MAZAROPI: ficou 1.816 minutos sem sofrer nenhum gol

                Geraldo de Matos Filho nasceu dia 27 de janeiro de 1953, na cidade de Além Paraíba – MG. Foi campeão por todos os times que defendeu. Só isto já seria suficiente para falar que Mazaropi foi um grande vencedor na carreira. Chegou também a defender nossa seleção e depois que encerrou a carreira de jogador, passou a trabalhar como treinador de goleiros no Japão. Depois passou a trabalhar como técnico de futebol. Ainda hoje é lembrado com muito carinho pelo torcedor do Vasco da Gama, do Coritiba e do Grêmio Portoalegrense, onde conquistou títulos importantes.

               Mazaropi é o goleiro que mais tempo ficou sem tomar gols. Entre 1977 e 1978, época em que defendia o Vasco da Gama, Mazaropi ficou 20 partidas sem ver suas própria rede balançar. Foram 1.816 minutos sem sofrer gols. Um recorde mundial. Em 2012 lançou sua candidatura a vereador em Sapucaia do Sul pelo PMDB, mas não foi eleito, contabilizando 994 votos, o que não foi suficiente para ocupar uma das cadeiras na Câmara Municipal daquela cidade.

VASCO DA GAMA

                E foi no Vasco que ganhou o apelido de Mazaropi. O apelido nasceu quando chegou ao Vasco. Pelé marcara seu gol 1.000 no goleiro vascaíno Andrada há poucos meses, quando o jovem Geraldo se apresentou ao clube do Rio de Janeiro. Era o ano de 1970 e ele vinha da cidade mineira de Além Paraíba, onde nascera. Menino calado, o mineirinho foi logo comparado ao famoso humorista que se destacava por encarnar o caipira interiorano. O apelido foi dado pelo jogador Brito. Pelo clube de São Januário Mazaropi foi campeão juvenil e em 1973 era o reserva do reserva de Andrada.

               Sua grande chance veio em 1975, quando Andrada teve um problema de coluna. Mário Travaglini que era o técnico naquela oportunidade o lançou e ficou 11 jogos sem tomar gols. No jogo contra o Sergipe defendeu um pênalti e a vitória de 1 a 0 classificou o Vasco para as semifinais do Brasileiro. No final de 75, Andrada foi vendido e Mazaropi assumiu a posição até a chegada de Leão. Aos 22 anos, era titular. No ano seguinte, caiu em depressão pela morte da mãe. Aos 25, chegou à Seleção, mas foi cortado antes da Copa de 1978.

               Na decisão da Taça Guanabara de 1976, brilhou a estrela de Mazaropi. A decisão foi contra o Flamengo. Neste dia o Maracanã recebeu um público de 133 mil torcedores. Vasco e Flamengo terminaram o turno empatados com 11 vitórias, dois empates e uma derrota cada um (24 pontos na contagem da época) e tiveram que decidir o título num jogo extra. Logo aos seis minutos de partida, Roberto Dinamite recebeu uma cotovelada de Rondinelli dentro da área.

               O árbitro Agomar Martins marcou pênalti, que o próprio Dinamite cobrou para abrir o marcador. O Flamengo empatou aos 22 minutos do segundo tempo com Geraldo, após receber passe de Edu. O empate por 1 a 1 obrigou a realização de uma prorrogação, que terminou sem gols. Na decisão por pênaltis, o Flamengo fez 1 a 0 e Abel desperdiçou o primeiro tiro vascaíno. Seguiram-se três cobranças bem-sucedidas para cada lado até que Zico, com seu time liderando a contagem por 4 a 3, só precisava converter seu pênalti para encerrar a disputa.

              Mas o Galinho chutou para a defesa de Mazaropi, então um jovem goleiro que substituía o consagrado Andrada. Roberto Dinamite converteu sua cobrança – 4 a 4 – e Geraldo chutou para nova defesa de Mazaropi. Coube então ao lateral recém-promovido dos juvenis Luís Augusto fazer o gol do título – um título que o Vasco não conquistava desde 1965, quando havia se sagrado o primeiro campeão da Taça Guanabara.

