EDUARDO: um craque que nos deixou prematuramente

                 Eduardo Neves de Castro nasceu dia 29 de agosto de 1944, na cidade de São Paulo. Foi revelado pelo América do Rio de Janeiro. Chegou ao Parque São Jorge em 1968 e sua estreia com a camisa corintiana aconteceu dia 14 de janeiro de 1968, quando o Corinthians venceu a Seleção do Maranhão por 2 a 0, num amistoso realizado em São Luiz do Maranhão. Os dois gols foram marcados por Flávio. Neste dia o Corinthians jogou com; Marcial, Osvaldo Cunha, Ditão, Clóvis e Maciel; Dino Sani e Rivelino; Marcos (Tales), Prado (Silvio), Flávio (Benê) e Gilson Porto (Eduardo). O técnico era Luiz Alonso Peres, o Lula. Com a camisa corintiana Eduardo disputou 71 partidas. Venceu 44, empatou 12 e perdeu 15 vezes. Marcou 15 gols.

                Ainda hoje o torcedor brasileiro, em especial o torcedor corintiano, chora a morte do jogador Sócrates, que tantas alegrias deu à Fiel Torcida Corintiana. Sua morte no dia 4 de dezembro de 2011, ainda está na memória de todos, principalmente porque neste dia, o Corinthians sagrava-se Penta Campeão Brasileiro. Mas, infelizmente esta não foi a primeira e nem será a última vez que o torcedor corintiano sentirá este gosto amargo de perder um ídolo, que tantas alegrias proporcionou ao longo do tempo. E um bom  exemplo  disto foi quando dois jogadores do alvinegro de Parque São Jorge morreram num só dia. Isto aconteceu dia 28 de abril de 1969, quando o lateral direito Lidu e o ponta esquerda Eduardo vieram a falecer depois de um trágico acidente automobilístico na Marginal do Tiete.

CAMPEONATO PAULISTA DE 1969

               Teve início dia 15 de fevereiro e na primeira partida do Corinthians, venceu a Portuguesa Santista por 2 a 0, gols de Benê e Paulo Borges. Depois venceu o São Bento de Sorocaba por 4 a 0, o São Paulo por 4 a 2, o XV de Piracicaba por 5 a 0, enfim, o time estava embalado e era mais um ano em que o torcedor corintiano tinha muita esperança de que o famoso jejum de títulos fosse acabar. E o time continuava vencendo. Passou pela Portuguesa de Desportos por 3 a 2, pelo Palmeiras por 2 a 0, pelo Santos também por 2 a 0 e por todos os adversários que enfrentou no primeiro turno. Dia 23 de abril começou o segundo turno e o Corinthians continuava irresistível, venceu a Portuguesa Santista por 3 a 1 em plena Vila Belmiro.

               Chegava então o dia 27 de abril de 1969 e a tabela marcava para a segunda rodada, São Bento de Sorocaba versus Corinthians, lá na Manchester Paulista, no Estádio Umberto Reali. Era um domingo e neste dia o técnico corintiano Dino Sani, mandou a campo os seguintes jogadores; Lula, Lidu, Ditão, Luiz Carlos e Pedro Rodrigues; Dirceu Alves e Rivelino; Paulo Borges, Tales, Bene (Servilio) e Eduardo. O primeiro tempo terminou empatado em 0 a 0. Logo a um minuto de jogo do segundo tempo, Bene abriu o placar, mas oito minutos depois, Carlinhos empatou e assim terminou o jogo, Corinthians 1×1 São Bento. Terminado o jogo, a delegação corintiana retornou a capital paulista. Lidu e Eduardo que eram grandes amigos, resolveram ir jantar no restaurante Recreio Chácara Souza, em Santana, um local que já frequentavam algum tempo. Quando terminaram o jantar já era madrugada e os dois entraram no Fusca de cor castor que pertencia ao lateral Lidu para irem embora.

TRAGÉDIA

               Quando entraram na Marginal do Tiete, que ainda estava em construção, e sem iluminação, Lidu que dirigia o carro, não viu que haviam guias jogadas no asfalto e, passando por cima delas, capotou o carro, dando várias cambalhotas e espatifou-se no chão, perto da ponte da Vila Maria, jogando Lidu e Eduardo fora do veículo, sofrendo ambos fratura de crânio, roubando do Corinthians dois titulares, que faleceram antes de dar entrada ao pronto-socorro de Santana. Antes, porem, os corpos foram saqueados por pessoas sem alma e coração, objetos, como relógios, correntes e carteiras, foram levados. O presidente do Corinthians Wadi Helu e o diretor Elmo Franchini foram os primeiros a chegar ao pronto-socorro. Enquanto os familiares das vitimas eram avisados, os corpos mutilados foram levados para o necrotério do instituto médico legal.

