HEITOR: foi do céu ao inferno no Corinthians

                  Heitor Amorim Perroca nasceu dia 28 de dezembro de 1940, na cidade de São Geraldo – MG. Marcou época jogando pelo Corinthians, onde teve momentos maravilhosos, mas também momentos que deseja esquecer para sempre. Jogou no alvinegro de Parque São Jorge de 1963 até 1966 e nesse período não conquistou nenhum título. Sua maior alegria com a camisa nº 1 do Timão foi no dia 1 de outubro de 1964, quando defendeu um pênalti cobrado por Pelé. Este foi o quarto dos quatorze pênaltis perdido por Pelé em toda sua carreira. Em contra partida, sua maior tristeza com a camisa corintiana, aconteceu no dia 16 de outubro de 1966, quando o Corinthians perdeu para o Noroeste por 4 a 3 em pleno Parque São Jorge. Heitor foi considerado culpado por ter tomado três frangos naquele jogo. Com isto, foi proibido de entrar no Parque São Jorge depois daquele fatídico dia. Também defendeu nossa seleção brasileira em duas oportunidades, sendo que venceu as duas e sofreu apenas um gol.

CORINTHIANS

                  Iniciou sua carreira no São Cristóvão do Rio de Janeiro. Em 1963 chegou ao Parque São Jorge e sua estréia com a camisa corintiana aconteceu dia 14 de julho, quando o Corinthians perdeu para o Noroeste por 2 a 1 pelo Campeonato Paulista daquele ano. O jogo foi na cidade de Bauru e neste dia o Corinthians jogou com; Heitor, Augusto, Eduardo, Ari Clemente e Oreco; Amaro e Rafael; Lanzoninho, Silva, Nei e Bazani. O técnico era Rato. Daniel e Zé Carlos marcaram para o time do interior, enquanto que Silva marcou o único tento para o alvinegro. Heitor veio para substituir Aldo e Cabeção que revezavam na meta corintiana.

PÊNALTI DE PELÉ

                  No ano seguinte, dia 20 de setembro de 1964, Santos e Corinthians se enfrentaram pelo Campeonato Paulista na Vila Belmiro. Como de costume a Vila estava lotada, afinal era um clássico que levava muitos torcedores ao estádio, pois o Santos mantinha o tabu de sete anos sem perder para o Corinthians (em campeonato paulista). O público pagante neste dia foi de 32.986 pessoas. O árbitro foi Armando Marques, que deu início a partida. Aos 6 minutos e 20 segundos da primeira etapa, uma parte da arquibancada desabou, deixando inúmeros feridos. Com isto a partida foi paralisada e marcada outra data para realização daquele jogo.  A data escolhida foi dia 30 de setembro, uma quarta feira, ou seja, dez dias depois, mas no Pacaembu. No entanto, o jogo foi adiado para o dia seguinte, e sem ter como devolver os ingressos adquiridos, a Federação Paulista de Futebol permitiu o televisionamento do jogo para a capital paulista.

                Neste dia o técnico corintiano Roberto Belangero, mandou a campo os seguintes jogadores; Heitor, Augusto, Eduardo, Clóvis e Oreco; Amaro e Luizinho; Ferreirinha, Silva, Flávio e Lima. O técnico Lula do Santos F.C., mandou a campo; Gilmar, Ismael, Mauro Ramos de Oliveira, Haroldo e Geraldino; Zito e Lima; Peixinho, Toninho Guerreiro, Pelé e Pepe. Como sempre o Corinthians começava o jogo com um grande volume, tanto é que logo aos 4 minutos do primeiro tempo, Flávio cobrando falta abriu o placar para o alvinegro de Parque São Jorge. Festa na arquibancada e a esperança de ver a quebra do tabu naquela noite. Mas, aos 38 minutos ainda do primeiro tempo, Pelé empatou a partida.

                Veio o segundo tempo e o jogo continuava equilibrado até o momento em que Pelé foi derrubado na área e o árbitro Armando Marques não teve dúvidas e marcou pênalti. Expectativa na arquibancada. Os torcedores santistas já comemoravam, afinal, era Pelé quem estava arrumando a bola para bater. No gol corintiano estava Heitor, no qual a Fiel torcida corintiana depositava muita esperança. O árbitro apitou, Pelé correu, bateu e para espanto de todos, Heitor acertou o canto e defendeu o pênalti. Festa na arquibancada, a torcida corintiana comemorou como se o time tivesse marcado um gol. E assim terminou a partida, 1 a 1. O tabu continuava, mas a torcida corintiana não deixou de comemorar, pois viu Pelé desperdiçar um pênalti, coisa rara em sua carreira. Este foi o jogo de número 136 entre Santos e Corinthians.

PELÉ NA VIDA DE HEITOR

               Assim como ficou famoso por ter defendido um pênalti de Pelé, não podemos deixar de dizer que Heitor foi também um dos goleiros que mais tomou gol do Rei. Tudo começou dia 22 de setembro de 1963, quando Heitor enfrentou Pelé pela primeira vez e neste dia o Santos venceu o Corinthians por 3 a 1. Neste jogo Pelé marcou os três gols santista. Depois teve mais dois jogos em que Pelé marcou um gol em cada partida. Depois vieram dois jogos em que Pelé estava muito inspirado, pois marcou simplesmente quatro gols em cada partida. O primeiro aconteceu dia 6 de dezembro de 1964, quando Santos e Corinthians fizeram uma partida histórica. O Peixe venceu por 7 a 4, com quatro gols de Pelé e três de Coutinho. Para o Corinthians marcaram; Silva (2), Ferreirinha e Bazani.