               Em 18 de maio de 1977, quando o Vasco venceu o Bonsucesso, em São Januário, por 2 x 1, o goleiro Mazaropi iniciou uma invencibilidade, de 1.816 minutos sem sofrer gols. O recorde, que durou até 7 de setembro de 1978, é reconhecido pela FIFA e pela Federação Internacional de História e Estatística do Futebol. Vasco 2 x 1 Bonsucesso rolou em uma quarta-feira, assistido por 10.858 pagantes.

Foi convocado para disputar a Copa de 1978 na Argentina. Porem, queriam fazer sua inscrição com seu nome de batismo. Imediatamente ele se recusou. Com isto foi cortado e chamaram Waldir Peres para o seu lugar.

               O goleiro Leão foi contratado e chegou como um Super Star, mas na noite em que os alto-falantes do Maracanã anunciaram pela primeira vez o nome de Leão na escalação do Vasco, a torcida reagiu aos gritos: “Mazaropi, Mazaropi, Mazaropi, Mazaropi.” Naquele momento, nem o impacto pela contratação do goleiro da Seleção Brasileira era capaz de apagar da memória dos vascaínos as grandes atuações de Mazaropi. Especialmente os pênaltis que defendeu, em duas decisões contra o Flamengo, e que acabaram rendendo dois títulos para o Vascão. Em 1979, acabou sendo emprestado para o Coritiba. Um ano no time paranaense foi suficiente para Mazaropi comprovar a fama de vencedor. O goleiro ajudou o Coxa a conquistar o estadual de 1979 e retornou ao Vasco da Gama, onde ficou de 80 a 83, sendo campeão carioca em 1982. Em 1983, ele foi emprestado para o Grêmio.

GRÊMIO

               Mazaropi, é um dos goleiros mais vitoriosos que já vestiram a camisa do Grêmio. Colocou para sempre seu nome na história do Clube ao conquistar a Libertadores da América e o Mundial Interclubes de 1983, além de ter vencido diversos campeonatos estaduais e a Copa do Brasil de 1989. Contratado junto ao Vasco da Gama, onde acabara de se sagrar campeão carioca, e com passagem por Coritiba e Náutico, Mazaropi chegou ao Grêmio em um dos momentos mais importantes da vida do Clube: a fase semifinal da Libertadores. E foi numa de suas primeiras partidas que o goleiro justificou sua contratação. Foi contra o América de Cali, no Olímpico. O Grêmio vencia por 2 a 1 quando o time colombiano teve a chance do empate em uma penalidade a seu favor. O gol eliminaria o Tricolor Gaúcho da decisão da competição.

                O desespero gremista se transformou em euforia quando Mazaropi defendeu a cobrança do atacante do América. O milagre do goleiro gremista garantiu o time de Espinosa na grande final da Libertadores e colocou Mazaropi no rol dos grandes ídolos da torcida. Depois de conquistar a Libertadores, veio a conquista do Mundial Interclubes. Para o torcedor do Grêmio, a decisão do mundial de clubes realizado no Japão em 1983, quando o Grêmio derrotou o Hamburgo por 2×1, foi um jogo inesquecível. Mazaropi entrou para a história do Grêmio naquele dia 11 de dezembro de 1.983. Nesse dia o Grêmio jogou com a seguinte formação; Mazaropi, Paulo Roberto, Baidek, De Leon e Paulo Cesar Magalhães; China, Osvaldo (Bonamigo) e Mario Sergio; Renato. Tarciso e Paulo César Cajú. Técnico: Valdir Espinosa.

