COPA de 1978

                        A FIFA aprovara a decisão de alternar, entre a Europa e as Américas, as sedes do turno final dos Campeonatos Mundiais de Futebol, mas ainda não concordara em designar a Argentina, autora da proposição, como sede da Copa enquanto os problemas do presidente Arturo Ilia com os sindicatos peronistas não fossem superados. Um mês antes do Congresso de Londres em 1966, um golpe militar depôs Ilia e colocou no poder, com o apoio dos peronistas, o general Ongania. Assim, a Argentina foi indicada para realizar o Mundial de 1978 com 12 anos de antecedência, mas nada havia sido feito quando João Havelange que apoiara a candidatura argentina, assumiu a presidência da FIFA em 1974. A Argentina estava a beira de uma guerra civil e mergulhada na maior crise de sua história. Dois anos antes do início da Copa, o General de Brigada Omar Carlos Actis foi assassinado com tiros de metralhadora a vinte quilômetros do Ente Autárquico Mundial, organismo recém criado pelo governo para organizar a Copa do Mundo. O atentado foi apenas mais um entre os muitos que abalaram o país. Na Argentina se respirava um clima de terror. Teria a Argentina condições de organizar um grande acontecimento esportivo como uma Copa do Mundo?

                       As quinze delegações visitantes, os milhares de turistas que transitariam pelas ruas, hotéis, restaurantes, teatros e estádios, estariam salvos da ação cada vez mais frequente dos guerrilheiros? Essa era a pergunta que o mundo fazia. O novo presidente da Ente Autárquico Mundial, Antonio Luís Merlo, também general de brigada, protestava; “Na Argentina não há guerrilheiros e muito menos estamos às portas de uma guerra civil”. Muitos países não pretendiam ir a Copa. Lembram que, só naquele ano de 1976, ano do golpe militar que levou ao poder o general Jorge Rafael Videla, 1.419 cadáveres tinham sido oficialmente identificados pelas autoridades, vítimas de sucessivos choques entre o terrorismo e a repressão.

                         Certo dia, alguém disse que “A paixão pelo futebol tudo pode”. Pode até promover uma paz que se julgava impossível. Em abril de 1978, o Movimento Peronista Montoneros propôs ao presidente da República Rafael Videla, uma trégua durante a Copa do Mundo. Em nome da paixão pelo futebol, os Montoneros assinaram uma ordem geral, proibindo seus membros de qualquer operação armada ou ação que viesse a pôr em risco a integridade física de jogadores, dirigentes, jornalistas e visitantes. Os Montoneros também queriam ver a Argentina campeã do mundo. Mesmo assim, um verdadeiro exército armado de granadas e metralhadoras, fizeram parte de um esquema cuidadosamente montado pelo governo.

                         Havia 97 países inscritos para as eliminatórias em 19 de novembro de 1975, dia do sorteio na Guatemala, depois chegou-se a 102, apesar da pressão para que a Copa fosse cancelada ou transferida para outro país, pois a situação interna da Argentina, realmente era muito difícil. Mas, apesar dos acontecimentos, a FIFA manteve o calendário e montou a tabela de jogos para preencher nove vagas europeias, duas sul-americanas, uma africana, uma asiática e uma das América Central, do Norte e Caribe, além do país anfitrião e do campeão do último mundial, no caso a Alemanha Ocidental.

                         O sorteio de 14 de janeiro de 1978, no Centro Cultural San Martin em Buenos Aires não foi totalmente aleatório. Atendendo ao sistema de disputa da Copa, os cabeças de cada um dos quatro grupos foram escolhidos, antecipadamente pelo Comitê Organizador e os 12 países restantes em três urnas. Os mais fortes, os menos fortes e os de menor tradição, respeitados ainda outros critérios, principalmente o geográfico. Ser “cabeça de cada grupo” valia o privilégio de não se deslocar nas oitavas, à exceção da Alemanha, que, como campeã em 1974, jogou a partida inaugural em Buenos Aires.

