JAIRO: campeão paulista pelo Corinthians em 1977 e 1979

                Jairo do Nascimento nasceu dia 23 de outubro de 1946, na cidade de Joinville – SC. Foi um grande goleiro e que jogou em grandes clubes do Brasil, como por exemplo; Fluminense, Coritiba, Náutico, Corinthians e também foi convocado para defender nossa Seleção Brasileira em várias oportunidades. Ele foi o goleiro do Brasil no famoso amistoso contra o Uruguai, no Maracanã, quando ocorreu uma briga generalizada. Rivelino e Sérgio Ramires se desentenderam durante a partida e quando o juiz apitou o final do jogo, Rivelino já sabendo que Ramires iria partir para cima dele, saiu correndo para o túnel, mas escorregou nas escadarias levando um tremendo tombo e foi aí que a briga começou, onde praticamente todos os jogadores participaram. Jairo foi um dos goleiros mais altos do nosso futebol, ele tem 1,94m de altura, mas não tinha tantas dificuldades com bolas rasteiras. Aquelas que vinham pelo alto então, nem vamos comentar. Foi campeão paulista pelo Corinthians em 1977 e 1979, ambos em cima da Ponte Preta de Campinas.  

CORITIBA

               Jairo começou sua carreira no Caxias do Rio Grande do Sul, onde jogou por dois anos. Depois foi para o Rio de Janeiro, onde defendeu o Tricolor Carioca. Ficou na reserva de Félix, que havia sido campeão do mundo no México na Copa de 1970. No Fluminense também ficou por dois anos, até que chegou ao futebol paranaense e se consagrou no Coritiba Futebol Clube. E foi no Coritiba, que Jairo viveu os melhores momentos de sua carreira. O Brasil inteiro assistia pela televisão Pelé e companhia levantar a taça da Copa do Mundo de 1970. O Tricampeonato conquistado no México consolidava o Brasil como o país do futebol. No Paraná, uma seleção de talentos despontava com a camisa coxa-branca e colocavam o Clube em um novo patamar de sua história. Campeão absoluto no Estado, ainda faltava a conquista de um Tricampeonato Paranaense.

               A obsessão era tão grande que o Clube foi Hexa. Entre 1971 e 1976 só deu Coxa e Jairo esteve presente em praticamente todos os títulos. De quebra, em 1973 o Coxa foi Campeão do Torneio do Povo, competição que reunia os clubes do Brasil com maior torcida, como Flamengo, Corinthians, Atlético-MG, Internacional e Bahia. A festa foi imensa pelas ruas da cidade. Depois desse feito, somente a conquista do Brasileiro de 1985 gerou um carnaval dessa proporção na capital paranaense. A decisão foi contra o Bahia no dia 21 de março de 1973 lá no estádio da Fonte Nova. O jogo terminou empatado em 2 a 2, gols de Aladim e Hélio Pires.  Para esta partida o técnico Elba de Pádua Lima, o popular e saudoso Tim, mandou a campo os seguintes jogadores; Jairo, Orlando, Pescuma, Oberdan e Cláudio Marques; Dirceu, Dreyer e Aladim; Tião Abatiá, Leocádio e Zé Roberto.

               O primeiro Atletiba da história do Campeonato Brasileiro aconteceu dia 14 de novembro de 1973 e Jairo estava lá. O Coritiba venceu por 2 a 1, gols de Bráulio e Orlando cobrando pênalti. Foi um jogo emocionante do começo ao fim. O Atlético só não chegou ao empate graças ao goleiro Jairo, que neste dia fechou o gol e fez uma de suas melhores partidas com a camisa do Coxa. Com a camisa do Coritiba Futebol Clube, o goleiro Jairo sagrou-se campeão paranaense de 1971 até 1976 e ainda conquistou o Torneio do Povo em 1973. Não é por acaso que a torcida alviverde o idolatra tanto. Notabilizou-se por ser o atleta que mais defendeu as cores do Coritiba na história, com 440 partidas. Quando goleiro do “Coxa”, foi convocado algumas vezes para defender a Seleção Brasileira de Futebol.

