ZÉ MARIA: o Super Zé do Corinthians e da Seleção Brasileira

                  José Maria Rodrigues Alves, o nosso Super Zé da Copa de 70 no México, da Copa de 74 na Alemanha, da Portuguesa de Desportos e do Corinthians, onde foi símbolo da raça alvinegra. Zé Maria nasceu dia 18 de maio de 1949 na cidade de Botucatu (SP). Iniciou seus primeiros passos no futebol jogando nos times do Lajeado Atlético Clube, (um time de várzea) e na Associação Atlética Ferroviária de Botucatu. Logo cedo deixou sua cidade, Botucatu, para começar a jogar na Portuguesa de Desportos, onde fez sucesso e chamou atenção pelo bom futebol apresentado no Canindé. 

                 Naquela ocasião, a Portuguesa tinha um grande time; Orlando, Zé Maria, Marinho Perez, Guaraci e Américo; Lorico e Paes; Ratinho, Leivinha, Basílio e Rodrigues. O técnico da Lusa era o mesmo que dirigiu a seleção brasileira na brilhante conquista de 1962 no  Chile, ou seja, Aimoré Moreira. Zé Maria foi convocado para a Copa de 1970 disputada no México, onde foi reserva de Carlos Alberto Torres. Nesta época o Corinthians se interessou por suas habilidades e pelo seu invejável preparo físico.

                A Portuguesa, no entanto, não quis libera-lo.  Por este motivo, o Super Zé foi um dos primeiros jogadores que viraram alvo de briga judicial entre clubes, em uma época que isto não era nada comum.  Apesar de ter feito o depósito do dinheiro, o Corinthians teve de esperar meses até que o Super Zé estreasse com a camisa corintiana.  Isto só veio acontecer no final de 1970, mais precisamente no dia 11 de novembro de 1970, quando o Corinthians foi derrotado pelo Grêmio por 1 a 0 no estádio Olímpico na primeira fase do Robertão daquele ano. Neste dia o Corinthians jogou com; Ado, Zé Maria, Ditão, Luiz Carlos e Fogueira; Dirceu Alves (Tião) e Suingue; Paulo Borges, Mirandinha, Ivair e Aladim (Lima).  Depois da estréia, a sua carreira decolou.

                Não esconde de ninguém que uma das partidas mais emocionantes de sua carreira e que não sai de sua memória, aconteceu no dia 25 de abril de 1971, numa tarde gelada de domingo de 8 graus no Morumbi, no célebre dia em que o Corinthians venceu de virada o Palmeiras por 4 a 3.  Depois de estar perdendo por 2 a 0 logo no início do jogo, o Timão voltou para o segundo tempo com aquela garra que é tradicional no time alvinegro de Parque São Jorge.  Neste dia o técnico Francisco Sarno mandou a campo os seguintes jogadores; Ado, Zé Maria, Sadi, Luiz Carlos e Pedrinho; Tião e Rivelino; Lindóia (Natal), Samarone (Adãozinho), Mirandinha e Peri.  Os gols foram marcados na seguinte ordem: César, César, Mirandinha, Adãozinho, Leivinha, Tião e Mirandinha. O árbitro foi Armando Marques.

                Na Copa de 74 na Alemanha, foi titular absoluto. A nossa seleção não conseguiu repetir a dose de 70 e acabou ficando em 4º lugar ao perder para a Polônia na decisão do terceiro lugar.  A seleção daquele ano era a seguinte; Leão, Zé Maria, Luiz Pereira, Marinho Peres e Marinho Chagas; Piazza, Paulo César Caju e Rivelino; Valdomiro, Leivinha e Jairzinho. O técnico era Zagallo.  Seis meses depois o nosso Super Zé teve outra tristeza em sua brilhante carreira.  Perdeu o título do Campeonato Paulista para o Palmeiras.

                Este jogo aconteceu no dia 22 de dezembro de 1974 no Morumbi, com a vitória alviverde por 1 a 0, gol de Ronaldo aos 24 minutos do segundo tempo. Zé Maria era um profissional tão responsável, que não saiu de casa por um mês. “Eu tinha vergonha”, confessou depois tal era o amor que tinha pelo Corinthians. Mesmo depois daquela derrota, Zé Maria continuaria sendo, por mais quase dez anos, o símbolo da raça e voluntariedade alvinegra. Ganhou vários apelidos, todos referentes à sua capacidade física. Super Zé e Cavalo de Aço (nome de uma novela da época) foram alguns deles.