JOGOS DA PRIMEIRA FASE (OITAVAS-DE-FINAL)

GRUPO  1

02-06-1978

Argentina 2 x 1 Hungria
02-06-1978 Itália 2 x 1

França

06-06-1978

Argentina 2 x 1 França
06-06-1978 Itália 3 x 1

Hungria

10-06-1978

Itália 1 x 0 Argentina
10-06-1978 França 3 x 1

Hungria

                         Nas largas avenidas de Palermo e de Nuñez, onde está localizado o estádio do River Plate, o mesmo palco da festa inaugural do 11º Campeonato Mundial de Futebol, que aconteceu um dia antes, Argentina e Hungria também iriam se enfrentar perante um público de 80.000 pessoas. Foi um jogo de muitos pontapés e pouco futebol. O árbitro português Antonio Garrido, pressionado pelo público argentino, expulsou os húngaros Torosiki e Nyilase, mas permitiu o revide e as reclamações dos argentinos, nervosos com as dificuldades do jogo. Luque e Bertoni marcaram para a Argentina, enquanto que Csapo marcou para a Hungria. Final de jogo, Argentina 2×1 Hungria.

                        Jogando em Mar del Plata, a França saiu na frente do marcador através de Lacombe, mas a Itália virou o jogo com gols de Paulo Rossi e Zacarelli em um jogo também pouco atraente. Sendo assim, os italianos começaram o mundial com vitória de 2 a 1 sobre os franceses. Abrindo a segunda rodada do grupo 1, a Argentina voltou a campo para enfrentar a França. Este jogo foi em Buenos Aires e com gols de Passarela e Luque para a Argentina e Michael Platini par a França, os portenhos garantiram mais uma vitória no mundial. No outro jogo a Itália passou com certa facilidade pela Hungria por 3 a 1, com gols de Paulo Rossi, Bettega e Benetti, enquanto que o gol húngaro foi anotado por J. Toth. Com estes resultados, Argentina e Itália permaneciam invictos na competição.

                        Chegava o dia 10 de junho, quando italianos e argentinos iriam se enfrentar para saber quem seria o primeiro do grupo. O jogo foi no estádio do River Plate e com um gol isolado de Bettega, a Itália venceu por 1 a 0 e se classificou em primeiro no seu grupo, enquanto que a Argentina ficou em segundo. Com isto, os argentinos tiveram que se deslocar para Rosário. No último jogo deste grupo 1, Hungria e França jogaram apenas para cumprir tabela. O jogo foi em Mar del Plata. Com Platini no banco, Lopes, Berdol e Rocheteau marcaram os três gols franceses, enquanto que Zombori fez o único gol da Hungria.

GRUPO  2

01-06-1978

Alemanha 0 x 0 Polônia
02-06-1978 Tunísia 3 x 1

México

06-06-1978

Polônia 1 x 0 Tunísia
06-06-1978 Alemanha 6 x 0

México

09-06-1978

Polônia 3 x 1 México
09-06-1978 Alemanha 0 x 0

Tunísia

                         Tarde de céu azul, no dia 1 de junho de 1978, em Buenos Aires, com o frio característico do outono do Rio de La Plata. Movimentação intensa do povo argentino para assistirem a abertura de mais uma Copa do Mundo. Havia euforia visível no comportamento dos argentinos, não obstante o rígido esquema de segurança implantado pelas forças armadas. No Estádio Monumental de Nuñez, estavam quase 80.000 pessoas. Jornalistas do todo o mundo, locutores de rádio e de televisão testaram e aprovaram o sistema de comunicação. Tudo funcionava bem. Muitos confessaram surpreendidos. Na tribuna de imprensa, jornalistas argentinos viam, pela primeira vez, monitores coloridos de TV.

                         Em clima de festa, entraram em campo ladeando o árbitro argentino Angel Norberto Coerezza, as equipes da Alemanha Ocidental e da Polônia. Os alemães sem Beckenbauer, Overath e Breiter. Os poloneses praticamente com a mesma equipe do último mundial. Rolada a bola foi cessando o encanto, porque o jogo decepcionou. Mais uma vez, a Copa teve sua inauguração sem gol. Era a quarta vez seguida que isto acontecia, ou seja, o placar era sempre o mesmo, zero a zero. No outro jogo do grupo 2, jogando em Rosário, a Tunísia estreou em mundiais com surpreendente vitória sobre o México por 3 a 1, gols dos tunisianos Kaabi, Ghommitti e Duiabe, enquanto que para os mexicanos, marcou Vasquez Ayala.

