CLÁUDIO: maior artilheiro da história do Corinthians – 305 gols

                    Cláudio Christovam Pinho, nasceu dia 18 de julho de 1922 na cidade de Santos e faleceu dia 1 de maio de 2000, também na cidade de Santos. Se o gol realmente é o momento mais importante do futebol, ninguém foi tão importante para o Corinthians quanto Cláudio, o maior artilheiro da história do Timão, pois ele fez a Fiel delirar 305 vezes, durante os 12 anos que vestiu a camisa do alvinegro.  A parceria com Baltazar e Luizinho e os títulos do começo da década de 50 também refletem porque o craque tem um busto em sua homenagem no Parque São Jorge. Mas não foi apenas o brilhante desempenho no Corinthians que lhe trouxe reconhecimento, pois muito tempo antes do dinheiro mandar no futebol mundial, Cláudio alcançou um feito que só foi repetido 30 anos depois, ou seja, jogou pelos quatro grandes clubes de São Paulo.  Por mais paradoxal que pareça, ele não participou de nenhuma Copa do Mundo, mesmo na década de 50, quando estava no auge.

                  Nascido em Santos, começou a torcer para o time de Vila Belmiro, e lá iniciou sua carreira. Em 1940, com 17 anos, fez seu primeiro jogo como amador. Sua estréia foi contra o antigo SPR. Nesse jogo, a goleada por 5 a 1 garantiu ao recém-formado atleta, um “bicho” de cem mil réis.  As portas da Vila Belmiro se abriram para ele após uma indicação de um massagista. No ano seguinte, o atleta foi profissionalizado.  Em 1942, o zagueiro Agostinho o indicou e o Corinthians tentou contrata-lo, mas quem levou seu futebol foi o Palestra Itália. Sua vinda para a capital paulista foi meio tumultuada, pois ele tinha medo de São Paulo, só aceitou a proposta porque o salário era muito bom. Poucos meses depois que Cláudio chegou no alviverde, o clube mudou de nome, ou seja, de Palestra Itália, passou a chamar-se Sociedade Esportiva Palmeiras.  E com este novo nome, o primeiro gol marcado pelo Palmeiras foi justamente de Cláudio Christovam Pinho, numa vitória de 3 a 1 sobre o São Paulo F.C.. Cláudio também ajudou o alviverde a sagrar-se campeão paulista de 1942 com a seguinte formação; Oberdan, Junqueira, Begliomini, Zezé Procópio, Og Moreira, Del Nero, Cláudio, Waldemar Fiume, Villadoniga, Lima e Echevarrieta.

                  Sua passagem pelo Palmeiras durou apenas um ano, pois ele não se sentia bem na capital paulista, mesmo ganhando um bom dinheiro. Com a camisa alviverde Cláudio realizou 32 partidas (20 vitórias, 5 empates e 7 derrotas) e marcou 9 gols.Voltou para Santos onde ficou dois anos.  Porem, a sua carreira só iria engrenar de vez no Corinthians. Voltou para a capital, mas desta vez para ficar. Chegou no Parque São Jorge em 1945 e fez sua estréia no dia 18 de março, justamente contra o Palmeiras no Pacaembu. E sua estréia com a camisa alvinegra não poderia ser melhor, pois marcou um gol olímpico. Neste dia o Timão jogou e empatou em 1 a 1 com; Rato, Ariovaldo, Begliomini, Hélio, Branda, Palmer, Cláudio, Milani, César, Ruy e Hércules. 

                  Mas o auge de sua carreira foi na década de 50, quando o Corinthians formou uma verdadeira maquina de jogar bola, ganhando os títulos do Torneio Rio-São Paulo de 1950, 53 e 54 e os títulos paulista de 1951, 1952 e 1954.  Tinha um ataque sensacional; Cláudio, Luizinho, Baltazar, Rafael e Carbone, que em 1951, em apenas 28 jogos, marcaram 103 gols.  Cláudio era um ponta direita pequeno e rápido. Juntamente com Baltazar, eles tinham uma jogada característica. Muitos gols do Cabecinha de Ouro saíram de cruzamentos perfeitos de Cláudio e, a torcida corintiana se acostumou a ver isso muitas vezes nos 12 anos em que os dois jogaram juntos. Coincidentemente ambos chegaram e saíram do elenco profissional no mesmo ano (1945 – 1957).

                 De todos os títulos que conquistou, o mais comemorado por Cláudio foi o campeonato paulista de 1954, quando sagrou-se campeão do Quarto Centenário da capital paulista, ao empatar com o Palmeiras por 1 a 1 no dia 6 de fevereiro de 1955. Neste dia o Corinthians jogou com; Gilmar, Idário, Homero, Goiano e Alan; Roberto Belangero e Rafael; Cláudio, Luizinho, Baltazar e Simão.  Durante o período em que jogou pelo Corinthians, Cláudio recebeu o apelido de “Gerente”, pois foi capitão da equipe por dez anos, sempre liderando em campo. Sua última partida com a camisa do Corinthians aconteceu no dia 29 de dezembro de 1957, quando enfrentou o São Paulo na decisão do campeonato paulista daquele ano, onde o tricolor sagrou-se campeão ao derrotar o alvinegro por 3 a 1. 

