ORLANDO: campeão mundial com nossa seleção em 1958

                   Orlando Peçanha de Carvalho nasceu dia 20 de setembro de 1935, em Niteroi (RJ). Foi um jogador que colecionou títulos ao longo de sua carreira. Marcou época no Vasco da Gama, no Santos, no Boca Juniors da Argentina e também em nossa Seleção Brasileira, na qual foi o quarto zagueiro titular na Copa de 1958, disputada na Suécia, quando conquistamos o primeiro título mundial.  Começou no Vasco em 1955 e, aos 20 anos, logo assumiu a posição de titular. Formou dupla de zaga com Bellini, o mesmo que seria seu companheiro na seleção brasileira no mundial de 58.  

VASCO DA GAMA

                 Jogou no Vasco até 1960 e nesse período conquistou vários títulos, como por exemplo; campeão carioca em 1956, campeão da Taça Tereza Herrera,  do  Torneio  Rio-São Paulo  e  também  da  Taça de Paris em 1957, campeonato carioca e o Super Campeonato Carioca em 1958. Nesse período em que defendeu as cores cruzmaltina, o Vasco sempre teve excelentes times, como este do ano de 1958 quando fez uma excelente temporada pelo alvinegro de São Januário e ajudava o Vasco a conquistar mais um titulo, o Super Campeonato Carioca. Vasco, Botafogo e Flamengo participaram do Torneio. O Vasco venceu o Botafogo por 2 a 1 e empatou com o Flamengo em 1 a 1.

               No jogo da decisão contra o Flamengo, o Vasco entrou em campo com a seguinte formação; Barbosa, Dario, Bellini, Orlando e Coronel; Écio e Rubens; Sabará, Almir Pernambuquinho, Vavá e Pinga, sem dúvida, uma verdadeira seleção, tanto é, que praticamente todos vestiram a camisa da nossa seleção. Quando o técnico Vicente Feola fez a convocação para a Copa de 58, ele não pensou duas vezes, convocou a dupla de zaga do Vasco, Bellini e Orlando, pois eram no momento, sem dúvida alguma os melhores na posição, também porque já estavam acostumados a jogarem juntos. Foram convocados também para a zaga, Mauro Ramos de Oliveira como reserva de Bellini e Zózimo como reserva de Orlando.

SELEÇÃO BRASILEIRA

                A nossa seleção saiu desacreditada do Brasil, tanto torcedores como dirigentes não tinham muita confiança em nossa equipe. Mas no decorrer da competição, com as vitórias conquistadas, a opinião de todos foi mudando a cada jogo. Finalmente chegou o dia da grande decisão, 29 de junho de 1958, e lá estava nossa seleção, disputando mais uma final de Copa do Mundo, uma vez que em 1950 já havíamos disputado contra o Uruguai e saímos derrotados em pleno Maracanã. Mas desta vez era bem diferente, pois tínhamos em campo os seguintes jogadores; Gilmar, Djalma Santos, Bellini, Orlando e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo.

               Nosso adversário era a dona da casa, a poderosa Suécia, mas que teve que se render ao nosso futebol que encantou o mundo inteiro, principalmente com um menino de 17 anos, que surgia para o mundo como o maior jogador de futebol de todos os tempos, sendo depois, chamado de o Rei do Futebol, o nosso eterno Pelé. O placar final daquela decisão, foi de 5 a 2 para o Brasil, que pela primeira vez conquistava um mundial. E depois que Bellini ergueu a Taça de Ouro, os jogadores deram a famosa volta Olímpica. Estava sendo realizado um sonho de vinte oito anos, depois daquela catástrofe de 1950.

