PRIMEIRA DECISÃO ENTRE CORINTHIANS E PALMEIRAS

                          Para mostrar a grande rivalidade que existe entre Corinthians e Palmeiras, vamos ver como foi a primeira decisão de um título entre estas duas agremiações. Ela simplesmente começou a ser disputada em 25 de abril de 1936 e só foi terminar em 9 de maio de 1937.

                            Em 1936 ainda existia a cisão entre a Liga Paulista de Futebol (LPF), cujos jogadores eram profissionalizados, e a Associação Paulista de Esportes Amadores (APEA), defensora do amadorismo. Esta, no entanto, já estava em franca decadência. Se a APEA reuniu times de menor expressão, a LPF contava com os nomes mais fortes do futebol paulista. Ali estavam o Palestra Itália e o Corinthians, já então os maiores clubes do Estado e ainda o então campeão paulista de 1935, o Santos e o São Paulo, este debutando no torneio. Ao todo eram 12 clubes na disputa.

                            O regulamento era inédito: em vez dos tradicionais pontos corridos, o campeão do primeiro turno enfrentaria o vencedor do segundo. Portanto, a menos que algum clube ganhasse as duas metades, haveria uma final; mais que isso, uma melhor de três. No primeiro turno, o Corinthians teve total domínio: venceu todos os 11 jogos, incluindo a estreia contra o Palestra Itália, por 2 a 1. Enquanto isso, o Palestra começara rateando, com três derrotas seguidas. No entanto, triunfou nas oito partidas seguintes, incluindo o clássico diante do São Paulo, que encerrou a etapa. O embalo serviu para motivar a equipe para o returno, já que uma das vagas na decisão já era do Corinthians, que venceu com folga o primeiro turno.

                           O segundo turno começou novamente com o Palestra tropeçando: após uma vitória contra a Portuguesa Santista, um empate contra o Juventus. Assim, o segundo clássico entre Corinthians e Palestra Itália do campeonato, já em fevereiro de 1937, foi disputado com o Corinthians novamente na liderança O jogo no Parque Antarctica, cercado de grande expectativa, teve a maior arrecadação da história do futebol brasileiro até então, superando a casa dos 100 contos de réis e, diz-se, cerca de 40 mil espectadores.  

                          O resultado, porém, foi frustrante: o empate por 1 a 1 tirou a campanha perfeita do Corinthians, mas não sua liderança. Contudo, o que parecia ser uma tranquila caminhada do Corinthians começou a ruir ali: o time do corintiano Teleco, que terminaria o torneio como artilheiro, perdeu todas as cinco partidas restantes, a começar pelo Moleque Travesso (que somando esta vitória ao empate contra o Palestra começava a justificar este apelido). O Palestra, por sua vez, venceu 5 das seis partidas restantes e terminou o returno com 18 pontos em 20 possíveis. Assim, ficou definido que a decisão do campeonato se daria entre Palestra Itália e Corinthians.

                          A melhor campanha (33 pontos contra 31) deu a vantagem ao Palestra de dois mandos na melhor de três. Desta forma, a primeira partida, em 25/4/1937, foi realizada no Parque Antarctica. Foi um confronto tenso, decidido já após a metade do segundo tempo, com um gol de Frederico. Alegando falta em seu goleiro, o Corinthians abandonou a partida: 1 x 0 Palestra Itália.

                          No domingo seguinte, 2 de maio, no Parque São Jorge, o Palestra precisaria de nova vitória para levantar a taça por antecipação. Não foi possível, mas o empate em 0x0 significava que nova igualdade, em seus domínios, bastaria para assegurar o caneco. O time treinado desde a terceira rodada por Matturio Fabbi (que como atleta fora campeão paulista de 1920) estava próximo de seu quarto título em cinco anos.

                          A finalíssima se deu no dia 9 de maio de 1937 e para este jogo o Palestra contou com os seguintes jogadores; Jurandyr, Carnera, Begliomini, Tunga, Dula, Del Nero, Frederico, Luizinho, Niginho, Moacyr, Imparato. Já o Corinthians jogou com; José, Jaú, Jango, Brito, Brandão, Munhoz, Filó, Lopes, Teleco, Ratto, Carlinhos. O árbitro da partida foi Antônio Sotero de Mendonça.

                         Desta vez a plateia fora limitada a 18000 pessoas, mas a redução no número de torcedores não impediu um começo arrasador do Palestra: em menos de 15 minutos, Luizinho e Moacyr  já escreviam 2 a 0 no marcador. Filó, campeão mundial pela Itália em 1934 e que depois vestiria as cores alviverde, ainda descontou para o Alvinegro no segundo tempo, mas mesmo o empate que não viria também não lhes seria útil.

                          A partida terminou com a vitória do Palestra Itália em 2×1 e com isso conquistou seu sétimo título paulista, com uma campanha de 24 jogos, 17 vitórias, 4 empates e três derrotas, justamente nas três primeiras rodadas do campeonato. Marcou 73 gols e sofreu 16.

Deixe uma resposta