MARINHO PERES: brilhou na Portuguesa, no Santos e no Barcelona

                   Mário Peres Ulibarri nasceu dia 19 de março de 1947, na cidade de Sorocaba (SP).  Marinho foi o único jogador que teve a oportunidade de atuar ao lado de dois dos maiores gênios da história do futebol. No Santos, o zagueiro jogou junto com Pelé. Várias também foram as vezes em que Marinho entrou em campo para defender as cores do Barcelona, da Espanha, ao lado do holandês Johan Cruyff.  Marinho também participou da Copa de 1974, disputada na Alemanha, onde fomos eliminado pela Holanda e ficamos em 4º lugar. 

                   Marinho Peres deu seus primeiros chutes em Sorocaba. No São Bento, ele chegou a formar dupla com o lendário Luiz Pereira no ano de 1966. Parceria que se repetiria alguns anos mais tarde no mundial da Alemanha. A força e a técnica de Marinho atuando no pequeno time da Manchester Paulista, chamou a atenção dos diretores da Portuguesa de Desportos, que compraram a promessa que surgia nos gramados do interior paulista.        

PORTUGUESA DE DESPORTOS

                    Como já havia um Marinho no elenco, o lateral direito também conhecido como Marinho Tonelada, ele começou a ser chamado de Marinho Peres. O zagueiro desembarcou no Canindé no ano de 1968 e lá permaneceu até experimentar uma de suas maiores decepções dentro do futebol.  Depois de uma derrota por 4 a 1 diante do Santa Cruz, do Recife, o então presidente da Lusa, Oswaldo Teixeira Duarte, resolveu tomar uma atitude drástica. Divulgou uma lista de dispensa com sete nomes, entre eles Marinho Peres. Mesmo diante da trapalhada do presidente da Lusa, o atleta mostrou elegância em sua saída do time rubro verde.

                    Jogando pela Portuguesa, Marinho fez parte de um grande time no ano de 1968; Orlando, Zé Maria, Marinho Peres, Ulisses e Augusto; Guaraci e Lorico; Paes, Leivinha, Ivair e Rodrigues. Quem ganhou com esta atitude do dirigente da Lusa foi o Santos F.C., clube que o contratou de imediato. Marinho chegou na Vila Belmiro em 1972 e no ano seguinte, decidia o titulo paulista justamente contra seu ex-clube, a Portuguesa de Desportos.

SELEÇÃO BRASILEIRA

                   As belas atuações de Marinho Peres com a camisa do Santos, chamaram a atenção do técnico Mario Jorge Lobo Zagallo, então no comando da seleção brasileira. Ao lado do amigo Luiz Pereira, ele foi para Alemanha em busca do tetracampeonato. O Brasil tinha um bom time; Leão, Zé Maria, Luiz Pereira, Marinho Peres e Marinho Chagas; Piazza, Rivelino e Paulo César; Valdomiro, Leivinha e Jairzinho. No entanto, o desempenho da nossa seleção foi considerado como um fracasso, pois ficamos em 4º lugar, depois de perdermos para a poderosa Laranja Mecânica da Holanda por 2 a 0 e depois na decisão do terceiro lugar para a Polônia por 1 a 0.  O que Marinho não esperava, é que iria se reencontrar com o grande craque daquele mundial e atuar lado a lado num futuro não muito distante. Este reencontro aconteceu no Barcelona, meses depois. 

SANTOS F.C.

                    Marinho jogou no Santos até 1974, quando o time do Peixe ainda contava com Pelé e um grande elenco. O time santista era; Cejas, Carlos Alberto, Marinho Peres, Vicente e Turcão; Clodoaldo e Brecha; Jair da Costa, Euzébio, Pelé e Edu.  Mas os dólares oferecidos pelos espanhóis tiraram Marinho da equipe praiana. Depois de jogar ao lado de Pelé, passou a jogar ao lado de outro gênio do futebol, o holandês Cruyff. Foram dois gênios do futebol, no entanto, Marinho sempre ressalta que o eterno camisa 10 da Vila Belmiro é indiscutivelmente o melhor.  “Cruyff tinha mais liderança dentro de campo, embora tivesse muita técnica, ele corria o campo todo. No entanto, o Pelé era mais completo com a bola no pé. Ele foi um jogador perfeito, insuperável”, comentou Marinho.

