CLUBE ATLÉTICO JUVENTUS – Fundado em 20 de Abril de 1924

                       O Clube Atlético Juventus foi fundado dia 20 de abril de 1924.  É um clube esportivo, recreativo e social da cidade de São Paulo. Suas cores são grená e branca. Criado pela colônia italiana da Moóca, bairro da região sudeste da capital paulista, tem no nome uma homenagem à Juventus de Turim. Já sua camisa era a princípio roxa, numa homenagem à Fiorentina, da Itália, mas, com o tempo, suas cores foram escurecendo para o grená. Tem o apelido carinhoso de “Moleque Travesso”, uma história que iremos contar com detalhes mais abaixo. O clube já chegou a Série B do futebol brasileiro em 1983, mas atualmente disputa as divisões inferiores do futebol paulista.

HISTÓRIA

                     Quando o clube foi fundado em 1924, chamava-se Rodolfo Crespi Futebol Clube e estava instalado numa modesta salinha localizada na Rua dos Trilhos, nº 42, fruto da fusão de dois clubes da várzea do bairro da Moóca, formado por empregados da fábrica de tecidos da família Crespi. Na ocasião decidiu-se pelas cores vermelho, preto e branco, como sendo as oficiais da nova agremiação, aproveitando as cores daqueles dois clubes, assim como dos jogadores que já gozavam de certo prestígio nos campinhos do bairro. No dia 24 de abril de 1925, o Cavalheiro Rodolfo Crespi ofertou a esta nova agremiação que tanto honrava o bom nome de sua fábrica no cenário esportivo um amplo terreno situado na Alameda Javry, nº 117 – atual Rua Javari, a fim de que naquele espaço, utilizado como cocheira de cavalos, fosse desenvolvida a prática do futebol em franca popularização na cidade em condições melhores e mais dignas. No ano de 1929, o clube fez uma campanha fantástica e acabou sagrando-se Campeão Paulista da Segunda Divisão. Fez 16 partidas, sendo 13 vitórias, 2 empates e somente uma derrota. Marcou 46 gols e sofreu 13. A decisão foi no dia 26 de janeiro de 1930, quando o Rodolfo Crespi F.C. venceu por 1 a 0 a A. A. República, no Estádio da Rua Javari. O único gol da partida foi marcado por Piccinin. Com esta vitória, o clube foi convidado a participar da Divisão Principal do futebol paulista.

MUDANÇA DE NOME

               No dia 19 de fevereiro de 1930, em Assembléia Geral Extraordinária, a diretoria do clube da Moóca resolveu mudar o nome da agremiação. Saía de cena o romântico Rodolfo Crespi F.C. e surgia o imortal CLUBE ATLÉTICO JUVENTUS. A sugestão do novo nome partiu do próprio Conde Rodolfo Crespi. As cores oficiais do clube passaram a ser grená e branco. Originalmente, os diretores do C.A. Juventus pretendiam usar as mesmas cores do uniforme da Juventus da Itália – preto e branco. Este fato criou um impasse, pois grande parte dos filiados dessa divisão; Corinthians, Ypiranga, Santos e outros, já ostentavam estas mesmas cores. Diante dessa situação o C. A. Juventus, sem opção, procurou não aderir às cores já existentes nas demais agremiações, muito menos as suas cores tradicionais: o preto, vermelho e branco, cores estas também adotadas pelo extinto São Paulo da Floresta e S.C. Internacional. Procurou-se, então uma cor sem semelhantes em clubes daquela divisão. Por sugestão de seu maior benfeitor Conde Rodolfo Crespi, que já havia sugerido a modificação do nome do clube para o de sua preferência na Itália, a Juventus, acabaram por optar pelas cores grená e branco, cuja semelhança tratava-se justamente da outra equipe da mesma cidade de Turim, o Torino.

COMO SURGIU O MOLEQUE TRAVESSO

               Tudo aconteceu no ano de 1937. O Corinthians vinha de 35 partidas invictas, fazia uma campanha extraordinária no Campeonato Paulista daquele ano. Até que veio o dia 7 de março, dia em que o alvinegro de Parque São Jorge iria enfrentar o Juventus lá na Rua Javari. A torcida corintiana dava como certa aquela vitória, afinal o time não sabia o que era uma derrota desde o dia 24 de novembro de 1935, quando perdeu para o Palestra Itália por 2 a 1. Foram um ano e quatro meses sem perder, ou seja, foram 29 vitórias e 6 empates. E o Juventus que fazia um campeonato muito fraco, já era tido como mais um que seria derrotado. Mas, dentro de campo a conversa foi outra. O time da Mooca chegou a fazer 4 a 0. Somente aos 38 do segundo tempo que o Corinthians marcou seu primeiro gol e o segundo aos 43 minutos. Placar final, Juventus 4×2 Corinthians. Fim da invencibilidade corintiana. A partir daquele dia, o Juventus passou a ser chamado de “Moleque Travesso”. Neste dia o Juventus jogou com; Setalli, Bororó e Tito; Joãozinho, Dudu e Paulo; Sebratti, Nico, Raphael, Jofre e Zale. Este jogo foi válido pelo Campeonato Paulista de 1936, cujo campeão foi o Palestra Itália.

