ADEMIR GONÇALVES: campeão paulista pelo Corinthians em 1977

                 Ademir José Gonçalves nasceu dia 10 de novembro de 1947, na cidade de Santa Bárbara D´oeste – SP. Também chamado de Ademir Caipira (por causa de sua origem interiorana), Ademir Gonçalves jogou no XV de Piracicaba, no Guarani Futebol Clube e no Corinthians. Ademir fez parte do time na decisão do Campeonato Paulista de Futebol de 1977, substituindo Zé Eduardo, que estava suspenso. Foi o título que o torcedor corintiano não esquece, pois já faziam 22 anos que ele não soltava o grito de “É Campeão”. Era um zagueiro de muita raça e espírito de luta, era sempre muito querido pela torcida dos time em que atuava.

                 Não era um craque, mas fazia o seu feijão com arroz e suava a camisa pelo time. Sempre foi disciplinado e obediente as ordens dadas pelo treinador. Com isto caiu na graça da torcida do Corinthians, que sempre gostou de jogador de muita fibra e amor a camisa. Depois que encerrou sua brilhante carreira de jogador de futebol, Ademir foi secretário de esportes em sua cidade de origem, onde também se destacou como comentarista esportivo numa emissora de rádio.

INÍCIO DE CARREIRA

               Ademir Gonçalves começou no União Agrícola Barbarense em 1958, depois jogou no XV de Novembro de Piracicaba. Em 1964, com 17 anos, Ademir foi lançado na equipe profissional do alvinegro de Parque São Jorge. Em 1968 seu passe foi vendido ao XV de Piracicaba onde permaneceu até novembro de 1972. Mais tarde, foi emprestado ao Guarani de Campinas. No final de 1972 foi emprestado ao Corinthians e transferido em definitivo ao Parque São Jorge em janeiro de 1973.

CORINTHIANS

               A estreia de Ademir com a camisa corintiana aconteceu dia 4 de fevereiro de 1973, quando o Corinthians enfrentou o Saad da cidade de São Caetano pela Taça Laudo Natel. O jogo foi no estádio Lauro Gomes, no ABC paulista. O jogo terminou com a vitória corintiana por 2 a 0, gols de Nelson Lopes e Vaguinho. Neste dia o técnico corintiano Duque mandou a campo os seguintes jogadores; Ado, Zé Maria, Vagner, Ademir Gonçalves e Miranda; Tião e Adãozinho; Vaguinho, Nelson Lopes, Tião Marino (Mirandinha) e Marco Antonio. Vale lembrar que o Corinthians foi o campeão desta taça. O jogo final foi contra o Palmeiras no dia 3 de março (sábado de carnaval), quando o alvinegro venceu de virada por 2 a 1, gols de Rivelino e Lance, enquanto que Milton marcou o único tento do alviverde.

              No primeiro ano no clube de Parque São Jorge, Ademir jogou muitas vezes de lateral. Emprestado ao Guarani no início de 1974, retornaria ao Timão no final do mesmo ano, para assumir a vaga deixada por Luis Carlos, que havia se transferido para o Flamengo. Em 1976, com a chegada de Zé Eduardo, Ademir volta para a reserva, e assim, assiste o Timão a ser Vice-Campeão Brasileiro, ao perder a final para o Internacional.

               Chegava então o ano de 1977, a torcida corintiana esperava por um título paulista desde 1954. O titular da equipe era Zé Eduardo, mas Ademir Gonçalves sempre que entrava na equipe entrava muito bem, dando assim muita confiança ao técnico Osvaldo Brandão e para imensa torcida corintiana. E foi assim na grande final contra a Ponte Preta, quando Zé Eduardo teve que cumprir suspensão e Ademir entrou em seu lugar. O Morumbi recebeu um público de quase 90 mil pessoas. Em campo, Corinthians e Ponte Preta. Só seria campeão aquele time que chegasse primeiro aos quatro pontos, ou seja, a que vencesse a partida. Se houvesse empate a partida iria para a prorrogação.

