CABINHO: campeão paulista pela Portuguesa de Desportos em 1973

                     Evanildo Castro Silva nasceu dia 28 de abril de 1949, na cidade de Salvador (BA). Foi um centroavante que brilhou na Portuguesa de Desportos nos anos 70, inclusive conquistando o titulo paulista em 1973, num jogo que entrou para a história por um erro de matemática do árbitro Armando Marques. Também jogou no futebol mexicano, onde é o maior artilheiro da história da Primeira Divisão Mexicana com 312 gols marcados.

                    Nos meios futebolísticos era conhecido por Cabinho, que começou sua carreia no interior paulista, no América de São José do Rio Preto, em 1968. Depois passou pelo Flamengo, Portuguesa de Desportos, Atlético Mineiro, retornou a Portuguesa e depois militou no futebol mexicano, onde jogou em quatro equipes, Pumas, Atlante, León e Tigres.

A DECISÃO DO PAULISTÃO DE 1973

                      No domingo frio de 26 de agosto de 1973, Santos e Portuguesa entraram no gramado do Morumbi para decidirem o título paulista. O público era de 116 mil pessoas, coisa que não mais se vê nos dias de hoje. O Santos jogou com; Cejas, Carlos Alberto, Marinho Perez, Vicente e Turcão; Clodoaldo e Brecha; Jair da Costa, Eusébio, Pelé e Edu. Já o Santos do técnico Otto Glória jogou com; Zecão, Cardoso, Pescuma, Calegari e Isidoro; Badeco e Basílio; Xaxa, Eneas, Cabinho e Wilsinho.   

                     Quando o narrador Fiori Gigliotti soltou a voz para narrar o gol de Cabinho, boa parte dos 116 mil presentes ao Morumbi ainda tiveram tempo para ver o dedo em riste do árbitro anulando o tento Rubro-Verde. Vejam o depoimento do ex-jogador Calegari, no lance do gol anulado de Cabinho: “O Vicente, quarto-zagueiro do Santos, foi dominar a bola no peito e ela escapou. Cabinho, que tinha um arranque fantástico, pegou a bola e driblou o Cejas para fazer o gol. O Dulcídio Wanderley Boschillia era o bandeira e correu para o centro do campo. O árbitro Armando Marques anulou o gol”.

                      Curiosamente, Armando e Dulcídio também trabalharam nas mesmas funções na final do campeonato paulista de 1971, entre São Paulo e Palmeiras, vencida pelo tricolor por 1×0, gol marcado por Toninho Guerreiro.  Naquele jogo entre São Paulo e Palmeiras, Dulcídio também validou o gol de Leivinha, que como o gol de Cabinho, foi anulado de forma injusta pelo mesmo Armando Marques. Cabinho, entraria para os livros de história do Campeonato Paulista ao fazer o gol que impediria o último título de Pelé no Santos.

CARREIRA

                      Cabinho perdeu os pais quando ainda era uma criança e teve que conviver de forma mais próxima com seu tio, que era comandante da Polícia Militar. O apelido de “Cabinho” surgiu ainda em Salvador, quando o menino gostava de assistir o treinamento dos Cabos na Academia da Polícia Militar.

                      Sempre como atacante, Cabinho jogava por uma equipe conhecida como Bai-Bola antes de chegar ao Botafogo local, com apenas quinze anos de idade. Depois do Botafogo da Bahia, Cabinho realizou experiências na Sociedade Esportiva Palmeiras durante três meses. Em seguida, o atacante intercalou modestas passagens pelo Clube de Regatas do Flamengo e pelo Clube Atlético Mineiro. Mas foi jogando pelo América de São José do Rio Preto (SP), que Cabinho desencantou e se tornou conhecido. Foram quatro temporadas de muito sucesso.

                      Ponte Preta e Portuguesa em 1971. Os erros do árbitro Romualdo Arppi Filho tiraram do sério o técnico João Avelino, que muito irritado partiu para a agressão. Marinho Peres, Cabinho e Fogueira tentaram acalmar os ânimos, mas Avelino estava completamente descontrolado.

                      Após sua passagem pelo América, Cabinho acertou suas bases com os dirigentes da Associação Ferroviária de Esportes da cidade de Araraquara (SP), onde não permaneceu por muito tempo. O lendário João Avelino, que assumiu o comando da Associação Portuguesa de Desportos em 1970, já conhecia o futebol de Cabinho e indicou sua contratação. Foi dessa forma que o centroavante chegou ao gramado do Canindé.

                      Ainda jovem, porém bastante rodado, Cabinho se deu bem na Lusa e ao longo dos anos formou linhas ofensivas de respeito ao lado de Xaxá, Tatá, Piau, Enéas, Ratinho, Basílio, Samarone, Lorico, Dicá e Wilsinho.

                      Seu grande momento na Portuguesa aconteceu sob o comando do técnico Otto Glória, na ótima campanha realizada no Campeonato Paulista de 1973, quando disputou o título estadual contra o Santos no estádio do Morumbi.

