IVAIR: o Príncipe

                    Ivair Ferreira, nasceu na cidade Bauru – SP. no dia 27 de janeiro de 1945.  Jogou na Portuguesa de Desportos, Corinthians e Fluminense do Rio de Janeiro, depois foi jogar no México, Canadá e Estados Unidos e, encerrou sua carreira no América do Rio. A vida daquele menino franzino de nome Ivair, nascido no interior de São Paulo e que a partir dos dois anos se mudou para uma favela, no bairro da Vila Espanhola, começou a mudar aos 11 anos. Manoel Passos, proprietário do estacionamento Cacique, onde trabalhava, era diretor da Portuguesa. Um dia decidiu levá-lo para fazer um teste na Lusa. De imediato foi aprovado. Começava ali uma bonita carreira que se prolongou até ele completar 38 anos de idade.

                   Ivair começou nas categorias inferiores da Portuguesa, nas quais tinha o apelido de “Gibi”. Sua estreia como profissional aconteceu em 1962, num jogo contra a Prudentina válido pelo segundo turno do Campeonato Paulista. A Portuguesa perdia o jogo por 1×0 até que, aos quarenta minutos do segundo tempo, Ivair empata a partida. Não aguentando a emoção, desmaiou em campo.“Quando eu era garoto, nunca deixei de estudar. Fiz um curso de mecânica e outro de violão. Os jogadores mais velhos como Servílio, Nílson e Ditão me orientaram bastante. Quando fui jogar nos Estados Unidos, fiz um curso técnico de preparação física. Tentei fazer um curso de aperfeiçoamento de mecânica. Mas não consegui porque perdia muitas aulas em razão dos treinos, viagens e as concentrações. Eu nunca me aventurei a trabalhar na área. Violão eu também não arrisco tocar. Eu só me saio bem tocando pandeiro”, contou.

Como surgiu o apelido “O Príncipe”

                    Este apelido foi dado pelos locutores Walter Abraão e Geraldo José de Almeida, e tudo aconteceu num jogo em que a Portuguesa fez contra o Santos F. C. na Vila Belmiro no ano de 1962.   Pelé descobriu que havia uma sombra do Rei em campo. Mais que isso. Viu que aquele menino teve a coragem de desafiar o (quase) imbatível Santos. Depois de marcar os três gols da vitória da Portuguesa de Desportos (3 a 2), Pelé atravessou o campo e fez questão de entregar sua camisa àquele jovem franzino, que simplesmente arrebentou com o jogo naquele dia.

                   Depois de receber a camisa do Rei, entregue pelas próprias mãos do gênio, que reverenciou a ousadia do garoto, Ivair também entregou a sua, agradeceu e saiu aplaudido pela torcida santista, que lotava o Estádio Urbano Caldeira naquele dia.  E foi naquele dia, que Walter Abraão e Geraldo José de Almeida disseram: “Se Pelé é o nosso Rei, Ivair é o nosso Príncipe”. O mais interessante de tudo isso, é que naquela época, não havia o costume dos jogadores fazerem a troca de camisa, prova que Pelé realmente era um craque em todos os sentidos.

                  Ivair jogou na Portuguesa de 1962 até 1969 e nesse período não conquistou nenhum título com a Lusa do Canindé.  A maior chance aconteceu em 1964, quando a Portuguesa fez a final do campeonato paulista contra o Santos. Naquele domingo à tarde, com verdadeiro dilúvio caindo na Vila Belmiro, Ivair chegou a sofrer um pênalti escandaloso do lateral direito Ismael, não marcado pelo árbitro Armando Marques.  O lance aconteceu no primeiro tempo, quando o placar ainda estava em branco.  O Santos venceu por 3 a 2 e todos os gols aconteceram no segundo tempo, sendo eles na seguinte ordem: Toninho, Pepe, Ismael (contra), Ditão e Pepe de falta.  Neste dia a Portuguesa que era comandada por Aymoré Moreira, jogou com a seguinte formação: Orlando, Jair Marinho, Ditão, Wilson Silva e Edílson; Pampolini e Nair; Almir, Henrique, Dida e Ivair.  Este jogo foi transmitido ao vivo pela TV Record, canal 7, no comando do fanático torcedor da Lusa, o saudoso e inesquecível Raul Tabajara.  E o Santos F. C. jogou, venceu e sagrou-se campeão de 64,  com a seguinte formação: Gilmar, Ismael, Modesto, Haroldo e Lima; Zito e Mengálvio; Toninho Guerreiro, Coutinho, Pelé e Pepe. O técnico da equipe santista era o saudoso Luiz Alonso Peres, mais conhecido por Lula.

                   Em 1966, Ivair foi convocado para a seleção brasileira que iria disputar o mundial da Inglaterra.  Ele estava entre os 47 convocados de Vicente Feola, mas como fora chamado para jogar na ponta esquerda, o que não era o seu forte, acabou sendo cortado, porque concorreu com o santista Edu, com o são-paulino Paraná e ainda com os cortados Amarildo que jogava no Milan da Itália e com Rinaldo do Palmeiras.

