OSVALDO CUNHA: brilhou no Corinthians e no São Paulo F.C.

                   Osvaldo Domingues da Cunha nasceu dia 22 de abril de 1943, na cidade de Pedreira – SP. Portanto, ontem ele completou 70 anos de idade. Foi um lateral direito que fazia o seu feijão com arroz, sem jamais comprometer sua equipe. Jogou no Guarani de Campinas, no São Paulo, no Corinthians e no América Mineiro. Sua melhor fase foi sem dúvida, no alvinegro de Parque São Jorge, onde jogou de 1967 até 1970. No ano de 1969, teve uma contusão muito séria e ficou praticamente o ano todo sem jogar. Assim como esta contusão, teve outros momentos tristes no futebol, mas teve também muitas alegrias, como aquela noite de 6 de março de 1968, quando ajudou seus companheiros a quebrar o famoso tabu de 11 anos sem vencer o Santos (em campeonatos paulista), quando fez uma  de suas  melhores  partidas com a camisa do S. C. Corinthians Paulista, principalmente porque o ponta esquerda do Peixe era simplesmente o Edu.

INÍCIO DE CARREIRA

                    Quando garoto jogava no Cerâmica Santa Terezinha, depois passou a jogar o Esporte Clube Santa Sofia, ambos da sua terra natal. O clube Santa Sofia, um dos mais tradicionais de Pedreira, possui cerca de 10 mil associados e atividades em várias modalidades. De acordo com Adilson Dorigatti, conselheiro do clube, e o diretor geral de esportes, Marcos Ascêncio, há um trabalho social intenso dentro do clube. Procura-se proporcionar várias atividades e formar novos atletas tanto fisicamente quando nas atitudes dos associados e principalmente dos mais jovens. Como Pedreira fica bem próximo de Campinas, não foi difícil os dirigentes bugrinos descobrirem Osvaldo Cunha.

GUARANI

                   No início dos anos 60 ele chegou no Brinco de Ouro e logo passou a jogar como profissional. Em 1963 o Guarani tinha um bom time; Dimas, Osvaldo Cunha, Beliomini, Hilton e Eraldo; Zé Carlos e Tião Macalé; Tião, Berico, Américo e Osvaldo. No ano seguinte o bugre campineiro formou outra equipe que encantou a todos, tanto é, que no dia 18 de novembro de 1964, o Guarani recebeu no Brinco de Ouro o Santos de Pelé e não tomou conhecimento, goleou por 5 a 1. O árbitro da partida foi Armando Marques e os gols do alviverde foram marcados por; Carlinhos, Américo, Ditinho, Nelsinho e Babá, enquanto que o único tento do Peixe foi anotado por Ditinho contra.

                   Neste dia o Guarani jogou com; Sidney, Osvaldo Cunha, Ditinho, Diogo e Eraldo; Ilton e Américo; Joãozinho, Nelsinho, Babá e Carlinhos. A participação de Osvaldo Cunha pelo time campineiro naquele ano foi tão boa, que acabou sendo escolhido o melhor lateral direito do Campeonato Paulista e foi convocado para defender a Seleção Paulista naquele ano. Com isso, o Tricolor do Morumbi passou a namorá-lo e no ano seguinte acabou sendo contratado. Até hoje é lembrado como o melhor jogador na sua posição que vestiu a gloriosa camisa do Guarani Futebol Clube.  

SÃO PAULO

                  Quando Osvaldo Cunha chegou ao Morumbi, o time curtia um jejum de 8 anos sem títulos e isto ainda iria durar por mais 5 anos, pois o São Paulo ficou de 1957 até 1970 sem conquistar nenhum título, tudo por conta da construção de seu estádio. Foi uma época difícil para o torcedor são-paulino, pois os dirigentes do São Paulo davam prioridade ao estádio, enquanto que o time era deixado de lado. Sendo assim, Osvaldo Cunha chegou numa época de vacas magras no Tricolor, embora tivesse um bom time na época; Suli, Osvaldo Cunha, Bellini, Jurandir e Tenente; Roberto Dias e Del Vecchio; Faustino, Valter, Prado e Paraná. O técnico era José Poy.