                      Naquela decisão de 1973, Cabinho foi o personagem da primeira confusão do jogo, quando seu gol foi anulado injustamente pelo árbitro Armando Castanheira Marques. O empate sem abertura de contagem permaneceu no tempo normal e também na prorrogação, obrigando uma cobrança de penalidades para decidir quem ficaria com o título estadual.

                      Foi então que aconteceu o erro histórico e até hoje comentado do árbitro Armando Marques na contagem dos pênaltis. Armando declarou o Santos campeão sem perceber que o quadro “Rubro-Verde” ainda tinha chances matemáticas de empatar aquela série de penalidades e provocar uma sequência de cobranças alternadas.

                       Então, o astuto Otto Glória recomendou que seus jogadores fossem para o vestiário imediatamente para trocar de roupa e deixar o Morumbi. A manobra rápida de Otto Glória evitou que Armando Marques desse prosseguimento nas cobranças de pênaltis. O acontecimento colocou os mandatários da Federação Paulista de Futebol em uma autêntica “saia justa”.

                       Como os diretores da Portuguesa e do Santos se sentiam prejudicados para o agendamento de uma nova partida, o resultado foi uma divisão inédita do título estadual daquela temporada, ou seja Santos e Portuguesa foram declarados campeões paulista de 1973.

                        Em seguida, Cabinho começou sua fase internacional atuando por equipes do México (Universidad, Pumas, Atlante, León e Tigres). No futebol mexicano Cabinho ganhou fama e muitos títulos. No total, foram 481 partidas disputadas e 330 gols marcados (média de 0,68 gols por jogo).

                        Cabinho ainda retornou ao Brasil para trabalhar como treinador e depois como empresário de atletas. Dirigiu o Coxim, equipe do Mato Grosso. Segundo Cabinho foi ele o responsável pela revelação de Edilson, o “Capetinha”.

Em pé: Pescuma, Zecão, Badeco, Isidoro, Calegari e Cardoso    –    Agachados: Xaxá, Enéas, Cabinho, Basílio e Wilsinho
América de São José do Rio Preto    –    Em pé: Geraldo, John Paul, Beto, Reis, Mané e Valter    –    Agachados: J. Alves, Cabinho, Tutú, Raul e Waltinho
Em pé: Tinho, Sidney, Manicera, Onça, Rodrigues Neto e Paulo Henrique    –    Agachados: Doval, Liminha, Cabinho, Dionísio e Arílson
Em pé: Pescuma, Badeco, Zecão, Calegari, Cardoso, Santos e Manuel Mendes Gregório     –     Agachados: massagista Moraes, Xaxá, Tatá, Cabinho, Basílio e Wilsinho
Em pé: Cardoso, Calegari, Isidoro, Zecão, Badeco e Pescuma   –    Agachados: Xaxá, Tatá, Cabinho, Basílio e Wilsinho
Em pé: Fogueira, Dirceu, Calegari, Arengui, Orlando e Marinho   –    Agachados: Ratinho, Lorico, Cabinho, Basílio e Piau
1971   –    Em pé: Luís Américo, Fogueira, Ulisses, Marinho Peres, Orlando e Arengui   –    Agachados: Xaxá, Lorico, Cabinho, Tatá e Piau
9 de Janeiro de 1972 – Inauguração do Canindé   –     Em pé: Aguillera, Calegari, Lorico, Fogueira, Carlos Alberto Torres, Deodoro, Marinho Perez e o diretor José Pereira Mendes Neto    –    Agachados: Ratinho, Dirceu, Cabinho, Basílio e Piau.
Em pé: o massagista Jair, Fogueira, Deodoro, Ulisses, Luis Américo, Marinho Peres e Orlando   –    Agachados: Xaxá, Lorico, Cabinho, Basílio e Piau
América de São José do Rio Preto    –    Em pé: Carlão, John Paul, Raul Marcel, Manoel, Adelson e Severo   –    Agachados: J. Alves, Cabinho, Mirandinha, Raul e Marco Aurélio
Em pé: Getúlio, Fogueira, Baiano, Ademir, Ticão e Fernando   –    Agachados: Nicanor, Zé Luiz, Cabinho, Maritaca e Bazzani
Em pé: Pescuma, Humberto Monteiro, Badeco, Isidoro, Zecão e Calegari    –    Agachados: Xaxá, Cabinho, Basílio, Dicá e Wilsinho
Em pé: Fernando Sátiro, Fogueira, Getúlio, Mariani, Ticão, Bebeto, Fernando e o técnico Vail Mota  –    Agachados: Maurinho, Lance, Cabinho, Bazani e Nei
Em pé: Ambrósio, Adelson, Manoel, Raul Marcel, John Paul e Neguito     –    Agachados: Kaneco, J.Alves, Cabinho, Moreno e Marco Aurélio
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