CAIO CAMBALHOTA: um verdadeiro cigano do nosso futebol

                         José Carlos da Silva Lemos nasceu em Niterói (RJ), no dia 11 de setembro de 1949. Mais conhecido como “Caio Cambalhota”, o atacante pertence ao famoso “Clã dos Lemos”, uma família que ofereceu grandes artilheiros ao futebol brasileiro.

                        Quando marcava gols, Caio pulava como um saltimbanco. Então, os torcedores vibravam, enquanto o centroavante do Flamengo usava o gramado como um picadeiro para lançar o corpo em perigosas cambalhotas. Os “geraldinos” eram torcedores que assim ficaram conhecidos por ocuparem o local mais barato e popular do Maracanã. Eles assistiam aos jogos em pé e com uma visão muito limitada do campo. Eram figuras folclóricas, que usavam fantasias e máscaras para revelar paixões e opiniões.

                        Todavia, o novo Maracanã da Copa do Mundo de 2014 esqueceu de promover alegria. O colorido das novas cadeiras não tem mais lugar para os geraldinos! Caio, César e Luisinho foram mais felizes que o irmão Paulo Roberto da Silva Lemos, que iniciou sua trajetória no São Cristóvão e aos 24 anos sofreu uma séria contusão que o afastou definitivamente do futebol.

                        Caio começou nas categorias amadoras do Botafogo em 1966. Permaneceu em General Severiano até o findar de 1969, quando o técnico Zagallo ficou entusiasmado com seu futebol e o indicou ao Flamengo. Campeão carioca de Aspirantes, Caio foi convocado pelo técnico Antoninho para o selecionado da categoria Sub-20.

                         Em seus primeiros anos como profissional, o rapaz de Niterói viveu uma fase ruim no Flamengo. Sem fazer gols por um bom tempo, Caio testemunhou o técnico Zagallo ser pressionado para escalar Dionísio em seu lugar. Mesmo assim, Zagallo manteve Caio no time. Os gols voltaram e assim o artilheiro das “cambalhotas” rapidamente arrumou um lugar no coração da galera!

                         Depois da conquista da Taça Guanabara e do Torneio Internacional de Verão em 1970, Caio foi emprestado para a Associação Atlética Ponte Preta (SP), onde não permaneceu por muito tempo. Novamente emprestado ao América em 1971, Caio voltou ao Flamengo em 1972 para viver seu período mais produtivo.

                        Falando de “cambalhotas”, Caio revelou que aprendeu essa acrobacia como uma espécie de defesa pessoal na Academia da Polícia Militar. A utilização desse recurso no futebol surgiu de uma brincadeira com um fotógrafo do jornal “O Dia”: Disse que iria pular em cima dele (repórter) se fizesse um gol pelo Flamengo. Eu fiz o gol e ele estava próximo da trave. Para não cair em cima do fotógrafo eu dei uma cambalhota. O fotógrafo achou muito legal e disse que eu tinha de continuar!

                        Campeão do Torneio do Povo, campeão da Taça Guanabara e campeão carioca, ambos em 1972, o hábito das “cambalhotas” foi transformado em uma espécie de marca registrada. Em 1973 Caio passou novamente pelo América, embora sem o mesmo brilho da passagem anterior.

                        Conforme publicado pela revista Placar na edição de 18 de outubro de 1974, Caio amargou o banco de reservas do América em razão do bom momento de Sérgio Lima. Indignado, Caio teve o contrato suspenso e recorreu aos meios legais para conseguir o próprio passe. Enquanto o processo era julgado,

                         Caio foi emprestado ao Tiradentes do Piauí para disputar o campeonato nacional. Em 1974 voltou mais uma vez ao América e fez parte do time que faturou a Taça Guanabara. Entre tantas idas e vindas, Caio retornou ao Flamengo em 1975. Ao todo, foram 134 partidas disputadas com 69 vitórias, 45 empates, 20 derrotas e 48 gols marcados.

                         Negociado com o Atlético Mineiro, Caio foi suplente de Reinaldo e acabou aproveitado na ponta-direita pelo técnico Barbatana. Participou da campanha do vice Campeonato Brasileiro de 1977 e da conquista do campeonato mineiro de 1978.

                         Caio também jogou pelo Bahia (BA), Tiradentes (DF), América (MG), Caldense (MG), Rio Branco de Andradas (MG), Tupi (MG), Bangu (RJ), Campo Grande (RJ), Portuguesa (RJ) e Votuporanguense (SP); além de passagens pelo futebol português e Oriente Médio.

Em pé: Cantarelli, Júnior, Rondinelli, Jaime, Vanderlei Luxemburgo e Merica    –    Agachados: Paulinho Carioca, Tadeu Ricci, Caio Cambalhota, Zico e Zé Roberto
Em pé: João Leite, Vantuir, Márcio, Toninho Cerezo, Valdemir e Alves    –     Agachados: Serginho, Ângelo, Caio Cambalhota, Marcelo e Ziza
Em pé: Renato, Chiquinho, Moreira, Reyes, Liminha e Vanderlei Luxemburgo    –    Agachados: Rogério, Zé Mário, Caio, Doval e Paulo Cesar Caju 
Em pé: Murilo, Ubirajara, Onça, Zanata, Reyes e Tintero     –     Agachados: Buião, Chiquinho, Caio Cambalhota, Fio e Caldeira
Em pé: Cabrita, Miguel Banana, Alex, Djair, Álvaro e Marreco    –     Agachados: Flecha, Caio Cambalhota, Ivo, Sérgio Lima, Tadeu e o massagista Getúlio

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