               Neste dia o Corinthians jogou com; Heitor, Ari Ercílio, Batista, Clóvis e Ari Clemente; Amaro e Luizinho; Ferreirinha, Silva, Flávio e Bazani. O Santos jogou com; Gilmar, Ismael, Haroldo, Lima e Modesto; Zito e Mengálvio; Toninho Guerreiro, Coutinho, Pelé e Pepe. Este jogo foi no Pacaembu num domingo a tarde, que recebeu um público de 56.476 pessoas. E o segundo jogo foi dia 15 de abril de 1965, quando Santos e Corinthians empataram em 4 a 4. Neste dia Pelé marcou os quatro gols santista, sendo que o primeiro foi logo aos 45 segundos de jogo. Para o Corinthians marcaram; Flávio (2), Marcos e Geraldo José. Durante os três anos em que Heitor defendeu a meta corintiana, ele enfrentou o Santos em sete oportunidades. Sofreu 20 gols da equipe santista, sendo que 13 foram do Rei Pelé.

DIA DE TRISTEZA

                O tempo passou e já estávamos em outubro de 1966. O povo brasileiro triste por ter sido eliminado ainda na primeira fase da Copa do Mundo disputada em junho na Inglaterra. Então era tentar esquecer aquela tristeza durante os campeonatos estaduais que transcorriam em todo país. E no dia 16 de outubro, a tabela marcava para o Parque São Jorge, mais um jogo para o Corinthians, que naquela oportunidade enfrentou o Noroeste de Bauru. Neste dia o técnico Filpo Nuñes mandou a campo os seguintes jogadores; Heitor, Jair Marinho, Mendes, Clóvis e Edson; Dino Sani, Nair e Rivelino; Marcos, Flávio e Nilson.

               O time vinha bem entre os líderes campeonato, mas neste dia o Corinthians tropeçou dentro de casa e perdeu por 4 a 3. Os gols corintianos foram marcados por Dino Sani, Flávio e Rivelino, enquanto que para o time do interior marcaram; Almeida, Valter e Lourival (2). O goleiro Heitor foi considerado culpado pela derrota, pois tomou três frangos. Saiu de campo ovacionado pela torcida e teve que sair do estádio escondido para não apanhar. No dia seguinte quando chegou ao Parque São Jorge para treinar, foi proibido de entrar no clube. “Aqui não entra goleiro que se vende”, foi a alegação do porteiro do clube.

               Depois desse episódio, foi emprestado ao Água Verde, do Paraná, que mais tarde passou a chamar-se Pinheiros e hoje chama-se Paraná Clube. O extinto Água Verde sagrou-se campeão em 1967 e os jogadores que entraram para a história foram os seguintes: Zezinho, Sílvio, Titure, Natal, Zé Carlos, Heitor, Orlandinho, Pedrinho, Teteu, Padreco, Juquinha e Russinho. Com a saída de Heitor, o Corinthians contratou o goleiro Marcial junto ao Flamengo. Com a camisa do Corinthians, Heitor disputou 119 partidas. Venceu 62, empatou 28 e perdeu 29. Sofreu 137 gols e é juntamente com o goleiro Nei, o 10º goleiro que mais tomou gol com a camisa corintiana.

SELEÇÃO BRASILEIRA

               Em 1963, defendeu a Seleção Brasileira em duas oportunidades no Pan-americano. O primeiro jogo foi no dia 24 de abril, quando nossa seleção venceu por 3 a 1 o Uruguai. A segunda foi no dia 30 de abril, quando vencemos o Chile por 3 a 0. Dia 16 de novembro de 1965, estava marcado um amistoso da seleção brasileira contra o Arsenal da Inglaterra e o Corinthians foi representar nosso país e lá estava Heitor com a camisa da nossa seleção. Neste dia o Corinthians jogou com o uniforme número dois da seleção, ou seja, camisa e calção azul. O jogo terminou em 2 a 0 para os ingleses.

FORA DAS QUATRO LINHAS

               Hoje Heitor é Ministro Ancião da Fé da religião Testemunhas de Jeová. Ele é casado, pai de três filhos e avô de três netos. Heitor, que já pregou a palavra de Cristo em igrejas do Vale do Paraíba quando morava em São José dos Campos (SP) e em templos cristãos das cidades de Sapiranga (RS) e Novo Hamburgo (RS), atualmente mora em Curitiba (PR), onde faz seu trabalho de Testemunha de Jeová e não quer nem falar em futebol.

Em pé: Dino Sani, Galhardo, Edson, Clóvis, Eduardo e Heitor     –    Agachados: Marcos, Rivelino, Flávio, Airton e Geraldo José
Em pé: Oreco, Augusto, Amaro, Clóvis, Eduardo e Heitor      –    Agachados: Nei, Luizinho, Silva, Flávio e Marcos
Em pé: Jair Marinho, Dino Sani, Galhardo, Ditão, Edson e Heitor      –     Agachados: Garrincha, Nair, Flávio, Tales e Gilson Porto
Em pé: Amaro, Oreco, Cláudio, Eduardo, Ari Clemente e Heitor      –    Agachados: Marcos, Davi, Silva, Bazani e Lima
Em pé: Oreco, Ari Ercílio, Galhardo, Edson, Eduardo e Heitor      –    Agachados: Marcos, Luizinho, Silva, Flávio e Bazani
Em pé: Augusto, Oreco, Amaro, Eduardo, Ari Clemente e Heitor     –     Agachados: Davi, Nei, Silva, Ferreirinha e Lima
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