GALLARDO: um peruano que brilhou no Palmeiras

                 Félix Alberto Gallardo Mendoza nasceu dia 28 de novembro de 1940, na cidade de Chincha Alta (Peru). Assim como o peruano Paolo Guerrero está fazendo história no Corinthians, outro peruano também fez história no Palmeiras, trata-se de Gallardo. Foi um jogador que jogou no Palmeiras em 1966 e 1967, conquistando respectivamente o título paulista e a Taça Brasil. Até hoje é o único jogador peruano que vestiu a camisa da Sociedade Esportiva Palmeiras. Era um jogador que o torcedor esmeraldino gostava muito, pois jogava com garra e amor a camisa. Em 1966, ano em que o Palmeiras conquistou o Paulistão, a equipe era formada por; Valdir, Djalma Santos, Djalma Dias, Minuca e Ferrari; Zequinha e Ademir da Guia; Gallardo, Ademar Pantera, Servilio e Rinaldo. Sem sombra de dúvidas uma equipe que impunha respeito a qualquer adversário. Foi uma campanha maravilhosa da equipe esmeraldina, pois disputou 28 partidas, venceu 20, empatou 3 e perdeu somente 5. Marcou 65 gols e sofreu 31. Conquistou o título  com  43  pontos  ganhos e entrou para a história do clube.

INÍCIO DE CARREIRA

                Começou jogando futebol no pequeno Mariscal Sucre, no Peru, em 1958. Dois anos depois se transferiu para o Sporting Cristal, um dos principais clubes peruanos. Em 1961 foi campeão peruano e também o artilheiro da competição com 17 gols. Neste mesmo ano o Sporting fez uma excursão pelo mundo a fora, onde marcou 37 gols em 30 partidas. Em 1962, Gallardo voltou a ser artilheiro do Campeonato Peruano, desta vez com 22 gols. Com todos estes gols marcados, chamou logo a atenção dos grandes clubes da Europa e o Milan da Itália foi mais rápido e o contratou. Ficou no clube milanês de 1963 até 1964, quando foi vendido a outro clube italiano, desta vez o Cagliari, onde também permaneceu por dois anos, até que dirigentes do Palmeiras foram buscá-lo.

PALMEIRAS

                Gallardo chegou ao Parque Antarctica em 1966 e logo nas primeiras partidas que disputou pelo Verdão, caiu nas graças da torcida esmeraldina pela sua garra, pela disposição, por ser muito veloz e mortal em seus ataques. Disputou o Campeonato Paulista daquele ano, o qual sagrou-se campeão. Foi um campeonato em que tivemos várias goleadas, jogos que ficaram marcados na história do futebol paulista e também a presença de dois monstros sagrados do nosso futebol brasileiro e que jogavam no Rio de Janeiro e vieram reforçar o futebol paulista naquele ano. Garrincha pelo Corinthians e Didi pelo São Paulo. Tudo isto sem falarmos dos grandes craques que já disputavam o Paulistão em seus clubes, como por exemplo Pelé.

               O Palmeiras fez jogos espetaculares, como aquele do dia 16 de outubro, quando goleou o Botafogo de Ribeirão Preto por 6 a 2 no Parque Antarctica. Foram três gols de Servilio, dois de Gallardo e um de Ademar Pantera. O jogo que praticamente garantiu o título de 1966 ao Palmeiras, ficou guardado na retina dos amantes de escores elásticos: uma goleada impiedosa por 5 a 1 sobre o Comercial, em Ribeirão Preto, a duas rodadas do final do segundo turno. A conquista teve confirmação cinco dias depois, quando o Santos que ainda tinha chances matemáticas perdeu por 1 a 0 para a Portuguesa de Desportos, no estádio do Pacaembu.

              Este jogo entre Palmeiras e Comercial aconteceu dia 7 de dezembro no estádio Doutor Francisco de Palma Travassos e teve como árbitro, Etelvino Rodrigues. Neste dia o técnico do Palmeiras, Mário Travaglini, mandou a campo os seguintes jogadores; Valdir, Djalma Santos, Djalma Dias, Minuca e Ferrari; Zequinha e Ademir da Guia; Gallardo, Ademar Pantera, Servilio e Rinaldo. Já o técnico Alfredinho do Comercial escalou a seguinte equipe; Rosã, Ferreira, Jorge, Piter e Nono; Amauri e Jair Bala; Peixinho, Luiz, Paulo Bim e Carlos César. Os gols da partida foram anotados na seguinte ordem; Paulo Bim, Gallardo, Ademir da Guia, Gallardo, Servilio e Gallardo.

               O título ainda estava ameaçado pois dia 11 de dezembro o Palmeiras perdeu para o Corinthians por 1 a 0, gol de Flávio, mas no dia seguinte o Santos perdeu para a Portuguesa de Desportos por 1 a 0, gol de Paes. Com isto, estava confirmado o título ao alviverde de Parque Antarctica. E o Palmeiras para fechar com chave de ouro o Campeonato Paulista de 1966, na última rodada derrotou o São Paulo por 3 a 0, gols de Zéquinha, Servilio e Rinaldo. O jogo foi no Pacaembu e o árbitro foi Armando Marques. Com este título Paulista o Palmeiras evitou uma série do Santos de 7 títulos Paulista seguidos, quebrando os 2 tricampeonatos do Santos com um título Palmeirense. Este realmente foi um grande Campeonato Paulista, que serviu para esquecermos a decepção da nossa seleção no mundial da Inglaterra daquele ano, quando fomos eliminados ainda na primeira fase.

