MANGUINHA: campeão paulista pelo Inter de Limeira em 1986

                 Edson Aparecido Acedo nasceu dia 4 de março de 1957, na cidade de Bragança Paulista – SP. Foi um médio volante que jogava com classe, de cabeça erguida, dificilmente dava um chutão, sempre tratando a bola com muito carinho. E foi com esta categoria que ele acabou entrando para a história do nosso futebol, sagrando-se campeão brasileiro e campeão paulista. Seu mérito maior, foi que o titulo nacional foi o primeiro a ser conquistado por um clube do interior, o Guarani de Campinas em 1978.

                 Assim também foi o título paulista com a Internacional de Limeira em 1986, quando o Leão da Paulista, foi o primeiro clube do interior paulista a sagrar-se campeã no estado de São Paulo. Além desses dois clubes, Manguinha também jogou no Comercial de Ribeirão Preto, no Paulista de Jundiaí e também no Japão. Hoje mora em Bragança Paulista, onde possui um centro de treinamento de aprendizado para crianças. Qual o torcedor leonino que não se lembra do meio de campo da Inter no ano de 1986; Manguinha, Gilberto Costa e João Batista. Bons tempos aqueles.

INÍCIO DE CARREIRA

                 Sua carreira como jogador iniciou-se no Legionário Esporte Clube, da cidade de Bragança Paulista, quando tinha aproximadamente 9 anos de idade. Após um jogo contra o São Paulo em Bragança, Manguinha foi convidado para treinar na categoria Dente-de-leite do Tricolor, em 1970. Ainda como atleta amador, transferiu-se para o Guarani de Campinas.

GUARANI

                  Não foi nada fácil chegar ao time profissional, mesmo porque naquela época só tinha feras na equipe bugrina, principalmente no meio de campo, com Flamarion, Renato Pé Murcho, Zenon e Zé Carlos. No Campeonato Paulista do ano anterior, a equipe havia ficado em sexto lugar, tendo o Corinthians como campeão daquele ano, depois de vinte dois anos de jejum. E foi depois de uma derrota para o Guarani, que o Corinthians deslanchou e venceu todos os jogos até chegar na grande final. Era uma quarta feira a noite e o técnico Paulo Amaral escalou a seguinte equipe; Neneca, Mauro, Amaral, Edson e Beto; Manguinha, Renato e Zenon; Miranda, Adriano e Ziza. O jogo terminou com a vitória do Guarani por 1 a 0, gol de Ziza aos 20 minutos do segundo tempo.

                 Chegava então o ano de 1978 e começava o Campeonato Brasileiro. O Guarani havia trocado de técnico, quem assumia o cargo era Carlos Alberto Silva, que montou um grande time, surpreendendo a todos, com um futebol que encantava e fazia a torcida bugrina vibrar a cada jogo. Depois de fazer uma belíssima primeira fase do campeonato, chegava a hora de mostrar que realmente o time estava preparado para chegar ao tão sonhado título brasileiro. Depois de passar pelo Vasco da Gama, classificou-se para a grande final, cujo adversário era a Sociedade Esportiva Palmeiras.

                 A decisão seria em duas partidas. A primeira foi na capital paulista e o jogo foi num clima muito nervoso com seis cartões amarelos, entre eles Zenon que tomou o terceiro da série e ficava de fora da decisão. O goleiro Leão acabou dando uma cabeçada no atacante Careca, que o árbitro acabou marcando pênalti a favor do time campineiro. Zenon cobra o pênalti rasteiro no canto direito convertendo aos 31 minutos do segundo tempo, terminando o jogo com o Placar de 1 a 0 para o Bugre.

                 A segunda partida aconteceu dia 13 de agosto no estádio Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas. E neste dia o técnico Carlos Alberto Silva escalou Manguinha no lugar de Zenon e mandou a campo os seguintes jogadores; Neneca, Mauro, Gomes, Edson e Miranda; Zé Carlos, Renato e Manguinha; Capitão, Careca e Bozó. O técnico palmeirense Jorge Vieira fez várias alterações na equipe que neste dia jogou assim; Gilmar, Rosemiro, Beto Fuscão (Jair Gonçalves), Alfredo e Pedrinho; Ivo, Toninho Vanuza e Jorge Mendonça; Silvio, Escurinho e Nei. O único gol da partida foi anotado por Careca aos 36 minutos da primeira etapa e com esta vitória, o Guarani F.C. sagrava-se Campeão Brasileiro de 1978, um título que entrou para a história do futebol brasileiro, pois foi a primeira equipe do interior a conquistar este título.

INTER DE LIMEIRA

                Jogando pela Internacional de Limeira, Manguinha também conseguiu outra façanha dentro do futebol, ajudando a equipe a conquistar o primeiro título paulista para o interior paulista. Mas a história de 1986 começou de fato no ano anterior. O elenco foi praticamente mantido aliado à contratação de outros jogadores como Kita, Juarez, Alves, Manguinha, Gilson Gênio, entre outros, além da presença de um bicampeão mundial tanto pelo clube tanto pela seleção: o técnico Pepe. Na primeira rodada, uma “sapecada” de 3×1 do Palmeiras, no Palestra Itália.

                Isso era prova de que o primeiro turno não seria dos melhores, mas, mesmo assim, ostentou a 6ª colocação, com 21 pontos. Quem já não botava fé, jamais imaginaria uma reviravolta com tamanho futebol entrosado, rápido, solidário e com toques refinados. E foi o que realmente aconteceu. Faltando apenas duas rodadas para terminar o segundo turno, a Internacional já havia assegurado o primeiro lugar assim como na classificação geral (turno e returno).

