MAZZOLA: campeão mundial com nossa seleção em 1958

                    José João Altafini nasceu dia 24 de julho de 1938, na cidade de Piracicaba (SP). Recebeu o apelido de Mazzola, por ser parecido fisicamente com o antigo centroavante italiano Valentino Mazzola, craque do Torino nos anos 40. Começou sua carreira no Clube Atlético Piracicabano, mas em pouco tempo já estava vestindo a camisa do alviverde de Parque Antarctica.

PALMEIRAS

                   Fez sua estréia com a camisa palmeirense dia 29 de janeiro de 1956, num jogo em que o Verdão perdeu para a Catanduvense por 4 a 3, numa partida amistosa. Sua passagem pelo Palmeiras não foi tão longa, mas acabou sendo marcante. Depois de estrear na equipe titular com apenas 17 anos, o atacante disputou mais duas temporadas pelo Verdão, antes de embarcar para a Itália, onde fez um sucesso ainda maior. Com uma média de  3  gols a cada quatro jogos,  Mazzola jogou no Palmeiras até 1958, nesse período não conquistou nenhum título, embora tivesse um grande time na época, que era assim formado; Nivaldo, Múcio e Milton, Dema, Valdemar Carabina e Formiga; Paulinho, Nilo, Mazzola, Tati e Rodrigues. No Palmeiras viveu momentos difíceis, mas deixou sua marca, pois até hoje os torcedores esmeraldinos lembram de Mazzola com muito carinho. Com a camisa alviverde, Mazzola realizou 114 partidas, com 47 vitórias, 26 empates e 41 derrotas.  Marcou 85 gols e está entre os 20 maiores artilheiros da história do Palmeiras. Sua despedida do clube de Parque Antárctica, foi no dia 16 de abril de 1958, quando o Palmeiras venceu o Jabaquara por 4 a 3 num jogo amistoso.

SELEÇÃO  BRASILEIRA

              Mazzola vestiu a camisa canarinho pela primeira vez, no dia 10 de julho de 1957, quando vencemos a Argentina por 2 a 0, gols de Pelé e Mazzola pela Copa Roca. Este jogo foi realizado no Pacaembu. No ano seguinte, participou do mundial da Suécia, onde saiu do Brasil como titular e formava um ataque com; Joel, Mazzola, Dida e Zagallo. Nesse mundial, Mazzola participou de três jogos pela seleção brasileira, começando os dois primeiros, contra Áustria e Inglaterra como titular. No último jogo da primeira fase, contra a Rússia, ele acabou perdendo a vaga no ataque para Pelé. Mas nas quartas-de-final, Mazzola voltou ao time no lugar de Vavá, que havia sofrido um entorse no jogo anterior.

             Depois do jogo das quartas-de-final, contra o País de Gales, onde o Brasil venceu por 1 a 0 gol de Pelé, (o primeiro em Copa do Mundo), Mazzola não voltou a jogar mais pela seleção naquele mundial. Em seus três jogos, marcou dois gols, sendo que um deles foi o primeiro gol brasileiro na competição (contra a Áustria).  Quando o Brasil iniciou a Copa, o time era assim escalado por Vicente Feola;  Gilmar, De Sordi, Bellini, Orlando e Nilton Santos; Dino Sani e Didi; Joel, Mazzola, Dida e Zagallo. Durante a competição entraram, Garrincha, Pelé, Vavá e Djalma Santos, que jogou só a partida final contra a Suécia.

