NEI: foi comparado a Pelé nos anos 60

                    Nei Oliveira nasceu dia 6 de julho de 1944, na cidade de Sorocaba-SP. Foi um jogador que fez muito sucesso nos anos 60 jogando pelo Corinthians. Foi muito prejudicado por previsões absurdas que “garantiam” que o alvinegro de Parque São Jorge “também já tinha um Pelé”.  Como isso não sucedeu, obviamente, Nei, de tão cobrado, anos depois rumou para o Rio de Janeiro, onde defendeu o Vasco da Gama,  o Flamengo e o Botafogo, também com o mesmo êxito.

                  Esta previsão também aconteceu com o Almir, o Pernambuquinho, que quando chegou ao Parque São Jorge, em 1960, foi chamado de “Pelé Branco”. E depois o então presidente do Corinthians, Sr. Wadih Helou, disse que Nei era melhor do que o Rei. Coisas de dirigentes que querem valorizar seus atletas de qualquer forma, mas para tudo tem um limite. Nei é pai de outro jogador que também fez muito sucesso com a camisa corintiana, trata-se de Dinei, que foi tricampeão brasileiro pelo Corinthians em 1990, 98 e 99.

INÍCIO DE CARREIRA

                 Nei começou sua carreira nos juvenis do Corinthians no início dos anos 60. Aos poucos foi conquistando seu lugar no time principal. Segundo o técnico Rato, que o lançou ao time de cima, ele era um craque de grande futuro. Sua estreia no time profissional foi contra o XV de Piracicaba no dia 5 de novembro de 1961, pelo segundo turno do Campeonato Paulista. O jogo terminou empatado em 2 a 2, com dois gols de Rafael para o Corinthians e dois gols de Picolé para o Nho Quim. Neste dia o Corinthians jogou com; Aldo, Augusto, Raul Simões (Jaime), Walmir e Gonçalves; Neves e Rafael; Espanhol, Manoelzinho, Nei e Gelson. O técnico da equipe piracicabana era Gatão, que fez sucesso no Corinthians na década de 50, sagrando-se campeão paulista em 1952 e 1954.

                Era uma época de vacas magras para o time alvinegro, pois não conquistava nenhum título desde 1954 e também não tinha uma boa classificação nos campeonatos que disputava. Suas melhores colocações foram em 1955 e 1962, quando ficou em segundo lugar, sendo que nas duas oportunidades, o Santos foi o campeão paulista. Em 62 o time até que fez uma boa campanha, onde venceu o XV de Piracicaba por 5 a 0, o Botafogo por 4 a 0, a Ferroviária por 7 a 1, o São Paulo por 3 a 2 e o Palmeiras por 3 a 0, no entanto, perdeu para o Santos nos dois turnos e isto lhe custou o título.

                Vale lembrar que Pelé estava no auge de sua carreira e o time da Vila Belmiro naquele ano tinha um time sensacional, tanto é que sagrou-se campeão mundial interclubes em pleno Estádio da Luz, ao derrotar o Benfica por 5 a 2, num verdadeiro show de bola, que o público presente naquela noite, ao terminar o jogo, aplaudiu de pé os jogadores santistas, pois nunca tinha visto nada igual.

                E neste Campeonato Paulista de 1962, Nei foi tão bem que acabou sendo convocado pelo técnico Aymoré Moreira para defender nossa seleção no mundial do Chile. Foi aí que o então presidente corintiano, Sr. Wadih Helou soltou aquela pérola “temos um jogador mil vezes melhor que Pelé”. No Timão, Nei formou dupla com Silva, Geraldo José, Airton Beleza e Flávio, mas perdeu espaço no clube a partir da chegada do gaúcho Flávio Minuano, vindo do Internacional de Porto Alegre em 1964.