                  Este foi o time que perdeu para o Corinthians por 2 a 1 no dia 18 de julho de 1965. Os dois gols do alvinegro foram de Flávio, enquanto que Prado marcou o único tento são-paulino. Devido ao bom Campeonato Paulista que realizou, Osvaldo Cunha acabou sendo convocado para a Seleção Brasileira em 1966, tendo a incumbência de substituir nada mais, nada menos que Djalma Santos. E assim, teve a honra de vestir a camisa azul da nossa seleção. Osvaldo Cunha jogou no São Paulo de 1965 até 1967. Nesse período disputou 76 partidas, sendo 34 vitórias, 23 empates e 19 derrotas. Marcou apenas um gol.

CORINTHIANS

                 Foi contratado pelo Corinthians em 1967 para substituir o lateral Jair Marinho, que estava deixando o clube e voltando ao Rio de Janeiro, desta vez para defender o Vasco da Gama. Junto com Osvaldo Cunha, veio o atacante Prado, que também defendia o São Paulo. Em troca o alvinegro cedeu o zagueiro central Eduardo. A estréia de Osvaldo Cunha com a camisa corintiana aconteceu no dia 9 de julho de 1967, quando o Timão goleou o Guarani por 4 a 1. Foi uma tarde que o centroavante corintiano Silvio não irá esquecer, pois foi o autor dos 4 gols do alvinegro. Zé Roberto marcou o único tento do Guarani. Neste dia o Corinthians jogou com; Barbosinha, Osvaldo Cunha, Ditão, Clovis e Maciel; Dino Sani e Rivelino; Bataglia, Prado, Silvio e Gilson Porto. O técnico era Zezé Moreira. Este jogo foi no Parque São Jorge e o arbitro foi Olten Aires de Abreu.

                 E as alegrias de Osvaldo Cunha com a camisa corintiana não iriam parar por aí, pois no ano seguinte ele disputou uma partida que entrou para a história do futebol. Tudo isto aconteceu no dia 6 de março de 1968, quando o Corinthians derrotou o Santos por 2 a 0. Neste dia foi quebrado o famoso tabu de 11 anos sem vencer o Peixe (pelo Campeonato Paulista). Para esta partida o técnico Lula do Corinthians, que havia trabalhado no Santos por 11 anos, sendo ele o técnico do Peixe quando iniciou o tabu, mandou a campo os seguintes jogadores; Diogo, Osvaldo Cunha, Ditão, Luiz Carlos e Maciel; Edson e Rivelino; Buião, Paulo Borges, Flávio e Eduardo. Do outro lado, o técnico Antoninho escalou; Cláudio, Carlos Alberto, Ramos Delgado, Joel e Rildo; Lima e Negreiros; Kaneko, Toninho Guerreiro, Pelé e Edu.  O árbitro da partida foi o argentino Roberto Goycochea, considerado um dos melhores árbitro da época.

                 Aos 13 minutos do segundo tempo, Paulo Borges desce pela esquerda, tabela com Flávio e recebe na frente. Mesmo desequilibrado, arrisca um tiro longo de esquerda. É gol !!!  Corinthians 1 a 0. A Fiel torcida corintiana vai a loucura. Mas exige-se muita atenção, afinal, Pelé estava em campo e tudo era possível. Aos 31 minutos, Rivelino sai driblando, aproxima-se da área e aguarda a infiltração de Flávio. Coloca o centroavante na frente do gol e este não desperdiça a chance e enfia o pé com vontade e faz 2 a 0. Final de jogo, festa por toda cidade de São Paulo.

                 Torcedores invadiram o gramado e Edu leva a bola, dizendo que iria dar de presente ao seu sargento que era corintiano. E para fechar aquela semana com chave de ouro, quatro dias depois, a Fiel voltava a vibrar, pois no domingo seguinte, o Corinthians venceu o Palmeiras de virada.  Estava perdendo por 1 a 0 com um gol de Tupãzinho aos 38 minutos do 1º tempo. Mas aos 41 minutos do 2º tempo Ditão empatou de cabeça e aos 44 Benê marcou o gol da vitória corintiana. Foram dois jogos que jamais sairão da memória de Osvaldo Cunha e do torcedor corintiano.