                No entanto, sua maior alegria viria no dia 13 de outubro de 1977, quando o Timão depois de 22 anos sem ganhar um título pelo Campeonato Paulista, quebrou o jejum diante da Ponte Preta, ao vencer por 1 a 0, gol de Basílio aos 37 minutos do segundo tempo, sendo que a jogada começou com um cruzamento de Zé Maria pela direita.  Cheio de emoções, não resistia aos gritos da Fiel Torcida. “Aquele título marcou minha vida, é que as vezes vejo o rosto de meu pai entre os torcedores corintianos”, disse uma vez.  No ano seguinte foi convocado para disputar a Copa da Argentina, mas, uma contusão fez com que ele fosse cortado dias antes da relação de jogadores ser enviada à FIFA.

                Zé Maria jogou pelo Corinthians durante 13 anos, sempre mostrando liderança e força física dentro de campo.  Viveu o período inesquecível e revolucionário, conhecido como Democracia Corintiana, ao lado de Wladimir, Sócrates, Zenon, Casagrande e outros craques. Zé Maria ajudou a mudar um pouco a imagem do atleta profissional e a quebrar tabus do futebol.  Depois foi campeão pelo Timão em 1979, 1982 e em 1983 já como reserva de Alfinete. Sua garra era tamanha, que na decisão do título de 79 que aconteceu dia 3 de fevereiro de 1980 com a vitória sobre a Ponte Preta por 1 a 0, Zé Maria abriu o supercílio e voltou a campo com a camisa banhada de sangue, o que fez com que a torcida o aplaudisse e gritasse o nome daquele grande ídolo da Fiel.

                Já no seu último ano de atleta profissional em 1983, foi premiado pelos companheiros de clube. Com a saída do técnico Mário Travaglini, foi escolhido pelos outros jogadores da Democracia Corintiana para ser o novo treinador.  Estreou como técnico no dia 31 de março de 1983 no Campeonato Brasileiro. Naquela ocasião o Timão empatou em 0 a 0 com o Vasco, no Rio de Janeiro.  Fez só dez jogos como técnico.  No mesmo ano, encerrou a carreira com o bicampeonato paulista (82 e 83, ambos em cima do São Paulo).

               Ao chegar no Corinthians em 1970, prometeu ao seu pai, Sr. Durvalino, que era corintiano, um título. Hoje o nosso Super Zé diz estar feliz, pois cumpriu sua promessa. Zé Maria vestiu a camisa corintiana 599 vezes.  Teve 284 vitórias,  183 empates e 132 derrotas.  Marcou 17 gols a favor e 4 contra.  É o quarto jogador de toda história do clube que mais vezes atuou pelo Corinthians, só perdendo para Wladimir com 803, Luizinho com 606 e para o goleiro Ronaldo com 601 vezes.  Inteligente, humilde e sempre elogiado pelos companheiros por onde passou, Zé Maria não fazia muitos planos para sua vida depois do futebol. Viveu intensamente seu amor com a bola até o final.  Depois que encerrou a carreira de jogador de futebol, acabou seguindo a carreira política e foi eleito Vereador na Câmara Municipal de São Paulo em 1984, mas não gostou de dar ordens e saiu.

               O Super Zé era uma muralha na lateral direita corintiana, onde jogou durante 13 anos. Era impressionante o seu vigor físico. Forte como um touro, dono de uma recuperação excepcional, ele personificava o que era ser jogador do Corinthians. Exibia acima de tudo, garra. Era um leão em defesa do seu time do coração. Atualmente mora no bairro de Santana, na Zona Norte de São Paulo e trabalha no projeto da Febem.  O objetivo desse trabalho é dar ao jovem infrator uma nova oportunidade.  Procura passar àqueles jovens, as dificuldades que teve durante sua vida e que sempre soube vence-las. Zé sempre foi um homem de coração puro, sempre que podia, levava amigos para comerem e dormirem em sua casa e, na maioria das vezes nem obrigado falavam. Outros ainda lhe deixavam dívidas para ele pagar, como seu irmão Tuta que jogou na Ponte Preta, ao destruir seu Volkswagen que Zé havia ganho depois da Copa de 70.