               Como o passe pertencia ao Vasco da Gama, Mazaropi deixou o Grêmio e voltou ao time de São Januário. Em 1984, o goleiro foi defender, também por empréstimo, o Náutico. A passagem pelo futebol pernambucano foi curta e vitoriosa. Mazaropi foi campeão pernambucano pelo Timbu, que tinha como um dos destaques o meia Baiano. Voltou ao Grêmio em 1985 e cativou definitivamente a torcida tricolor com as conquistas dos gaúchos de 1985, 1986, 1987, 1988, 1989 e 1990 e da primeira edição da Copa do Brasil, em 1989, de maneira invicta. Encerrou a carreira de jogador e virou treinador de goleiros antes de seguir a carreira de treinador.

FORA DAS QUATRO LINHAS

               Após sua carreira como jogador entrou para política, sendo eleito vereador de Porto Alegre pelo PMDB em 1992. Ele recebeu 5.361 votos. Porém, abandonou o cargo que veio a abandonar três anos mais tarde para aceitar o convite de Otacílio Gonçalves para ser treinador de goleiros no Japão. Mazaropi passou oito anos no Japão exercendo esta função em vários clubes como Yokohama Marinos e Nagoya Grampus. Porém, após tanto tempo fora, decidiu aceitar o apelo da família e regressar ao Brasil. Em 1997, colocou suas mãos na Calçada da Fama do Olímpico perpetuando para sempre sua passagem pelo Clube.

               Em 2006, Mazaropi foi à Alemanha, sede da Federação Internacional de História e Estatística no Futebol, receber a sua distinção, pelo recorde de 1.816 minutos sem buscar a bola no fundo da rede. Em 21 de dezembro de 2008 Mazaropi assumiu como técnico da SER Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul, com o objetivo de recolocar a equipe na primeira divisão do Campeonato Estadual. Em fevereiro de 2010, Mazaropi assume como técnico no Futebol Clube Santa Cruz.

               O carismático goleiro do grande time do Vasco campeão estadual de 1977 só disputou uma partida pela Seleção (não oficial), mas conquistou muitos títulos nos clubes pelos quais passou. Pelo Vasco, além do Estadual de 77, ganhou o de 1982, já como reserva de Acácio. Transferiu-se para o futebol gaúcho, onde ganhou o hexacampeonato Estadual (85 a 90), a Taça Libertadores da América e o Mundial Interclubes (1983) pelo Grêmio. Tornou-se treinador de goleiros. Em 2012 teve um pequeno problema cardiológico, mas depois de passar por um cateterismo, recebeu alta e retornou ao seu lar e agora curte o futebol pela TV e relembra dos grandes momentos que teve dentro das quatro linhas. Mazaropi sempre foi um homem simples e por isso mesmo o apelido que lhe foi dado, lhe caiu muito bem e por isso ele ainda hoje é chamado por todos de Mazaropi.

Em pé: Mazaropi, Ditinho, Vica, Jorjão, Norberto e Paulo César    –     Agachados: Ronaldo, Tostão, Chicão, Gerson Gaúcho e Pachequinho
Em pé: Mazaropi, Lui-lui, Gardel, Almir, Eduardo e Serginho   –    Agachados: Valtinho, Luís Freire, De Rossi, Santos e Aladim
Em pé: Paulo Roberto, Mazaropi, Baidek, China, Paulo César e Hugo de León   –    Agachados: Renato Gaúcho, Osvaldo, Tarciso, Paulo César Caju e Mário Sérgio
Em pé: Mazaropi, Alfinete, Adriano, Luís Eduardo, Airton e Paulo Bonamigo    –     Agachados: Jura, Cuca, Paulinho, Cristovão e Serginho
Em pé: Mazaropi, Orlando, Abel Braga, Gaúcho, Zanata, Marco Antônio e o técnico Orlando Fantoni    –     Agachados: Pai Santana (massagista), Wilsinho, Zé Mário, Roberto Dinamite, Dirceu e Paulinho Piracicaba
Em pé: Geraldo, Orlando, Mazaropi, Abel Braga, Luiz Augusto e Zanata    –    Agachados: Pai Santana (massagista), Luís Fumanchu, Zé Mário, Ramon, Dirceu e João Paulo

Postado em M

Deixe uma resposta