               De todos os companheiros, foi com Silva que Nei jogou mais tempo junto e conquistaram grandes vitórias pelo alvinegro, como por exemplo aquela do dia 9 de dezembro de 1962, quando derrotou o Palmeiras por 3 a 0, com dois gols de Silva e um de Nei. Neste dia o Corinthians jogou com; Aldo, Augusto, Eduardo, Amaro e Oreco; Cássio e Rafael; Felício, Silva, Nei e Lima. O técnico era Fleitas Solich. O Palmeiras tinha um grande time naquele ano e jogou com a seguinte formação; Valdir, Zequinha II, Valdemar Carabina, Aldemar e Geraldo Scotto; Zéquinha e Hélio; Alencar, Américo, Vavá e Gildo. O técnico era Geninho.

               A última partida de Nei com a camisa corintiana, aconteceu dia 22 de janeiro de 1967, quando o Corinthians derrotou o Ferroviário de Araçatuba num jogo amistoso por 5 a 2. O jogo foi no Estádio Adhemar de Barros, na cidade de Araçatuba. Os cinco gols corintianos foram marcados pelo centroavante Flávio, enquanto que Mário e Wilsinho marcaram para o time interiorano. Neste dia o técnico Zezé Moreira mandou a campo os seguintes jogadores; Marcial, Jair Marinho, Ditão (Eduardo), Galhardo (Clóvis) e Edson (Maciel); Nair e Rivelino (Dino Sani); Marcos (Bataglia), Flávio, Tales (Nei) e Gilson Porto.

               Com a camisa do alvinegro de Parque São Jorge, Nei disputou 153 jogos. Venceu 86, empatou 32 e perdeu 35. Marcou durante os sete anos que defendeu o clube, 69 gols. O único título que conquistou nesse período foi o Torneio Rio-São Paulo de 1966, assim mesmo dividindo o título com mais três clubes; Santos, Vasco da Gama e Botafogo, pois como estava próximo a Copa da Inglaterra, não havia datas para se fazer um quadrangular, sendo assim, a CBD (Confederação Brasileira de Desportos) declarou os quatro clubes como campeões daquele ano de 1966.

VASCO DA GAMA

               Nei chegou ao Rio de Janeiro em 1967 e foi jogar no Vasco da Gama. Alguns meses depois estava enfrentando seu ex-clube, onde iniciou sua carreira no infantil e defendeu por vários anos. Segundo ele foi uma sensação muito estranha, mas como profissional procurou fazer o melhor dentro de campo, no entanto naquele dia o Corinthians foi bem melhor e venceu por  2 a 0, com dois gols de Silvio, que havia chegado da Portuguesa de Desportos. Naquele dia o Vasco jogou com a seguinte formação; Franz, Jorge Luiz, Brito, Fontana e Oldair; Maranhão e Salomão; Zézinho, Adilson, Nei e Acelino. O técnico era o extraordinário Zizinho, que fez muito sucesso no Flamengo, no São Paulo e em nossa seleção na Copa de 50.

FLAMENGO

                 Em 1969 deixou São Januário e foi para a Gávea defender o Flamengo. Sua estreia aconteceu dia 28 de setembro de 1969, e não foi nada boa, pois foi derrotado pelo Fluminense por 4 a 1. O time do Flamengo era muito bom naquela época, pois tinha jogadores a nível de seleção, como por exemplo o time que enfrentou o Corinthians dia 5 de dezembro; Ubirajara, Murilo, Onça, Reys e Paulo Henrique; Zanata e Liminha; Doval, Nei, Fio Maravilha e Caldeira.

              O jogo terminou com a vitória corintiana por 1 a 0, gol do ponta esquerda Aladim. Nei jogou no Flamengo por dois anos e nesse período sagrou-se campeão da Taça Guanabara, do Torneio Internacional de Verão do Rio de Janeiro e do Troféu Ary Barroso, todos em 1970. No ano seguinte conquistou o Troféu Pedro Pedrossian. Ao todo Nei vestiu a camisa Rubro Negra por 86 vezes, venceu 38, empatou 28 e perdeu 20. Marcou 25 gols. Sua última partida pelo Flamengo foi no dia 1 de agosto de 1971.