                 A última partida de Osvaldo Cunha pelo alvinegro foi dia 26 de setembro de 1970, quando perdeu para o Fluminense por 1 a 0 pelo Robertão daquele ano. O gol do tricolor carioca foi anotado por Flávio cobrando pênalti, o mesmo que tantas alegrias havia dado a torcida corintiana em anos anteriores. Neste dia o Corinthians jogou com; Ado, Osvaldo Cunha, Ditão, Luiz Carlos e Miranda; Suingue e Rivelino; Paulo Borges, Célio (Servilio), Ivair e Lima. O técnico era Aymoré Moreira e o jogo foi disputado no Maracanã. Com a camisa do alvinegro de Parque São Jorge, Osvaldo Cunha disputou 66 partidas, sendo 40 vitórias, 11 empates e 15 derrotas. Marcou um gol. Antes de encerrar a carreira, Osvaldo Cunha ainda jogou no América de Belo Horizonte, que ficou imortalizado quando sagrou-se campeão estadual em 1971.

FORA DAS QUATRO LINHAS

                  Aos 70 anos, ele é um patrimônio do clube pedreirense, por isso, a Prefeitura da cidade de Pedreira prestou uma bonita homenagem ao atleta de sua terra, pois Osvaldo Domingues da Cunha, tem o seu nome perpetuado na quadra poliesportiva da cidade. Na oportunidade foi mencionado o quanto Osvaldo, como jogador do Guarani, São Paulo e Corinthians elevou o nome do Município, por isso, a denominação da quadra poliesportiva com o seu nome é a gratidão da população pelo que fez em nome da Cidade. Osvaldo Cunha está sempre passando aos jovens sua experiência como atleta e diz; “Na minha carreira aprendi muita coisa. Eram tempos difíceis, mas nos quais o futebol era espetáculo, era alegria, era arte”.

Em pé: Almeida, Osvaldo Cunha, Pedro Rodrigues, Polaco, Suingue e Alexandre   –    Agachados: Lindóia, Servílio, Joel, Tião e Buião
Em pé: Osvaldo Cunha, Tenente, Bellini, Carlos Alberto, Fábio e Nenê    –    Agachados: Paraná, Prado, Babá, Fefeu e Adíber
América Mineiro de 1971   –   Em pé: Nego, Osvaldo Cunha, Pedro Omar, Alemão, Vander e Cláudio Mineiro    –  Agachados: Hélio, Dirceu Alves, Jair Bala, Amauri e Hilton Oliveira
1968   –   Em pé: Osvaldo Cunha, Lula, Luis Carlos, Dirceu Alves, Ditão e Vanderlei   –   Agachados: Buião, Tales, Paulo Borges, Rivelino e Eduardo
06-03-1968   –  Em pé: Osvaldo Cunha, Edson, Luiz Carlos, Diogo, Ditão e Maciel    –   Agachados: Buião, Paulo Borges, Flávio, Rivelino e Eduardo
1967   –   Em pé: Osvaldo Cunha, Ditão, Barbosinha, Clóvis, Dino Sani e Maciel     –   Agachados: Bataglia, Prado, Silvio, Rivelino e Gílson Porto
Em pé: Osvaldo Cunha, Nenê, Bellini, Adevaldo, Tenente e Fábio    –    Agachados: Ferreti, Prado, Babá, Benê e Fefeu
Em pé: Osvaldo Cunha, Dirceu Alves, Ditão, Luis Carlos, Edson, Lula e o massagista Davidson    –    Agachados: Paulo Borges, Tales, Parada, Rivelino e Eduardo
Em pé:Osvaldo Cunha, Ditão, Diogo, Edson, Luís Carlos e Maciel   –    Agachados: Marcos, Tales, Flávio, Rivelino e Eduardo
Em pé: Osvaldo Cunha, Carlos, Luis Américo, Luis Carlos, Lidu e Diogo    –    Agachados: Paulo Borges, Adnan, Flávio, Rivelino e Eduardo

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