Lindolfo Mário de Pádua Melo nasceu em 14 de março de 1930 e trilhou no futebol defendendo inicialmente as cores vermelha e branca da Ferroviária de Assis, no final da década de quarenta. Em seguida, foi transferido para o extinto São Bento da cidade de Marília. Praticante de halterofilismo durante grande parte de sua juventude, o troncudo, forte e corpulento goleiro Lindolfo, marcou época vestindo a camisa da Portuguesa de Desportos entre os anos de 1952 e 1956.
Com o hábito de se apresentar usando camisas de manga curta e bem coladas ao corpo, fazia grande sucesso junto ao público feminino da época, graças ao seu porte físico de linhas bem definidas e que foi moldado durante vários anos de exercícios em barras e levantamento de peso. Apelidado de “Goleiro Acrobata”, Lindolfo era a grande alegria dos fotógrafos esportivos daquele período, que disputavam um lugar atrás do gol para disparar seus flashes com entusiasmo, registrando suas defesas elásticas e acrobáticas.
PORTUGUESA DE DESPORTOS
Contratado pela Portuguesa de Desportos, já no final da temporada de 1951, Lindolfo integrou uma das maiores equipes da história do time do Canindé. Ele contribuiu significativamente na excursão Rubro-Verde pela Europa em 1954, marcada novamente por mais uma conquista da Fita Azul, além de realizar grandes partidas durante a disputada temporada do Campeonato Paulista do IV Centenário. O “Guarda Metas” costumava apresentar grandes performances principalmente quando enfrentava o então poderoso Corinthians, com seu memorável ataque de 1954, com Cláudio, Luizinho, Baltazar, Rafael e Simão.
Um jogo que ficou na memória de Lindolfo e da torcida da Portuguesa, aconteceu dia 26 de outubro de 1952, quando a Lusa enfrentou o Corinthians no Pacaembu. Neste dia o Corinthians perdeu a Taça dos Invictos, que já durava 18 partidas. Mas, neste dia a Lusa depois de estar perdendo por 3 a 1, virou o placar e venceu por 4 a 3. Neste dia a Lusa jogou com; Lindolfo, Nena e Hermínio; Djalma Santos, Brandãozinho e Ceci; Julinho, Ranulfo, Nininho, Pinga e Simão. Pela Portuguesa Lindolfo conquistou o Rio-São Paulo de 1952 e 1955 e a Fita Azul em 1954.
BOM DE BRIGA
No dia 22 de junho de 1954, lá na Suíça, iram jogar na parte da tarde, Brasil e Hungria, pela Copa do Mundo daquele ano. Na parte da manhã jogaram no Pacaembu, Portuguesa e Botafogo do Rio de Janeiro. Os times estavam desfalcados com alguns jogadores servindo a seleção brasileira. Principalmente a Portuguesa que estava sem Djalma Santos, Brandãozinho, Julinho e Pinga. O Botafogo sem Nilton Santos e Didi. Tudo ia indo as mil maravilhas com a Portuguesa ganhando pelo escore de 2×1. Mas quando Edmur marcou o terceiro tento da Portuguesa, o beque central do Botafogo deu-lhe uma tremenda porrada pela cara. Houve a reação do jogador da Portuguesa, e todos os demais jogadores em campo, mais reservas, técnico, médico e massagistas também entraram no rolo. Foi uma pancadaria das grossas.
Lindolfo goleiro da Portuguesa que não era grande, mas atarracado e bom de briga, deu uma porrada na cara do goleiro reserva do Botafogo que jogou ele a três metros de distancia. Foi muito difícil acabar com aquela confusão. Delegado e policiais a muito custo acalmaram a confusão. Xingamentos daqui e dali faziam esquentar novamente. Quando o pequeno publico pensou que o jogo iria continuar, eis que o árbitro Carlos de Oliveira Monteiro (Tijolo) expulsou todos os 22 jogadores e mais reservas e técnicos de campo.
Outro caso envolvendo o goleiro Lindolfo. Desde quando se introduziu o futebol no Brasil, já tivemos figuras muito interessantes no futebol, como por exemplo, Elmo Bovio. Centro-avante argentino, catimbeiro como ele só. Abusando de seu físico avantajado, sempre deslocava os goleiros nas cobranças de escanteio. Jogou no Palmeiras e no São Paulo e uma de suas passagens mais curiosas deu-se num jogo São Paulo x Portuguesa em 1953.
Lindolfo que era o goleiro da Lusa, tinha um físico de halterofilista, e tinha um autocontrole muito forte e não estava caindo na catimba do Bovio que, por sua vez, já estava incomodado com aquilo, pois nada irritava Lindolfo que, também bem dotado fisicamente, não se deixava deslocar em nenhuma jogada de área. Não aguentando mais o “pouco caso”, Bovio teve uma ideia brilhante e disse a um companheiro que iria acabar com a pose daquele goleiro.
No primeiro escanteio, colocou-se atrás do goleiro e na hora que o mesmo tomava impulso para o pulo, enfiou-lhe um dedo no ….. do arqueiro. Calculem o susto e a bronca do Lindolfo, que era super assediado pelo público feminino. Virou-se e quase nocauteou o atrevido. Resultado: apesar de ter perdido um dente, o argentino ficou felicíssimo, pois tirou o goleiro do jogo e conseguiu virar o placar que era desfavorável ao São Paulo.
Pouco se sabe sobre o desenrolar da carreira do goleiro Lindolfo, ou mesmo o que fez depois do futebol, já que os registros são quase que inexistentes. Lindolfo faleceu em 25 de outubro de 2012, quando contava com 82 anos de idade, na cidade de Santos.