OUTROS CLUBES

                  Em 1969 foi vendido ao Corinthians, onde teve uma rápida passagem. Naquela época o time corintiano tinha a seguinte formação: Ado, Miranda, Ditão, Luiz Carlos e Mendes; Suingue e Rivelino; Paulo Borges, Mirandinha, Ivair e Lima. Com a camisa corintiana, Ivair fez 77 partidas e marcou 22 gols entre 1969 e 71, quando foi jogar no Fluminense, onde conseguiu seu primeiro titulo de sua carreira, ao sagrar-se campeão carioca, num jogo polêmico contra o Botafogo, em que o ponta Lula marcou o gol para o Fluminense.  Este jogo a torcida do Fogão reclama até hoje.  Nesta época o Fluminense tinha um grande time, um dos melhores do país, ou seja; Félix, Oliveira, Galhardo, Assis e Marco Antônio;  Denílson e Didi;  Cafuringa, Flávio, Ivair e Lula.

                   Ivair marcou cerca de 400 gols em sua carreira e, chegou a atuar pela seleção brasileira. Pela  Portuguesa conquistou apenas o vice-campeonato paulista de 1964, mas o dinheiro da venda de seu passe contribuiu para a construção do estádio do Canindé.  Ivair tem poucos objetos da época que era profissional.  “Eu tinha 112 troféus, camisas e agasalhos da Seleção Brasileira e dos clubes que joguei. Mas um dia, quando atuava pelo Fluminense, no Rio de Janeiro, ladrões entraram na minha casa, aqui em São Paulo, e levaram praticamente tudo. Fiquei desiludido e, durante algum tempo, decidi não guardar mais nada. Sobraram três álbuns de recortes de jornais e revistas, além de fotos. Recentemente, consegui imagens de alguns gols que gravei de programas esportivos.”

                  O ex-atacante da Lusa diz que se preparou para abandonar a carreira. “Eu sabia que um dia teria de parar, ficar longe dos treinos, dos estádios, das viagens, da mídia. Quando parei, eu tinha uma escola de futebol em sociedade com Ademir da Guia e Wilsinho. A minha rotina continuou quase a mesma. Em vez de sair de casa para treinar e jogar, ia para os campos orientar a garotada. A minha parada, felizmente, não foi traumática. Ivair lembra que vários meninos saíram das suas escolas para equipes de futebol.

                    Ivair Ferreira, o “Príncipe”, ex-ponta-de-lança da Portuguesa, Corinthians e Fluminense, hoje mora em São Paulo e trabalha com escolinhas de futebol nos bairros da Aclimação e Ipiranga e vive uma vida tranqüila ao lado de sua esposa Sonia Maria Tassitano Ferreira e de seu único filho Denis Tassitano Ferreira.  Embora tenha atuado em vários clubes, a imagem de Ivair permanece bem vinculada à Portuguesa de Desportos, pois é lá no Canindé que estão os segredos que só Ivair consegue compreender, pois ele se identificou demais com a Lusa.

TÍTULOS: 

Pela Liga Norte Americana – Campeão pelo Toronto Metros-Croatia (Canadá) em 75 e 77. Pelo Fluminense – Campeonato Carioca – 71 e 73  e Taça Guanabara em 71.

Em pé: Orlando, Ulisses, Marinho Peres, Guaraci, Zé Maria e Augusto      –     Agachados: Leivinha, Paes, Ivair, Lorico e Rodrigues
Em pé: Augusto, Vilela, Ditão, Felix, Amaro e Edilson      –     Agachados: Mário Américo, Almir, Nair, Aloisio, Ademar e Ivair
Em pé: Augusto, Vilela, Felix, Ulisses, Henrique Pereira e Edilson      –     Agachados: Almir, Silvio, Ivair, Ademar e Nilson
Em pé: Orlando, Luizão, Marinho Peres, Zé Maria, Lorico e Augusto      –     Agachados: Ratinho, Ivair, Leivinha, Paes e Rodrigues
Em pé: Luiz Carlos, Suingue, Ditão, Mendes, Ado e Miranda      –     Agachados: Paulo Borges, Mirandinha, Rivelino, Lima e Ivair
Em pé: Pedrinho, Dirceu Alves, Ditão, Luiz Carlos, Diogo e Miranda      –     Agachados: Ivair, Buião, Carlinhos, Tião e Suingue
Em pé: Fogueira, Ado, Ditão, Dirceu Alves, Luiz Carlos e Miranda      –     Agachados: Paulo Borges, Ivair, Benê, Rivelino e Aladim
Em pé: Ado, Pedro Rodrigues, Miranda, Luiz Carlos, Ditão e Tião      –     Agachados: Ivair, Suingue, Lima, Benê e Rivelino
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