                Nas semi-finais, enfrentou o Santos e, venceu a primeira partida em plena Vila Belmiro por 2×0 e também a segunda partida no Limeirão por 2×1. Classificado para a final, a equipe limeirense enfrentou o Palmeiras, há 10 anos sem ganhar um título sequer e, ainda com os dois jogos no Morumbi. O primeiro jogo foi no dia 31 de agosto e o placar foi de 0x0, com um público de 104.136 pagantes. O segundo e decisivo confronto, também no Morumbi, aos olhos de 64.564 pagantes e mais os milhares de credenciados, a Internacional venceu o Palmeiras por 2×1, com gols de Kita e Tato, em uma partida eletrizante e emocionante até os últimos minutos, quando o árbitro da partida Dulcídio Vanderley Boschilla decretou o fim da partida. O esquadrão mais famoso da história do futebol do interior paulista foi: Silas; João Luís, Juarez, Bolívar e Pécos; Manguinha, Gilberto Costa e João Batista;Tato, Kita e Lê. Ainda participaram da partida os jogadores Alves e Carlos Silva. Todos sob comando do técnico Pepe e presidência de Victório Marchesini.

                Para sacramentar a conquista inédita, a Internacional ainda arrebatou a artilharia do campeonato com o centroavante Kita (24 gols), além de conquistar merecidamente um dos troféus mais cobiçado do futebol paulista: a Taça dos Invictos, promovido pelo então jornal “Gazeta Esportiva”, ao ficar 17 partidas invictas, que antes estava em poder do Santos, com 15 partidas.

                A campanha foi indiscutível. Em 42 jogos, foram 21 vitórias, 14 empates e 7 derrotas. Foram anotados 59 gols e sofridos 33 gols. Para comprovar com dados, a seleção da imprensa, publicado no jornal Folha de São Paulo tinha sete jogadores da equipe limeirense: Silas, Juarez, João Luis, Gilberto Costa, João Batista, Tato e Kita, os “intrusos” foram: zagueiro Vágner, do Palmeiras, lateral Nelsinho, do São Paulo, meia Pita, também do São Paulo e, atacante Mauro, da Ponte Preta. Por essa razão, a Internacional foi considerada a “Dinamarca Caipira” em alusão à seleção européia destaque da Copa do Mundo de 1986.

                A Internacional teve um dos ataques mais positivos do Campeonato Paulista de 1986 com 59 gols em 42 jogos, média de 1,40 gols por partida. Foram 25 no primeiro tempo e 34 na etapa complementar e desse total, 49 foram marcados com os pés, 8 de cabeça e 2 de pênalti. Kita desperdiçou duas penalidades máximas em todo campeonato. O artilheiro não só do Leão como do Paulistão foi o próprio gaúcho Kita, com 24 gols. Atrás dele ficaram Tato (7), João Luís (6), Gilberto Costa (6), João Batista (5), Carlos Silva (3), Bolívar (2), Juarez (1), Gilcimar (1), Lê (1), Gilson (1), além de dois gols contra, ambos do XV de Piracicaba.

CURIOSIDADE

                Como curiosidade, Manguinha conquistou estes dois títulos inéditos para o futebol do interior, em cima do Palmeiras. Em 1978 o Campeonato Brasileiro e em 1986 o Campeonato Paulista. Além de Guarani e Internacional, Manguinha também jogou no Comercial de Ribeirão Preto, no Marília, onde formou o meio campo dos sonhos do MAC, junto com Rui Lima e Carlos Alberto Borges, jogou no Náutico, do Recife, jogou um tempo no Japão, voltou para a Inter de Limeira e encerrou a carreira no Paulista de Jundiaí em 1991.

FORA DAS QUATRO LINHAS

                Atualmente Manguinha reside em Bragança Paulista, sua cidade natal, onde é sócio de um empreendimento que loca campos society. Também dá aulas de futebol em dois colégios particulares. Em 2012 recebeu uma justa homenagem do Legionário Esporte Clube, da cidade de Bragança, onde Manguinha deu os primeiros passos dentro do futebol, por tudo que ele fez pelo esporte brasileiro durante os mais de 20 anos que desfilou pelos gramados, atuando sempre ao lado de grandes craques que o ajudaram a escrever uma linda história e deixar um belíssimo currículo para que sirva de exemplo aos jovens de hoje que sonham em ser um grande jogador de futebol. Por tudo isso, só nos resta agradecer. Obrigado Manguinha.

Inter de Limeira Campeã Paulista de 1986    –   Em pé: Silas, João Luis, Bolivar, Juarez, Manguinha, Pecos e Kita     –    Agachados: Tato, Gilberto Costa, João Batista e Gilson Gênio
Guarani Campeão Brasileiro de 1978   –   Em pé: Édson, Miranda, Gomes, Mauro, Neneca e Zé Carlos   –    Agachados: Capitão, Renato, Careca, Manguinha e Bozó
Náutico / PE  –  Em pé: Mazaropi, Vilson Cavalo, Manguinha, Lourival, Newmar e Albéris   –    Agachados: Heyder, Baiano, Mirandinha, Ademir Lobo e Zé Eduardo
Em pé: Moacir, Juarez, Manguinha, Pécos, João Luis e Bolivar      –     Agachados: Kita, Tato, João Batista, Lê e Carlos Silva
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