                         Na rodada seguinte, apesar de apresentar um bom futebol, a experiência da Polônia prevaleceu sobre a Tunísia que havia feito uma bela apresentação na primeira rodada, e assim os poloneses acabaram vencendo a partida por 1 a 0, gol do ponta direita Lato. Fechando a segunda rodada deste grupo 2, a Alemanha aplicou uma goleada sobre a fraca seleção mexicana. O placar terminou em 6 a 0. Na última rodada, em Rosário, o México encerrava sua desastrada participação perdendo para a Polônia por 3 a 1, gols de Bonick (2) e Deyna, enquanto que Rangel marcou o único gol mexicano. No mesmo horário do jogo da Polônia, a Tunísia aplicava outra surpresa no mundial, ao empatar com a forte Alemanha em 0 a 0. Com estes resultados, a Polônia ficou em primeiro do grupo, enquanto que a Alemanha ficou em segundo.

GRUPO  3

03-06-1978

Brasil 1 x 1 Suécia
03-06-1978 Áustria 2 x 1

Espanha

07-06-1978

Áustria 1 x 0 Suécia
07-06-1978 Brasil 0 x 0

Espanha

11-06-1978

Espanha 1 x 0 Suécia
11-06-1978 Brasil 1 x 0

Áustria

                        No gramado de Mar del Plata que mostrava na véspera não estar consolidado, soltando placas de grama nos movimentos mais ríspidos dos jogadores, a nova equipe do Brasil dirigida por Cláudio Coutinho, empatou com a Suécia em 1 a 1. A Suécia abriu o placar aos 36 minutos através de Sjoberg e o Brasil empatou através de Reinaldo aos 45 minutos, ainda do primeiro tempo. Da Copa de 74, restavam Leão e Rivelino. Estava estreando Zico, que marcou, no minuto final deste jogo, mas o gol foi anulado pelo árbitro Clive Thomas, do País de Gales, sob a alegação de te terminado o tempo de jogo, o que causou uma grande confusão. Neste dia o Brasil jogou com: Leão, Toninho, Oscar, Amaral e Edinho; Batista, Toninho Cerezo (Dirceu), Zico e Rivelino; Gil (Nelinho) e Reinaldo.

                        No outro jogo do grupo, em Buenos Aires, no estádio do Velez Sarsfield, a Espanha favorita, foi batida pela Áustria por 2 a 1, gols de Schachner e Kranki, enquanto que o gol espanhol foi anotado por Dani. Pela segunda rodada, a Áustria voltou a vencer, desta feita a Suécia por 1 a 0, gol de Kranki. Foi um jogo truncado, onde as duas equipes se preocuparam somente em se defender.

                       Quatro dias depois de sua estreia, o Brasil voltava a campo para enfrentar a Espanha. Foi um jogo muito fraco, onde os dois ataques não tiveram forças para abrir o placar, sendo assim,, o jogo terminou da mesma forma que começou, ou seja, zero a zero. O árbitro desta partida foi o italiano, Sérgio Gonella e o Brasil jogou neste dia com; Leão, Nelinho (Gil), Oscar, Amaral e Edinho; Batista, Toninho Cerezo, Zico (Jorge Mendonça) e Rivelino; Dirceu e Reinaldo. Na última rodada deste grupo, a Espanha obteve sua primeira vitória no mundial ao vencer a Suécia por 1 a 0, gol de Asensi, mas mesmo com esta vitória não conseguiu se classificar para a fase seguinte.

