FOGUEIRA: brilhou no Corinthians e na Ferroviária de Araraquara

                   Wanderley Nonato nasceu dia 11 de abril de 1942, na cidade de São José do Rio Preto – SP. Depois de atuar em equipes amadoras de Rio Preto, foi revelado no América de sua cidade natal, depois destacou-se na Ferroviária e chegou a atuar no Corinthians e na Portuguesa de Desportos no início da década de 1970, com o apelido de Fogueira, que carrega desde a infância. Este apelido foi dado pelo amigo Pica-Pau que começou a chamá-lo assim. Iniciou como lateral-direito, atuou como zagueiro, volante e firmou-se na lateral-esquerda. Tinha facilidade de chutar com as duas pernas. Pela equipe de Parque São Jorge, jogou no ano de 1970 e fez somente oito partidas, com três vitórias, três empates e duas derrotas. Depois foi para a Lusa do Canindé, onde ficou até 1972. Tem boas recordações da Portuguesa,  participou do jogo da inauguração do Canindé. Foram dois anos maravilhosos no clube, onde a torcida promovia belas festas.

INÍCIO DE CARREIRA

                    Fogueira morava perto do estádio Mário Alves Mendonça e deu os primeiros chutes pelo Santa Cruz. Depois disputou jogos amistosos em cidades da região pelo Asas e defendeu o Fluminense, da Vila Ercília, no Amadorzão de 1960, quando foi descoberto por Benedito Teixeira, o Birigüi, então diretor de futebol do América. Depois de algumas atuações pela equipe amadora do Rubro, Fogueira foi promovido ao profissional pelo técnico João Avelino e logo no início encarou uma bucha. O time estava disputando o Torneio da Morte, que definiria dois rebaixados da Divisão Especial (Paulistão) para a Primeirona (atual A-2). A Ponte Preta já havia caído.

                   Fogueira estreou no empate de 0 a 0 com o Corinthians, em Presidente Prudente. A situação da equipe no campeonato era delicada e não houve como evitar o rebaixamento. Corinthians de Prudente e Ponte Preta também caíram e o Juventus se salvou. Titular absoluto, em novembro de 1961 Fogueira recebeu uma proposta da Prudentina, recém-promovida ao Paulistão.

                  A direção americana pediu Cr$ 1,5 milhão pelo seu passe e mais Cr$ 500 mil pelo ponta-direita Adamastor, que também estava nos planos do time prudentino. Não houve acordo e os dois permaneceram no estádio Mário Alves Mendonça. Fogueira foi um dos principais jogadores do América, campeão da Série “João Mendonça Falcão” da Primeirona de 1962. Porém, na decisão que valia o acesso, o time rio-pretense foi superado pelo São Bento, de Sorocaba, após dois empates (0 x 0 e 1 x 1) e derrota por 2 a 1, no Pacaembu, na prorrogação.

                  Com atuações destacadas foi difícil conter o assédio de outros clubes. O técnico Rubens Minelli, que estava nas categorias de base do Palmeiras, o viu jogar e o indicou aos dirigentes palestrinos. “Fui ao Parque Antártica com o Dicão (o supervisor Oswaldo Iembo) e o meu irmão Sérgio”, relembra. “Eu receberia Cr$ 2 milhões de luvas e combinei os salários, mas não me adiantaram o dinheiro e acabei não indo para o Palmeiras”, acrescenta.

                  Em 1963, depois da frustrada negociação com o Verdão, Fogueira acabou vendido à Ferroviária por indicação de Arnaldo de Araújo Zocco, o Cana, representante da Federação Paulista de Futebol (FPF) e olheiro da AFE. A influência do engenheiro Antônio Pereira Lima, fundador do clube de Araraquara e do América, também pesou na decisão. Fogueira tornou-se um dos maiores símbolos da Ferroviária. Participou das campanhas da queda e da volta à Divisão Especial. Durante sete anos foi capitão e cobrador oficial de pênaltis do time. Carregou a tarja, inclusive, na memorável goleada de 4 a 0 sobre o Nápoli, vice-campeão italiano, no dia 9 de junho de 1968, em amistoso para entrega das faixas de bicampeã paulista do Interior à equipe de Araraquara. “Ficamos atrás apenas do Santos e do Corinthians.”