              Orlando ficou de fora da seleção bicampeã em 1962 e voltou a participar da Copa de 1966, disputada na Inglaterra, na qual disputou apenas uma partida, a derrota por 3 a 1 para Portugal, jogo em que o Brasil foi eliminado da competição ainda na primeira fase. Nesse jogo Orlando foi o capitão da nossa seleção e o time jogou assim; Manga, Fidélis, Brito, Orlando e Rildo; Denilson e Lima; Jairzinho, Silva, Pelé e Paraná.  Pela Seleção Brasileira, Orlando sagrou-se campeão da Copa de 1958, da Taça Bernardo O´Higgins em 1959, da Taça Atlântico e da Copa Roca em 1960. Com a camisa canarinho, disputou 34 partidas, venceu 25, empatou 8, perdeu apenas uma vez e nunca marcou um gol.

BOCA JUNIORS

              Ao retornar da Copa de 58, vários clubes começaram a namorar o futebol de Orlando Peçanha. Sua habilidade na antecipação e a tranqüilidade na saída de bola chamaram a atenção de dirigentes do Boca Juniors, da Argentina. Mas só depois de dois anos, foi que o Boca conseguiu contrata-lo junto ao Vasco da Gama. Mais um desafio na carreira de Orlando. Mas, confiante em seu futebol, ele soube honrar o futebol brasileiro, fazendo belíssimas partidas pelo clube argentino. No clube argentino, Orlando jogou até 1964, sempre como capitão do time.

               Nesse período foi campeão nacional por duas vezes, em 1962 e 1964, e recebeu da crônica esportiva o apelido de “O Senhor do Futebol”. No ano de 1963, Orlando fez uma partida que até hoje ele comenta, pois jogando por clube argentino, enfrentou um clube brasileiro que foi o Santos, na decisão da Taça Libertadores da América. Era uma melhor de três. A primeira partida foi realizada no Brasil, mais especificamente no Maracanã, pois os dirigentes santistas achavam que corintianos, palmeirenses e são-paulinos, iriam torcer contra se jogasse em São Paulo.

              Neste primeiro jogo, o Santos venceu por 3 a 2 com dois gols de Coutinho e um de Lima. Para o Boca, os dois gols foram marcados por Sanfilippo.  A segunda partida foi realizada uma semana depois, no estádio La Bombonera, que estava completamente lotada para recepcionar seus jogadores; Herrera, Simeone, Madalena, Orlando e Silveira; Rattin e Menendes; Rojas, Grillo, Sanfilippo e Gonzales. Do outro lado todo de branco, estava o Santos que na época tinha um time imbatível; Gilmar, Dalmo, Mauro, Calvet e Geraldino; Zito e Lima; Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe.  

              O Boca saiu na frente com um gol de Sanfilippo, mas com gols de Coutinho e Pelé, o Santos venceu a partida por 2 a 1 e sagrou-se Bicampeão da Taça Libertadores da América. Este jogo aconteceu no dia 11 de setembro de 1963. Depois daquela belíssima apresentação diante da equipe santista, os dirigentes da Vila Belmiro procuraram imediatamente contratar Orlando, mas este namoro durou dois anos, pois somente em 1965 aconteceu o casamento entre Santos e Orlando.

SANTOS F.C.

              Quando chegou na Vila Belmiro, o Santos tinha um time recheado de craques, mas com toda sua categoria, não demorou para ganhar a posição de titular. O time peixeiro daquele ano era o seguinte; Gilmar, Carlos Alberto, Mauro, Orlando e Modesto; Zito e Lima; Peixinho, Coutinho, Pelé e Abel. E já no seu primeiro ano de clube, sagrou-se campeão paulista e também a Taça Brasil de 1965. No ano seguinte foi campeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Depois voltou a conquistar o título paulista em 1967, 68 e 69. Tudo isto, sem falarmos dos inúmeros Torneios que o Santos conquistou pelo mundo a fora. No ano seguinte, em 1970, voltou ao Rio de Janeiro, para encerrar sua carreira no clube que a iniciou, ou seja, no Vasco da Gama.