                         E fechando esta primeira fase, o Brasil enfrentou a Áustria no dia 11 de junho em Mar del Plata. No estilo de Cláudio Coutinho, a seleção brasileira jogou muito na defesa e acabou vencendo pelo placar mínimo, ou seja, 1 a 0 gol de Roberto Dinamite aos 40 minutos do primeiro tempo. O árbitro da partida foi o francês Robert Wurtz e o Brasil neste dia jogou com; Leão, Toninho, Oscar, Amaral e Rodrigues Neto; Batista, Toninho Cerezo (Chicão), Jorge Mendonça (Zico) e Dirceu; Gil e Roberto Dinamite. Com estes resultados, estavam classificados, Brasil e Áustria.

GRUPO  4

02-06-1978

Holanda 3 x 0 Irã
02-06-1978 Peru 3 x 1

Escócia

06-06-1978

Escócia 1 x 1 Irã
06-06-1978 Holanda 0 x 0

Peru

10-06-1978

Peru 4 x 1 Irã
10-06-1978 Escócia 3 x 2

Holanda

                         Na abertura do grupo 4, a Holanda não teve dificuldade em passar pela franca seleção do Irã e assim fez 3 a 0 com muita facilidade. Os três gols holandeses foram marcados por Resenbrink. No outro jogo que abriu este grupo 4, o Peru também não teve dificuldades em passar pela Escócia por 3 a 1, gols de Cubillas (2) e Cueto. Na segunda rodada, Escócia e Irã fizeram um jogo muito fraco tecnicamente falando e o resultado não poderia ser outro, um empate de 1 a 1. Holanda e Peru, os melhores do grupo, também não houve vencedor e o jogo terminou da mesma forma que começou, ou seja, zero a zero.

                        Fechando a última rodada deste grupo, o Peru passou com facilidade pelo Irã por 4 a 1, gols de Cubillas (3) e Vellasquez enquanto que o gol do Irã foi anotado por Rowshan. Já classificada, a Holanda perdeu para a Escócia por 3 a 2 na sua última apresentação desta primeira fase do mundial. Os gols da Escócia foram anotados por; Gemil (2) e Dalglish, enquanto que para os holandeses marcaram Resenbrink e Rep. Com estes resultados o Peru se classificou em primeiro e a Holanda em segundo.

QUARTAS-DE-FINAL

                        As quartas de final não foram eliminatórias, em sistema que depois provocou muita polêmica. Os primeiros e segundos colocados dos quatro grupos iniciais formaram dois grupos de quatro países, jogando todos contra todos. Pontos por vitórias e empates ou saldo de gols definiram quais iriam para as finais. A tabela feita antes do início da Copa indicava que no grupo A, estariam os primeiros colocados dos grupos 1 e 3, e segundos dos grupos 2 e 4. No grupo B ficariam os primeiros dos grupos 2 e 4 e segundos dos grupos 1 e 3. Sendo assim, no grupo A ficaram as seguintes seleções; Itália, Alemanha, Holanda e Áustria. Já no grupo B ficaram; Argentina, Polônia, Brasil e Peru. E os jogos tiveram os seguintes resultados.

GRUPO  A

14-06-1978

Itália 0 x 0 Alemanha

14-06-1978

Holanda 5 x 1 Áustria
18-06-1978 Itália 1 x 0

Áustria

18-06-1978

Alemanha 2 x 2

Holanda

21-06-1978

Holanda 2 x 1

Itália

21-06-1978 Áustria 3 x 2

Alemanha

                        A Alemanha foi eliminada sem uma vitória nesta fase. Em seis jogos na Copa 78, a Campeã do Mundial de 1974 empatou quatro vezes (com a Polônia, Tunísia, Itália e Holanda) perdeu para a Áustria e venceu apenas o México por 6 a 0. Fez no total 10 gols e sofreu 5. O primeiro colocado do grupo foi a Holanda, com duas vitórias e um empate, foi jogar a final. O segundo do grupo foi a Itália, com uma vitória, um empate e uma derrota foi disputar o terceiro lugar.

