BATAGLIA: brilhou no Corinthians nos anos 60

                   Roberto Ludovico Bataglia nasceu dia 10 de novembro de 1940, na cidade de São Paulo. Foi um ponta direita que começou sua carreira nos aspirantes do Corinthians e em 1958 passou a jogar nos profissionais. Na época foi o sucessor de Cláudio, o maior artilheiro da história do Corinthians com 305 gols, portanto a responsabilidade daquele jovem era muito grande. Quando começou o alvinegro tinha grandes jogadores, como por exemplo; Homero, Luizinho, Roberto Belangero e outros que haviam conquistado o título paulista de 1954, mais conhecido por título do IV Centenário da cidade de São Paulo. No entanto, foi uma época em que os demais clubes grandes de São Paulo também tinham grandes craques. O São Paulo por exemplo havia sido campeão paulista no ano anterior, o Palmeiras estava montando um grande esquadrão e para completar, Pelé estava surgindo no futebol de forma extraordinária, sendo inclusive campeão mundial com nossa seleção na Suécia.

CORINTHIANS

                   Depois de algum tempo nos aspirantes, passou a jogar entre os profissionais. Sua estreia aconteceu dia 5 de janeiro de 1958, quando o Corinthians venceu o Audax do Chile por 3 a 0, gols de Walmir, Luizinho e Joãozinho. Foi um jogo amistoso realizado no Parque São Jorge e neste dia o técnico Rato mandou a campo os seguintes jogadores; Rossi, Homero e Cássio; Oreco (Toninho), Walmir (Goiano) e Roberto Belangero; Beni (Bataglia), Luizinho, Índio, Paulo (Joãozinho) e Boquita. Mas, em 1958 começa a decadência corintiana. Oswaldo Brandão, o comandante de tantas vitórias, já não era mais o técnico do alvinegro. Cláudio o substituiu no banco, deixando assim as quatro linhas, onde foi um grande jogador, inclusive é o maior artilheiro da história do Corinthians.

                  E para completar, Pelé estava no auge de sua carreira, inclusive no Campeonato Paulista de 1958, marcou 58 gols, recorde que até hoje permanece e irá permanecer por muitos e muitos anos. O Santos formava um grande esquadrão naquele ano e passou a conquistar praticamente todos os títulos que disputava e com  isto não só o Corinthians, mas os outros clubes passaram a assistir o Peixe a conquistar títulos. Somente em 1959 que o Palmeiras fez frente ao time de Vila Belmiro conquistando o título daquele ano, pois formou um grande time, o qual o torcedor palmeirense sente saudade até os dias de hoje.

                 O primeiro gol de Bataglia com a camisa alvinegra de Parque São Jorge aconteceu dia 4 de fevereiro de 1958, num jogo amistoso em que o Corinthians venceu o Bahia por 3 a 1. Foram dois gols de Bataglia e o terceiro do centroavante Paulo. Este jogo foi disputado no estádio Fonte Nova, em Salvador. A partida não chegou ao fim, pois aos 15 minutos do segundo tempo, o árbitro Gilberto Gatto expulsou o médio volante Manéca do Bahia. Inconformados, os jogadores do Bahia abandonaram o campo.

                Ainda no ano de 1958, Bataglia participou de um jogo que entrou para a história do futebol. Foi no dia 21 de maio, uma quarta feira a noite, quando o Corinthians fez um jogo amistoso contra a nossa Seleção Brasileira, que estava se preparando para o mundial que iria se iniciar dentro de um mês lá na Suécia. A partida foi no Estádio Municipal do Pacaembu com arbitragem de João Etzel Filho. Neste dia o Corinthians jogou com; Aldo, Cássio (Idário), Olavo, Walmir (Homero), e Ari Clemente; Benedito e Luizinho; Bataglia, Índio (Paulo), Rafael e Zague. A nossa seleção jogou com; Gilmar, Djalma Santos, Bellini, Orlando e Nilton Santos; Zito (Dino Sani) e Didi; Garrincha, Mazzola, Pelé (Vavá) e Pepe. A seleção venceu por 5 a 0, com dois gols de Pepe, dois gols de Garrincha e um de Mazzola.

                Por que este jogo entrou para a história?  Acontece que durante a partida, o zagueiro Ari Clemente deu uma entrada tão forte em Pelé que o tirou de campo e quase que o tirou da Copa do Mundo, tanto é que os dois primeiros jogos da nossa seleção no mundial, Pelé não pode jogar. Ao sair de campo, Pelé estava tão irritado com aquilo e disse que o Corinthians não seria campeão enquanto ele jogasse futebol. Pois bem, Pelé encerrou sua carreira em definitivo dia 1 de julho de 1977 e o Corinthians saiu de um jejum de 22 anos e 8 meses, dia 13 de outubro de 1977. Praga de Rei realmente tem força.

SELEÇÃO BRASILEIRA

               Em 1959, Bataglia e Pelé jogaram juntos pela Seleção brasileira. Acontece que ambos fizeram o serviço militar juntos e na época foi formada uma seleção militar para disputar um Torneio Sul-Americano. No jogo contra a Argentina o Brasil jogou com; Milesi, Aloisio, Daniel, Nelson e Mané; Gonçalves e Lorico; Bataglia, Parada, Pelé e Parabé. O jogo terminou 2 a 1 para o Brasil, com dois gols de Pelé.

