O campeão Paulista de 1921 foi o Clube Atlético Paulistano, ficando a Societá Sportiva Palestra Itália com o vice-campeonato. Apesar do campeão ter sido o Paulistano, foi a rivalidade entre Palestrinos e Corintianos que decidiu o campeonato: Na última rodada, no Natal de 1921, o Corinthians, que liderava, enfrentou seu arquirrival, Palestra, já fora da disputa.

                        O Palestra Itália, no entanto, venceu por 3 a 0 o arquirrival no Parque Antártica, o qual foi ultrapassado pelo campeão Paulistano. Os gols da partida foram anotados por Imparato, Martinelli e Heitor. O próprio Palestra empatou com o Corinthians em pontos, o que forçou partida desempate para decidir o vice. Mas após confusão, a partida se encerrou com 0 a 0, e o Palestra foi declarado vice nos critérios de desempate.

                        Foi no dia 25 de Dezembro de 1921, como diz o hino do Palmeiras, que surgiu o alviverde imponente para mais uma “luta” que no gramado o aguardava. Foi em pleno dia de Natal, em partida válida pelo Campeonato Paulista, que viria a ocorrer mais uma épica batalha dentro de rica história entre alviverdes e alvinegros.

                        Se o Palestra sonhava em alcançar o bicampeonato, não poderia pensar em perder pontos, principalmente para os dois maiores rivais. Mas não foi o que aconteceu. Pelo contrário, na estreia da competição no dia 1º de Maio de 1921, jogando em casa, o Palestra sofreu um doloroso revés frente ao Paulistano pela contagem de 4 a 1. Pior, voltou a perder para eles, desta feita no Jardim América pelo o placar de 1 a 0.

                       Melhor sorte teve frente ao outro rival (Corinthians). Em partida válida pelo primeiro turno, jogando no Parque Antártica, conseguiu uma convincente vitória pela contagem de 3 a 1 (Martinelli; Picagli e Ministro).

                        Podemos notar que a “briga” estava mesmo acirrada entre os rivais. Mas houve contra o Palestra uma preocupação, digamos, a mais no campeonato.

                        Um fato inusitado chamou a atenção de todos. Na partida do dia 29 de maio de 1921, após estar vencendo ao Internacional da capital paulista por 2 a 0, sofreu uma virada por 3 a 2. Mas restando ainda 10 minutos para o fim da partida, o árbitro, confundiu-se com a cronometragem e deu a partida por encerrada. A mesma foi a julgamento no dia 27 de novembro, mas decidiu-se pela permanência do placar. Ponto precioso que certamente faria muita falta ao Palestra, ao final dos dois turnos.

                       Chegamos, portanto a última rodada do campeonato. A classificação mostrava o alvi-preto (como era chamado o Corinthians naquela época) do Bom Retiro, o Corinthians na liderança com 38 pontos; vindo a seguir o Paulistano com 37, e na terceira colocação o Palestra Itália, com 36 pontos conquistados.

                         Uma vitória do Paulistano na véspera de Natal, alijava o alviverde da busca do bicampeonato. Para os palestrinos, acabou por configurar o que não esperavam, ou seja: o Paulistano bateu a equipe do Sírio, jogando em seu estádio (Jardim América) pela contagem de 3 a 2.

                         Com o Palestra agora fora da disputa, restava o prazer de tentar tirar o título de seu maior rival. A tabela, por mais incrível que possa parecer, marcara para o dia 25 de Dezembro de 1921, isso mesmo, no dia de Natal aquele decisivo embate envolvendo o Alviverde e o clube dos operários (como era conhecido), o Corinthians. Ao clube do Bom Retiro (Corinthians) bastava um simples empate para conquistar o seu terceiro título paulista.

                          Da parte da gente do Paulistano, existia um certo receio se o Palestra poderia “amolecer” e permitir o empate, que já daria o titulo ao rival corintiano. Até porque se o Paulistano levantasse o título, ficaria de posse definitiva da Taça Cidade de São Paulo.

                          Naquele domingo, 25 de Dezembro de 1921, não só os palestrinos e corintianos se fizeram presentes ao estádio de Parque Antártica naquela tarde, mas o Palestra recebeu grande apoio dos simpatizantes do clube do Jardim América.

                          Mas, sem dúvida, fora desnecessária aquela força extra na torcida, pois o Palestra Itália, de forma soberba e digna de sua história massacrou a equipe do Corinthians com uma sonora e convincente goleada por 3 a 0 (Martinelli; Imparato e Heitor).

                          Que belíssimo presente de Natal o Palestra poderia dar aos seus maiores rivais, naquela épica tarde! Paulistano ficou com o título da temporada, e, no dia seguinte envia um ofício ao alviverde, enaltecendo a forma digna, e, como relata os arquivos de época, reconhecendo o “grande princípio esportivo” no qual o glorioso Palestra demonstrou naquela jornada.

                          Obs: Numa decisão inédita, a APEA determinou uma partida extra para definir o vice-campeão de 1921. Pois tanto o Palestra  como o Corinthians terminaram na segunda colocação com 38 pontos ganhos. Embora o Alviverde tivesse uma vitória a mais que o rival. Partida marcada para o dia 8 de Janeiro no campo neutro da Floresta.

                           Devido a acirrada rivalidade, seja por parte da torcida e dos atletas, ninguém aceitava sair derrotado daquele prélio. Determinado momento o Palestra, mais uma vez vendo-se prejudicado pela arbitragem, desta feita, de Hermann Friese (o mesmo do dia 25 de dezembro), o alviverde resolve retirar-se de campo. A APEA então decide por considerar, acreditem ou não, ambas equipes perdedoras.