               Se persistisse o empate seria campeão o time que tivesse mais vitórias durante a competição, que no caso seria o Corinthians com 26 vitórias contra as 23 da Ponte.  Neste dia o Corinthians jogou com; Tobias, Zé Maria, Moisés, Ademir e Wladimir; Ruço, Basílio e Luciano; Vaguinho, Geraldão e Romeu. O técnico era Osvaldo Brandão, o mesmo que havia conquistado o último título corintiano, em 1954. Já o técnico José Duarte, da Ponte Preta, mandou a campo; Carlos, Jair, Oscar, Polozzi e Angelo; Vanderlei, Marco Aurélio e Dicá; Lúcio, Rui Rey e Tuta (Parraga).

               Aos 36 minutos do segundo tempo, Zé Maria apareceu livre pela direita e tentou cruzar, mas o lateral da Ponte, Ângelo, cortou com a mão. Dulcídio apitou falta e o próprio Zé Maria ficou para a cobrança. No chute, Zé Maria levantou para dentro da área, onde Basílio desviou de leve; a bola sobrou para Vaguinho que, de pé esquerdo, chutou a bola no travessão; seguindo a jogada, a bola voltou para Wladimir, que vindo de frente, cabeceou para o zagueiro Oscar tirar também de cabeça; na sobra, a bola ficou com Basílio que arrematou de pé direito, á meia altura, no lado esquerdo do goleiro Carlos, onde a bola encontrou nas redes.

               Era o gol do título, da queda do jejum de conquistas de 22 anos, 8 meses e 7 dias de sofrimento. Mais de 22 anos de bolas chutadas na trave, nas mãos dos goleiros, bolas perdidas pela linha de fundo. Mas naquela noite de 13 de Outubro de 1977, o pé angelical de Basílio apareceu na grande área. Incontáveis chutes se perderam pelas noites de 22 anos. Mas aquele chute de Basílio não foi perdido. A bola passou por Polozzi e bateu na rede da Ponte. Basílio foi para a galera. A torcida corintiana foi ao céu.

               Após o apito final de Dulcídio Wanderley Boschilla, a policia não conseguiu conter os torcedores que invadiram o gramado e comemoravam como podiam. Todos querendo uma lembrança do jogo desde pedaços do gramado até as bandeirinhas. Brandão é carregado no colo, o presidente Vicente Matheus perde os sapatos, os jogadores ficam quase nus. O coro de “é campeão” toma conta da noite paulista e invade a madrugada. A partir daí, surge um novo Corinthians. Acabaram-se os traumas e o time volta a ser o bom e velho vencedor.

               Pela cidade multidões de torcedores invadiram a Avenida Paulista, onde comerciantes fecharam as portas com medo dos torcedores mais eufóricos. A campanha do Corinthians foi a seguinte: 48 jogos, 30 vitórias, 6 empates e 12 derrotas. Marcou 73 gols e sofreu 38. O artilheiro do Corinthians e também do campeonato foi Geraldão com 24 gols. Por tudo isso, o S. C. Corinthians Paulista sagrou-se Campeão Paulista de 1977.

               Ademir Gonçalves ficou no Corinthians até o dia 20 de agosto de 1978, dia em que Sócrates fazia sua estreia no Corinthians. O jogo foi contra o Santos e o placar foi de 1 a 1, gols de Pita para o Peixe e Rui Rei para o Timão. Neste dia o técnico corintiano José Teixeira fez a seguinte escalação; Jairo, Luiz Cláudio, Amaral (Mauro), Ademir Gonçalves e Wladimir; Nobre, Sócrates e Palhinha; Vaguinho, Rui Rei e Romeu.  Com a camisa do Corinthians, Ademir Gonçalves disputou 217 partidas. Venceu 102, empatou 62 e perdeu 53. Marcou 2 gols. De outubro a dezembro de 1978, Ademir jogou pelo Pinheiros do Paraná. Depois foi para o São José.