FORA DAS QUATRO LINHAS

              Depois que encerrou a carreira de jogador, partiu para a profissão de treinador. Começou nas categorias de base do Vasco, depois trabalhou no Fluminense de Feira de Santana, CSA de Alagoas, América de São José do Rio Preto, Joinville de Santa Catarina, Dom Bosco de Cuiabá e também do Sport de Kazma Clube da Arábia Saudita. Em 1983 retornou ao Brasil e trabalhou no Taubaté. E para encerrar a carreira de técnico, dirigiu a seleção nacional dos empregados da Petrobrás, que disputou a Copa Internacional no Chile em 1999. Depois passou a dar palestras e participar de Fórum de debate sobre o futebol brasileiro, junto a Confederação Brasileira de Futebol – CBF. Participou de diversos simpósios sobre futebol em vários países, como a Grécia, Argentina, Israel, Espanha, Inglaterra, Alemanha e França. Foi diretor executivo da União Sul Americana de Treinadores de Futebol Latino Americano e membro da União Européia de Treinadores de Futebol.

              Revelado nas divisões de base do Vasco, sua grande virtude era a antecipação e a tranquilidade com que saia jogando. Seu futebol é lembrado pelo vigor físico, que impunha respeito sem o uso de violência. Tinha uma ótima antecipação e uma marcação precisa. Aos 23 anos, Orlando apresentou na Suécia um estilo que mesclava firmeza e elegância, características que vinham desde as categorias de base. Orlando esbanjava firmeza, formando a dupla de zaga com Bellini no Vasco e na seleção, onde foi titular campeão mundial de 1958. Depois foi desfilar nos gramados argentinos toda sua categoria. Ficou por lá quatro anos e depois retornou ao Brasil para jogar num time que na época era temido por todos, pois era uma verdadeira seleção, o Santos F.C., onde conquistou inúmeros títulos. Finalmente, em 1970 retornou ao seu clube de origem e por lá encerrou sua brilhante carreira de jogador de futebol.

              Orlando, o Orlando Peçanha de Carvalho, marcante quarto-zagueiro do Vasco da Gama, Seleção Brasileira, Boca Juniors e Santos F. C., faleceu dia 10 de fevereiro de 2010.

Em pé: De Sordi, Zito, Bellini, Nilton Santos, Orlando e Gilmlar    –   Agachados: Garrincha, Didi, Mazzola, Pelé e Zagallo
Em pé: De Sordi, Dino Sani, Bellini, Nilton Santos, Orlando e Gilmar     –   Agachados: Joel, Didi, Mazzola, Dida e Zagallo
Em pé: Djalma Santos, Zito, Bellini, Nilton Santos, Orlando e Gilmar    –    Agachados: Garrincha, Didi, Pelé, Vavá e Zagallo
Em pé: Carlos Alberto, Lima, Geraldino, Orlando, Gilmar e Mauro    –    Agachados: Toninho Guerreiro, Mengalvio, Coutinho, Pelé e Abel
Em pé: Carlos Alberto, Lima, Orlando, Gilmar, Oberdan e Zé Carlos    –  Agachados: Dorval, Mengalvio, Del Vecchio, Toninho Guerreiro e Abel
Em pé: Laerte, Miguel, Paulinho, Bellini, Écio, Orlando, Coronel e Barbosa    –  Agachados: Roberto Pinto, Sabará, Rubens, Livinho, Delem, Almir, Pinga e Dario
BOCA JUNIORS – Em pé: Rattin, Marzolini, Carlos Ricco, Roma, Benitez e Orlando   –    Agachados: Maurinho, Dino Sani, Paulo Valentim, Grillo e Yudica
Em pé: Djalma Santos, Bellini, Manga, Orlando, Dudu e Rildo   –  Agachados: Jairzinho, Gerson, Flávio, Pelé e Paraná
Em pé: Orlando, Manga, Brito, Denilson, Rildo e Fidélis    –   Agachados: Jairzinho, Lima, Silva, Pelé e Paraná
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