ZICO: maior ídolo do Flamengo

                    Artur Antunes de Coimbra, o nosso eterno Zico, nasceu dia 3 de março de 1953 no subúrbio de Quintino no Rio de Janeiro. Portanto, amanhã estará completando 55 anos de vida.  Dizer que foi o maior ídolo da história do Flamengo, isso já seria suficiente para mostrar a importância de Zico no futebol brasileiro. A sua trajetória como atleta e como técnico, foi e ainda é marcada por sua força de vontade, espírito de equipe e, acima de tudo, seu senso profissional. Títulos, gols, passes e lances geniais não vieram por acaso, mas sim após muita dedicação. Além disso, Zico também é uma figura carismática. Sua identificação com o torcedor certamente garantiu a ele um lugar no coração de fãs de todas as idades, até mesmo do outro lado do mundo.  É o filho caçula de dona Tidinha e seu Antunes, e ganhou o nome do seu avô materno.

Assim como os seus irmãos mais velhos Zeca, Nando, Edu e Tonico, ele brincava na rua o dia inteiro.  Tudo o que Zico queria era jogar bola. E jogava bem: desde menino, o pequeno Arthurzinho ou Arthurzico, como era conhecido, já impressionava a todos com a sua visão das jogadas, a sua habilidade com a bola nos pés e com os seus inúmeros gols.

                  Seus pais sempre apoiaram a escolha dele e de seus irmãos, exigindo apenas uma coisa: tinham que continuar a estudar, e ter um diploma universitário. A profissão de jogador de futebol, na época, não era muito bem vista. Zico já era o galinho de Quintino, em 1967, quando tinha um teste marcado no América, time dos irmãos, aos 13 anos de idade. Foi quando apareceu Celso Garcia, radialista e amigo da família, que pediu a seu pai a autorização para levá-lo a um treino do Juvenil do Flamengo.

                  O coração do menino, coração de torcedor, falou mais alto. Com 13 anos e 1,45m, o magro e pequenino Zico, ao lado do amigo Celso Garcia, cruzou os portões da Gávea pela primeira vez. Modesto Bria, treinador das categorias de base do clube, quase não acreditou quando Garcia lhe mostrou aquele menino franzino. “É muito pequeno, não dá”, teria dito o técnico. Mas a teimosia de Garcia foi maior que a de Bria, e Zico acabou sendo chamado para treinar. Jogou apenas 10 minutos, ao lado de meninos de 17 anos. Foi o suficiente para que o treinador desse conta que estava diante do futuro ídolo do clube, um dos maiores astros do futebol brasileiro. Ninguém negava sua qualidade, mas o que dificultou muito o seu início de carreira era o seu tamanho. Era franzino e fraco fisicamente, perdendo muitas jogadas por causa disso.

                 A partir daquele momento, o Flamengo começou uma preparação física especial, orientada pelo professor José Roberto Francalacci, que tinha como objetivo fazer do menininho um atleta perfeito, capaz de suportar os choques inevitáveis com os marcadores adversários. Zico iniciou sua longa carreira na Escolinha do Flamengo em 1967, marcando dois gols na vitória de 4 a 3 sobre o Everest, pelo Campeonato Carioca da categoria. Seu primeiro título veio em 1969, quando conquistou o Carioca de Infantis.

                Após quatro anos e uma fase de tratamentos, acompanhamento nutricional e desenvolvimento muscular, o garoto Zico transformou-se no atleta Zico. A partir daí, começou a sua preparação técnica, para melhorar a qualidade das suas jogadas e aprimorar a velocidade com a qual elas se processavam. Depois de muito treino, Zico estava pronto para entrar em campo no time profissional do Mengão.  Sua estreia aconteceu no dia 29 de julho de 1971, quando o Flamengo venceu o Vasco da Gama por 2 a 1.