              Bataglia ficou no Corinthians até 1961, depois foi jogar na Itália. Ficou por lá durante três anos e meio. Jogou no Atalanta de Bergamo e no Catania. Retornou ao Brasil e foi jogar por algum tempo no Guarani de Campinas. Mas em 1965 estava de volta ao Parque São Jorge e sua reestreia aconteceu dia 13 de outubro num jogo amistoso contra o São Paulo da cidade de Londrina-PR. O Corinthians venceu por 5 a 2, com gols de Ney (2), Flávio, Airton e Geraldo José. Neste dia o alvinegro jogou com; Marcial (Heitor), Galhardo, Eduardo (Mendes), Clóvis (Cláudio) e Maciel; Luizinho e Rivelino; Marcos (Bataglia), Flávio (Ney), Airton e Gilson Porto (Geraldo José). O técnico era Osvaldo Brandão.

              No ano seguinte o Corinthians passou a ser chamado pela imprensa paulistana de TIMÃO. Esta denominação foi dada porque o Corinthians naquele ano de 1966, contratou grandes jogadores como Ditão e Nair  da Portuguesa de Desportos, e o fenomenal Garrincha do Botafogo do Rio de Janeiro. E este título de Timão, foi consolidado com a vitória corintiana sobre a Portuguesa de Desportos, logo depois dessas grandes contratações, num jogo que entrou para a história do clube, como um dos jogos mais emocionantes que já disputou.

             O placar foi de Corinthians 5×4 Portuguesa.   O Corinthians jogou aquele dia com:  Heitor, Jair Marinho, Ditão, Galhardo e Edson;  Nair e Rivelino;  Bataglia (Nei), Flávio, Tales e Gilson Porto. O técnico era Osvaldo Brandão e o árbitro daquela partida foi Olten Aires de Abreu. Isto aconteceu dia 24 de fevereiro de 1966, quando Corinthians e Portuguesa se enfrentaram pelo Torneio Rio-São Paulo daquele ano. Com dois minutos de jogo o Corinthians já vencia por 2 a 0, gols de Flávio e Bataglia. A Luza empatou através de Silvio e Ivair. O Corinthians voltou a estar vencendo através de Flávio, mas a Portuguesa empatou novamente através de Caldeira. Aos 33 minutos do segundo tempo, Gilson Porto marcou o quarto gol corintiano, mas aos 39, Ivair empatou novamente. Quando todos pensavam que aquele seria o placar final, aos 43 minutos Flávio marcou o quinto gol corintiano, fechando assim o Placar. Corinthians 5×4 Portuguesa.

             Roberto Bataglia jogou no Corinthians até 1968. Sua última partida foi no dia 2 de março, quando o alvinegro empatou com o Comercial de Ribeirão Preto em 1 a 1 pelo Campeonato Paulista. O gol corintiano foi marcado por Benê, enquanto que Jadir marcou para o time do interior. Quatro dias depois, o Corinthians enfrentou o Santos no Pacaembu. Já faziam 11 anos que o Corinthians não vencia o Santos em Campeonatos Paulista, mas naquele 6 de março de 1968, o tabu foi quebrado. Com gols de Paulo Borges e Flávio, o Timão venceu por 2 a 0.

             Com a camisa do Corinthians, Bataglia disputou 241 partidas. Venceu 136, empatou 51 e perdeu 54. Marcou 50 gols. Nesse período sagrou campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1966, juntamente com Santos, Botafogo e Vasco, uma vez que a nossa seleção estava se preparando para o mundial da Inglaterra e não havia data para se fazer um quadrangular para decidir o título, sendo assim a CBD declarou os quatro clubes como campeões. Roberto Bataglia encerrou sua carreira no América do Rio de Janeiro em 1971, ano em que o América formou um grande time; Rosan, Aldeci, Alex, Leon e Djair; Badeco e Tadeu Ricci; Bataglia, Almir Pernambuquinho, Edu e Gilson Porto. 

             Uma coisa que Bataglia nunca concordou foi com o tabu de 11 anos sem vencer o Santos, pois ele mesmo venceu o Peixe por quatro vezes nesse período. E realmente é verdade, pois vejam só; dia 27 de março de 1958, o Corinthians venceu o Santos por 2 a 1. Dia 31 de março de 1960, venceu novamente por 2 a 1, dia 29 de março de 1961, venceu por 2 a 0 e dia 16 de junho de 1962, venceu por 3 a 1.

FORA DAS QUATRO LINHAS

              Em 1982, voltou ao Parque São Jorge para comandar as divisões de base do clube, onde permaneceu até 1996. Era primo do excelente jornalista esportivo, o corintiano Vital Bataglia. Dentro do esporte Roberto Bataglia fez grandes amigos, como por exemplo o extrovertido e polêmico Almir, o Pernambuquinho, que um dia foi chamado de Pelé branco. Segundo Bataglia, Almir era um verdadeiro capeta dentro de campo, mas fora dele foi um dos melhores amigos que teve ao longo de sua vitoriosa carreira. Roberto Bataglia faleceu dia 8 de setembro de 2002, vítima do câncer.

 

Em pé: Cabeção, Ari Clemente, Olavo, Oreco, Roberto Belangero e Ivan     –    Agachados: Bataglia, Paulo, Índio, Rafael e Tite
Em Pé: Cabeção, Olavo, Ari Clemente, Valmir, Idário e Roberto Belangero   –     Agachados: Bataglia, Rafael, Índio, Zague e Tite
Em pé: Oreco, Ari Clemente, Olavo, Egidio, Cabeção e Roberto Belangero     –    Agachados: Bataglia, Luizinho, Almir, Rafael e Guimarães

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