GRUPO  B

14-06-1978

Argentina 2 x 0 Polônia
14-06-1978 Brasil 3 x 0

Peru

18-06-1978

Argentina 0 x 0 Brasil
18-06-1978 Peru 1 x 0

Polônia

21-06-1978

Brasil 3 x 1 Polônia
21-06-1978 Argentina 6 x 0

Peru

                           Argentina e Brasil terminaram as quartas de final com o mesmo número de vitórias (duas) e o empate de 0x0 no confronto direto. Argentina foi a final contra a Holanda pelo saldo de gols, com a vitória de 6 a 0 sobre o Peru. Os brasileiros reclamaram. Mencionaram o privilégio argentino de não ter se deslocado de Rosário. Nestes jogos do grupo B, a Argentina passou com facilidade pela Polônia, com dois gols de Mário Kemps.

                          O Brasil enfrentou o Peru na cidade de Mendoza no dia 14 de junho. Com gols de Dirceu aos 14 e 27 minutos do primeiro tempo e Zico cobrando pênalti aos 27 do segundo tempo, o Brasil venceu o Peru por 3 a 0. O árbitro da partida foi o romeno Nicolae Rainea e o Brasil jogou neste dia com; Leão, Toninho, Oscar, Amaral e Rodrigues Neto; Batista, Toninho Cerezzo (Chicão), Jorge Mendonça e Dirceu; Gil (Zico) e Roberto Dinamite.

                          Quatro dias depois, Brasil voltava a campo desta vez para enfrentar os donos da casa. O jogo foi em Rosário, o árbitro foi o húngaro Karoly Palotai e o Brasil jogou neste dia com; Leão, Toninho, Oscar, Amaral e Rodrigues Neto (Edinho); Batista, Chicão, Jorge Mendonça (Zico) e Dirceu; Gil e Roberto.

                        O jogador Chicão começou a competição no banco de reservas. Só que, de forma surpreendente, acabou escalado no confronto da fase semifinal diante dos donos da casa, a poderosa Argentina. A alegação do técnico Cláudio Coutinho era que o titular Toninho Cerezo havia sentido uma lesão. A verdade, no entanto, era a opção para intimidar os adversários na chamada “Batalha de Rosário”. Chicão ficou sabendo que iria jogar depois do almoço, quando Cláudio Coutinho o chamou e comunicou-lhe que ele entraria jogando e, para que ele usasse o mesmo estilo que apresentava com a camisa do São Paulo. Também disse que ele não podia ser expulso de campo de jeito nenhum para não prejudicar a nossa equipe.

                        Mesmo com o pedido do técnico, Chicão não economizou na violência. Em um diálogo transcrito pelo jornal “A Gazeta Esportiva” na edição de 5 de maio de 1985, Chicão deixou claro ao técnico Cláudio Coutinho que ia tomar conta dos adversários. “Se for preciso, eu mato um argentino”. O confronto terminou com empate de 0 a 0. O Brasil acabou eliminado do mundial por causa  do saldo de gols. Afinal, na última rodada, a Argentina ganhou de “forma estranha” do Peru por 6 a 0. Chicão nunca se conformou com a eliminação e sempre dizia; “Como pode uma equipe sair de uma competição sem perder e não ser campeã”.

                       Neste jogo ainda, o jogador Jorge Mendonça bateu o recorde de aquecimento para entrar numa partida em substituição ao jogador Zico. Ficou 20 minutos se aquecendo e quando entrou restava somente sete minutos para terminar a partida. No dia 21 de junho o Brasil enfrentou a Polônia na cidade de Mendoza e venceu por 3 a 1. Nelinho marcou para o Brasil aos 11 minutos e Lato empatou ainda no primeiro tempo aos 44 minutos, mas Roberto Dinamite aos 12 e aos 17 do segundo tempo fechou o placar. O árbitro da partida foi o chileno Juan Silvagno e o Brasil jogo neste dia com; Leão, Nelinho, Oscar, Amaral e Toninho; Batista, Toninho Cerezo (Rivelino), Zico (Jorge Mendonça) e Dirceu; Gil e Roberto Dinamite.