                 Pelo Corinthians Cláudio jogou 549 partidas. Venceu 352, empatou 105 e perdeu 92. Marcou  305 gols e é até hoje o maior artilheiro da história do Corinthians.  Em 1958 assumiu o posto de técnico da equipe corintiana, substituindo Osvaldo Brandão que foi para o Palmeiras. Ficou 14 meses no cargo e, em 1959 voltou a jogar, agora defendendo o São Paulo F.C., que tinha a seguinte formação; Albertino, Riberto, Ademar, Vitor, Carlito, Gérsio, Cláudio, Celso, Gino, Roberto e Canhoteiro.  E foi no tricolor que Cláudio encerrou sua carreira no dia 21 de abril de 1960, na inauguração de Brasília.  Pelo São Paulo, Cláudio realizou 35 partidas. Venceu 22, empatou 5 e perdeu 8. Marcou 10 gols.  Parou de jogar quando estava com 37 anos de idade.

                 Na seleção brasileira, ele nunca alcançou o reconhecimento que merecia. A maior injustiça aconteceu na Copa de 1950 disputada aqui no Brasil, quando perdemos o título mundial para o Uruguai no Maracanã.  O técnico Flávio Costa preferiu convocar o zagueiro Alfredo do Vasco da Gama e deixou Cláudio ouvindo pelo rádio a derrocada brasileira.  Com a camisa canarinho, Cláudio foi campeão da Copa Rio Branco em 1947 e Sul-Americano em 1949.

                 Já aposentado, o ex-craque voltou a morar em Santos e se tornou campeão brasileiro de tamboréu, uma espécie de tênis disputado na areia e que tem na baixada santista, seu ponto de origem. Cláudio conseguiu brilhar na época em que o futebol brasileiro teve mais pontas-direitas bons. Aliás, bons não, excepcionais.  Havia Tesourinha que jogava no Internacional de Porto Alegre, Julinho Botelho no Palmeiras, Joel no Flamengo, Sabará no Vasco da Gama e Telê Santana no Fluminense. Uns mais, outros menos, mas todos eram grandes jogadores.

                E para os corintianos, ninguém foi melhor com a camisa 7 do clube de Parque São Jorge do que Cláudio Christovam Pinho, que defendeu o clube por 12 anos e sempre soube honrar aquela camisa, pois foi na sua época que o Timão conquistou o maior número de títulos, ou seja, em quatro anos conquistou seis títulos.  Para quem não o viu jogar, diz que Marcelinho Carioca foi o melhor ponta direita que o Timão já teve. No entanto, quem viu Cláudio jogar, não tem a menor dúvida que aquele homem de apenas 1,62m de altura, foi muito superior, pois além de ser um excelente cobrador de faltas, fazia cruzamentos perfeitos, colocando a bola onde queria. Prova disso, são os inúmeros gols que Baltazar fez de cabeça, que ao todo foram 71 e a maioria deles, com cruzamento de Cláudio.

               Corajoso, comandava a equipe e enfrentava os zagueiros adversários com dribles curtos e desconcertantes. Mesmo jogando na ponta direita, marcou 305 gols pelo Corinthians, prova que era realmente um grande jogador, daqueles que o torcedor corintiano até hoje sente saudade, pois infelizmente aquele futebol maravilhoso e romântico que encantava a todos, não existe mais. Hoje qualquer garoto que mal desponta no futebol, já é chamado de craque e seus empresários pedem uma verdadeira fortuna, coisa que nos tempos dourados do nosso futebol, não existia. Tudo era feito por amor a camisa e muita garra dentro de campo, pois eram verdadeiros homens que entravam em campo para defender as cores do seu clube, mesmo sabendo que não iriam receber aquilo que mereciam.

                Assim foi a carreira de Cláudio Christovam Pinho, que devido a problemas cardíacos, infelizmente nos deixou no dia 1 de maio de 2000 aos 78 anos. Hoje, a torcida corintiana em especial, lamenta e relembra com saudade aquelas tardes de domingo no Pacaembu, quando aquele ponta direita de pouca estatura, se preparava para bater mais um escanteio. O torcedor já ficava em pé, pois sabia que viria mais um gol de Baltazar de cabeça, pois o cruzamento como sempre, era perfeito. E o torcedor muito feliz começava a cantar: Gol de Baltazar, gol de Baltazar. Gol de cabecinha, um a zero no placar.

Em pé: Alan, Homero, Goiano, Idário, Roberto Belangero e Gilmar      –     Agachados: Cláudio, Luizinho, Baltazar, Rafael e Nonô
Em pé: Cabeção, Idário, Goiano, Homero, Olavo e Julião     –    Agachados: Cláudio, Luizinho, Carbone, Mário e Baltazar
Em pé: Alan, Homero, Clóvis, Valmir, Roberto Belangero e Gilmar      –     Agachados: Cláudio, Luizinho, Baltazar, Jackson e Nonô
Em Pé: Gilmar, Idário, Goiano, Julião, Murilo e Roberto Belangero      –     Agachados: Cláudio, Luizinho, Gatão, Jackson e Colombo
Em Pé: Cabeção, Idário, Julião, Murilo, Sula e Roberto Belangero     –     Agachados: Cláudio, Luizinho, Baltazar, Carbone e Mário
Em pé: Alan, Idário, Julião, Gilmar, Olavo e Roberto Belangero      –      Agachados: Cláudio, Luizinho, Rafael, Paulo e Zezé

Da esquerda p/direita: Gilmar, Rafael, Goiano, Homero, Idário, Alan, Nonô, Roberto Belangero, Simão, Luizinho, Cláudio e o técnico Osvaldo Brandão

 

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