BARCELONA

                   Ao chegar na Espanha, Marinho Peres enfrentou algumas dificuldades, mas depois triunfou na conquista do vice-campeonato espanhol de 1975. Ficou mais de três meses só treinando, esperando a documentação. Não conhecia nenhum brasileiro amigo, não conhecia ninguém. Tudo acabou entrando numa rotina e chegou até a pensar que não iria dar. No entanto, depois de um período de adaptação, conseguiu jogar o futebol que o levou até a Catalunha, onde encontrou muito carinho por parte dos torcedores, que o cercavam nas ruas, pediam autógrafos e faziam a maior festa.

INTERNACIONAL

                  Em 1976, resolveu retornar ao Brasil e veio jogar no Internacional de Porto Alegre, onde fez parte da máquina montada pelo técnico Rubens Minelli. Jogando em um time que marcou época, Marinho conquistou o Campeonato Brasileiro e o Campeonato Gaúcho. Naquele ano o Inter tinha tudo que pode se exigir de um time de futebol. Tinha um time quase que imbatível; Manga, Cláudio Duarte, Figueroa, Marinho Peres e Vacaria; Falcão e Caçapava; Valdomiro, Jair, Dario e Nunes.

PALMEIRAS

                 Depois de uma brilhante passagem pelo sul do país, Marinho voltou a jogar no estado de São Paulo, desta vez na Sociedade Esportiva Palmeiras.  E foi no time de Parque Antártica, que Marinho começou a se despedir da carreira de jogador de futebol. Ainda participou da fatídica final do Campeonato Brasileiro de 1978, quando o Verdão caiu diante do Guarani de Campinas. No alviverde ficou até 1980, onde fez 72 jogos (35 vitórias, 22 empates, 15 derrotas) e marcou apenas um gol. Ainda teve duas rápidas passagens pelo América/RJ e pelo Galícia/BA antes de pendurar a chuteira.

COMO TREINADOR

                Mesmo depois de encerrar a carreira, o capitão da Copa de 1974 continuou com sua vida entrelaçada com o futebol. O sucesso permaneceu, mas desta vez do lado de fora das quatro linhas, atuando como treinador. Ele abriu caminho para os técnicos brasileiros ao exterior, voltou ao Brasil e também chegou a trabalhar na seleção de El Salvador. Em Portugal, até hoje Marinho é lembrado com muito carinho pelos torcedores das equipes pelas quais passou. Ao fazer campanhas surpreendentes e históricas com os inexpressivos Vitória de Guimarães e Belenenses, o brasileiro começou como treinador a reeditar o êxito que teve jogando futebol.

                 Antes de iniciar a carreira de técnico, passou quatro anos no futebol árabe como auxiliar do técnico Telê Santana. Segundo o próprio Marinho, “foi um período muito útil, pois aprendi muito com o mestre Telê, pois ele tinha uma capacidade incrível. Sabia tudo e me explicava cada instrução, cada decisão, enfim, foi um mostro sagrado como técnico de futebol”.

                 Em 1987 assumiu o comando técnico do Vitória de Guimarães, em Portugal. Logo na sua primeira temporada, ele levou a equipe até as quartas-de-final da Copa da Uefa e ficou em terceiro no Campeonato Português, atrás apenas dos gigantes, Porto e Benfica. Depois foi trabalhar em outro clube português, desta vez no Belenenses.  Em 1989 voltou ao Brasil e foi trabalhar no Santos. No entanto, a estadia na Vila Belmiro, clube que ele também defendeu como jogador foi muito breve. Como o Cruzado Novo estava muito desvalorizado, Marinho não resistiu a mais uma proposta do Belenenses e voltou a Portugal. 

                 De fato, a proposta era irrecusável, não havia como não aceita-la, ainda mais vendo o quanto nossa moeda era fraca. Pediu desculpas à torcida santista e despediu-se. Em sua segunda passagem pelo Velho Continente, Marinho viveu o que ele mesmo considera como sua maior conquista no exterior. Depois de eliminar o poderoso Porto na semifinal da Copa de Portugal, o pequeno time do Belenenses foi para a final diante do Benfica. A equipe do treinador brasileiro venceu o time do estádio da Luz, foi campeão e garantiu vaga na Copa dos Campeões. Com o titulo na bagagem, Marinho veio treinar o Guarani de Campinas, mas voltou logo para a Europa, no comando do Sporting. 

