CORINTHIANS SEM O SEU UNIFORME TRADICIONAL

                             Ao longo de toda sua história, o Corinthians ficou marcado pela tradição de seu uniforme: camisa branca e calção preto. Mas no início não era bem assim. A primeira camisa que o Timão usou, em 1910, foi em tom creme. Os punhos e a gola tinham faixas pretas e o calção era branco. Reza a lenda que os donos do clube perceberam que a camisa creme desbotava após diversas lavagens e não havia dinheiro para repor novas peças, já que produzir um uniforme desta cor custava caro na época. Com isso, a camisa branca foi adotada após dois anos de seu nascimento, em 1912. Em 1920 surgiu o uniforme que efetivamente se tornou a cara do Corinthians: camisa branca, calção preto e meias brancas. E em 1940 surgiu a ideia da camisa preta; em 1945 a primeira camisa listrada.

CAMISA PRETA COM LISTRAS SURGIU COMO FORMA DE PROTESTO

A camisa 2 do Corinthians tradicionalmente é preta, com listras em branco. No entanto, você sabia que ela surgiu devido a um protesto? Pois bem, o Timão usou a camisa pela primeira vez no dia 14 de fevereiro de 1915, na vitória por 2 a 1 diante do Caçapavense. Naquele ano, a Liga Paulista impediu a equipe de atuar na primeira divisão do futebol da elite paulistana por ter um jogador negro no elenco. Então, o clube criou a vestimenta como forma de protesto, camisa essa que o Alvinegro voltou a usar somente em 1935, em amistoso contra o River Plate. No entanto, a agremiação adotou o uniforme como  sua segunda camisa oficial só no final da década de 40. Em 2015, o Corinthians laçou um modelo retro comemorativo, semelhante ao usado 100 anos antes. Em 1936, o Corinthians jogou de camisa preta e calção cinza, o marketing que gosta de lançar camisas retrô, é mais uma opção para 3º uniforme. Em 2009 o Corinthians jogou com a 2ª camisa toda preta, mas esta tem o símbolo antigo sem a ancora e remos.

HOMENAGEM AO TORINO DA ITÁLIA

                       No dia 4 de maio de 1949, a equipe do Torino que era a sensação da Itália e de toda Europa,  voltava à Itália após fazer um amistoso diante do Benfica, para a despedida de Francisco Ferreira, em Portugal. No entanto, ao retornarem, o espaço aéreo italiano indicava um denso nevoeiro, que prejudicava a visibilidade do piloto. Por isso, o comandante Pierluigi Meroni decidiu realizar os procedimentos de aterragem. Mas durante a manobra, a aeronave bateu em cheio no muro terrapleno da Basílica de Superga, matando instantaneamente todos a bordo. O mundo não conseguia acreditar que era o fim do Grande Torino, o esquadrão que chegou a ser tetracampeão italiano, e de Valentino Mazzola, craque da Seleção Italiana. Foram 31 mortos no total.

                        Esse acontecimento ficou conhecido como Tragédia de Superga. A comoção pela perda de jogadores que formavam a base da Seleção da Itália foi tamanha que o funeral reuniu cerca de 500 mil pessoas nas ruas de Turim, para prestar uma última homenagem. O Torino nunca mais seria o mesmo. Diversas homenagens ao redor do mundo foram feitas ao time italiano, que jogava com camisa grená. Então, para homenagear o clube italiano, o Corinthians jogou com uma camisa grená, cores do time do Torino, num amistoso contra a Portuguesa de Desportos, no dia 8 de maio de 1949 e neste jogo o Timão venceu por 2×0 gols de Noronha e Colombo, sendo que toda renda da partida foi destinada para a família dos jogadores vitimados pela tragédia.