               Stela de Castro, esposa de Eduardo, depois de avisada, evitou ir ao necrotério, estava traumatizada. Havia se casado com Eduardo no dia 18 de dezembro, ou seja, quatro meses antes da tragédia, e não conseguiu suportar o choque. Os primeiros jogadores a chegarem ao necrotério foram Paulo Borges e esposa, juntamente com Dino Sani. Depois vieram Rivelino e seu pai Nicola. Depois da missa de corpo presente as caixas funerárias foram cerradas e os carros seguiram viagem. O corpo de Eduardo seguiu às 17:00 horas para Guanabara, onde seria enterrado no cemitério do Caju. Jogadores do América do Rio vieram a São Paulo para acompanhar o antigo companheiro de clube nessa viagem.

               Os diretores do Corinthians João Creveland, Otavio Muniz, e Américo Cater foram para Guanabara, em companhia dos jogadores Diogo e Louro. O corpo de Lidu deixou o Parque São Jorge na mesma hora sendo levado para Presidente Prudente, sua terra natal. Foram os diretores Jorge Cardoso, Pedro Monteiro e Waldemar Fictorato, além dos jogadores, Ditão, Clovis, Alexandre e Buião e o porteiro Caldeirão. Foi uma grande comoção naquela segunda-feira cinzenta e de muita garoa na capital paulista daquele dia 28 de abril de 1969. Como dizia Fiori Gigliotti, o céu estava carrancudo e caíam lágrimas.

O PORQUE DO PORCO

               Com a morte dos dois atletas, a diretoria do Corinthians foi à Federação Paulista de Futebol para inscrever outros dois para substituí-los. Mas, a Federação informou que para isto, seria necessário uma reunião com o Conselho Arbitral, para saber se eles aprovavam ou não, pois como o campeonato já estava no segundo turno e as inscrições para novos atletas havia se encerrado, a Federação nada podia fazer. Então foi marcada a tal reunião. Para que fosse aprovado o pedido do Corinthians, a votação teria que ser aprovada por unanimidade. Nesta reunião a diretoria do Corinthians explicou a situação e pediu que autorizassem a inscrição de dois novos atletas nos lugares daqueles que haviam falecidos, alegando que a tragédia prejudicou o clube na competição.

               Todos os presentes concordaram com a inclusão, menos um. Era o Sr. Delfino Facchina, presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras. Com isto, o Corinthians terminou o campeonato com dois jogadores a menos. Aquela atitude do Palmeiras deixou o presidente corintiano Wadi Helu tão irritado, que disse; Esta é uma atitude de “Porco”. Na partida seguinte entre os dois clubes que ocorreu dia 11 de maio, a torcida do Corinthians soltou um suíno no gramado do Morumbi com a camisa do Palmeiras antes da partida começar. Enquanto o animal corria, a Fiel Torcida Corintiana começou a gritar “Poooorco, poooorco”.

               Infelizmente Lidu e Eduardo não foram os únicos a morrerem num acidente automobilístico, pois também morreram dessa maneira; Everaldo que jogou no Grêmio, Roberto Batata no Cruzeiro, Enéas na Portuguesa e Palmeiras, Dener na Portuguesa e Vasco, Pécos na Inter de Limeira, Zózimo no Bangu e muitos outros. A todos eles só nos resta dizer, obrigado por tudo que fizeram pelo futebol brasileiro e tenham todos o descanso eterno. 

Em pé: Dirceu Alves, Lidu, Carlos, Clóvis, Edson e Diogo     –    Agachados: Paulo Borges, Adnan, Bene, Rivelino e Eduardo
Em pé: Osvaldo Cunha, Lula, Luiz Carlos, Dirceu Alves, Ditão e Vanderlei    –   Agachados: Buião, Tales, Paulo Borges, Rivelino e Eduardo
Em pé: Osvaldo Cunha, Dirceu Alves, Ditão, Luiz Carlos, Edson e Lula    –    Agachados: Paulo Borges, Tales, Parada, Rivelino e Eduardo

Em pé: Osvaldo Cunha, Ditão, Diogo, Edson, Luiz Carlos e Maciel    –   Agachados: Marcos, Tales, Flávio, Rivelino e Eduardo

 

Postado em E

Deixe uma resposta