               Com a camisa do Palmeiras, Gallardo disputou 45 partidas. Venceu 23, empatou 12 e perdeu 10. Marcou 21 gols e conquistou o titulo do Paulistão de 1966 e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1967. Foi um jogador que deixou saudade ao torcedor esmeraldino, pois sempre que entrava em campo, lutava do começo ao fim da partida com a mesma disposição.

COPA DO MUNDO DE 1970

               Em 1970, o Peru montou uma grande seleção para disputar o mundial daquele ano no México. O técnico da seleção peruana era o extraordinário jogador brasileiro Didi, que sagrou-se campeão em 1958 na Suécia e em 1962 no Chile com nossa seleção brasileira. A seleção peruana fez uma grande campanha no mundial de 70. O Peru estava no Grupo 4, juntamente com Alemanha Ocidental, Marrocos e Bulgária. A primeira partida foi contra a Bulgária no dia 2 de junho. O Peru venceu por 3 a 2, gols de Gallardo, Chumpitaz e Teófilo Cubillas. Na segunda partida passou com facilidade pela fraca seleção de Marrocos, 3 a 0, com dois gols de Teófilo Cubillas e um de Challe. E fechando esta primeira fase enfrentou a Alemanha Ocidental no dia 10 de junho, quando conheceu sua primeira derrota, 3 a 1 para os alemães, com três gols de Muller, enquanto que Teófilo Cubillas marcou para os peruanos.

               Veio então as quartas de final e o adversário do Peru era simplesmente o Brasil, que até então não havia perdido e nem empatado nenhum jogo. Este jogo aconteceu dia 14 de junho no estádio Jalisco, em Guadalajara. Foi um jogo disputado com lealdade e muita técnica. Cinquenta e quatro mil pessoas viram Rivelino marcar aos 11 minutos. Tostão aos 14 e Gallardo diminuir para os peruanos quatro minutos depois. Veio o tempo complementar e era indiscutível a superioridade brasileira. Aos 7 minutos o Brasil fez 3 a 1.

               Passe longo de Gerson para Jairzinho, dele à Pelé e daí a Tostão para conclusão. O Peru já estava derrotado, mas Teófilo Cubillas marcou aos 24 minutos e Jairzinho, dez minutos depois definiu o placar, 4 a 2 para o Brasil, que com esta vitória já estava classificado para a semi-final. O árbitro desta partida foi o belga Vital Loureaux e o Brasil jogou neste dia com a seguinte formação: Félix, Carlos Alberto, Brito, Piazza e Marco Antonio; Clodoaldo, Gerson (Paulo Cesar Caju) e Rivelino; Jairzinho (Roberto), Tostão e Pelé.

               Do outro lado, o técnico Didi mandou a campo os seguintes jogadores; Rubiños, Campos, Chumpitaz, Fernandes e Fuentes; Challe e Mifflin; Baylon (Sotil), Perico León (Reyes, Teófilo Cubillas e Gallardo. Vale lembrar que o Peru ficou em 7º lugar entre os 16 participantes e quanto ao Brasil, depois desta vitória contra o Peru, enfrentou o Uruguai na semi-final e venceu por 3 a 1 e depois a Itália na grande final e venceu por 4 a 1. Brasil Tricampeão Mundial.

TREINADOR

               Em 1974 anunciou sua aposentadoria, mas, à pedido da Família Bentín, dona do Sporting Cristal, ele retorna ao futebol, na vitória de sua equipe contra o Alianza por 3 a 0, onde marcou 2 gols. Em 1977 após a aposentadoria, assume o cargo de treinador do Sporting Cristal e após isso, torna-se assistente técnico de grandes treinadores daquele país. Em 1981 volta a ser técnico, dirigindo as divisões de base do Sporting Cristal e sendo declarado como jogador ilustre da equipe. Em 1988 assume a equipe principal e é campeão do Torneio Metropolitano e do Campeonato Peruano. Em 1993 assume a seleção peruana de juniores que disputou o sul-americano da categoria na Colômbia. Na segunda divisão do Peru se sagrou tricampeão: 1994 com o Unión Huaral, 1995 com o Guardia Republicana e 1996 com o Alcides Vigo. Em 2000 foi finalista da Copa do Peru com o Bolognesi de Tacna.

TRISTEZA

               O ex-jogador da seleção do Peru, Félix Alberto Gallardo Mendoza, que defendeu o Palmeiras na década de 60 morreu dia 19 de janeiro de 2001, em Lima, capital do Peru, de parada cardíaca. Gallardo, que tinha 60 anos, era considerado um dos mais importantes jogadores do futebol peruano, tendo participado da Copa do Mundo de 1970, no México, quando seu país disputou pela primeira vez um Mundial. Era um ponta-esquerda muito rápido e de chute forte e jogou na seleção que eliminou a Argentina em pleno Estádio La Bombonera. Gallardo estava internado numa clínica de Lima, onde foi operado e sofreu uma parada cardiorrespiratória, após ser anestesiado para uma simples extração de vesícula. Foi casado com Carmen Ferreyros e teve três filhas vivendo em Santa Catarina no distrito de Victória. Está sepultado no Cemitério Jardines de La Paz em La Molina, Lima.

Em pé: Djalma Santos, Valdir, Minuca, Djalma Dias, Zequinha e Ferrari    –     Agachados: Gallardo, Ademar Pantera, Servílio, Ademir da Guia e Rinaldo
Em pé: Djalma Santos, Valdir, Minuca, Baldochi, Dudu e Ferrari    –     Agachados: Gallardo, Suingue, César, Jair Bala e Rinaldo

SELEÇÃO DO PERU  NA  COPA DE 1970   –   Em pé: Eloy Campos, Roberto Challe, Hector Chumpitaz, Rubinos, Risco e De La Torre    –     Agachados: Del Castillo, Sotil, Leon, Cubillas e Gallardo.
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