                Em 1972, aos 19 anos, Zico conseguiu seu primeiro título carioca, época em que a equipe do Flamengo era comandada pelo técnico Zagallo. Em 1974, comprovando o seu potencial, surgiu a oportunidade de jogar com a camisa 10 rubro-negra. Foi artilheiro do Campeonato Brasileiro nos anos de 1980 e 1982, ambos com 21 gols, e fez 139 gols em 17 campeonatos, estando atrás apenas do atacante Roberto Dinamite, com 190 gols em 20 campeonatos. Com a Era Zico, o Flamengo conquistou 22 títulos: 9 Taças Guanabara, 7 Campeonatos Estaduais, 4 Brasileiros, Taça Libertadores da América e Mundial Interclubes (quando derrotou o Liverpool, da Inglaterra por 3×0 e ganhou um automóvel Toyota, como melhor jogador em campo).

                A partir daí, Zico tinha um novo desafio: mostrar ao mundo que era um jogador tão bom quanto os melhores craques do mundo. Em 1983, Zico foi vendido para a Udinese, da Itália, onde ficou durante dois anos. Jogou de igual para igual com times cheios de estrelas e foi vice-artilheiro do campeonato de 1984, apenas um gol atrás do francês Platini, que jogou 6 partidas a mais defendendo a fortíssima Juventus. Entretanto, Zico foi eleito o melhor jogador da competição. Depois foi jogar no Kashima Antlers do Japão de 1991 a 1994, onde encerrou sua brilhante carreira.   Zico é o maior artilheiro de toda história do Flamengo. Jogando pelo Mengão, Zico fez 765 jogos e marcou 568 gols.  Pela Udinese na Itália 79 jogos e 57 gols e pelo Kashima do Japão 88 jogos e 54 gols.

                Durante sua carreira, Zico sofreu muito com a violência dos zagueiros adversários. Seu maior carrasco foi o lateral-direito Márcio Nunes, do Bangu, que em 29 de agosto de 1985, pelo Campeonato Carioca, acertou uma entrada criminosa e totalmente sem propósito nos joelhos de Zico. O resultado foi devastador: o Galinho deixou o campo carregado, com torção nos joelhos direito e esquerdo, torção no tornozelo esquerdo, contusão na cabeça do perônio esquerdo e profundas escoriações na perna direita. Para se recuperar, Zico enfrentou três cirurgias, a segunda delas nos Estados Unidos.

                Sua última partida oficial pelo Mengão foi disputada em 2 de dezembro de 1989, em Juiz de Fora, Minas Gerais, quando o rubro-negro goleou o Fluminense por 5 a 0, pelo Campeonato Brasileiro. Zico marcou um gol, de falta. Jogou pela última vez com a camisa do Flamengo em 6 de fevereiro de 1990, numa grande festa de despedida, que reuniu o Flamengo e uma seleção formada por amigos jogadores. O jogo terminou empatado em 2 a 2, e ele não marcou. 

SELEÇÃO BRASILEIRA

                  Em toda a história da seleção brasileira de futebol, Zico é o segundo maior artilheiro de todos os tempos, com 66 gols em 89 jogos, atrás apenas de Pelé que marcou 98 gols em 114 jogos. Mas como não poderia deixar de ser, não foi fácil chegar lá: o desafio era superar a desconfiança de treinadores, torcedores e da imprensa, e provar que tinha valor para vestir a camisa que um dia fora do rei: a número 10. Com ela, participou de três Copas do Mundo, mas infelizmente nunca experimentou a glória de um título mundial, pequeno detalhe para uma brilhante carreira. As conquistas de Zico na Seleção Brasileira se limitaram ao Torneio Bicentenário dos Estados Unidos e a Copa Rio Branco, ambos em 1976.

                    E foi em 1976 que o Galinho de Quintino estreou na seleção, num jogo com o Uruguai, pela Taça do Atlântico. O Brasil venceu por 2×1, com um gol de falta de Zico. Dois anos mais tarde, lá estava ele, na copa da Argentina, onde o time de Cláudio Coutinho fora considerado campeão moral. No jogo contra a Suécia, em 3 de junho, Zico fez um gol de cabeça, após um cruzamento de Nelinho. Aquele gol daria a vitória ao Brasil no último minuto, mas o juiz anulou. Além daquele empate, os fatos extra-campo foram mais marcantes naquele mundial.

