SAULZINHO: brilhou no Vasco da Gama nos anos 60

                              Saul Santos Silva nasceu no município de Bagé (RS), em 31 de outubro de 1937. O baixinho e goleador Saulzinho fez um tremendo sucesso jogando pelo Vasco da Gama na década de 60.  De origem humilde, o menino Saulzinho participava de incontáveis peladas no grande areião, local onde atualmente se encontra a Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora. 

                              Aos 15 anos de idade foi encaminhado ao juvenil do Grêmio Esportivo Bagé (RS), clube onde assinou seu primeiro compromisso, o popular “Contrato de Gaveta”. O “Contrato de Gaveta” era uma espécie de documento assinado em branco e sem validade legal nas federações.

                              Era usado pelos clubes como uma espécie de garantia para manter o jogador ou ainda evitar prejuízos financeiros. Rapidamente aproveitado no time principal, Saulzinho foi escalado em algumas partidas no time principal e foi muito bem.

                              Em meados de 1953, Saulzinho trocou o Bagé pelo Guarany Futebol Clube (RS). A primeira partida pelo novo clube ocorreu em 1954, contra o Nacional de Porto Alegre. A transferência do atacante causou um grande mal estar entre os dirigentes. Enquanto o destino do jogador era decidido, Saulzinho ficou praticamente um ano sem jogar.

                             Com sua situação regularizada no Guarany, o jogador voltou aos gramados em 1956. Em grande forma, Saulzinho fez parte do time que foi vice-campeão gaúcho de 1958. Mas o Guarany continuou assustando na temporada de 1961, inclusive vencendo o Internacional em dois confrontos. O primeiro aconteceu no Estádio dos Eucaliptos, com surpreendente vitória do Guarany por 2×1, gol da vitória marcado por Saulzinho.

                            O segundo duelo aconteceu em Bagé, quando o time da casa venceu novamente por 4×2. Foi o suficiente para que o técnico do Internacional Martim Francisco ficasse encantado com Saulzinho.

                            Em 1961 o mesmo Martim Francisco indicou o futebol de Saulzinho ao Vasco da Gama. O clube carioca concordou em desembolsar 2 milhões e meio de cruzeiros pelos direitos do jogador. Saulzinho chegou em São Januário no dia 1º de abril de 1961. Em seu primeiro treino, o jovem atacante de Bagé mostrou grande desenvoltura e marcou três gols atuando pelo time reserva.

                             Pouco antes, em 1960, o Vasco tinha negociado o passe de Almir Albuquerque com o Corinthians. Assim, o interiorano Saulzinho não demorou para encontrar seu lugar no time.

                             A primeira participação pelo Vasco aconteceu no dia 16 de abril contra o Corinthians, compromisso válido pelo Torneio Rio-São Paulo. Os cariocas venceram no Pacaembu pela contagem de 2×0, com gols de Roberto Pinto.

                             Em seguida, em uma excursão aos gramados europeus, Saulzinho marcou 12 gols em 11 jogos, o que valeu sua efetivação como titular no campeonato carioca de 1961. No ano seguinte, em 1962, Saulzinho foi o artilheiro do Campeonato Carioca com 18 gols em 19 partidas disputadas. Mas o Botafogo ficou com o título, graças também ao surpreendente Olaria, que tirou 4 pontos do Vasco.

                            Cotado para o escrete canarinho na preparação para o mundial do Chile, Saulzinho precisou passar por procedimentos cirúrgicos na garganta. Além disso, uma forte distensão na virilha o deixou parado por mais de um mês.

                            Em 1963, na conquista do Torneio Pentagonal do México, Saulzinho marcou contra o América o que considera seu gol mais bonito. Depois de um cruzamento de Sabará, Saulzinho dominou no peito e aplicou uma bicicleta indefensável.

                            No entanto, conquistas como o Torneio Internacional do IV Centenário do Rio de Janeiro e da Taça Guanabara em 1965, não foram suficientes para atenuar o dissabor dos torcedores pela falta de títulos cariocas na década de 60.

                            Em abril de 1966, Saulzinho participou da conquista da Taça Bernardo O’Higgins pela Seleção Brasileira, em dois confrontos diante do Chile. Ainda em 1966, Saulzinho recebeu convites do Benfica de Portugal e do Esporte Clube Bahia, mas levou em conta o pedido da esposa e voltou para sua terra natal, encerrando a carreira no mesmo Guarany.

                            Viúvo, tem duas filhas: Cláudia, diplomata e 1ª secretária da Embaixada do Brasil no Japão, e Adriane, jornalista e gestora de marketing do jornal Diário Catarinense. Tem um neto, Victor, que segue os passos do avô, se destacando como goleiro de futsal do Lagoa Iate Clube e da seleção de Florianópolis, na categoria Sub-11.

                            Segundo Saulzinho, jogar futebol naquela época era muito complicado. “Os zagueiros eram mais violentos, a chuteira e a bola não eram tão boas quanto às de hoje e os campos eram muito esburacados”. Mesmo assim, o ex-artilheiro lembra da galeria de craques de seu time e dos adversários. “Tínhamos que enfrentar o Botafogo de Garrincha, o Flamengo de Jordan, o Fluminense de Castilho e Pinheiro ou o Santos de Pelé. Não tinha moleza nos anos 60”, ressalta.

Humberto, Paulinho, Brito, Nivaldo, Barbosinha e Dario. Agachados: Sabará, Vevé, Saulzinho, Lorico e Tiriça

Em pé: Humberto, Paulinho, Brito, Nivaldo, Barbosinha e Dario     –    Agachados: Sabará, Vevé, Saulzinho, Lorico e Tiriça
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