CORINTHIANS

               No final de 1976 foi contratado pelo Corinthians. O goleiro titular era Tobias, que estava em grande fase, sendo assim, sua estréia com a camisa alvinegra aconteceu somente no dia 3 de abril de 1977, quando o Corinthians empatou com o Internacional de Porto Alegre em 1 a 1, gol de Zé Maria para o alvinegro e Vacaria para o Colorado. Uma curiosidade deste jogo, foi que além de Jairo que fazia sua estréia no gol corintiano, Palhinha fazia sua segunda partida na equipe corintiana. Mais de 60.000 pessoas estiveram presente no estádio Cícero Pompeu de Toledo. Neste dia o técnico Osvaldo Brandão mandou a campo a seguinte equipe; Jairo, Zé Maria, Moisés, Zé Eduardo e Wladimir; Givanildo (Ruço), Basílio (Lance) e Palhinha; Vaguinho, Geraldão e Edu. O jogo foi válido pela Taça Libertadores da América, que não foi nada animadora para o Corinthians, vice campeão brasileiro de 1976. Foram um empate, duas vitórias e três derrotas, todas fora de casa. A torcida corintiana ficou triste com a eliminação da Libertadores, mas o que ela mais queria era o título paulista que não conquistava desde 1954.

               Durante todo o Campeonato Paulista de 1977, Jairo ficou na reserva de Tobias, entrava numa partida ou outra, e para seu azar, jogou a segunda partida da decisão contra a Ponte Preta. Caso o Corinthians vencesse seria o campeão e ele entraria para história, mas deu tudo errado, depois de estar vencendo a partida, veio a virada campineira e a Ponte venceu por 2 a 1. O gol de empate da “macaca” em uma falta cobrada espetacularmente por Dicá no ângulo direito de Jairo, que apesar de esticar todo o seu corpanzil, não conseguiu chegar à tempo na pelota. Neste dia tivemos o recorde de público do estádio do Morumbi, 138.000 pagantes, um recorde que permanece até os dias de hoje e que não será quebrado, pois as normas de segurança não permitem mais um número tão elevado de pessoas naquele estádio.

               Jairo só veio a ser o titular absoluto em 1979, quando o Corinthians sagrou-se novamente campeão paulista e novamente em cima da Ponte Preta de Campinas. Este jogo aconteceu dia 10 de fevereiro de 1980, quando o Timão venceu a Macaca por 2 a 0, gols de Sócrates e Palhinha. Sua última partida pelo alvinegro aconteceu dia 21 de novembro de 1980, quando o Timão enfrentou o Argentinos Juniors, da Argentina num jogo amistoso realizado no estádio Vivaldão, em Manaus – AM. Neste dia o técnico Osvaldo Brandão mandou a campo os seguintes jogadores; Jairo, Zé Maria, Amaral, Djalma e Wladimir; Biro Biro, Basílio e Sócrates (Geraldão); Gil, Toninho e Wilsinho. O jogo terminou com a vitória corintiana por 1 a 0, gols de Gil. Com a camisa do Corinthians, Jairo disputou 190 jogos. Venceu 93, empatou 61 e perdeu 36. Sofreu 146 gols.

               Jairo foi um dos poucos goleiros negros que chegou a vestir a camisa da nossa seleção. Durante o Brasileirão de 1980, após uma derrota para o Coritiba por 1 a 0 no dia 11 de maio, foi acusado publicamente pelo presidente Vicente Mateus de ter falhado no lance do gol adversário, marcado por Vilson Tadei com um chute de longa distância. Na partida seguinte, contra o Grêmio, o Corinthians venceu por 5 a 0 e a cada gol marcado, todos os jogadores iam até Jairo para abraçá-lo, numa demonstração de carinho para com o companheiro que havia sido injustiçado no jogo anterior.