                       Este jogo do Brasil contra a Polônia, fizeram com que fosse realizado às 14:00 horas e a Argentina às 16:00 horas, pois dessa maneira a Argentina entraria em campo sabendo de quanto precisava vencer para ir à final. Com a vitória do Brasil sobre a Polônia por 3×1, a Argentina entrou em campo sabendo que precisava vencer por uma diferença de quatro gols. Mas o Peru, era um adversário muito difícil de ser goleado, pois na primeira fase terminou invicto, tendo marcado 7 gols e sofrido apenas 2, ficando em primeiro do grupo, deixando a fortíssima Holanda em segundo lugar. No entanto, quando a bola rolou tudo mudou de figura. A Argentina não teve nenhuma dificuldade em marcar 6 gols, sendo que no mínimo 3 tiveram uma grande participação do goleiro peruano Quiroga.

A derrota de 6×0 foi mal recebida pelo povo peruano, que simplesmente apedrejaram o ônibus dos jogadores da seleção peruana quando chegaram em seu país. No dia 13 de setembro de 1979, um jornalista peruano Afonso Escobar, em entrevista com um boxeador muito famoso daquele país, e que tinha uma estreita amizade com um dos jogadores que disputaram aquela famosa partida, revelou que cada jogador peruano recebeu cinquenta mil dólares para perder o jogo. E assim, a Argentina se classificou para a grande final contra a Holanda.

DECISÃO DO 3º LUGAR

24-06-1978

Brasil 2 x 1

Itália

                        No estádio do River Plate, em Buenos Aires, bom público na tarde de 24 de junho, assistiu ao jogo morno e sem brilho em que os invictos e abatidos brasileiros venceram por 2 a 1 a Itália e conquistaram o terceiro lugar. Os italianos saíram na frente do placar aos 38 minutos do primeiro tempo através de Causio. O Brasil só chegou ao empate aos 19 do segundo tempo, através de Nelinho cobrando falta. Dirceu virou o jogo aos 25 minutos. E assim dessa maneira o Brasil ficou em terceiro lugar naquele mundial.

                      O árbitro da partida foi o israelense Abraham Klein e o Brasil jogou neste dia com; Leão, Nelinho, Oscar, Amaral e Rodrigues Neto; Batista, Toninho Cerezo (Rivelino), Jorge Mendonça e Dirceu; Gil (Reinaldo) e Roberto Dinamite. A Itália jogou com; Zoff, Gentile, Cuccuredu, Scirea e Cabrini; Maldera, Antognoni (Claudio Sala) e Patrizio Sala; Causio, Rossi e Bettega.

FINAL

25-06-1978

Argentina 3 x 1

Holanda

                        O ambiente em Buenos Aires era de triunfalismo. Ao entrar em campo, no dia 25 de junho para jogar a final, a Argentina fez tremer o Monumental de Nuñez, com 80.000 pessoas gritando “Argentina, Argentina Campeão”, e atirando centenas de rolos de papel higiênico para o gramado. O sofrido povo argentino merecia ver a sua seleção nacional de futebol sagrar-se campeã. O árbitro da partida foi o italiano Sérgio Gonella, que havia apitado o jogo entre Brasil e Espanha ainda na primeira fase.

                        Os argentinos eram reconhecidamente os melhores desde os primeiros minutos de jogo. A tensão do povo argentino foi aliviada aos 38 minutos, quando o arqueiro Fillol defendeu perigoso chute de Rep e rapidamente devolveu a Kempes, que contra atacou e com um tiro cruzado fez o primeiro gol da Argentina. Os sete minutos finais foram de total pressão da Holanda. No segundo tempo a pressão continuou até que Nanninga empatou a partida. No último minuto de jogo a Holanda chutou uma bola na trave da Argentina, o que poderia mudar a história. Final de jogo 1 a 1. Veio então a prorrogação.

                         Silêncio sepulcral no estádio. Os argentinos voltaram mais rápidos e dispostos. Onze minutos de jogo e Mário Kempes põe a Argentina em vantagem. Os holandeses davam sinais de cansaço. Já no final da prorrogação, Bertoni fez o terceiro gol da Argentina, era o gol do título. O público explodiu ao apito final do árbitro. Daniel Passarela recebeu a Taça FIFA da Campeão do Mundo e comandou a volta olímpica ao lado do treinador César Menotti. Toda a Argentina estava em festa. Neste dia a Argentina jogou com; Fillol, Olguin, Luis Galvan, Passarela e Tarantini; Ardiles (Larrosa) e Gallego; Kempes, Bertoni, Luque e Ortiz (Houseman). A Holanda jogou com; Jongloed, Brandts, Krol, Jansen (Suurbier), Poortvlit, Neeskens, Haan, Willy, Van Der Kerkhof, Rene Van Der Kerkhof, Rep (Nanninga) e Resenbrink.