                         Neste dia o Corinthians jogou com;  Bino, Belacosa (Rubens), Moacir, Belfare (Palmer) e Touguinha; Helio, Noronha, Servilio, Baltazar, Edélcio e Colombo. O técnico foi Joréca. Do outro lado a Portuguesa jogou com; Ivo, Lorico, Nino, Luizinho e Hélio; Santos, Zé Carlos, Zezinho e Renato; Pinga e Walter. O técnico foi Caetano Domênico. O jogo foi no Pacaembu e o árbitro foi Francisco Kohon Filho, que expulsou de campo o jogador Nino da Lusa. Antes de rolar a bola, o presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, Sr. Maximiliano Ximenes, fez um discurso que provocou lágrimas na plateia do lotado estádio do Pacaembu.

                         No ano anterior, o Corinthians foi o único clube brasileiro que conseguiu derrota-los numa excursão que fizeram ao Brasil. Este jogo aconteceu no dia 21 de julho de 1948 e o Corinthians venceu por 2×1. Alguns anos antes, em 1914, os dois clubes já haviam se enfrentado em dois jogos, com duas vitórias dos italianos. Na época, o treinador do Torino, Victorio Pozzo, futuro bicampeão do mundo como treinador da seleção da Itália em 1934 e 1938, afirmou: “O Corinthians pode ir à Europa e enfrentar, sem receio, qualquer dos times de lá”.  Esta foi a primeira das três vezes que o Corinthians jogou com um uniforme que não era o seu.  

SELEÇÃO BRASILEIRA

                      No dia 16 de novembro de 1965, o Corinthians representou o Brasil num jogo amistoso contra o Arsenal da Inglaterra, na cidade de Londres. Em meio à disputa do Campeonato Paulista, o Alvinegro aceitou o convite da Confederação Brasileira de Desportos Apenas dois dias antes da disputa em Londres, o Corinthians tinha um difícil compromisso pelo Estadual: enfrentar o poderoso Santos de Pelé e cia. Por conta da viagem do Timão, a partida foi antecipada em 30 minutos e o forte calor que fazia em São Paulo se tornou mais um obstáculo para as duas equipes. O clube de Parque São Jorge perdeu por 4 a 2 e partiu para a Inglaterra. Do Morumbi, a delegação corintiana seguiu para o aeroporto de Congonhas.. Chegando em Londres, enfrentaram um frio gigante e estavam apenas de terno e camisa. Com pouco tempo de descanso e adversários, como o frio e o fuso horário, o Corinthians não foi capaz de repetir as boas atuações que vinha apresentando no Campeonato Paulista de 1965. Naquela ocasião, nada conseguiu aquecer os jogadores corintianos, que foram derrotados por 2 a 0. Neste dia o Corinthians jogou com; Marcial, Galhardo (Jair Marinho), Eduardo, Clóvis e Edson; Dino Sani e Rivelino; Marcos, Flávio, Nei e Geraldo II. Os técnicos foram Osvaldo Brandão e José Teixeira.

CAMISA LISTRADA EM PRETO E AMARELO

                          No dia 11 de fevereiro de 1969, o Corinthians viajou a Lima, no Peru, para uma excursão onde realizou dois amistosos contra equipes locais. Ao chegar à capital peruana, a delegação corintiana teve problemas no desembarque com os uniformes. Este empecilho fez com que o Timão utilizasse uniformes emprestados no jogo contra o Universitário do Peru. A camisa que o Corinthians vestiu era amarela com listras pretas, semelhante à do Peñarol, do Uruguai, e não possuía distintivo ou números. O jogo terminou com uma goleada corintiana por 5×2 gols de Benê (3), Tales e Rivelino. A formação do Corinthians para esta partida foi Diogo; Lidu, Ditão, Luís Carlos e Maciel; Dirceu Alves e Rivelino (Tião); Paulo Borges, Tales, Benê e Eduardo.

                          Vale lembrar que dois meses depois, mais precisamente no dia 28 de abril de 1969, os jogadores Lidu e Eduardo que participaram deste jogo, vieram a falecer num trágico acidente de automóvel na Marginal do Tiete, depois de terem jogado em Sorocaba contra o São Bento e empatado em 1×1 pelo Campeonato Paulista daquele ano.

VEJAM ABAIXO ALGUNS NOS UNIFORMES DO CORINTHIANS AO LONGO DE SUA HISTÓRIA

 

 

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