                 Já no ano de 1990, ele chegou a liderar o Campeonato Português e levou o time até as semifinais da Copa Uefa. O brasileiro promoveu uma reformulação no elenco e revelou o jovem Luis Figo, um dos maiores jogadores lusitano de todos os tempos. Antes de vir para o Brasil, o técnico ainda teve outra passagem pelo Vitória de Guimarães.

                 Em 1995 assumiu o comando do Mogi Mirim, no lugar de Pedro Rocha. Depois passou pelo União São João de Araras. Em 1996 dirigiu o Botafogo carioca e em 1998 comandou a seleção de El Salvador, onde ficou oito meses, um recorde naquele país. Até hoje Marinho é um ídolo para os jogadores daquele país, pois todos o consideram um sujeito educado e muito gente fina. Na América Central, Marinho acabou entrando numa roubada ao denunciar um esquema de corrupção dentro da seleção e foi até ameaçado de morte.  Em 2000, treinou a Portuguesa Santista. Em 2003, comandou o Juventude de Caxias, no Campeonato Brasileiro. 

                 Marinho Peres é o único filho homem de uma família de sete irmãos. Ele nunca passou por problemas financeiros, já que seu pai era um médico famoso em Sorocaba e queria que o filho seguisse a mesma profissão, no entanto, seu amor pelo futebol falou mais alto. Marinho Peres foi um zagueiro duro, raçudo e com brio. Com seu belo porte físico, ele raramente perdia uma dividida. Felizmente para aqueles que tiveram o privilégio de vê-lo jogar, ele não seguiu o conselho do pai, pois se rendeu ao seu fascínio pela bola.

              Ex-zagueiro da seleção brasileira, Marinho Peres morreu dia 18 de setembro de 2023  aos 76 anos em um hospital particular de Sorocaba, no interior de São Paulo. Ele estava há mais de um mês internado após uma pneumonia, além de complicações nos rins e no coração.

               Mazé Peres, irmã de Marinho, que deu detalhes sobre os últimos dias do lendário ex-jogador, disse que o quadro se agravou depois de uma infecção urinária e Marinho passou a não responder mais aos medicamentos. Ficou entubado na UTI nos últimos oito dias. A saúde passou a ficar debilitada há quatro anos, quando sofreu um AVC.

 

Em pé: Rosemiro, Gilmar, Polozzi, Ivo Wortmann, Marinho Peres e Pedrinho   –    Agachados: Amilton Rocha, Osmir, Zé Mário, Pedro Rocha e Nei
Barcelona 1974/1975   –   Em pé: Sadurni, Costas, Neeskens, De La Cruz, Marinho Peres e Migueli   –    Agachados: Rexach, Juan Carlos, Cruyff, Asensi e Marcial
1967  –  Em pé: Orlando, Luizão, Marinho Peres, Zé Maria, Lorico e Augusto   –    Agachado: Ratinho, Ivair, Leivinha, Paes e Rodrigues
1976   –   Em pé: Zé Maria, Manga, Figueroa, Vacaria, Marinho Peres e Falcão   –    Agachados: Valdomiro, Jair, Escurinho, Caçapava e Dario
Em pé: Cláudio, Léo Oliveira, Carlos Alberto, Marinho Peres, Hermes e Índio   –    Agachados: o massagista Beraldo, Jair da Costa, Brecha, Alcindo, Pelé e Edu

Em pé: Cejas, Hermes, Turcão, Marinho Peres, Vicente e Clodoaldo   –    Agachados: Fernandinho, Brecha, Nenê, Pelé e Mazinho
1968   –   Em pé: Orlando, Ulisses, Marinho Peres, Guaraci, Zé Maria e Augusto  –  Agachados: Mário Américo, Leivinha, Paes, Ivair, Lorico e Rodrigues
1969   –   Em pé: Guaraci, Paes, Zé Maria, Marinho Peres, Orlando e Américo   –    Agachados: Valdomiro, Basílio, Leivinha, Lorico e Rodrigues
Copa de 1974    –   Em pé: Zé Maria, Leão, Marinho Peres, Alfredo, Paulo Cesar Carpegiani, Marinho Chagas e Admildo Chirol (preparador físico)   –    Agachados: massagista Mário Américo, Valdomiro, Ademir da Guia, Jairzinho, Rivelino, Dirceu

 

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