PARTICIPAÇÃO DO BRASIL

                       Na Copa do Mundo de 1978, a seleção brasileira realizou 7 partidas, venceu 4; contra a Áustria por 1×0, contra o Peru por 3×0, contra a Polônia por 3×1 e na decisão do terceiro lugar contra a Itália 2×1, com gols de Nelinho e Dirceu. Empatamos 3; contra a Suécia por 1×1, contra a Espanha por 0x0 e contra a Argentina por 0x0. Os artilheiros brasileiros nesta Copa foram Roberto Dinamite e Rivelino com 3 gols cada.

                        Muita coisa mudou no futebol brasileiro desde 1974, Uma intervenção velada na CBD pusera fim ao longo reinado de João Havelange. Para seu lugar foi indicado, um novo todo poderoso, o Almirante Heleno Nunes. A intervenção tinha claros fins políticos. O Almirante em presidente da Arena, partido político do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Sempre que se aproximava a disputa de uma Copa do Mundo, muitas discussões são levadas para as mesas redondas, nas conversas de bar, nos bate bocas de rua. Antes da Copa de 1978, a discussão não era sobre convocação, clubismo ou até mesmo o regionalismo que sempre temperava as alterações mais apaixonadas. Para o mundial da Argentina, taticamente o futebol brasileiro estava atrasado em relação ao europeu. Essa filosofia é que se discutia pelo Brasil inteiro.

                       Todos queriam saber qual o treinador escolhido pela CBD que tentaria revolucionar o nosso futebol. Coube a Osvaldo Brandão substituir Zagallo no comando técnico da seleção. Embora experiente, conhecedor do ofício e disposto a contribuir para que o sistema defensivo de Zagallo se transformasse num capítulo definitivamente encerrado, Osvaldo Brandão não conseguiu chegar até 1978. Comandou a seleção no torneio do bicentenário da Independência dos Estados Unidos e até o primeiro tropeço do Brasil nas eliminatórias no dia 20 de fevereiro de 1977.

                      Heleno Nunes novo presidente da CBD, dispensou Osvaldo Brandão e convocou o capitão Cláudio Coutinho. Um técnico de pouca experiência, mas, que acreditava firmemente na teoria. Falava muito bem e era brilhante no transmitir suas instruções. Mas, os tempos eram outros. A fase do futebol individualista, segundo o novo treinador, ficou para trás. “Polivalência” foi o primeiro termo que Coutinho incorporou ao vocabulário do futebol brasileiro. Outros se seguiram, do britânico “over laping” ao indefinido “ponto futuro”. Era muita teoria e pouca prática.

                     Foram novidades que deram certo no restante das eliminatórias que o Brasil lutava pela classificação com colombianos e paraguaios. Novidades, porém que não teriam o mesmo sucesso durante a excursão que a seleção realizou pelo exterior, um mês antes da Copa de 1978. Coutinho observou muito, mas não evoluiu em suas convicções. A polivalência continuava sendo apenas uma palavra. O coletivo parecia definitivamente incompatível com o temperamento individual do jogador brasileiro. E o padrão de jogo ficava cada vez mais indefinido.

                    O Brasil ficou no grupo 3 e nas duas primeiras partidas de pouco futebol e poucos gols, serviram para mostrar que a seleção brasileira era apática e indefinida. O empate de 1×1 contra a Suécia foi desapontador. E o treinador Coutinho não tinha muitas opções ofensivas. Tanto assim que resolveu apelar para o lateral direito Nelinho jogar na ponta direita, na esperança de que ele pudesse fazer aquilo que Gil não conseguiu fazer. No segundo jogo um novo empate decepcionante. Desta vez, um 0x0 contra a Espanha. Continuavam as indefinições. Mesmo assim, o Brasil venceu seu terceiro jogo contra a Áustria por 1×0, gol de Roberto Dinamite que não tinha atuado nos jogos anteriores. O Brasil estava classificado para a próxima fase.