               Outro jogo que entrou para a história entre Corinthians e Juventus, aconteceu dia 29 de abril de 1972, quando o Moleque Travesso derrotou o Corinthians por 1 a 0, gol de Brecha. Ninguém acreditava numa vitoria juventina, ou melhor, ninguém não, pois Eduardo Varela, que depois ficou conhecido por Dudu da Loteca acreditou e com isto ganhou sozinho na Loteria Esportiva daquela semana, tornando-se assim, o mais novo milionário, tal foi a zebra daquele jogo número 2 do Teste 85. O jogo em que o Juventus teve o maior público, também foi contra o Corinthians. Foi dia  22 de abril de 1979. O Juventus venceu por 1 a 0, gol de Ataliba. O jogo foi no Morumbi que recebeu um público de 74.859 pessoas.

ESTÁDIO CONDE RODOLFO CRESPI

                O Clube Atlético Juventus realizou no dia 13/07/1941 a inauguração do seu novo estádio num grandioso festival esportivo. Na partida preliminar as equipes do Nacional e do Ypiranga se enfrentaram. Na partida principal enfrentaram-se Juventus e Corinthians. O placar do jogo terminou em 3 x 1 em favor dos alvi-negros. Ferrari de pênalti fez o primeiro gol juventino em sua nova casa. A equipe do bairro da Moóca foi a seguinte: Roberto, Guimarães, Sordi (Ditão), Paulo, Sábia, Nico II (Laurindo), Oswaldinho, Ferrari, Jair (Renato), Walter, Robertinho. Técnico: Raul da Rocha Soares.

               No acanhado estádio da Rua Javari, já tivemos grandes jogos, sendo que um deles entrou para a história do futebol. Foi no dia 2 de agosto de 1959, quando se enfrentaram Juventus e Santos pela sétima rodada do Campeonato Paulista. Era um domingo a tarde e o jogo começou às quinze horas, porque o estádio da Rua Javari nunca teve iluminação própria e lá os jogos precisavam terminar antes que escurecesse. Com a presença de Pelé em campo, já era esperado um grande público, o que se confirmou, pois tivemos naquele dia uma arrecadação de Cr$ 622.225,00, que foi o recorde de arrecadação naquele estádio. Por que esse jogo entrou para a história? Porque foi nesse dia que Pelé marcou o gol mais bonito de sua carreira e também porque nasceu naquele momento, o famoso “soco no ar” de Pelé após cada gol.

JUVENTUS SINÔNIMO DE FAMÍLIA

               Quando se vai ao estádio da Rua Javari, na Moóca, fica fácil de entender por que dizem que o Juventus é uma família e também um time que tem um bairro. Diferentes gerações de moradores se encontram nas arquibancadas para cumprir um ritual tão antigo quanto as próprias raízes operárias da equipe: torcer por um time de futebol. Noventa anos de vida com uma realidade que não mais condiz com sua mística de Moleque Travesso, aquele que sempre aprontou com os grandes da capital. O Juventus sofre constantemente com a especulação imobiliária. O estádio da Rua Javari é sonho de consumo de diversas construtoras, que tencionam levantar prédios na região, cada vez mais valorizada. Os valores oferecidos são astronômicos e dizem chegar aos R$ 100 milhões. Diretores garantem que vender o patrimônio está fora de cogitação, mesmo que o time jamais volte para a elite do futebol. Numa área de 80 mil metros quadrados, o Juventus é o clube com maior número de associados do Brasil.

               Juventus e Javari estão ligados por um cordão umbilical que jamais pode ser rompido, pois a família juventina que desde seu nascimento, vibra, chora e se emociona a cada vitória ou derrota, pois ela carrega dentro do peito, um amor que somente o torcedor juventino sabe o que é. Uma das grandes atrações dos jogos é o “cannoli”, doce de origem italiana, vendido nos intervalos das partidas do Juventus, na Rua Javari. Realmente aquilo é uma verdadeira família. Ao chegar no estádio, um torcedor conhece o outro, por isso, chegam mais cedo só para colocarem o papo em dia, pois ali estão presentes, crianças, jovens e adultos, todos com o mesmo amor pelo nosso querido Clube Atlético Juventus.

               Você corintiano, flamenguista, são-paulino, palmeirense, vascaíno, colorado, gremista, botafoguense, tricolores cariocas e baianos, santista. Você, que vê seu time entre as 20 maiores torcidas do Brasil, faça um exercício de abstração. Pense que você não torce junto com mais 3 milhões de pessoas pelas mesmas cores, pelo mesmo amor. Esqueça os títulos fartos, as vitórias inesquecíveis e os craques indiscutíveis que passaram pelo seu time. Pense que você torce para o Juventus, um time cuja torcida tem 500 pessoas no Brasil inteiro, ou até mesmo no mundo inteiro. Um time que tem títulos esparsos e glórias advindas de vitórias sobre gigantes, um solitário gol de bicicleta. Um clube quase de bairro, que todos dizem amar, mas que poucos realmente sabem onde é o estádio.

               Conseguiu imaginar? O que você sentiu? Pena? Compaixão? Achou graça? Se sentiu ridículo? Então volte para o seu gigante. Ele estará lá, de braços abertos a lhe esperar. Sentiu prazer? Achou uma sensação esquisitamente agradável? Sentiu-se único, diferente? Pronto. Você descobriu o que é torcer para o Juventus. Agora, você de fato sabe o que é amar o futebol. Amor que é amor sobrevive a tristezas, a vitórias tão raras quanto intensas, as lágrimas carregadas de afeto, enfim, isso é ser Juventino. Por tudo isso, fica aqui os nossos cumprimentos ao Clube Atlético Juventus.

José Carlos de Oliveira

Deixe uma resposta