GILMAR RINALDI: campeão brasileiro pelo Flamengo em 1992

                 Gilmar Luis Rinaldi nasceu dia 13 de janeiro de 1959, na cidade de Erechim – RS. Seu nome é uma homenagem a Gilmar dos Santos Neves, goleiro do Brasil na Copa do Mundo de 58 e 62. Como não podia ser diferente, ele se encantou pela bola ainda menino e sempre pensou em ficar no gol. Aos 14 anos, Gilmar ouviu de sua mãe que ela sonhava vê-lo atuando no Maracanã com a torcida gritando seu nome. E o sonho se tornou realidade quando ele atuava pelo Flamengo. Aos 34 anos, o ex-jogador ouviu todo o estádio pedindo por ele na Seleção Brasileira. Descontraído, Gilmar lembrou de muitas passagens suas pelo Maior do Mundo. 

                Para o ex-goleiro, o Maracanã é um gigante que assusta qualquer um. Foi um goleiro que defendeu grandes clubes do futebol brasileiro, como o Internacional de Porto Alegre, o São Paulo e o Flamengo. Também defendeu a nossa Seleção Brasileira em diversas oportunidades, inclusive nos Jogos Olímpicos de 1984, em Los Angeles, Estados Unidos, quando conquistamos a medalha de prata.

                Foi premiado duas vezes pela Revista Placar com a Bola de Prata, em 1986 e em 1989. Depois que parou de jogar, Gilmar retornou ao Flamengo, em 1999, como superintendente de futebol. Exerceu este cargo por dois anos seguidos e depois passou a dedicar-se à função de empresário de jogadores. Sua empresa, voltada à gestão da carreira de jogadores de futebol, possui vários atletas. Empresários de jogadores de futebol são vistos como vilões. Para muita gente, não passam de aproveitadores que tentam enriquecer negociando os maiores patrimônios dos clubes, mas Gilmar sempre demonstrou ser um empresário honesto e competente.

INTERNACIONAL

               Gilmar iniciou sua carreira no Internacional, em 1978, tendo feito parte do elenco colorado, tetra-campeão gaúcho de 1981 a 1984. Uma das equipes do Inter nesta época era formada por; Gilmar, Edevaldo, Mauro Pastor, André Luiz e Rodrigues Neto; Mauro Galvão, Ademir e Rubem Paz; Valdomiro, Bira e Silvinho. Esta foi a equipe que o técnico Cláudio Duarte mandou a campo no dia 14 de março de 1982 para enfrentar o Corinthians no estádio do Morumbi. O placar deste jogo foi de 1 a 0 para o alvinegro de Parque São Jorge, gol de Eduardo aos 39 minutos da etapa complementar.

SÃO PAULO

               Em 1985, ele foi contratado pelo São Paulo, que desde a saída de Waldir Peres, em 1983, não conseguia efetivar um arqueiro como titular. Abelha e Barbirotto foram algumas tentativas do Tricolor, na época. Gilmar consolidou a fama de sortudo no Morumbi. Logo em seu primeiro ano de clube, o São Paulo foi campeão paulista. A final foi contra a Portuguesa, no Morumbi, e o São Paulo venceu por 2 a 1. Gols de Sidnei e Muller para o Tricolor, enquanto que Esquerdinha marcou o único tento da Portuguesa de Desportos. Gilmar por pouco não tomou um gol do meio de campo de Edu Marangon, mas a bola bateu no travessão, duas vezes. Neste dia o São Paulo jogou com Gilmar, Zé Teodoro, Oscar, Dario Pereyra e Nelsinho; Marcio Araújo, Silas (Pita) e Falcão (Freitas); Müller, Careca e Sidney. Técnico: Cilinho.

               No ano seguinte, Gilmar ajudou o São Paulo, dirigido pelo técnico Pepe, a ser campeão brasileiro. O último jogo do nacional aconteceu no Brinco de Ouro da Princesa, contra o Guarani, e o São Paulo, nos pênaltis, bateu o alviverde campineiro. Em 1987, novamente dirigido por Cilinho (também técnico em 85), o São Paulo faturou o Paulistão. A vítima da final foi o Corinthians. No primeiro jogo, o Tricolor venceu por 2 a 1 (gols de Edivaldo e Lê) e no segundo jogo segurou o empate sem gols. Antes de deixar o Tricolor Paulista em 90, ano que perdeu a condição de titular para Zetti, Gilmar Rinaldi conquistou seu terceiro título paulista pelo Tricolor. A final de 89 foi contra o São José. Gilmar defendeu a meta tricolor de 1985 a 1990 e nesse período, atuou em 253 partidas obtendo 113 vitórias, 96 empates e 44 derrotas.              

FLAMENGO

                  Aos 32 anos de idade, Gilmar vislumbrou uma nova oportunidade de voltar a atuar, como titular, quando surgiu o interesse do Flamengo. Assim, retomou sua melhor forma e, em ótima fase, foi um dos destaques daquela equipe rubro-negra, que conquistou o Campeonato Carioca de 1991 e o Campeonato Brasileiro de 1992. Novamente em evidência, graças as suas boas atuações no Flamengo, Gilmar acabou sendo convocado por Carlos Alberto Parreira, como terceiro goleiro, para a disputa da Copa do Mundo de 1994.. Pelo Flamengo, onde jogou de 1991 a 1994, ao lado de Júnior, Gilmar Rinaldi foi um dos líderes da equipe rubro-negra campeã carioca de 91 e campeã brasileira de 1992. Foram 231 jogos com a camisa do time da Gávea obtendo 112 vitórias, 68 empates e 51 derrotas. Após a conquista do tetra-campeonato mundial, nos EUA, com a Seleção Brasileira, Gilmar deixou o Flamengo e foi encerrar sua carreira no Cerezo Osaka, do Japão.

