SERVILIO: fez parte da primeira academia palmeirense

                 Servílio de Jesus Filho, nasceu dia 15 de novembro de 1939 na capital paulista e faleceu dia 7 de junho de 2005. Portanto, ontem completaria 69 anos de idade o grande Servílio, que jogou na Portuguesa de Desportos, Palmeiras, Corinthians e outros clubes.  Defendeu a seleção paulista por inúmeras vezes e também a seleção brasileira, sendo inclusive convocado para a Copa de 66 na Inglaterra, mas foi cortado devido a uma grave lesão na perna.

Diz o dito popular que filho de peixe, peixinho é. Isto se confirmou, pois é filho de um dos maiores craques que já jogou no Corinthians na década de 40. Também de nome Servílio, na época era chamado de “o bailarino” e que jogou ao lado de Domingos da Guia, Hércules, Teléco e outros craques, que o torcedor corintiano não esquece. Mas o Servílio que iremos contar um pouco da sua história, começou a jogar em 1945 no juvenil da Portuguesa de Desportos.  Já com 18 anos foi emprestado ao ADA-SP (Associação Desportiva Araraquara), onde ficou por um ano. Apesar de ser daqueles atacantes grandalhões e lentos, Servílio era altamente técnico e sua especialidade era preparar jogadas.

PORTUGUESA DE DESPORTOS   

               Depois chegou a treinar no Corinthians, mas o técnico do amador não o aprovou. Depois de um tempo seu pai o levou para jogar no meio dos jogadores veteranos do Corinthians. E foi num jogo contra a Portuguesa em 1956, que ele entrou só para completar o time, mas jogou tão bem, que o técnico Noronha, da Lusa, o convidou para jogar na Portuguesa, onde acabou ficando por seis anos.    

                  Servílio é o quarto maior artilheiro da história da Lusa, com 131 gols em 228 jogos, uma média de 0,57 gols por partida.  Em 1959 foi o vice-artilheiro do Campeonato Paulista, com 34 gols, superado apenas por Pelé, que marcou 45 gols. O ano de 1960, foi um ano marcante na vida de Servílio, pois foi convocado para defender a seleção brasileira, onde sagrou-se campeão da Copa Roca.  Ainda neste ano, entrou para a história ao marcar cinco gols em um mesmo jogo em três partidas: nos 9 a 3 contra a Portuguesa Santista, nos 5 a 1 contra o Juventus e nos 5 a 1 contra a Ferroviária.  Naquela época a Portuguesa tinha um grande time; Félix, Juts, Ditão, Nelson e Vilela; Odorico e Ocimar; Didi, Silvio, Servilio e Melão. O técnico era o Nena.

PALMEIRAS

                  Mas a consagração de Servílio ainda estava por vir. No dia 20 de fevereiro de 1963, foi negociado com o Palmeiras, onde viria fazer parte da chamada “Primeira Academia”, ao lado de craques como Ademir da Guia, Djalma Santos, Djalma Dias e Dudu.  Ao lado de Tupãzinho, ele formou uma dupla de ataque infernal, responsável direta pela maioria dos gols da equipe alviverde. Não foi difícil sair da Portuguesa, porque o relacionamento dos dirigentes da Lusa com os dirigentes do Palmeiras sempre foi muito bom e, a Portuguesa estava construindo o estádio do Canindé e precisava de dinheiro.

                  Sua estréia com a camisa alviverde, aconteceu no dia 23 de fevereiro de 1963, quando o Palmeiras venceu o Corinthians por 1 a 0. Neste dia o Palmeiras jogou com; Valdir, Djalma Santos, Djalma Dias, Geraldo Scotto; Tarciso e Vicente; Julinho (Gildo), Ademir da Guia, Servílio, Tupãzinho e Nilo (Cardoso). O gol foi marcado por Tupãzinho aos 8 minutos do segundo tempo. Já no primeiro ano de Palmeiras, Servílio faturou o título do Campeonato Paulista, pois tinha uma verdadeira máquina de jogar futebol. Dois anos depois a dose se repetiria. Além do paulistão, também sagrou-se campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1965 e da Taça Brasil de 1967 com Perez, Djalma Santos, Baldochi, Minuca e Ferrari; Dudu e Ademir da Guia; Galhardo, Ademar Pantera, Servílio e Rinaldo.

                   No inicio, teve a concorrência do Chinesinho e do Zequinha. Ainda jovem encontrou algumas dificuldades em se firmar no time titular, com isso, precisou treinar e muito até conseguir uma vaga, pois na época só tinha feras jogando no time principal. Só conseguiu um lugar no time, porque o Chinesinho foi jogar na Itália. Ele era daqueles que jogava sempre. Não se machucava nunca, não dava chance para nenhum reserva.  Mas depois que Servilio entrou no time, não saiu mais e, com todo o sucesso que veio em decorrência da boa fase que a equipe atravessava, e com isto, Servílio garantiu sem dificuldades sua vaga para jogar a Copa do Mundo de 66 na Inglaterra, porem uma grave lesão na perna, acabou com o sonho de disputar um mundial.

                    Com a camisa amarelinha, Servílio fez dez partidas. Marcou seis gols.  Defendeu a Seleção Paulista por inúmeras vezes, mas o ano de 1959 foi marcante, pois na época, Santos e Palmeiras mandavam no futebol paulista e Servílio jogando pela Portuguesa, foi o único jogador que não jogava nestas duas equipes chamado para formar uma das melhores seleções de todos os tempos, ou seja; Gilmar, Djalma Santos, Olavo, Formiga e Dalmo; Zito e Chinezinho; Julinho Botelho, Servílio, Pelé e Pepe. Sem comentário.  Quem viu, viu.  Quem não viu não teve a felicidade de ver os melhores craques do futebol paulista e brasileiro de todos os tempos.

