, Aldo, Amaro, Eduardo e Ari Clemente   –    Agachados: Marcos Davi, Nei, Bazani e Lima
1965    –   Em pé: Augusto, Vilela, Ditão, Félix, Amaro e Edilson   –    Agachados: Mário Américo (massagista), Almir, Nair, Aloísio Mulato, Ademar e Ivair
Em pé: Augusto, Oreco, Amaro, Eduardo, Ari Clemente e Heitor   –    Agachados: Davi, Nei, Silva, Ferreirinha e Lima
Em pé: Amaro, Oreco, Cláudio, Eduardo, Ari Clemente e Heitor   –    Agachados: Marcos, Davi, Silva, Bazani e Lima
Em pé: Ari, Jorge, Djalma Dias, Amaro, Wilson Santos, Ivan e Olavo   –    Agachados: Calazans, Antoninho, Quarentinha, João Carlos e Nilo
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