A GRANDE DECISÃO DE 1978 NO ATLETIBA

                   Foram três partidas disputadas no Couto Pereira e três empates sem gols. O Furacão, que dominou o campeonato todo, não conseguiu superar a defesa alviverde em nenhuma das três partidas, marcadas pelo clima tenso e inúmeras confusões em campo. A decisão, nos pênaltis, teve como protagonista o goleiro alviverde Manga, que defendeu duas cobranças e ajudou o time a levantar o caneco. Nos três jogos, os públicos registrados foram de 46.217 no dia 10 de dezembro, depois 47.307 no dia 13 de dezembro e por fim 55.164 na grande final no dia 17de dezembro de 1978 ou seja, tudo em um breve intervalo de sete dias.

                  Coritiba conquistou um título em cima do seu maior rival, o Atlético Paranaense, no Couto Pereira em 1978, quando o Alviverde bateu o Fura­­cão nos pênaltis (4 a 1), após três jogos e mais uma prorrogação que terminaram 0 a 0.

                  Para muitos, o triplo duelo é a maior decisão da história do futebol no estado. Ao todo, mais de 150 mil torcedores assistiram aos confrontos, todos realizados no Alto da Glória. Pela cidade, a rivalidade entre rubro-negros e coxas-brancas aflorou como nunca na semana entre 10 e 17 de dezembro daquele ano.

                  Na época, o Atlético Paranaense amargava um jejum de oito temporadas sem conquistas. Já o Coritiba, vivia sua década dourada. Havia sido hexacampeão est­­adual entre 71 e 76 e em 73 conquistara o Torneio do Povo (primeiro título nacional de uma equipe paranaense). Para aumentar a angustia dos atleticanos e a euforia dos alviverdes, o Atlético dirigido por Diede Lameiro era superior tecnicamente ao experiente Coritiba de Chiquinho. Do lado do Verdão, a defesa, comandada pelo goleiro Manga, era o destaque. Com muitos méritos também ao habilidoso Pedro Rocha no meio de campo.

                  Já no Furacão, Rotta, Zé Ro­­ber­­to, Dreyer, Lula, Ziquita e Aladim – que ficou no banco nas três partidas, formavam um elenco mais talentoso. Porém, não conseguiu superar o rival e tirar o clube da fila. O Atlético tinha tudo para ser campeão, mas o Coritiba conseguiu segurar até as penalidades, pois tínham mais experiência.

                  Para os atleticanos, restou a polêmica. Aladim, atualmente vereador de Curitiba, jura até hoje não saber o motivo de não ter entrado em nenhum dos jogos. Emprestado pelo Coxa, o ponta-esquerda era exímio batedor de pênaltis, e nem para isso foi solicitado. Nos bastidores, ficou a lenda de um suposto veto do eterno presidente coxa-branca Evangelino da Costa Neves.

                 Hélio Alves (diretor do Atlético) já morreu, o treinador Diede Lameiro também, e nunca foi explicado o motivo de Aladim não ter entrado nem para os pênaltis. Só o Mafuz (Augusto, advogado) diz que sabe por que o ponta esquerda não jogou, mas não conta de jeito ne­­nhum. No entanto, mais de três décadas depois, Mafuz resolveu contar. Na época repórter da extinta Rádio Independência, o advogado puxa pela memória o que sabe da história.

                 Durante uma entrevista o Evangelino algum tempo depois e ele rindo disse que ganhou o título da mesma maneira que havia perdido o do ano anterior (em 77 o Coxa foi superado pelo Grêmio Maringá, o treinador alviverde também era Diede Lameiro), supondo que o técnico se vendeu nas duas decisões.

                 História que entrou para o folclore do futebol e foi reforçada pelo fato de Diede Lameiro ter ido para o vestiário antes mesmo das cobranças de pênaltis. Depois ele foi embora dizendo que tinha cumprido a parte dele. Foi o zagueiro Dreyer quem decidiu quais os jogadores que iriam bater os pênaltis.

                 Na hora das cobranças, impos­­sível esquecer do goleiro Manga. Na época, com 41 anos, o camisa 1 defendeu duas pe­­nalidades e transformou-se em he­­rói do título. Atualmente, Man­­­­ga vive no Equador, no en­­tanto, voltará ao Brasil a partir da se­­mana que vem para ser em­­baixador do Internacional. Manga era um dos melhores goleiros do Brasil na época.

                 Mas tudo o que Manga tinha de bom em campo, tinha de problema fora dele. Durante a se­­mana das finais, simulou uma contusão para forçar Evangelino a aumentar seu bicho pela conquista. No intervalo da finalíssima, disse que não poderia voltar e conseguiu mais dinheiro para defender pênaltis supostamente no sacrifício. Manga não tinha contusão ne­­nhuma. Inventou aquilo tu­­do para conseguir mais di­­nhei­­ro. Segundo seus amigos, tudo que ele recebia gastava em corrida de cavalo e sempre ha­­viam mulheres esperando ele fora do estádio para cobrá-lo.

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