MILAN

              Após a Copa de 58, Mazzola foi vendido ao Milan, da Itália, que desembolsou aproximadamente 25 milhões de cruzeiros para tirá-lo do Parque Antarctica. Com esse dinheiro, o Palmeiras contratou Julinho Botelho e Djalma Santos. Assim como Didi foi jogar na Espanha, onde passou a defender o Real Madrid e enfrentar Vavá, que também havia saído do Palmeiras para jogar no Atlético de Madrid, na Espanha.  A diferença é que Mazzola, por possuir dupla cidadania, adaptou-se melhor na Europa. Não só defendeu o Milan, como também a Juventus e o Napoli.  Também virou atacante da seleção italiana. E, até os dias atuais, é conhecido como o jogador que disputou duas Copas do Mundo por países distintos. Jogou na Itália por quase 20 anos. Lá, Altafini, como era chamado na Itália, conquistou quatro campeonatos italianos (três pelo Milan e um pela Juventus), uma Copa dos Campeões e uma Recopa, ambos pelo Milan, que na temporada de 1961/62, tinha a seguinte equipe; Giorgio Ghezzi, Radice, Danova, David e Maldini; Rivera e Dino Sani; Trapattoni, Mazzola, Barizon e Salvatore. 

              Como vocês perceberam, havia outro brasileiro nesta equipe, pois Dino Sani também jogou de 1961 a 1963 na equipe milanesa. Mas não pára por ai a lista de brasileiros que jogavam no Milan nesta época, pois havia também o Amarildo, que havia feito uma grande Copa em 62 no Chile, ao substituir o Rei do futebol, Pelé. E foi no ano de 1963, que o Milan disputou o título do mundial interclubes com o Santos. A primeira partida aconteceu na Itália e a equipe rubro negra de Milão venceu por 4 a 2. Pelé marcou os dois gols do Peixe, enquanto que para os italianos marcaram Amarildo (2), Trapattoni e Mora. Esta partida aconteceu no dia 16 de outubro de 1963, no estádio San Siro na cidade de Milão, Itália.

              Na segunda partida, o Santos preferiu jogar no Maracanã, para fugir dos torcedores corintianos, são-paulinos e palmeirenses, que certamente iriam torcer contra. Os brasileiros, Amarildo e Mazzola, eram os destaques do time italiano. Pelé, por motivo de contusão, ficou de fora da segunda partida, entrando em seu lugar Almir, o Pernambuquinho, que prometeu acertar Amarildo e dar o título aos santistas. Esta partida aconteceu dia 14 de novembro e o placar foi o mesmo do primeiro confronto entre Santos e Milan, só que desta vez, a vitória sorriu para os santistas, 4 a 2. O Milan chegou a estar vencendo por 2 a 0, com gols de Mazzola e Mora.  Dia 16 de novembro de 1963, novamente Santos e Milan pisam o gramado do Maracanã, e desta vez para definir quem realmente seria o grande campeão mundial interclubes. 

             Para esta grande decisão, o Milan entrou no gramado do Maracanã com a seguinte formação; Balzarini, Belagalli, Maldini, Trebbi, Trapattoni e Benitez, Lodetti e Mora, Mazzola, Amarildo e Fortunato.  Foi um jogo arrastado, de estudos, que só foi decidido num pênalti, bem cobrado pelo lateral santista Dalmo.  Com o 1×0, o Santos conquistou o bicampeonato mundial interclubes. O Santos jogou e venceu com; Gilmar, Ismael, Mauro, Haroldo e Dalmo; Lima e Mengálvio; Dorval, Coutinho, Almir e Pepe. Mazzola também se destacou na Itália como um grande goleador. Juntamente com Giuseppe Meazza, que foi o maior ídolo do futebol italiano antes da segunda guerra, Mazzola é o terceiro maior artilheiro da história da Série A, com 216 gols em 459 partidas pelo Milan, Juventus e Nápoli.  Além de conquistar vários títulos pelo Milan, entre 1958 e 1969, e pela Juventus, entre 1969 e 1973, Altafini se tornou um dos maiores  goleadores da história do campeonato nacional da Itália.