CORINTHIANS
Em 1970, Fogueira foi emprestado pela Ferroviária ao Corinthians para disputar o Torneio Roberto Gomes Pedrosa (atual Brasileirão). Ele estreou na vitória de 2 a 1 sobre o São Paulo, no Morumbi, no dia 11 de outubro. Os gols corintianos foram anotados por Aladim e Benê, enquanto que para o Tricolor do Morumbi, Terto marcou o único tento. Neste dia o Corinthians jogou com; Ado, 
Miranda, Ditão, Luiz Carlos e Fogueira; Dirceu Alves e Rivelino; Paulo Borges, Ivair, Benê e Aladim. O técnico era Aymoré Moreira. Não marcou nenhum gol nos oito jogos que disputou pelo Timão.

                   Não ficou no Corinthians em razão da derrota de Wadih Helu para Vicente Matheus na eleição presidencial do clube. Seu último jogo com a camisa do alvinegro de Parque São Jorge aconteceu no dia 11 de novembro de 1970, exatamente um mês depois da sua estréia no Timão. O jogo foi contra o Grêmio de Porto Alegre, que venceu a partida por 1 a 0. O jogo foi no estádio Olímpico e o único gol da partida foi anotado por Loivo aos 13 minutos do primeiro tempo.

PORTUGUESA

                   No ano seguinte, o técnico João Avelino o levou para a Portuguesa, onde permaneceu até 1972. “Tenho boas recordações da Lusa”, diz. “Participei da inauguração do estádio do Canindé e de jogos memoráveis.” No total, Fogueira defendeu a Portuguesa em 29 partidas nas edições de 1971 e 1972 do Campeonato Brasileiro. Foram sete vitórias, oito empates e 14 derrotas. Uma dessas sete vitórias aconteceu no dia 27 de agosto de 1972, quando a Lusa derrotou o Corinthians por 1 a 0 pelo segundo turno do Campeonato Paulista.

                   O jogo foi no Pacaembu e a Lusa neste dia jogou com: Joel Mendes, Humberto Monteiro, Marinho Perez, Calegari e Fogueira; Lorico e Samarone; Ratinho, Eneas, Basílio e Wilsinho. O técnico era Cilinho. O único gol da partida foi anotado por Basílio, o mesmo que alguns anos depois iria dar a grande alegria à Fiel Torcida Corintiana ao fazer aquele gol no dia 13 de outubro de 1977, que tirou o Timão da fila de 22 anos sem conquistar um título. Neste jogo de 1972, Basílio e Rivelino foram expulsos de campo pelo árbitro Dulcídio Wanderley Boschilia.  Depois Fogueira ainda jogou mais dois anos no Comercial, de Ribeirão Preto, onde pendurou a chuteira e foi treinador por sete meses. Preferiu não seguir carreira e decidiu abandonar o futebol para investir no comércio.

FORA DAS QUATRO LINHAS

                   Depois que encerrou a carreira de jogador de futebol, resolveu trabalhar por conta própria. Há 31 anos possui a Ótica Visão, localizada em frente à Câmara Municipal de Araraquara, onde mora com a mulher Maria Clara. Pai de Fernanda, Luciano e Lucas e avô de Maria Clara, Maria Fernanda e Larissa. Mas nem por isso deixou o futebol de lado, pois trabalha também como comentarista esportivo em uma emissora de rádio da cidade de Araraquara. Sempre perguntam a ele sobre o futebol de hoje, ele diz: “A gente vê certos jogadores que ganham muito e que não sabem aplicar o dinheiro. Eu acho que soube aplicar direitinho, mas sigo trabalhando”, fala o ex-lateral. Outro assunto que ele aborda é a diferença de salário da época em que jogava e agora. “Hoje qualquer jogador ganha uma fortuna e não joga nada. No meu tempo eram poucos que ganhavam bem, por isso aprendi a aplicar o que ganhava pois o futuro só à Deus pertence”.

                   Fogueira brilhou na Ferroviária e ficou marcado no coração da torcida como o capitão que comandou a campanha de 1966 que culminou com o título da segunda divisão e a volta da Locomotiva à Divisão Especial. A boa fase foi completada com o tricampeonato do interior: 67. 68 e 69. Quando relembra o passado, ele sente muita saudade do tempo que jogava na Ferroviária, um time que sempre revelou grandes jogadores. Quando um time grande ia jogar em Araraquara, quase sempre voltava sem a vitória, no entanto, voltava com alguma grande contratação. Pela AFE saíram jogadores que brilharam no futebol paulista, como por exemplo; Dudu, Faustino, Peixinho, Bazzani, Beni, Nei, Rosan, Pio, Parada, Davi, Ismael, Lance, Cabinho, Geraldo Scalera, Tales, Machado, Teodoro, Maritaca, Téia e tantos outros craques.