AMOR PELO CORINTHIANS

                Ao falar do seu amor pelo Corinthians, Zé Maria diz “isso vem de família. Eu adorava jogar bola quando pequeno e a paixão foi tomando conta, a ponto de um dia, dar um passo decisivo: fui jogar na Ferroviária de Botucatu, na minha cidade natal, interior de São Paulo. Eu jogava bola e estudava. Meu pai nos cobrava muito os estudos. Meu pai era um corintiano fanático, e cada filho dele, assim que nascesse, nascia corintiano, porque ele fazia questão de ensinar a torcer pro time. Não tinha nem conversa. Então, eu me conheço por corintiano desde pequeno. Eu joguei quase 14 anos no Corinthians, eu torço desde pequeno para ao Corinthians e há mais de 40 anos, que não consigo explicar o que seja ser corintiano! O que signifique tamanho amor! Só sei que tive a honra e o orgulho de fazer parte deste grande clube, de história e amplitude que alcança a todos os continentes”.

                Encerrou sua carreira de jogador de futebol no dia 10 de setembro de 1983, um sábado a tarde, quando o Corinthians empatou com o Santo André em 0 a 0 no estádio Bruno José Daniel no ABC paulista. Neste dia o Corinthians jogou com; Solito, Alfinete (Zé Maria), Mauro, Vagner e Ronaldo; Paulinho, Biro Biro e Zenon; Ataliba, Casagrande e Eduardo.  O técnico foi Jorge Vieira.  Ao término da partida, o nosso Super Zé saiu carregado pelos companheiros. Teve sua camisa disputada ainda em campo. 

                Naquele momento, com seu coração corintiano chorando, ele disse a todos: “Estão tirando um pedacinho de mim”. No memorial do Corinthians está exposta uma camiseta sua com a seguinte frase “a esse clube que durante muitos anos foi a minha própria vida”. Força, garra, amor a camisa e muita disposição. Assim era o Zé Maria, ou o “Super Zé”, símbolo da raça alvinegra nos anos 70, virou ídolo da fiel pelo futebol, mas também pelo amor ao clube, expressos em declarações como “No Corinthians eu jogo até de graça”.

Em pé: Pedrinho, Zé Maria, Luíz Carlos, Wágner, Ado e Tião   –    Agachados: Vaguinho, Sicupira, Mirandinha, Rivelino e Marco Antônio
Em pé: Zé Maria, Felix, Brito, Piazza, Clodoaldo e Everaldo   –    Agachados: Mário Américo, Zequinha, Gérson, Tostão, Pelé, Rivelino
Em pé: Zé Maria, Buttice, Tião, Brito, Baldochi e Wladimir   –    Agachados: Vaguinho, Lance, Zé Roberto, Pita e Peri
Em pé: Jairo, Zé Maria, Taborda, Amaral, Zé Eduardo e Romeu   –   Agachados: Vaguinho, Palhinha, Sócrates, Biro-Biro e Wladimir
Em pé: Zé Maria, Marinho Chagas, Wendell, Luís Pereira, Piazza e Carbone   –    Agachados: Mário Américo, Jairzinho, Paulo César Carpegiani, Mirandinha Ademir da Guia, Edú e Nocaute Jack
Em pé: Jairo, Zé Maria, Taborda, Amaral, Zé Eduardo e Romeu   –    Agachados: Piter, Palhinha, Sócrates, Biro-Biro e Wladimir
Em pé: Orlando, Zé Maria, Ulisses, Augusto, Marinho Peres e Guaraci   –   Agachados: Ratinho, Leivinha, Ivair, Paes e Rodrigues
Em pé: Orlando, Ulisses, Marinho Peres, Guaraci, Zé Maria e Augusto   –   Agachados: Mário Américo, Leivinha, Paes, Ivair, Lorico e Rodrigues

 

 

 

 

 

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