Francisco Nunes Correa nasceu dia 28 de dezembro de 1933, na cidade de Quixada (CE). Também conhecido como “Pelé Branco”, Pacoti era um centroavante nato, com faro de gol e sem medo de cara feia. Na década de cinquenta, ele brilhou no futebol cearense vestindo as camisas do Bangu de Quixadá-CE (1952/53), do Nacional de Fortaleza-CE (1954) e do Ferroviário de Fortaleza-CE (1955/56/57). Em 1958 deixou o Ceará e continuou fazendo sucesso em Pernambuco pelo Sport do Recife, até chegar ao Vasco da Gama no final do mesmo ano, quando o Vasco tinha um time recheados de craques, como Bellini, Barbosa, Pinga, Roberto Pinto, Orlando Peçanha e tantos outros.
Pacoti iniciou sua carreira de jogador dividido entre os gramados e a profissão de funcionário público. Do teste frustrado no time do Calouros do Ar, onde disseram que ele não servia para o futebol, foi trabalhar nos Correios e Telégrafos disputando suas primeiras partidas no Nacional, que na época era o time daquela instituição. Chegou ao Ferroviário devido a uma transferência para a RFFSA, que tinha ligação com o time. E foi no Ferroviário que ele começou a despontar. Em 1956 e 1957, os gols marcados fizeram com que ele chegasse à seleção cearense, que disputava o antigo Campeonato Brasileiro de Seleções.
Depois, saiu para o Sport Recife, onde atingiu um recorde no certame estadual de 1958: 36 gols em 18 partidas. Virou, então, a “máquina de gols do Nordeste”, despertando o interesse do Vasco da Gama. Sua chegada ao futebol carioca foi marcada por uma negociação com alguns contratempos. Em novembro de 1958, Pacoti estava em litígio com o clube pernambucano e sua saída era eminente. Inicialmente, os dirigentes do Sport conversaram com o Palmeiras e com o Fluminense, até que os cartolas vascaínos entraram na parada e bateram o martelo com uma oferta de 1 milhão de cruzeiros. Com o negócio fechado sua apresentação em São Januário foi acertada para o dia 4 de dezembro de 1958. O centroavante chegou a tempo de presenciar a conquista do super campeonato carioca daquela temporada.
Dia 5 de abril de 1960, Pacoti pisava no gramado do Pacaembu num jogo amistoso entre Vasco da Gama e Corinthians. O motivo deste jogo era a estreia de Almir Pernambuquinho com a camisa corintiana, que na época foi a transação mais cara do futebol brasileiro, seis milhões e meio de cruzeiros. Para este jogo o técnico Filpo Nuñes do Vasco mandou a campo os seguintes jogadores; Miguel, Paulinho, Bellini, Orlando (Barbosinha) e Coronel; Écio e Roberto Pinto; Sabará, Teotônio (Pacoti), Pinga e Peniche. Do outro lado, o técnico corintiano Alfredo Ramos, escalou a seguinte equipe; Gilmar (Cabeção), Egidio, Olavo, Ari Clemente e Oreco; Benedito e Rafael; Lanzoninho, Almir (Luizinho), Higino (Bataglia) e Evanir. O jogo terminou com a vitória corintiana por 3 a 0, gols de Almir, Rafael e Lanzoninho.
Mesmo realizando grandes partidas com a camisa vascaína, foi emprestado à Portuguesa Santista em 1960, que na época tinha a seguinte equipe; Hélio, Allan, Adelson, Clóvis e Jorge Trombada; Henrique e Lorico; Renatinho, Pacoti, Castelo e Valdo. Vale lembrar que Allan fez parte do elenco corintiano na conquista do título paulista de 1954, o titulo do IV Centenário, o qual os corintianos se orgulham muito. Clóvis também jogou no Corinthians durante muitos anos e Lorico brilhou na Portuguesa de Desportos na década de 60. Depois da Portuguesa Santista, Pacoti retornou ao Vasco para ser negociado com o Sporting de Lisboa.
Ele recorda que, na época, o êxodo de atletas brasileiros, tão comum no futebol atual, era uma prática rara. Mesmo assim, a adaptação não foi difícil e ele passou a fazer, como sempre, muitos gols, disputando a artilharia com o astro português Eusébio. No futebol português, Pacoti permaneceu durante as temporadas de 1961 até 1963, quando retornou ao futebol carioca para jogar pelo Olaria. Em seguida, defendeu o Valência da Venezuela entre 1965 e 1966. No fim dos anos sessenta, retornou ao Ferroviário, onde encerrou sua carreira.
HISTÓRIAS
A trajetória de Pacoti rende algumas histórias que. Entre as suas atuações mais especiais, ele destaca a partida entre a seleção cearense e a do Maranhão, em 1956. Ele recorda que, durante a execução do Hino Nacional, a torcida gritou seu nome em peso. “Eu só pude pedir a Deus que me desse sorte”. E Deu lhe ajudou mesmo. Acabou marcando cinco gols na vitória por 6×1. No início de sua carreira, teve o teste frustrado para a equipe do Calouros do Ar, onde disseram que ele não servia para o futebol. Ele conta que viajou “em um teço-teco” de Quixadá para a capital cearense, e, reprovado, voltou de trem, pois a certeza que passaria no teste era tão grande, que só levou dinheiro para a ida.
Em 2013 o Estado do Ceará fez uma homenagem aos jogadores cearenses que brilharam no cenário nacional e Pacoti foi um deles, que colocou seus pés na calçada fama na entrada do estádio Castelão. Pacoti ficou muito emocionado chegando as lágrimas. Hoje Pacoti reside em Fortaleza.