CIDADÃO ITALIANO

              Filho de pai e mãe italianos, Mazzola não só atuou por muitos anos no futebol da Itália, mas acabou tornando-se cidadão italiano e chegou a defender a seleção nacional até em Copas do Mundo, como aconteceu em 1962, no Chile, defendendo as cores da squadra azzurra.  Depois que se naturalizou como cidadão italiano, passou a ser chamado pelo seu sobrenome, Altafini. Já pela seleção brasileira, sua participação foi curta, porem, marcante. Foram 11 jogos com a camisa canarinho, com a qual ele conquistou nove vitórias, empatou um jogo e perdeu somente uma vez. Marcou 8 gols com a camisa verde amarela.  Mazzola ainda teve uma breve passagem pelo futebol da Suíça, para só então encerrar sua carreira no futebol, já quarentão. Nunca mais voltou em definitivo ao Brasil. Só em férias, e de passagem. Durante muitos anos, comandou um bem-sucedido programa de esportes na televisão italiana.

              Durante os vinte anos que jogou, Mazzola conquistou vários títulos; Campeão Mundial pela seleção brasileira em 1958. Campeão italiano pelo Milan em 1959, 62 e 68. Campeão pela Juventus de Turim em 1972 e 73. Campeão da Recopa pelo Milan em 1968 e Campeão dos Campeões pelo Milan em 1969. Realmente foi uma carreira de sucesso, para um jogador que começou no humilde Clube Atlético Piracicabano e foi ganhar a glória em campos europeus.  Hoje vive em Turim. A casa de Mazzola tem o aspecto de uma residência marcadamente burguesa, apesar da infância relativamente modesta do famoso futebolista. É no “living room” que Altafini curte sua saudade do Brasil, ouvindo nas tardes livres, discos do carnaval passado. Ele ainda tem tempo para se interessar pelas artes plásticas: seu apartamento está decorado com quadros de um amigo, Corrado Cagli.  

              Em toda a Itália, quando se fala em Mazzola, todos procuram lembrar que ele herdou o caráter reto de sua mãe, Maria Marchesi, de origem italiana. Sua grande paixão é o cinema. Se pudesse, iria ao cinema diariamente. Não discrimina o gênero: tanto pode ser um faroeste como um policial francês. Tudo serve para satisfazer sua necessidade de diversão. Certa vez perguntaram a Mazzola se pretendia voltar ao Brasil e ele respondeu que ainda não havia nada definido. “Talvez mais tarde. Economicamente, deu para fazer um pé de meia. (Altafini foi um dos jogadores mais bem pagos da Itália). Não que eu seja milionário, vejam bem, pois os gastos são muito grandes, como o Imposto de Renda, vida muito cara na Europa etc.” E quando lhe perguntaram se ele se considera um homem realizado profissionalmente, ele respondeu: “Não posso me lamentar nestes 50 anos de Europa. Muito pelo contrário. Foi uma coisa que caiu do céu. Eu aspirava, no futebol brasileiro, ser apenas um jogador profissional na minha cidade de Piracicaba. Realizei-me mais do que pretendia.”

Em pé: De Sordi, Jadir, Nilton Santos, Gilmar, Mauro e Roberto Belangero      –     Agachados: Garrincha, Moacir, Mazzola, Pelé e Canhoteiro
Em pé: Preparador Físico Paulo Amaral, De Sordi, Zózimo, Zito, Nilton Santos, Castilho, Mauro e o técnico Vicente Feola     –    Agachados: Joel, Moacir, Mazzola, Dida e Zagallo
Em pé: Djalma Santos, Gilmar, Olavo, Zito, Ramiro e Mauro      –     Agachados: Maurinho, Luizinho, Pagão, Mazzola e Pepe
MILAN – 1963      –     Em pé: Belagalli, Trebbi, Dino Sani, Maldini, Benitez e Lodetti      –     Agachados: Trapattoni, Mora, Balzarini, Mazzola e Fortunato
Em pé: De Sordi, Zito, Bellini, Nilton Santos, Orlando e Gilmar Agachados: Garrincha, Didi, Mazzola, Pelé e Zagallo
Em pé: De Sordi, Dino Sani, Bellini, Nilton Santos, Orlando e Gilmar Agachados: Joel, Didi, Mazzola, Dida e Zagallo

           

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