SELEÇÃO BRASILEIRA

               Gilmar despontou como fenômeno em 1984, na Seleção Olímpica que disputou os Jogos de Los Angeles. Na ocasião, a equipe do Brasil era formada por atletas do Internacional e um ou outro reforço de outros times. Era um time mediano que acabou sendo a grande sensação do torneio, graças ao carisma e liderança do goleiro. E às suas grandes defesas. A medalha de prata premiou a campanha do escrete desacreditado.

               Em 1994, participou da Copa do Mundo dos Estados Unidos, embora fosse o terceiro goleiro, acabou sagrando-se Tetracampeão. O país ainda chorava a morte de Ayrton Senna e precisa de algo para alegrar o povo brasileiro, e nada melhor que um título mundial. Debaixo de um calor de 35 graus, Brasil e Itália, com três títulos cada um na bagagem, decidiram quem seria o primeiro tetracampeão do mundo, naquele 17 de junho de 1994. Depois de terminar em zero a zero no tempo normal e também na prorrogação, vieram os pênaltis. E foi justamente nos pés do jogador italiano mais famoso da época, que começamos a comemorar o titulo mundial, pois ao bater a penalidade, ele chutou para fora, não só a bola, como também o sonho de milhões de italianos. Éramos Tetracampeões Mundiais. Gilmar era o terceiro goleiro da seleção. Taffarel era o titular e o são-paulino Zetti, o segundo arqueiro, com quem Gilmar fez rodízio no banco de reservas, mas não entrou em nenhuma partida.

               Ao todo, Gilmar fez apenas 15 jogos na Seleção Brasileira, sendo que 9 foram oficiais, tendo 10 vitórias, 3 empates e duas derrotas. Sofreu 11 gols. Logo depois da Copa, abandonou os campos. Mas não o futebol. Participou da Copa de 1998 como olheiro e, em 1999, assumiu a gerência de futebol do Flamengo. No cargo, ajudou o rubro-negro a conquistar dois títulos, mas, em 2000, depois de muitas desavenças internas, foi demitido. Dessa forma, decidiu se aventurar como agente Fifa e abriu uma empresa, a Gilmar Sports. A partir dai, passou a representar jogadores como os atacantes Adriano, Washington, Reinaldo, entre outros.

EMPRESÁRIO

               O ex-goleiro partiu para a carreira de agente em 2000, logo depois que deixou o cargo de superintendente de futebol do Flamengo. Ele explica que, antes mesmo de se decidir, já vinha sendo consultado por jogadores, que lhe perguntavam se ele não queria agenciar suas carreiras. Antes de fechar contrato com algum atleta, tirou a licença na Fifa (pagou 100 mil francos suíços, equivalentes a cerca de R$ 180 mil) e partiu em busca de novos conhecimentos sobre sua nova profissão.

               Hoje ele comanda a carreira de inúmeros jogadores. Afirma que sempre procura o que é melhor para seus jogadores e declara, sem receio: não vê nenhum problema em ganhar dinheiro com o futebol. “Existe, sim, uma espécie de preconceitos de que empresários são verdadeiros vilões. Mas é um trabalho honesto como qualquer outro. Eu não tenho vergonha nenhuma de ganhar dinheiro com futebol. Na Europa, o trabalho do empresário é visto com normalidade. Faz parte. O futebol envolve muita paixão e, no Brasil, se criou esse estigma de coisa errada” – comenta.

               Gilmar Rinaldi afirma que, desde que as relações sejam transparentes, não há nenhum problema no trabalho do empresário. Ele conta que faz questão de que tudo seja documentado para que não haja nenhum mal-entendido. “Sempre coloco tudo no papel: quanto o jogador vai ganhar, quanto será a minha parte. Em todas as negociações faço isso. Tem gente que me diz que não precisa disso, mas eu faço questão”. O ex-goleiro sempre teve uma personalidade muito forte.

              Um episódio que ilustra a personalidade de um goleiro que nunca se impressionou com os próprios erros é a resposta que deu a um repórter de campo, em 1989, depois de falhar em um lance que resultou numa derrota do São Paulo. “Bola na pequena área não é do goleiro, Gilmar?”, perguntou o repórter. “Era”, respondeu friamente o arqueiro. Gilmar sempre foi um goleiro muito discreto no jogo aéreo. Compensava com o bom posicionamento uma certa lentidão nas saídas do gol. Tinha uma ótima colocação e sabia sair jogando muito bem.

Em pé: Adílson, Gilmar, Vizolli, Ricardo Rocha, Nelsinho e Zé Teodoro    –     Agachados: massagista Hélio Santos, Mário Tilico, Bobô, Ney Bala, Raí e Edivaldo.
1992 – Em pé: Gélson Baresi, Gilmar Rinaldi, Wilson Gottardo, Charles Guerreiro, Piá e Júnior   –     Agachados: dois massagistas, Júlio César, Gaúcho, Zinho, Fabinho e Uidemar

1985 – Em pé: Márcio Araujo, Oscar, Gilmar Rinaldi, Falcão, Dario Pereira, Nelsinho e Zé Teodoro    –    Agachados: Muller, Silas, Careca e Sidney
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