                    Ficamos no grupo B com Argentina, Peru e Polônia. Vencemos o Peru por 3×0. O jogo contra a Argentina seria aquele que definiria o outro finalista do mundial. Mas, o 0x0 não definiu nada. Tudo ficou para a rodada do dia 21 de junho quando jogariam Brasil x Polônia e Argentina x Peru. O saldo de gols poderia definir o finalista. Por isso, estranhamente, a FIFA marcou os dois jogos para horários diferentes. Primeiro, o jogo em que o Brasil realizou sua melhor exibição e venceu a Polônia por 3×1. Três horas mais tarde, já sabendo de quantos gols precisaria para se classificar, os argentinos enfrentaram os peruanos e venceram por 6×0. Goleada suficiente para levar os donos da casa para a final contra a Holanda.

                   Muita coisa se falou sobre aquele jogo. Acusações contra o time do Peru que, em campo, parecia desinteressado, frio, ingênuo, omisso. Dirigentes brasileiros não hesitaram em afirmar que os jogadores peruanos haviam facilitado a tarefa dos argentinos que precisavam de quatro gols de diferença. Restou aos brasileiros jogar com a Itália e lutar pelo terceiro lugar. Vencemos por 2×1 e terminamos o campeonato invicto. Tal fato, somado às circunstâncias que cercaram a discutida goleada dos argentinos sobre os peruanos, levaram o treinador brasileiro Cláudio Coutinho a uma declaração que se tornaria quase histórica: “O Brasil é o campeão moral desta Copa”.

DELEGAÇÃO BRASILEIRA PARA A DÉCIMA PRIMEIRA COPA

CHEFE DA DELEGAÇÃO: André Gustavo Richer

DIRETOR: Carlos Alberto Cavalheiro

TREINADOR: Cláudio Coutinho

MÉDICOS: Lídio Toledo e Mauro Pompeu

PREPARADORES FÍSICOS: Admildo Chirol, Raul Carlesso, Kleber Caldas Camerino e Sebastião Araujo

ASSESSOR: Radamés Latari

SUPERVISOR: Mário Travaglini

TESOUREIRO: Marcio Papa

DELEGADOS: José Ermírio de Moraes e Carlos Osório de Almeida

JORNALISTA: Dárcio de Almeida

ADMINISTRADOR: Antonio Duro Ferreira

ROUPEIRO: Emilio Aguiar

MASSAGISTA: Nocaute Jackson e João Carlos Brasil Bandeira

COZINHEIRO: Mário Rocha

CONVIDADO ESPECIAL: Heleno Nunes

JOGADORES: Leão (Palmeiras), Toninho (Flamengo), Oscar (Ponte Preta), Gil (Botafogo), Amaral (Corinthians), Edinho (Fluminense), Toninho Cerezo (Atlético Mineiro), Rivelino (Fluminense), Batista (Internacional), Reinaldo (Atlético Mineiro), Zico (Flamengo), Waldir Perez (São Paulo), Carlos (Ponte Preta), Nelinho (Cruzeiro), Abel (Vasco), Rodrigues Neto (Botafogo), Polozzi (Ponte Preta), Chicão (São Paulo) Dirceu (Vasco), Jorge Mendonça (Palmeiras), Roberto Dinamite (Vasco) e Zé Sérgio (São Paulo).

                          O árbitro brasileiro nesta Copa foi Arnaldo Cézar Coelho que apitou o jogo França 2×1 Hungria e foi auxiliar nas partidas Escócia 1×1 Irã  e  Alemanha Ocidental 2×2 Holanda.

SELEÇÃO DA ARGENTINA – CAMPEÃ DA COPA DE 1978
SELEÇÃO BRASILEIRA DE 1978      –     Em pé: Nelinho, Leão, Oscar. Amaral, Batista e Rodrigues Neto      –     Agachados: Gil, Toninho Cerezo, Jorge Mendonça, Roberto Dinamite e Dirceu

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