SÃO JOSÉ

               Ademir jogou no São José, de São José dos Campos, entre os anos de 1979 e 1982, destacando-se pela garra e qualidade técnica de seu futebol. Foi um dos heróis da campanha vitoriosa do São José em 1980, quando foi campeão da Segunda Divisão. O time estreou no dia 9 de março de 1980, no estádio Martins Pereira, quando o São José recebeu o Jabaquara e goleou por 7 a 1, gols de Tião Marino (4), Nenê (2) e Esquerdinha. O São José, na arrancada para o título, jogou com Tonho, Fidelis, Walter Passarinho, Ademir Gonçalves e Nelsinho; Drailton, Ademir Mello e Esquerdinha; Arlindo, Tião Marino e Nenê. Na final, o São José chegou ao título ao golear o Grêmio Catanduvense, pelo placar de 4 a 0, gols de Tião Marino (2), Baitaca e Edinho. Este jogo foi realizado no Pacaembu, em 29 de outubro de 1980.

               Logo na primeira participação da “Águia do Vale” no Campeonato Paulista da 1ª Divisão, quando o time, na condição de “caçula” da competição, ficou na 7ª colocação. Tião Marino foi o artilheiro da equipe, com 15 gols. Formou ao lado dos ponteiros Edinho e Nenê, um ataque histórico do São José, na virada das décadas de 70 para 80. Marcou gols inesquecíveis, como na vitória do time joseense, por 1 a 0, sobre o Grêmio de Porto Alegre, na estréia da Taça de Ouro de 1982. No jogo realizado no estádio Martins Pereira, o São José enfrentou um Grêmio campeão mundial que tinha em seu elenco Leão, Paulo Roberto, China, Bonamigo, Paulo Isidoro, Batista, Hugo de Leon, Tarcísio, Baltazar, entre outros craques, comandados pelo técnico Ênio Andrade. Foi uma época maravilhosa na carreira de Ademir Gonçalves, um jogador de muita raça e determinado, por isso sempre foi respeitado e muito querido pelos clubes em que passou.

FINAL DE CARREIRA

              Depois de sair do São José, Ademir foi jogar no União Barbarense, time de sua cidade natal em 1984, onde encerrou sua brilhante carreira. Ademir José Gonçalves, o Ademir, quarto-zagueiro do Corinthians em 77, tem dois filhos, vende carros novos e usados e comenta futebol no rádio esportivo de Santa Bárbara D’Oeste (SP). Ainda hoje Ademir mostra com orgulho a foto da final do Paulistão de 1977, pois lá está ele como titular da equipe campeã, um título que entrou para a história do Corinthians.

Em pé: Zé Maria, Tobias, Moisés, Ruço, Ademir Gonçalves e Wladimir     –     Agachados: Vaguinho,Basílio, Geraldão, Luciano e Romeu
SÃO JOSE  –  Em pé: Darcy, Ademir Melo, Walter Passarinho, Ademir Gonçalves, Nelsinho e Tonho    –     Agachados: Edinho, Tata, Tião Marino, Esquerdinha e Nenê
Em pé: Zé Maria, Paulo Rogério, Darcy, Cláudio Marques, Ademir Gonçalves e Ruço    –      Agachados: Vaguinho, Basílio, Cesar Maluco, Adãozinho e Daércio

Em pé: Adairton, Macalé, Roque, Ademir Gonçalves, Arlindo e Nei    –     Agachados: Renê, Zé Carlos Serrão, Tadeu Macrini, Joel e Carlos Hansen
Em pé: Jairo, Luis Cláudio, Amaral, Ademir Gonçalves, Nobre e Wladimir   –     Agachados: Vaguinho, Palhinha, Rui Rei, Sócrates e Romeu

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