BOTAFOGO

                  E depois jogou também no Botafogo carioca. Já estava em final de carreira e por lá começou a ser chamado de Nei Oliveira, uma vez que já havia na equipe um outro Nei, o meia campista Nei Conceição. Foi uma época boa em que passou em General Severiano, pois o Fogão naquele ano de 1971 tinha uma boa equipe, tanto é que chegou ao triangular final do Campeonato Brasileiro daquele ano com o São Paulo e o Atlético Mineiro, que acabou sagrando-se campeão do primeiro Brasileirão. Na época o time do Botafogo era o seguinte; Wendel, Valtencir, Brito, Osmar Guarnelli e Marinho Chagas; Nei Conceição e Carlos Roberto; Zéquinha, Jairzinho, Nei e Fischer. Sua principal habilidade era marcar gols por conta da sua capacidade de antever as reações dos zagueiros dos times adversários.

                 Chegou à ser convocado pela Seleção Brasileira, entre 1962 e 1968, tendo jogado em 11 partidas e não tendo marcado nenhum gol. Chegou a fazer parte da lista inicial para a Copa do Mundo de 62. Foram convocados, à época, 43 jogadores. Mas o centroavante, então do Corinthians, não disputou o Mundial do Chile, quando conquistamos o bicampeonato mundial com uma seleção que era praticamente a mesma da Copa anterior disputada na Suécia em 1958. Em 1963 Nei fez dupla de área com Pelé, quando nossa seleção fez uma excursão à Europa e o time era assim formado; Gilmar, Djalma Santos, Eduardo, Roberto Dias e Altair; Zito e Gerson; Marcos, Nei, Pelé e Pepe.

                 Nei de Oliveira é pai do jogador Dinei, que defendeu o Corinthians entre 1990 e 1992 e também entre 1998 e 2000. Tanto Dinei quanto Nei são ídolos da Fiel, embora Dinei tenha conquistado mais títulos e seja mais amado pelos corintianos que o próprio pai. Depois que chegou ao Rio de Janeiro, Nei casou-se pela segunda vez e quando se aposentou passou a trabalhar como assessor parlamentar de um deputado carioca. Foi um jogador que poderia ter ido mais longe em sua carreira, mas uma declaração infeliz de um cartola, fez com que ele tivesse a obrigação de ser um novo Pelé, coisa que o prejudicou e muito em sua carreira.

                 Seu filho também fez sucesso no Corinthians na década de 90 e é até hoje muito querido pelos torcedores alvinegros, tanto é, que tem a carteirinha de sócio da Gaviões da Fiel de nº 11.300. Passou a ser uma arma secreta do time, cujo nome era frequentemente pedido pela torcida nas horas de desespero. Não foram poucas as vezes em que ele entrou no decorrer do jogo e resolveu a partida, com passes lúcidos e, até, alguns gols, que inclusive ajudaram a conquistar o título. Hoje Nei mora no Rio de Janeiro e raramente vem à São Paulo, mas mesmo de longe ainda torce e vibra com as conquistas do Corinthians, como a Libertadores e o Mundial de 2012.

Em pé: Batista, Barbosinha, Mendes, Luis Carlos Gálter, Jorge Correia, e Luis Américo      –     Agachados: Abílio Rivelino, Bataglia, Nei, Geraldo José e Adnan
Em pé: Augusto, Oreco, Aldo, Amaro, Eduardo e Ari Clemente     –      Agachados: Marcos, Davi, Nei, Bazani e Lima
Em pé: Augusto, Oreco, Cabeção, Cassio, Eduardo e Ari Clemente      –     Agachados: Bataglia, Silva, Nei, Ferreirinha e Lucio
Em pé: Aldo, Ferreirinha, Oreco, Augusto, Eduardo e Ari Clemente      –     Agachados: Hespanhol, Manoelzinho, Nei, Rafael e Gelson
Em pé: Augusto, Aldo, Oréco, Cássio, Eduardo e Ari Clemente      –      Agachados: Bataglia, Silva, Nei, Rafael e Ferreirinha
Em pé: Mura, Ubirajara Motta, Brito, Djalma Dias, Nei Conceição e Valtencir      –     Agachados: Zequinha, Paulo Cesar Caju, Nei, Roberto Miranda e Galdino
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