                   A despedida de Servílio do Palmeiras, aconteceu no dia 10 de dezembro de 1968, quando o Verdão perdeu para o Internacional de Porto Alegre pelo placar de 3 a 0, pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Após jogar seis anos com a camisa do Palmeiras, Servílio foi negociado com o Corinthians, seguindo os passos do pai. 

CORINTHIANS

                  Servilio chegou no Parque São Jorge com quase 30 anos.  Sua estréia com a camisa alvinegra aconteceu no dia 12 de março de 1969, quando o Corinthians venceu o Juventus por 1 a 0. A recepção no Corinthians foi boa, mas a dificuldade foi muito grande. Não teve muitas oportunidades no time titular. Entrava no meio do jogo. Foi muito bonzinho e acabou se prejudicando.  Jogou no Timão até 1970, quando fez sua despedida no dia 4 de outubro de 1970 num jogo em que o Corinthians perdeu para o Atlético Mineiro por 3 a 1 em pleno Pacaembu.  Neste dia o Corinthians jogou com; Ado, Mendes, Ditão, Luiz Carlos e Ferreira; Suingue e Rivelino; Paulo Borges (Buião), Ivair (Benê), Servilio e Aladim. O técnico foi Aymoré Moreira. Com a camisa corintiana Servílio fez 36 partidas. Venceu 17, empatou 7 e perdeu 12.  Nesse período marcou apenas 3 gols.

OUTROS CLUBES

                   Depois disso foi jogar no Atlas, um time do México, junto com o Coutinho (ex-Santos). A adaptação no futebol mexicano foi rápida, a única coisa que o atrapalhava um pouco era jogar na Cidade do México, onde estranhava a altitude. Mas no final do contrato com o clube mexicano, retornou ao Brasil e veio jogar no  Nacional da capital paulista e em seguida no Paulista de Jundiaí.  Em 1973, optou por ter mais uma experiência fora do país e foi jogar no Valencia da Venezuela, onde ficou apenas um mês, pois os dirigentes prometeram uma coisa e não cumpriram. A sua decepção foi tão grande, que ao retornar ao Brasil, resolveu encerrar sua carreira de jogador prematuramente, aos 33 anos. 

                  Mas o futebol continuou a fazer parte da vida do atacante, que não conseguiu ficar longe dos gramados.  Passou a integrar o quadro de técnicos de futebol do Programa Mais Esporte, da Secretaria de Esportes, Lazer e Recreação da Prefeitura de São Paulo. Depois partiu para a carreira de treinador, onde trabalhou no XV de Piracicaba, Aliança de São Bernardo, ABC de Natal e outros clubes do interior paulista, inclusive o Independente de Limeira.  A maior tristeza de Servílio como jogador, foi não ter disputado uma Copa do Mundo. Chegou a estar numa lista de 47 jogadores convocados por Feola para o mundial de 66 na Inglaterra, mas uma contusão acabou o tirando da competição.

                  Servílio foi um dos melhores atacantes brasileiros. Sua época de ouro foi com a camisa alviverde de Parque Antártica, onde jogou de 1963 à 1969.  Realizou 289 partidas, venceu 182, empatou 59 e perdeu 48 vezes.  Marcou 140 gols pelo Palmeiras.  Já pela seleção brasileira, jogou 10 vezes, venceu 8, empatou 1 e perdeu 1 vez.  Marcou 6 gols com a camisa da seleção canarinha.

                 Servílio de Jesus Filho, teve dois filhos um homem e uma mulher. Adivinha qual o nome do filho?  Servilio de Jesus Neto, que também chegou a jogar nas equipes de base da Portuguesa. Teve também duas netas. Morava no bairro Vila Galvão, em Guarulhos, na Grande São Paulo.  Faleceu dia 7 de junho de 2005, aos 65 anos vitima de um enfarto fulminante.

Em pé: Zito, Olavo, Formiga, Getúlio, Zé Carlos e Gilmar      –     Agachados: Julinho, Pelé, Servilio, Chinezinho e Pepe
Em pé: Djalma Santos, Valdir, Procópio, Djalma Dias, Zequinha e Ferrari      –     Agachados: Jairzinho, Ademar Pantera, Servilio, Dudu e Rinaldo
Em pé: um médico, Djalma Santos, Valdir Joaquim de Moraes, Valdemar Carabina, Filpo Nuñez, Djalma Dias, Dudu, Geraldo Scotto, Santo, Tarciso e Picasso.      –     Agachados: Germano, o massagista Reis, Gildo, Servílio, Tupãzinho, Ademir da Guia, Rinaldo, Dario Alegria, Nélson Coruja, Júlio Amaral e Ferrari. Esse Palmeiras conquistou o Torneio Rio São Paulo de 1965
Em pé: Djalma Santos, Valdir, Vicente, Djalma Dias, Zequinha e Geraldo Scotto      –     Agachados: Gildo, Vavá, Servilio, Ademir da Guia e Becece
Em pé: Djalma Santos, Peres, Baldochi, Minuca, Dudu e Ferrari      –     Agachados: Dario, Servilio, César, Ademir da Guia e Tupãzinho

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