CRUIJFF: maior ídolo do futebol holandes

                   Johan Cruijff nasceu dia 25 de abril de 1947, na cidade de Amsterdam, na Holanda. Apontado como o melhor jogador holandês de todos os tempos e também considerado um jogador revolucionário, tático, ofensivo, vistoso e eficiente, inspirou muitos jogadores e treinadores a partir de suas extraordinárias atuações no Ajax da Holanda e principalmente na seleção dos Paises Baixos, durante a Copa do Mundo de 1974, que foi disputada na Alemanha, onde a Holanda assombrou o mundo com seu “Carrocel Holandês” e ficou em segundo lugar, ao perder para os donos da casa por 2 a 1. Se, atualmente, há no futebol jogadores polivalentes que podem atuar sem posição fixa no campo, sem prejuízo de suas atuações individuais, muito se deve a este genial craque e não menos a seu treinador no Ajax e na seleção holandesa, Rinus Michels.

                    Mesmo mais de trinta anos passados da Copa do Mundo de 74, ainda hoje aquela seleção da Holanda comandada por Cruijff, é lembrada por todos os torcedores, principalmente os brasileiros que naquela tarde de 3 de julho na cidade de Dortmund, viram Neeskens e Cruijff acabarem com nossas esperanças de continuarmos na competição, quando perdemos para a Holanda por 2 a 0.  Neste dia o Brasil jogou com; Leão, Zé Maria, Luiz Pereira, Marinho Peres e Marinho Chagas; Piazza, Rivelino e Paulo César; Valdomiro, Leivinha e Jairzinho.

A  INFÂNCIA

                   A década de 50 caminhava lenta. Em Betondorp, num pobre subúrbio de Amesterdão, perto do estádio do Ajax, vivia então um jovem traquinas que, com a mãe a trabalhar como empregada de limpeza dos balneários do Ajax, passava o dia nas ruas, perto da barraca de frutas e vegetais e seu pai, aos pontapés a todos os objetos semelhantes a uma bola. Era um menino magro e franzino chamado Joahn Cruijff. Quando tinha doze anos, o seu pequeno mundo sofreu um abalo, com a morte de seu pai, vitima de um ataque do coração. Foi então que a sua mãe, preocupada por ele passar todo o dia na rua, sem destino, pediu ao técnico das camadas jovens do clube para o acolher nas suas escolas. Nesse tempo, não passava de um monte de ossos. Com o tempo foi crescendo, e sob a orientação do Mister Jany van der Veen, transformou-se, com o seu talento inato, num futebolista inteligente e habilidoso.

AJAX

                  Em 1965 com 17 anos, nos últimos dias de Vic Buckingham como treinador do clube, Johan Cruijff estreou na primeira equipe do Ajax. A partir do final de 1966, os dois homens que iriam revolucionar o Ajax e todo o futebol holandês, Rinus Michels e Joahn Cruijff, estavam reunidos no laboratório do De Meer. Juntos, um no banco e outro no relvado, iriam tornar o Ajax um gigante do futebol europeu, revolucionar a abordagem táctica do jogo e criar o famoso Futebol Total. Para simbolizar o Futebol Total, um futebolista Total: Johan Cruijff, um líder por natureza. Quando jogava parecia dirigir tudo: a equipe, os companheiros, o ritmo de jogo, até o árbitro e o vendedor de sorvetes. Quando havia uma falta, agarrava a bola e passeava com ela debaixo do braço, ante o respeito de todos.

                   Falava, gesticulava, até ao momento em que, tudo normalizado, voltava a colocá-la na relva e o jogo só recomeçava quando ele o entendia. Foi um gênio dos gramados, ao nível de Maradona e Di Stefano. Tinha a mesma força física e mental destes dois monstros sul americanos, mas só ele a manteve a um nível tão alto de uma área a outra. Dribles secos e mudanças de velocidade estonteantes. Conduzia a bola como o estilo clássico de quem se sentia dono do mundo. Jogando pelo Ájax, foi campeão da Liga dos Campeões da UEFA por três vezes, em 1971, 72 e 73.

BARCELONA

                   Em 1973, seguiu Rinus Michels e rumou para Barcelona. Foi contratado a peso de ouro. Na época, foi a maior contratação da história e não decepcionou. Antes do primeiro jogo pelo Barça, já havia conquistado os torcedores do clube ao declarar que escolheu o time catalão em vez do rival Real Madrid, pois não poderia jogar em um clube associado ao ditador espanhol, Francisco Franco. Com a camisa do Barça, Cruijff teve grandes momentos de alegria, por exemplo, quando ganhou do Real Madrid por 5 a 0 em pleno estádio de Santiago Bernabeu, campo do Real. A felicidade das pessoas de Catalunha era simplesmente indescritível, algo sentimental.