               Jairo alternou bons e maus momentos na meta corintiana. Ele integrou o time inteiramente negro do Corinthians: Jairo; Zé Maria, Mauro, Amaral e Wladimir; Caçapava, Basílio e Biro-Biro; Piter, Geraldão e Romeu, em 78. Em compensação, ele foi o camisa 1 do Timão que tomou os cinco gols de Roberto Dinamite, que estava voltando do Barcelona, onde fracassou, naqueles inesquecíveis 5 a 2 do time carioca para cima do Timão, em 80. Chegou a ser bastante criticado por dirigentes e torcedores naquele ano. Em 1977 Jairo chegou a ficar 1.131 minutos sem tomar um gol, recorde na história dos goleiros do Corinthians. Pelo tempo que defendeu o alvinegro, pelo número de jogos que realizou e pelo número de gols que sofreu, Jairo é o goleiro com a melhor média, ou seja, 0,75.

FINAL DE CARREIRA

               Teve uma passagem curta pelo time do Náutico. Antes de encerrar a carreira, ele retornou ao Coritiba. Ele era reserva de Rafael no título brasileiro de 85 conquistado pelo Coxa sobre o Bangu. Jairo encerrou sua carreira jogando pelo Atlético de Três Corações (MG). E não foi uma curta passagem. Jairo morou (ao lado de toda a família) na cidade onde nasceu Pelé por dois anos (87/88).

              Guardo até hoje a imagem impressionante da estatura do catarinense Jairo, que chegou para defender a meta do Corinthians em 1977. Quando estava perfeitamente alinhado embaixo dos paus é que tínhamos a noção exata do seu tamanho em relação aos outros jogadores. Era até cômico, quando alguns atacantes ainda insistiam em disputar jogadas aéreas com o goleiro Jairo. Gostava de usar a camisa 46 (uma referência ao ano de seu nascimento). Quando chegou ao Corinthians disputou a vaga com o goleiro Tobias. Em muitas oportunidades Oswaldo Brandão resolveu escalá-lo e ele não decepcionou. E foi pelas mãos do próprio técnico Oswaldo Brandão que ele chegou ao selecionado canarinho e também teve boas atuações.

               Jairo formou a conhecida muralha negra ao lado de Zé Maria, Amaral, Wladimir e Caçapava no final dos anos 70. Muitos críticos diziam que em razão de sua estatura ele demorava demais para praticar defesas em bolas rasteiras. O que não era verdade! Jairo era ágil tanto no chão como também em chutes pelo alto. Jairo do Nascimento, ex-goleiro do Fluminense, Coritiba, Corinthians e Náutico e da seleção brasileira em 76,  em 2005 aceitou convite para ser técnico do Operário de Mafra, de Santa Catarina. Seguiu a carreira de treinador e depois passou a cuidar de escolinhas de futebol no eixo de Curitiba e Joinville. Infelizmente Jairo veio a falecer no dia 6 de fevereiro de 2019.

Em pé: Jairo, Zé Maria, Taborda, Amaral, Zé Eduardo e Romeu   –    Agachados: Vaguinho, Palhinha, Sócrates, Biro Biro e Wladimir
Em pé: Jairo, Orlando, Hidalgo, Oberdan, Cláudio, o dirigente Luís Affonso e Nilo    –     Agachados: massagista Oswaldo Sarti, Leocádio, Zé Roberto, Dreyer, Negreiros e Aladim
Em pé: Jairo, Zé Maria, Taborda, Amaral, Zé Eduardo e Romeu    –    Agachados: Piter, Palhinha, Sócrates, Biro Biro e Wladimir
Em pé: Jairo, Luis Cláudio, Amaral, Ademir Gonçalves, Nobre e Wladimir     –     Agachados: Vaguinho, Palhinha, Rui Rei, Sócrates e Romeu
Em pé: Jairo, Mauro, Luis Cláudio, Amaral, Caçapava e Romeu      –     Agachados : Píter, Biro Biro, Palhinha, Sócrates e Wladimir
Em pé: Jairo, Zé Maria, Mauro, Amaral, Caçapava e Romeu    –     Agachados: Piter, Palhinha, Sócrates, Biro Biro e Wladimir
Em pé: Jairo, Orlando, HIdalgo, Oberdan, Cláudio, o diretor Luís Afonso e Nilo     –      Agachados: o massagista Sarti, Leocádio, Zé Roberto, Dreyer, Negreiros e Aladim
JAIRO – quando defendeu a Seleção Brasileira

 

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