                   Mas a melhor oportunidade do craque colocar a mão na taça, sem dúvida alguma, foi em 1982, em uma das melhores seleções da história do futebol. Zico era o cérebro do time que ainda tinha os geniais Falcão, Sócrates, Leandro e Júnior e é até hoje considerado o melhor do Brasil desde a Copa de 70. Na fatídica tarde de 5 de julho, em Sarriá, Zico estava em campo na partida em que um tal Paolo Rossi deu as cartas e tirou o tetra do Brasil. Se a Copa fosse por pontos corridos, o Brasil seria campeão.
O destino ainda aprontaria mais uma, desta vez, em 1986. Para buscar o tão sonhado tetracampeonato, Telê Santana convocou praticamente o mesmo time-base de 1982. Zico não jogou muito bem, ainda por causa da contusão de 1985, naquele jogo do Bangu.

                   A sua participação naquela Copa ficou marcada no 21 de junho. Brasil e França disputam uma vaga para as semifinais da Copa do México. Pênalti a favor do Brasil. Na hora, ninguém sabia quem iria bater: era um jogo de empurra. Zico conversou com Sócrates, querendo saber apenas como ele estava para bater. No fim da história, Zico, com problema no joelho e tudo, bateu. Teve que bater, pois ninguém queria assumir a responsabilidade de fazê-lo. E aí, todos nós sabemos o que aconteceu. Zico encerrou sua carreira na seleção brasileira em março de 89, no Estádio Comunale del Friule, em Údine, na Itália, onde mais de 40 mil italianos gritaram o seu nome pela última vez. 

                 Em 1998, Zico fez parte da comissão técnica da seleção brasileira na Copa do Mundo da França. Na Copa da Alemanha, em 2006, comandou a seleção japonesa que foi eliminada na primeira fase da competição. Depois, assumiu o Fenerbahçe da Turquia, onde se encontra até os dias de hoje. Em toda sua carreia, Zico realizou 1.176 jogos, marcou 831 gols e conquistou 46 títulos, como por exemplo: Campeonato Carioca – 1972, 74, 78, 81 e 86.  Taça Guanabara – 1972, 73, 78, 79, 80, 81, 82, 88 e 89.  Campeonato Brasileiro – 1980, 82, 83 e 87.  Taça Libertadores da América – 1981. Mundial Interclubes – 1981. Entre outros.

                 Zico sempre foi um exemplo para os demais jogadores. Nunca se envolveu em um escândalo, não se recusava a treinar e nem a jogar. Atendia aos fãs com calma e paciência. Jogava futebol com amor, sangue e suor pela camisa que vestia e quando aparecia em lugares públicos, sempre estava ao lado da esposa e dos filhos.  Obrigado Zico por tudo que você fez pelo futebol brasileiro.

Em pé: Raul, Mozar, Marinho, Nei Dias, Junior e Andrade      –     Agachados: Doval, Leandro, Nunes, Zico e Adilio
Em pé: Ubirajara, Aloisio, Fred, Reys, Liminha e Paulo Henrique      –     Agachados: Rogério, Samarone, Zé Eduardo, Zico e Rodrigues Neto
Em pé: Leandro, Zé Carlos, Andrade, Edinho, Leonardo e Jorginho      –     Agachados: Bebeto, Adilson, Renato Gaúcho, Zico e Zinho
Em pé: Cantareli, Toninho, Rondinelli, Carlos Alberto, Renato e Luiz Roberto      –      Agachados: Doval, Carpegiani, Caio, Zico e Lico
Em pé: Waldir Peres, Leandro, Oscar, Falcão, Luizinho e Junior      –     Agachados: Sócrates, Toninho Cerezo, Serginho Chulapa, Zico e Eder
Em pé: Waldir Peres, Toninho, Luizinho, Oscar, Toninho Cerezo e Junior      –     Agachados: Paulo Isidoro, Sócrates, Reinaldo, Zico e Eder
PELÉ E ZICO
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