                   Por isso, a derrota ou a perda de um título, as dores de seus torcedores são maiores. Na sua segunda temporada, deu ao clube o título espanhol após 14 anos de jejum. De quebra, foi o artilheiro da competição. Jogando pelo Barcelona foi campeão espanhol em 1974 e da Copa do Rei em 1978.  Até hoje o torcedor do Barça lembra de Cruijff com saudade, pois foi um ídolo que escreveu seu nome com letras de ouro no clube de Catalão. Em 1978, recusou-se a participar do Campeonato do Mundo na Argentina onde os Países Baixos foram vice-campeões outra vez. Alguns dizem que sua recusa foi um protesto contra a ditadura militar que vigorava na Argentina.

                    Outros acham que sua esposa, Dani Cruijff, o proibiu; durante a Copa de 1974, na Alemanha, jornalistas fotografaram os jogadores holandeses com mulheres alemãs nuas, na piscina do hotel. Receosa, Dani teria proibido Cruijff de ir à Argentina. Também é importante saber que, já em 1974, Cruijff anunciou numa entrevista que iria parar de jogar futebol quando fizesse 31 anos, o que veio a ocorrer em abril de 1978. Mas, em 1979, um ano depois de parar de jogar futebol, Cruijff tinha perdido todo seu dinheiro por causa de investimentos ruins. Por isso, resolveu voltar aos campos, começando nos Estados Unidos, mais precisamente no Washington Diplomats e, posteriormente no Los Angeles Aztecas.

DE VOLTA AO AJAX

                    Em 1981, com 34 anos, Cruijff regressou do futebol americano e sentiu que podia jogar mais uns anos. O Ajax recebeu-o de braços abertos, oferecendo-lhe um contrato razoável e uma percentagem na receita dos jogos em casa. Com o De Mer quase sempre cheio, Cruijff correspondeu. Ganhou o Campeonato, a Taça, e foi eleito jogador do ano. Na época seguinte, porém, quando pediu uma melhoria no contrato, o Ajax, incrivelmente, disse não ser possível Revoltado, Cruijff sentiu-se magoado e assinou pelo grande rival: o Feyenoord, que já não era campeão desde 1974, há nove anos. Assim, em 83/84, o mago holandês jogou em Roterdão e, claro, ganhou tudo. Campeonato, Taça e, mais uma vez, foi eleito, sempre com o nº14 nas costas, o jogador do ano. No final da época, com o ego do tamanho do mundo, abandonou Rotedão e encerrou a carreira.  

SELEÇÃO HOLANDESA

                    Pela seleção da Holanda, Cruijff realizou 82 partidas, sendo 48 oficiais, nas quais marcou 33 gols. Participou somente de uma Copa do Mundo, a de 1974 disputada na Alemanha. Foi uma seleção que encantou o mundo com sua “Laranja Mecânica”.  O goleiro jogava de camisa amarela e com o número 8 às costas. Cruijff com sua tradicional camisa nº 14 devido a sua superstição, porque com essa idade havia conquistado seu primeiro título.

FINAL DE CARREIRA

                   Porque já tinha 36 anos, o Ajax recusou oferecer-lhe um novo contrato. Para mostrar que o clube da capital havia cometido um erro, ele assinou um contrato de um ano com o arqui-rival Feyenoord. Pela primeira vez em 10 anos, o Feyenoord era campeão holandês, ganhando também a Copa dos Países Baixos. No dia 13 de maio 1984, com 37 anos de idade, Cruijff jogou sua última partida no futebol profissional contra PEC Zwolle, marcando um gol. Foi eleito o melhor jogador dos Países Baixos nos 50 anos da UEFA, nos Prêmios do Jubileu da entidade.

COMO TREINADOR E PESSOA

                   Treinou o Ajax entre 1986 e 1988 e o Barcelona entre 1988 e 1996 conquistando também muitos títulos, dentre eles a Liga dos Campões de 1992 com o Barcelona.  Cruijff costumava fumar 20 cigarros por dia antes de sofrer problemas cardíacos (foi operado do coração por duas vezes – cirurgia de ponte de safena), após o qual ele deixou de fumar e começou a usar pastilhas para deixar o cigarro. Foi também figura de cartaz de uma campanha anti-fumantes desenvolvida pelo departamento de saúde do governo catalão.

                    Era meio-campista e atacante, grande líder, armador de jogadas, um talento excepcional. Tinha uma velocidade incomparável e uma visão de jogo fora do comum. Considerado um dos melhores jogadores europeus de todas as épocas, ganhou três vezes a Bola de Ouro da Europa (71, 73 e 74).  Em toda sua carreira, Cruijff fez 425 gols em 752 jogos. Cruijff faleceu dia 24 de março de 2016.

Barcelona  1974/1975  – Em pé: Sadurni, Costas, Neeskens, De La Cruz, Marinho Peres e Migueli    –   Agachados: Rexach, Juan Carlos, Cruijff, Asensi e Marcial
Pelé e Cruijff
Seleção da Holanda na Copa de 1974

           

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