                  Também jogou no América de São José do Rio Preto e no Comercial de Ribeirão Preto. E foi no Comercial que encerrou sua carreira. Ainda hoje quando a conversa é sobre futebol, Fogueira sente saudade dos bons times da Ferroviária, isso ele também demonstra nos comentários sobre o atual time da Ferroviária, que luta para permanecer na série A2. “Os laterais precisam aparecer mais para o jogo. A zaga tem que sair jogando com qualidade evitando o balão, o meio campo não pode errar tantos passes seguidos”, conclui o capitão que comandou a volta da Ferroviária à Divisão Especial, em 1966, e até hoje é ídolo da torcida grená que tanto o respeita. 

                  Atendendo bem os clientes da ótica Visão, comentando os jogos da Ferroviária no microfone da Rádio Cultura, ou batendo papo com os amigos no Mercado Municipal, Fogueira é sempre moderado e humilde. Um cidadão que toda Araraquara admira e respeita, assim como nós amantes do futebol também o respeitamos por tudo que ele fez pelo nosso futebol, em especial, o futebol do interior.

Fogueira, ex-lateral-esquerdo da Ferroviária, Corinthians e Portuguesa de Desportos, morreu na madrugada do dia 15 de setembro de 2021, aos 79 anos, em Araraquara. O ex-atleta sentiu-se mal em casa, foi encaminhado ao hospital e submetido a um cateterismo, mas mesmo assim não resistiu. 

Em pé: Massagista Jair, Fogueira, Deodoro, Ulisses, Luis Américo, Marinho Peres e Orlando    –    Agachados: Xaxá, Lorico, Cabinho, Basílio e Piau
Em pé: Fogueira, Baiano, Fernando, Bebeto, Rossi e Machado    –   Agachados: Valdir, Maritaca, Téia, Bazani e Pio
1971   –    Em pé: Celinho, Carlos Alberto, Fogueira, Muri, Ticão e Rossi   –    Agachados: Valdir, Zé Luis, Lance, Bazani e Nascimento.
1970   –   Em pé: Fernando Sátiro, Fogueira, Getúlio, Mariani, Ticão, Bebeto Oliveira, Fernando Paolilo e Vail Mota    –    Agachados: Maurinho, Lance, Cabinho, Bazani e Nei
Peixinho, Maritaca, Rui Júlio e Fogueira
Em pé: Belvoni, Brandão, Fogueira, Joãozinho, Rossi e Machado   –    Agachados: Valdir, Leocádio, Téia, Bazani e Pio
Em pé: Aguillera, Calegari, Lorico, Fogueira, Carlos Alberto Torres, Deodoro e Marinho Peres   –    Agachados: Ratinho, Dirceu, Cabinho, Basílio e Piau
Em pé: Getúlio, Fogueira, Baiano, Ademir, Ticão e Fernando   –    Agachados: Nicanor, Zé Luiz, Cabinho, Maritaca e Bazani
1970   –  Em pé: Fogueira, Ado, Ditão, Dirceu Alves, Luís Carlos e Miranda   –    Agachados: Paulo Borges, Ivair, Benê, Rivelino e Aladim
Em pé: Carlos Alberto, Baiano, Fogueira, Begluomini, Bebeto de Oliveira e Rossi   –    Agachados: Waldir, Leocádio, Almeida, Bazani e Nei
Em pé: Marinho Peres, Fogueira, Lorico, Calegari, Orlando e Deodoro   –    Agachados: Ratinho, Samarone, Luizinho, Basílio e Piau
Em pé: Fogueira, Sá Puppo, Ulisses, Marinho Peres, Luiz Américo, Orlando, Arengui e o professor João Paulo Medina   –    Agachados: massagista Jair, Xaxá, Lorico, Cabinho, Basílio e Piau
Em pé: Toninho, Fogueira, Dudu, Geraldo Scalera, Beluomini e Zé Maria   –    Agachados: Peixinho, Tião Nego, Tales, Capitão e Nei
Em pé: Miranda, Fogueira, Ado, Ditão, Dirceu Alves e Luís Carlos   –   Agachados: Paulo Borges, Ivair, Rivelino, Benê e Aladim
Em pé: Dorival, Galhardo, Fogueira, Zé Maria, Rodrigues e Rubens Salles   –   Agachados: Antoninho, Alencar, Tales, Capitão e Pio
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